sábado, 25 de dezembro de 2010

Fé de Fim de Ano



Essa Igreja Católica sempre foi muito safadinha mesmo... Não só se consagrou como uma Religião cristã mesmo tendo sido praticamente pagã em tantos momentos de sua longa história ou politeísta enrustida até hoje (com seus santos-deuses não oficiais), instituiu a ferro e fogo no Mundo Ocidental uma legítima deusa, tal qual nas mitologias pagãs orientais (Maria, em substituição a Shiva e Vishnu, por exemplo, em oposição a Eva, a “Musa do Pecado Original”: assim os pobres padres castos eram “mantidos longe” do pecado da fornicação – ou a mulher era algo divino ou algo profano!), como também estabeleceu estruturas das quais o mundo nunca mais se desvencilharia, já tendo mesmo se incorporado ao nosso conceito de cotidiano: o próprio calendário, que ora nos ocupamos em reverenciar em seu final, é a obra-prima do Papa Gregório XIII – sem esquecer os inúmeros feriados dedicados a santos e festividades católicas, como o próprio Natal, hoje celebrado entre ateus e religiosos do mundo todo!

Mas uma coisa ninguém pode negar, mesmo o mais chato e radical pentecostal: o Natal é uma festa útil, mesmo não sendo a legítima data de aniversário do menino aguardado pelos cristãos como o Messias (sim, porque os judeus estão esperando pelo tal até hoje...)! Afinal, graças a pelo menos um dia em especial no ano, famílias e amigos se reúnem, trocam presentes, cartões e juras de amor e fraternidade, lembram-se dos necessitados em campanhas homéricas de arrecadação e se emocionam com a estória do Deus-menino que nasceu num repositário de alimento para animais... Pode ser que Ele tenha nascido entre setembro e outubro, como garantem os especialistas, com base nas próprias escrituras; pode ser que Ele nem tenha nascido, como querem aqueles que não acreditam... O que importa é a necessidade do perdão e da união, a Noite Feliz de encantamento, de alegrias e de reforços espirituais para a longa jornada de uma semana que se seguirá até a “passagem dimensional” para o novo ano seguinte, e de Papai Noel para as crianças ainda crédulas (criação também oriunda do Catolicismo e “aperfeiçoada” nos EUA: com o padre Saint Claus ou com São Nicolau, surgiu outro quase-Deus, onisciente de todos os desejos infantis, onipresente em todas as casas do mundo numa noite só e onipotente para julgar as criancinhas, fazer voar as renas e parar o tempo)...

Pois que mais um ano gregoriano chega ao fim, com mais uma volta completa da Terra em volta do Astro-Rei (primeiro homenageado “natalino” entre os ditos pagãos, antes daquele que seria a “Luz do Mundo” chegar e ser homenageado na mesma época...) e, mais uma vez, não fizemos nem a metade de tudo aquilo que nos propusemos nas ditas resoluções de ano novo, ocupando-nos feito loucos para correr contra o tempo perdido até minutos antes das doze badaladas de 31 de dezembro... Bobagem, deixem tudo isso pra lá; tomemos a mim mesmo como exemplo: deixei São Luís alguns dias atrás com um escritório inteiro bagunçado e com uma penca de coisas para resolver depois de um semestre cheio e desci para o calor dos infernos das cidades de Codó (MA) e Teresina (PI) para passar o Natal e o ‘reveillón’, respectivamente, diametralmente oposto à noção do “White Christmas”, com aqueles Natais cobertos de neve dos filmes estadunidenses... Mas tudo bem: a vida continua e ainda terei 365 dias pela frente logo, logo, para botar tudo em dia! Especialmente depois deste mágico ano de 2010, em que outra criança maravilhosa nasceu em minha vida: Isabela é linda e sorri sempre que lhe conto estórias dos Natais passados de seu pai, sobre a Glória de um menino ainda mais especial, que ouvia da sua avó naqueles mágicos 25 de dezembros sagrados pela minha memória...

Feliz Natal e um ano novo cheio de novidades para todos! E sigamos com fé, que a fé não costuma “faiá”: vemo-nos em 2011!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Se eu perder esse trem..."


Vejo a passagem do tempo como algo tão fascinante quanto assustador: tanto me enternece ver as mudanças que se processam (taí minha linda filha que não me deixa mentir, com uma grata novidade a cada dia...), como me amedronta perceber tantas coisas boas se perdendo ao longo da trajetória... Talvez por isso seja um saudosista de carteirinha: sinto falta até do que não vivi, só por causa daquele cheiro de passado, quiçá, da amarelidão em preto e branco de fotos ricas de cores que não parecem mais hoje existir ou de sons e imagens que hoje, no máximo, apenas se copiam ou se repetem sem o mesmo brilho e fulgor! A Música e a Televisão, por exemplo, eram bem melhores, não me restam dúvidas...

Pois, sim, hoje, o que nós temos? No máximo de qualidade que se possa supor, passando-se por sobre as insuportáveis indústrias dos modismos em massa de emos crepusculares, de novas Madonnas gagás ou de 'happy rocks' coloridinhos sem rock nem dicção, virão exemplos de Skanks, Nandos, Lenines ou Camelos a bem reciclar o que já existiu, Caetanos e Djavans buscando reinvenções de si mesmos e Marias e Marisas a reinterpretar tudo isso que já não há... Nada mais da inventividade criativa adolescente de um bom pop-rock anos 80 (Paralamas, Legião, Léo Jaime, Cazuza), a Poesia de um Chico, as notas perfeitas de um Tom, um acorde preciso no violão de um João ou ainda a precisão de um choro virtuoso de Pixinguinha, tampouco a eterna tropicália de um Gil e o saudosismo eterno de um Samba de Cartola ou de Paulinho: MPB virou sigla de museu, todos compõem e todos jogam coisas musicais ao vento, sem novidade nem raiz...

E por falar em raiz, hoje me pergunto mesmo com que roupa eu vou p'ro samba na casa do Arnesto, por exemplo! Pois, como diria o Poeta baiano, "tempo, tempo, tempo..." E já se vão 100 anos que vieram ao mundo dois imortais brasileiros que nos trouxeram uma identidade musical e que souberam dizer que nossa Música é o Samba, forma maior de comunicação cem por cento nacional! Tanto que Adoniran Barbosa, o mestre paulista dos seus bem-humorados personagens suburbanos e de Português erroneamente macarrônico, definiu a cara deste gênero numa cidade normalmente considerada ruim da cabeça e doente do pé: Saudosa Maloca, Abrigo de Vagabundos, Bom Dia Tristeza, Tiro ao Álvaro, Iracema, Samba do Arnesto e Torresmo à Milanesa são clássicos absolutos e atemporais crônicas sociais que jamais perderam o trem das onze horas da história musical brasileira! E o que dizer do Mestre-de-Todos-Nós, Noel Rosa, meu parente distante e verdadeiro pai de inúmeros sambas e sambistas (como Chico Buarque, que tão bem compôs com a ironia noelística em Vai trabalhar vagabundo, Doze Anos, A Rita, Feijoada Completa, dentre tantos outros): nem problemas pulmonares crônicos, nem queixo deformado a fórceps, nem uma forçada Medicina tiraram o malandro genial de dentro deste que se foi tão cedo, mas que deixou um legado de verdadeira universidade para qualquer compositor que viesse em seguida - fosse nas provocações (e aulas) em forma de samba dos recados para Wilson Batista (Lenço no Pescoço, Feitiço da Vila, Palpite Infeliz), fosse nos sambas-canção/marchas geniais (Último Desejo, As Pastorinhas, Pierrô Apaixonado), fosse na criatividade inovadora ou no humor rasgadamente brasileiro de outras tantas canções (Pra que mentir, Não tem tradução, Fita Amarela, Conversa de Botequim, Gago Apaixonado), Noel dividiu águas em nosso jeito de compor e de criar música brasileira!

E por falar em saudade, onde anda um Noel ou um Adoniran hoje em dia, nessa dita "modernidade" em que não se acha ninguém mais moderno que eles? E se, na linguagem-mor do Samba, até meu vascaíno amigo Paulinho da Viola anda parado há mais de dez anos, o que esperar?... Tomemos reinterpretações...

Tal como a Televisão faz de si mesmo: eterna reciclagem! Tirante alguma criatividade (como os recentes Afinal, o que querem as mulheres, da dupla Melamed/Fernando de Carvalho, e Comédia MTV, do genial Adnet), o que se tem na televisão dita "aberta"? Quase ninguém mais suporta novelas (até funcioram com certa invencionice lá atrás, em clássicos como Beto Rockfeller, Saramandaia, Sítio do Pica-Pau Amarelo, Roque Santeiro, Vale Tudo até Renascer, mas hoje em dia...)! E o que dizer dos programas de auditório? É o mesmo que repousar acefalicamente diante daquela maquininha de fazer doido, como diria Stanislaw! Pior ainda é ver reciclados clássicos oitentistas como Roletrando e Tudo por Dinheiro pelo próprio "Patrão": tudo bem que eu seja saudosista e goste de ver na ativa o Silvio Santos (que merecia uma melhor aposentadoria em seus belos 80 anos de trajetória), ainda o maior comunicador da televisão (que também completou neste ano outra idade redonda: 60 anos), mas daí a trazer tudo isso para a atualidade, em 'remakes' agonizantes de uma TV quase falida, ressuscitando chatices homéricas como Raul Gil e sucateando todo o resto da grade de programação (com direito a mais repetecos histriônicos, como Pantanal e Ana Raio e Zé Trovão, "clássicos" da extinta Manchete), faz levar ao ar um cheiro fúnebre ou, no mínimo, de televisor queimado! Preferível ver tudo isso em honrosas reprises (e em doses homeopáticas) em canais a cabo, como o Boomerang! Falando em TV a cabo, parece que o destino de nossos aparelhos seja mesmo o dos enlatados norte-americanos (só curto as séries cômicas e alguns documentários!) e dos programas "melhorezinhos" das companhias brasileiras, renegando a TV pública e suas seis décadas de História a uma espécie de "Bolsa-Entretenimento" apenas para os desvalidos...

Minha mulher diz que tenho andado ácido; minha filha, ao me ver, tenta repetir com os dedinhos indicador e polegar os estalos que eu costumava fazer para entretê-la (e que ela adora!); e eu quase não as tenho visto, num tempo louco e numa correria desorganizada ao longo de todo o semestre corrido e cheio de novos afazeres... Tempo, tempo, tempo... Só posso dizer que venho tentando desacelerar nos últimos dias, aproveitando os minutos de acréscimo do segundo tempo do ano de 2010: acho que tudo que, no fundo, eu realmente queria era parar para ouvir boa Música ou ver um bom programa na TV ao lado da família (ou, ao menos, escrever sobre isso)... Ou simplesmente parar para conjecturar sobre o tempo implacável, que, como diria o Poetinha, "é curto e não pára de passar", por sobre qualquer arte, por sobre qualquer artista... Ou ainda, pelo menos e finalmente, para não ficar para trás no atropelante trem da tecnologia, desbaratar meu novo aparelho leitor de 'blue-ray', entregue há mais de uma semana e só agora desencaixado, e entender como ele toca meus CDs de Música, os DVDs de minhas séries favoritas, conecta-se com a 'internet', fala e entretém minha família em minha ausência...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Vidas


Ah, o humor... Holofotes para eles, em festa!
'Post' dedicado ao amigo de infância, cineasta, pai do João e aniversariante de hoje, dia 05, Henrique Spencer: o primeiro que me parabenizou pelo nascimento de minha Isabela (mas nem vem, que eu não sou "provedor"...!)!


Por absoluta falta de tempo, quase que não me dava conta, na última quarta, de que dezembro começara e, com ele (ou melhor, muito antes dele), vêm a reboque todo um consumismo desenfreado e um bom-mocismo de doações à exaustão fantasiados de muito vermelho, adoráveis enfeites bregas e intermináveis luzes pisca-pisca: entre uma audiência e uma aula para dar na faculdade, adentrando às pressas um 'shopping center' só para comprar uma lembrança de aniversário para a cunhada, foi que, avistando aquela profusão de pinheiros de plástico gigantes e um papai noel mulato com muito pó-de-arroz na cara coberta por uma barba ridiculamente fajuta, dei-me conta de que já estava no primeiro dia do último mês do ano...

E se era 1º de dezembro, de se louvar um outro aniversário além do já atrasado da minha cunhada, o de um ilustre cidadão do mundo, amante que é da cidade mais cosmopolita do planeta, genial cineasta, capaz de planar suavemente entre o Drama, o o Suspense e a Comédia, sendo este seu gênero absoluto, e o mais profícuo artesão da Sétima Arte, capaz de escrever, produzir e dirigir há mais de 40 anos um elevadíssimo número de trabalhos, em número e qualidade: Woody Allen completa 75 anos!

Eu, um de seus fãs de carteirinha desde as malfadadas dublagens de Élcio Romar nos corujões da vida, em clássicas obras-primas como Annie Hall - Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (mais do que merecedor de seus 4 Oscars), A Era do Rádio (engraçada e afetuosa sucessão de 'sketches' sobre uma família judia com tons de autobiografia - Allen narra o filme - em torno de grandes programas de rádio na década de 40), Hanna e Suas Irmãs (inteligente comédia dramática com elenco impecável, inspirado em Tchekhov), Zellig, Um Assaltante Bem Trapalhão, Tudo que você queria saber sobre sexo... e Neblina e Sombras (flerte com o cinema 'noir' e com o felliniano mundo do Circo), passando pelas poucas, porém memoráveis, vezes que o acompanhei num cinema (aqui em São Luís são poucas salas, todas de padrão mais comercial: o clássico em P&B Manhattan e os seus melhores e mais recentes trabalhos, Match Point e Vicky, Christina, Barcelona, foram dos poucos que vi na telona), até divertidos filmes que, se não geniais, mostram facetas sempre criativas de um artista que não pára de criar (como, de 1995 pra cá: Poucas e Boas, Desconstruindo Harry, Igual a tudo na vida, Os Trapaceiros, Todos dizem eu te amo...), aplaudo de pé e dou os meus sinceros parabéns ao amável neurastênico sucessor de Groucho Marx e mestre-maior das tiradas geniais e do humor subliminar em cada nota jazzística!

E se era dia 1º, tratava-se de um aniversário ainda mais que especial: o de 6 meses de minha amada Isabela! Não que eu tivesse esquecido, jamais me separo de minha cara-metade mais linda, mas, como ela nasceu em 31 de maio (mesmo mês que eu, e com meu "13" ao contrário...) e nem todo mês tem o dia 31, celebro dela mais um mês de vida e saúde, nestes casos, no dia 1º seguinte, fiel ao meu "calendário sentimental"! E, como lá em casa todos já haviam "comemorado" no dia anterior, quase então me arrastava com eles...

Ao meu amor incondicional e "minha cara" (pelo menos é o que TODOS dizem, e as comparações entre suas fotos e as minhas de outrora não me deixam mentir), minha boneca (de pernocas e cílios!) de dois dentinhos latentes começando a ver a luz e minha "pixutinha" linda, que já se senta como uma mocinha e tenta me imitar quando estalo os dedos para entretê-la: feliz metade de ano neste mundo caótico para onde te trouxe, minha vida - prometo lutar para ao menos embelezar o caminho por onde te conduzires...

Corro, trabalho, dou minhas aulas (já pensando nas merecidas férias que já despontam...), janto quase à meia-noite e me apronto para dormir, não sem antes pensar um pouco... Uns com tanta arte já vivida, outras com tanto ainda por viver, e eu no meio disso tudo, pelas tabelas, pela metade do caminho - o que eu já fiz, deixei de fazer, o tanto que ainda tenho por seguir, sem saber mesmo do próximo segundo de meu ato neste grande e corrido espetáculo de nossas existências... Sei não, mas acho que minha filha Isabela, em seu tempo tranqüilo, está certíssima ao fazer 'brrlll' com a língua pra fora quando falamos qualquer coisa que ela ainda não entende... E Woody Allen, mais certo ainda, quando disse aquela famosa frase, "Não que eu tenha medo da morte; só não queria estar por perto quando ela aparecer!"...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Eu tenho medo..."


Maior alvo da reação antirracista, Mayara Petruso manteve as ofensas (REPRODUÇÃO)
"O sertão vai virar mar... O mar vai virar sertão..." Seria o novo dilúvio proposto por Mayara Petruso o que preocupava as previsões de Antônio Conselheiro?! Mistério...


A despeito do que pensam muitos sulistas (Sul/Sudeste), o Brasil começou no Nordeste do descobrimento, do pau-brasil, do primeiro governo-geral de Salvador, da lavoura canavieira, algodoeira e das Companhias de Comércio do Grão-Pará e do Maranhão... Com o tempo, com as mudanças na economia mundial, com as descobertas de ouro e pedras preciosas no Sudeste e com as bandeiras paulistas, aquele eixo original foi perdendo força até transformar grandes centros, antes símbolos da abastança, em verdadeiras cidades-fantasma - como minha amada e vizinha Alcântara, a 53km de onde falo, em São Luís do Maranhão...

Será, então, que por nos termos tornado os "primos pobres" da Nação não merecemos fazer parte dela ou de sua rica História tanto quanto quaisquer outros? Ou será que eu, do alto de minha antiga "Atenas Brasileira", detentora de uma das mais ricas culturas do mundo, sem olvidar o Português mais corretamente falado (pelo menos até bem pouco tempo...), devo olhar do alto de um pedestal ao avaliar "os mano paulista", com seu Português inculto, seu samba inexato ou sua poesia de concreto? A resposta para ambas as perguntas é "claro que não!". Infelizmente, tais preconceitos não parecem ter morrido, mesmo após séculos de amarga História... Especialmente numa parcela da maior metrópole do Brasil...

Apesar de nem só de pobres viver minha região, com tantos ricos investidores nordestinos no Sul/Sudeste, infelizmente o Nordeste ainda sobrevive com índices tão atrasados de desenvolvimento, culpa de séculos de coronelismos aproveitadores dos bolsões de pobreza criados a partir da derrocada de vários sistemas político-econômicos esvaziados... Afora o fato de que este Brasil de dimensões continentais foi, é e sempre será erguido com o sangue, o suor, as lágrimas, os calos, a "cabeça-chata", o jerimum-com-jabá e o dinheiro do povo nordestino, qualquer pessoa dita civilizada deveria considerar o País como um só, de um só povo, ainda que de sotaques e estilos tão diversos! Mas, diante de "Escolas do Medo" que facções políticas desenvolvem há tanto tempo e que tão bem estruturaram por intermédio de meios virtuais e televisivos, especialmente contra a candidatura (e a pessoa) de Dilma Roussef recentemente, nada mais (in)justo que novas crias aguerridas do voto censitário (aquele onde apenas o voto dos ricos tinha valor) e do ódio às classes esquecidas em séculos de governos elitistas, que só viam nortistas e nordestinos ou como mãos-de-obra baratas ou como estorvos às elites econômicas, comecem a dar suas caras novamente...

Decerto que o Nordeste é pródigo em ter no Bolsa-Família uma grande tábua de salvação e que metade da população do Maranhão recebe o subsídio do governo (quase 3,2 milhões de pessoas), segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Mas daí a atribuir a isso o único reduto eleitoral de Lula/Dilma (não só eu como muitos nordestinos não pensamos assim e votamos em Lula para ver um Brasil diferente das tantas "democracias elitistas" anteriores) ou disso derivar o dito "achatamento" da classe média (após o tão "assustador" 'boom' de consumo da classe C, o Brasil teve uma forte expansão das compras também na classe B, de acordo com estudo da consultoria IPC Marketing sobre dados do IBGE: 30% a mais do que em 2009) é de uma estupidez cega e preconceituosa ao extremo: se houve algum achatamento foi no governo pessedebista anterior, com seus pífios crescimentos econômicos de suas ainda mais pífias "políticas de controle da inflação" e seus arrochos intermináveis! E, só no período 2003/2008, o ganho trabalhista no Nordeste chegou a 7,3% ao ano, o que, por sua vez, joga água por sobre a fraca tese elitista de que os ganhos nordestinos se devem apenas às transferencias de renda do “assistencialismo oficial" (fonte: 'site' sejaditaverdade)... Jogar água?! Melhor não dar ideia, tem tanto louco por aí que nos odeia...

Atualmente, essa loucura tem nome e sobrenome: Mayara Petruso, a pobre menina rica que soltou em perfis de suas redes sociais recadinhos vis de incitação ao racismo e ao extermínio do povo nordestino, a este atribuindo a vitória de Dilma no segundo turno, sem perceber que sua própria região abastada também elegeu, com 51,8%, a nova presidenta (sim, esta forma feminina é possível e devida, como atesta o Aurélio: pena que tantos jornalistas sejam tão covardes ou reacionários, especialmente frente à Língua...)! Sem esquecer que SP elegeu também Maluf, Pitta, e, mais recentemente, Frank Aguiar, Clodovil e Tiririca... Quem é "burro e manipulável" afinal?

Entretanto, o que mais assusta nem é o fato de ser esta jovem estúpida apolítica e agressiva preconceituosa uma estudante de Direito, apta, depois de "se formar", a ser uma profissional que precisará defender a Justiça e os direitos humanos (!), tampouco os vários e absurdos manifestos de apoio que ela recebeu ("Tinham que separar o Nordeste e os bolsas vadio do Brasil"; "Construindo câmara de gás no Nordeste matando geral"...), ou o ainda mais vazio "pedido de desculpas" da mocinha ("Minas sinceras desculpas ao post colocado no ar, o que era algo pra atingir outro foco acabou saindo fora de controle. Não tenho problemas com essas pessoas, pelo contrário. Errar é humano, desculpa mais uma vez") ou a defesa de seu irmão, Sérgio Petruso, também na 'net', a explicar o óbvio, sobre a fútil "ingenuidade" de uma patricinha que queria aparecer sem medir a dimensão de seus atos tolos...

Tolo, realmente, pensar que alguém poderia seguir cegamente esta menina maluquinha: "Ei, um nordestino! O que faremos com ele? Afoga! Não foi isso que a Mayara mandou fazer?!"... Sempre achei graça do politicamente correto: ficar na repressão cega em prol de "minorias" tem tornado chatas discussões como direitos de negros, homossexuais etc. Tanto que daqui a pouco será crime qualquer piada de humor negro, especialmente se ela for sobre um... negro! E o que dizer dos programas de humor? Cancelariam todos, pela restrição a qualquer referência a "bichinha" e afins... Por isso, brincadeiras como as provocações entre maranhenses e piauienses, vizinhos e "rivais" de longa data neste final de Nordeste/começo de Meio-Norte, como bem lembrado pelo grande Bruno Mazzeo, reside no domínio público do bom humor e da chacota permitida. Mas não vi humor nessa garota, não... Vi medo, da parte dela e da pequena casta de certos "paulistas quatrocentões" represados pela "enchente" de nordestinos que se multiplicam mais a cada dia... E algo precisava ser feito, mesmo que paulatinamente, por meio de difusão de idéias como esta, do ódio, do afastamento: então dêem voz a uma "garotinha inocente"... Em nome de um partido decadente...

Mas o que realmente me deu medo foi o que acabei lendo num dos milhares de fóruns sobre o caso, de alguém cujo nome não lembro, mas que falava de "democracia" e do "direito de expressão" da futura advogadinha inconseqüente... Democracia e crime não se misturam, especialmente diante da facilidade com que pessoas hoje cometem crimes a três por quatro na rede mundial, todos com a "inocência" de chamarem a atenção ou para se tornarem populares, para o bem e para o mal! Afinal, esta moça cometeu, "sem querer querendo" e reiteradas vezes, os crimes de "incitação ao crime", "apologia de crime ou criminoso" (arts. 286 e 287 do Código Penal) e um dos crimes resultantes de preconceito da Lei 7.716 (mais precisamente seu art. 20: "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (...) § 2º Se qualquer dos crimes previstos no 'caput' é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza. Pena: de 2 a 5 anos de reclusão, e multa"). Se ela queria aparecer, conseguiu!

Decerto que sou um democrata no maior sentido da palavra e acho que o Estado deve mesmo ser mínimo em matéria penal (tanto que detestei muita coisa da tal "lei da palmada" e do "Estatuto do Torcedor"): sigo bem a linha do 'laissez-faire, laissez-passer' em matéria de liberdade de expressão, tal como os avançados EUA o praticam! Só que, mesmo lá nos 'states', o 'hate speech', manifestação de idéias que podem gerar violência e ódio, é duramente condenável! Assim, a linda mocinha foi bem mais longe do que somente cometer uma injuriazinha qualificada com preconceito (art. 140, § 3º, CP): usou um grande veículo de comunicação para insuflar massas contra massas, tal como queria seu "ídolo" Serra, com seu recente pelotão de choque "apócrifo", virtual e televisivo, a espalhar ódio, preconceito e medo através de informações caluniosas, difamatórias e injuriosas numa das mais feias campanhas políticas de todos os tempos...

Como diria Regina Duarte contra o Lula de 2002, na reta final do horário político de Serra, eu tenho medo: medo de algumas elites lindas, asseadas, separatistas e autocráticas sulistas que, tal como em antigos e ultrapassados ideais de secessão (como nos EUA, duramente combatidos pelo democrata republicano Lincoln) que, desde os tempos de Alberto Sales e sua São Paulo "província mais rica e culta do país" (que deveria, por isso, separar-se do Império), passando por Monteiro Lobato e seus seguidores "constitucionalistas" de 32 (para quem nortistas não passavam de negros e mulatos), chega até os dias atuais do MSRP (e de 'revivals' da "República Riograndense" através de movimentos como "O Sul é Meu País") e gera divisões tolas e discriminatórias, sem maiores discussões político-econômicas importantes...

Não quero montar uma republiqueta nordestina em contrapartida, longe de mim! Tampouco acho que ver essa "tolinha" atrás das grades seria a melhor solução - mais interessante seria vê-la passando por longas e justas penas alternativas de aprendizado e trabalho sócio-educativo aqui pela nossa linda e pobre região... Mas não posso negar uma coisa, tenho medo desse pessoal: gente que fala água pode incutir o mal nas cabeças de milhões e inconseqüentes bolinhas de papel podem mesmo acabar sendo muito perigosas...

sábado, 6 de novembro de 2010

Luz...

Cinema

Não disse até logo
Nem tampouco adeus
Não segurei, nem afaguei,
Apenas toquei sua mão...

Desço aos infernos
Está tão claro
Estou tão só.
O escuro do cinema me faz bem
No pouco da claridade que vem da tela

Eu te sinto tanto
(Vinte e quatro quadros por segundo)
E, ao invés,
Minha luz,
em ti,

esmaece um pouco a cada dia

(Dilberto L. Rosa, 1996)


Quero urgente e impacientemente
Fugir de todo esse berreiro
De todo esse dilema
Quero alçar vôo impunemente
Ser apenas prisioneiro
Trancado na sala de um cinema!

(Dilberto L. Rosa, 1999)

Preto e Branco

Lembro-me dos filmes
De cor cinza
A me falar de sombras
Que nunca pude viver.

Viva os filmes de toda cor:

Mas vivo a imagem
Esmaecida
Dos tempos bem vividos
Que eu não consigo esquecer

– Tiro beijo no escuro noir...

Já nem sei
Da fotografia
Que meus filhos viverão
Ao meu Cinema fenecer...

(Magia falecida de antigos amanhãs)

Creio mesmo
Ter magia
No escuro da sala vazia
Com a tela clara a me preencher

Minha memória é em preto e branco!

Vivo contigo o Cinema
Com toda a sua poesia
Naquele tom de cor esquecida
Que o meu tempo nunca vai esmaecer...

(Dilberto L. Rosa, 1998)

Grandioso

E ela me achou a vida bela
Numa tela de perdido cinemascope
Tudo porque contei a ela de meus filmes
- Só porque lhe mostrei um punhado de belas cenas
De filmes eternos de final grandioso...

(Dilberto L. Rosa, 2010)


Poemas de épocas diversas com meu amado Cinema como pano de fundo... Cenas de Um bonde chamado desejo, Cinema Paradiso, O Terceiro Homem, Cidadão Kane e A Doce Vida

domingo, 31 de outubro de 2010

Dia das Bruxas sem Vampiro...

Porque esta ainda é uma nação que não se deixa dominar pelo medo ou pelo terror...

"Lula-lá, brilha uma estrela/ Lula-lá, cresce a esperança..." Cresci democraticamente com o PT: em 89, quando já me entendia politicamente como gente, fiz trabalho de equipe na matéria de EMC sobre o então candidato Roberto Freire, mas, no fundo, queria ter feito mesmo sobre aquele líder metalúrgico que, com o apoio de uma nação de artistas que já admirava – e que imortalizaram um dos 'jingles' mais bonitos da nossa história política –, poderia ser o senhor de uma virada política histórica, ao ser o primeiro presidente operário/socialista de um País então saído de um sujo e ridículo "governo de abertura democrática" do Sarney (1985/1990) e de uma ditadura militar de mais de vinte anos...

Com o apoio da ditadura da Globo, a imagem de Collor foi alçada ao cargo máximo da nação até a sua derrocada, com enrustidos caras pintadas maquiando o que nem a emissora do plim-plim queria mais: veio Itamar, num ótimo mini-governo de transição, e, com ele, as crias que tornariam o futuro do Brasil numa rinha de galos bicolores...

Com Itamar e com o Real, uma das nossas maiores conquistas recentes (o que provou que só faltava iniciativa política para controlarmos a inflação), veio a cria FHC, o sociólogo plantado para ser presidente e que, além de querer esquecer tudo o que havia escrito antes da posse como mandatário máximo da Nação, também esqueceu Itamar e se coroou o rei de um Brasil sem monarquia: esbanjou dinheiro público e voou como trator com seu Serjão-móvel por sobre bandalheiras (SIVAM, pasta rosa, BNDEs, Vale, precatórios), compras de votos para a reeleição (nossa pior "conquista"!), pífias e sucateadas privatizações, pior época para a Educação e para o funcionalismo público... A coisa foi tão feia que, mesmo reeleito e com a máquina nas mãos, não conseguiu fazer seu sucessor, o Vampiro de São Paulo, José Serra!

Não, o momento não é de retrospectiva histórica para uma conclusão a favor do PT ou da “histórica eleição da primeira presidenta do Brasil” – até porque temos no Maranhão a “primeira governadora do Brasil” e olha onde estamos (sexo, na Política, não quer dizer nada!)! Apesar de nunca ter sido partidário, era um defensor do PT e de outros partidos ditos de esquerda e com eles evoluí dos argumentos duros, enfurecidos e amadores de outras épocas e fui vendo, junto com eles, que muitas concessões precisavam ser feitas em nome de uma boa governabilidade. Entretanto, mesmo com os inegáveis avanços econômicos e sociais do ótimo governo Lula (no ensino profissionalizante e com maiores investimentos na Educação; PAC 1; políticas de incentivo à construção civil; aberturas de créditos populares e setorização de distribuições de renda; Minha Casa,Minha Vida; contenção de impostos para controle da crise...), não deu para engolir ver o PT de tantos combates ligar-se a tantos esquemas de corrupção, fisiologismos, nepotismos e alianças espúrias – mais duro que ter visto Lula pedindo votos para a ‘famiglia’ Sarney todo dia aqui no Maranhão, em outubro, foi ver o Bigodudo Imortal abraçando a então anunciada eleita presidenta, agora à noite, em Brasília...

Nem preciso dizer que aposentei a estrelinha do peito e hoje, quando me perguntavam sobre meu voto, dizia simplesmente que anularia... No fundo, ainda não estava muito certo... Apesar do primeiro turno “verde” (mais por uma ideologia falida que por realmente acreditar no “fenômeno esvaziado” Marina), vesti uma camisa vermelha, como sempre fazia nas outras eleições (uma representação romanticamente platônica, eu sei – o socialismo/comunismo naufragou em governos ditatorialmente autocráticos e sucateados), só que agora com um diferencial no peito: uma grande e estampada gravura à anos 80 do Barney Rubble dos Flintstones, em homenagem à minha doce Isabela, que foi junto... Bem, se ainda “não estava muito certo” quanto à anulação, certifiquei-me ao ver, abaixo do retrato da Dilma, o rostinho do Michel Temmer na máquina, nata do PMDB, partido que “está sempre do lado certo” (ou seja, o do poder), concluindo que "00" seria uma melhor opção que 13...

Sim, abstive-me por trás de um voto nulo, até vir uma terceira via lúcida e preparada para nos tirar de um continuísmo petista ou de um retrocesso em trazer aqueles tucanos do inferno ao poder... Jamais votaria no PSDB, partido que nem oposição séria foi (muitos de lá até discutiram a possibilidade de logo fundirem-se tucanos e petistas, tamanha a “adesão” pessedebista aos esquemões do poder) – e, a julgar pela mais tola, retrógrada e ridícula “campanha apócrifa” já feita na história deste País (com calúnias via 'internet' sobre a “terrorista com metralhadora, mulher-macho adoradora de Fidel com charutão na boca e matadora de criancinhas” Dilma, dentre outros absurdos), jamais o será – e ainda mais esvaziado que o PT recente em termos de programas de governo (Serra só faltou registrar em cartório que levaria o Mar para Minas!)! Mas, por outro lado, não conseguiria votar na continuidade de um grupo que, para o bem e para o mal, já ocupa 8 anos no poder e já não é mais um pobre partidinho de esquerda que sonha em conquistar alguma coisa, tamanho o seu alcance (e seus sujos “aliados”) em vários vértices do País...

Concordo com o Chico: Dilma é preparada e inteligentíssima! Concordo que sua oratória era pobre e que lhe faltavam os traquejos do jogo político dos palanques, mas isso não fazia dela uma “desmiolada”, uma “despreparada”, como queriam as frotas fascistas/elitistas paulistas do Serra: em termos de gestão, Dilma não ficou atrás de máfias de genéricos para se auto-intitular a “melhor ministra”! Pelo contrário: foi das que mais trabalharam com o Presidente, o que lhe rendeu os epítetos nada corteses de “durona” e “sargentão”... Mais meritório ainda ver alguém que lutou contra a ditadura na linha de frente de uma democracia ampla e irrestrita (apesar das várias e infudadas acusações em contrário...)! Agora é fiscalizar e lutar junto por dias melhores para um Brasil que ainda precisa de muita política pública para ficar de pé sozinho e, de uma vez por todas, livre de cânceres congênitos...


Concordo ainda com o dito pelo “fenômeno” Lula: “Serra sai menor desta eleição” – não só ele, como todo o PSDB que, se se confirmarem as previsões autofágicas dos cientistas políticos, vai se implodir sem bandeira ou identidade logo, logo, entre a Ipiranga e a Avenida São João! Será que deu para aprender que bolinha de papel dói menos do que lutar para ser o “Zé” popular, que "veio de baixo" e que “lutou contra a Ditadura" correndo para o Chile?! Fico aqui a relembrar seu ‘jingle’, separado de mais de 20 anos daquele clássico citado no início desta crônica: “Quando se conhece bem uma pessoa, logo se sabe que é gente boa/ com Serra essa certeza a gente tem, o Serra é do bem, o Serra do bem”... Seria medo de levarem a sério que ele era mesmo um vampiro tupiniquim, pronto para fazer o mal, ou seria para contrabalancear o número de “maldades abortivas” da “Dilma do Mal”? Não dá para saber... Mas, depois que santas negras foram levadas para o altar por um ex-ateu e que até o Papa foi convocado para dar uma fezinha nas escolhas de um Estado laico, só fico com um conclusão: nunca mais na história desse País haverá tempos – e ‘jingles’ geniais e cheios de esperança – como aqueles do fim de minha infância...

sábado, 23 de outubro de 2010

Dilena e O Rei

Música, maestro: afinal, dois aniversários reais num só dia não acontecem sempre...


Não. Não se trata de uma quarta versão para o Cinema da rica história da professora inglesa Anna Leonowens contratada para ensinar os filhos do Rei Mongkut do Sião. Tampouco narrarei um inusitado encontro entre minha mãe Dilena e algum rei por ela encantado. Na verdade, pela única e simples coincidência de data entre dois nascimentos tão distintos é que me inspirei para tecer esta muito breve (porém com pretensos ares de majestade) croniqueta...

Tome o exemplo de Edison Arantes do Nascimento, que também são dois: vindo de Três Corações, ele também é Pelé, negro retinto que primeiro derramou verde e amarelo pelas frias imagens em preto e branco do futebol, convertendo o esporte bretão em arte conceitual, iluminando todo um mundo de corações que acompanharam estupefatos suas 1284 pinceladas para dentro do gol. Rei de seu Esporte e rei brasileiro no mundo (posição esta de que quase fora destronado recentemente por Lula, "O Cara"), Deus do Santos, mas de alma vascaína (adorou quando criança, vestiu a camisa, mas marcou contra ao pisar a cruz com seu milésimo gol...) e carrasco dos corintianos, Pelé deu aula para os Estados Unidos de como se joga com bola redonda e ainda foi rei no continente de suas raízes, ao cessar uma guerra num Congo Belga que parou de matar para vê-lo jogar... Recuso-me a falar do Edison, aquele cara sem muita ginga com os negócios, a vida pessoal ou a cantoria: só falo da divindade dos VTs eternos, onde o "sublime crioulo" encantou criancinhas, que envelheceriam sonhando serem jogadores de Futebol... E, mesmo sem muito drible diante dos microfones, o Rei disse "love, love, love" ao se despedir de seu amor maior... Hoje, aos 70 anos, diz que, "sem o amor das crianças, o futebol morrerá"! Um sábio, sem dúvida! Parabéns e vida longa ao Rei!

Logicamente que uma data tão especial não poderia ficar sem sua porção-mulher! Por isso, a despeito de ter sido ela ao longo da vida uma linda normalista/dona de casa (e, tal como a Anna, também minha "professora particular" em meus deveres), neste 23 de outubro outra "majestade" faz aniversário: minha Rainha-Mãe Dilena L. Rosa diz ao mundo que fica, porque guerreira por tantas décadas (sem, claro, jamais revelar seu número - rainhas não têm idade...) e vencedora de tantas batalhas! Decerto que muitos citadinos do mundo não a conhecem (ainda...), mas, dentre os súditos de seu pequeno Reino, todos a admiram pela justiça, honestidade e sinceridade de suas decisões e no trato com sua administração. E, se não têm pão, que comam bolos, oras: o negócio é tentar se divertir e aprender um pouco na lucidez e na loucura de cada dia... Se for ao lado dela - com seu jeito didático de explicar diversas vezes cada linha de seus argumentos, com sua verve para as mais diversas e belas prendas artísticas, sua emoção à flor da pele e sua beleza exótica de rainha egípcia -, fica bem mais fácil querer ser (e tornar-se) alguém melhor...

Num País sem memória e sem monarcas há um bom tempo, nada melhor que louvar por saúde e felicidades a pessoas que, em reinados distantes ou logo ali perto do seu bairro, fazem do mundo um lugar mais majestosamente belo e rico...

Rei Pelé e coroa montada; Rainha-Mãe e Lord de Vila Bessa passeando em seu palácio de veraneio: felizes aniversários, Pelé, Mamãe Dilena e, sem jamais esquecer meu querido Papai Carlito, que também aniversariou recentemente, no último dia 21 - data que o Camisa 10 nasceu realmente, vindo a ser registrado somente no dia 23...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Para Isabela,
Meu mundo de cores vivas...

Porque criança tem que ser criança e cheia de vida e de cor! Que Deus abençoe estes pezinhos em tua longa caminhada neste mundo tão adulto e cinzento...

Minha filha é linda e tem na pele e no sorriso uma fascinante mistura de cores e significados, nunca deixando ninguém em casa triste ou sequer chateado com qualquer agrura do dia-a-dia: basta um olhar fixo com seus olhinhos redondos e de cílios longos para que todo o cinza se esvaneça e mil cores surjam... Neste dia a ela dedicado, afaguei-lhe o corpinho roliço e os cabelos lisinhos e lhe desejei bom dia no berço, em meio aos seus gritinhos eufóricos, como faço toda manhã! Mas hoje, de alguma forma, foi diferente: roguei não só por ela, como também por todas as crianças, ricas e pobres, felizes ou tristes, abandonadas ou achadas num seio de uma família qualquer... Porque crianças são tantas e há sempre tanto a fazer por elas, que chega a ser ridículo discutir qualquer macropolítica que não passe antes pelo desenvolvimento mínimo destes seres pequeninos...

Sempre me vi como pai, mas nunca poderia prever a magia de ter uma criança a modificar cada segundo do meu dia, cada pensamento e cada visão... E sempre desejei escrever para ela, em particular, e para todas as crianças, a desestruturar minha visão poética byroniana de mundo: até lhe ensaiei uns versinhos que não alçaram ser um poema, mas, de concreto, proseei-lhe um conto às antigas, que, em breve, torno a dele falar por aqui... Por ora, desejo a todas as crianças, de todas as idades (dos 4 meses de Isabela aos 83 de minha avó Marieta, que conserva acesa sua criança em seu coração, com uma sempre engraçada e animada forma de conversar), um especial e feliz Dia das Crianças!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Império Contra-Ataca...

Qualquer coincidência é mera semelhança...

Política é renovação: pelo menos, deveria ser assim! Porém, infelizmente, muitos dos nossos "cidadãos" ainda envolvem um sentimentalismo piegas latino-americano ou algo que o valha na hora de votar e elegem candidatos apenas por apreço pessoal, piedade econômico-financeira ou puro protesto... Assim, se por um lado os eleitores, de um modo geral, prestaram um serviço à Nação, não deixando grandes nomes equivocados dos últimos tempos voltarem ao poder, como Fernando Collor, Tasso Jereissati, Heráclito Fortes, Mão-Santa e mesmo José Genoíno e Marco Maciel, bem como impedindo novas e perigosas crias alcançarem um mandato eletivo, como o cantor Netinho de Paula para o Senado, foi prestado um verdadeiro desserviço geral quando ainda uma grande parcela do eleitorado (especialmente o paulista, capaz de já ter levado Clodovil e Frank Aguiar para Brasília) conseguiu eleger, acima de todos os absurdos anteriores, Maluf (procurado pela Interpol e com candidatura pendente de recursos jurídicos) e Tiririca - "porque pior do que 'tá, não fica!"...

Pode ficar, sim, doutor... E muito! Porque nada é pior que ser governado por quase 45 anos por um mesmo grupo político (à exceção do período 2006/2009, em que José Reinaldo Tavares rompeu com seu "padrinho" e fez seu sucessor, o eterno ex-prefeito Jackson Lago, cassado no TSE)! E quem é mais acostumado ao uso indiscriminado da máquina administrativa do que um grupo familiar que estende seus tentáculos entre patrimônios bilionários (império que inclui empresas de TV, rádio, jornal, imóveis etc.) e ramificações no setor energético e poder Judiciário?! Pois que, só com os escândalos escancarados de envolvimentos espúrios com o Banco Santos, a empresa Lúnus, jatinhos cheios de dinheiro na eleição de 2002, os recentes atos secretos no Senado e as tramóias empresariais do filhão Fernando Sarney (denunciadas pelo Estadão e abafadas pela Justiça), juntamente ao injustificado aumento só de sua renda declarada diante de um dos Estados mais atrasados em IDH da Federação, já haveria material mais que suficiente para banir toda esta 'famiglia' do Poder, não é mesmo? Ainda assim, com todo este quadro negro diante das vistas, Roseana Sarney reelegeu-se mais uma vez (sim, só ela já governa mais de 8 anos, somando-se o seu "retorno pelo Judiciário" ao poder!) no primeiro turno nas eleições do último domingo!

Nem falo dos abusos cometidos em escala federal, com Lula praticamente abandonando o Alvorada para ser cabo eleitoral de luxo de Dilma (ou seria candidato? Sem falar no papelão de aqui pedir votos para Roseana, Lobão e João Alberto e, no Amapá, o ex-governador Waldez Goes, também aliado de Sarney): nada encontra paralelo com um feudo ocupado há tanto tempo por um grupo de pessoas que confundem coisa pública com privada - "Não se tira a nuvem lá do céu/ Não se separa a abelha do seu mel/(...) Não se pode separar, não, não" bradava o 'jingle' da equipe de Duda Mendonça para a Governadora: em outras palavras, o Maranhão é deles! E, assim, segue a pergunta que não quer calar: quando nos livraremos do Império do Mal no Maranhão? De acordo com Flávio Dino, ex-juiz federal e candidato ao Governo pelo PCdoB que quase levou a disputa para o segundo turno, com 29,49% dos votos: "Esta será a última vitória da Oligarquia no Maranhão!"... Será? O Imperador já dá sinais de cansaço, recentemente quase embarcando dessa para uma melhor (especialmente para o Maranhão!), tamanho o cansaço de tantas alianças e banquetes com prefeitos e lideranças do interior - e isso pode prenunciar o fim de uma era... O mais assustador de tudo é saber que Roseana venceu na Capital, São Luís: nossa "Ilha Rebelde", sem dúvida, parece ter sido carreada para o lado negro da Força...


Mesmo combalidos e poucos, os rebeldes não desistem nunca de ver uma luz no horizonte, nem que seja numa galáxia ainda distante... "Ter fé você precisa, jovem maranhense..."

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

'Yaba daba doooo'!!!


'Post' carinhosamente dedicado a Isabela,
pelo mês das crianças
e pelos muitos bons desenhos animados
que veremos juntos...


Uma família precursora - Desde o tempo da pedra lascada que convidados ilustres são homenageados em 'sitcoms' norte-americanas, e com o desenho de maior prestígio na década de 60 não seria diferente: na sexta temporada (1965/66) de Os Flintstones, assim como outras personalidades do Cinema (Cary Grant como Cary Granito e Ann-Margret como Ann-Margrock, citando apenas dois exemplos), o astro de então,Tony Curtis, emprestou sua voz e seu rosto de galã para um episódio em que arrancava ciúmes de Fred como "Stony Curtis", lacaio por um dia de Wilma. E, junto ao aniversário de 50 anos dos Flintstones, Tony morreu, aos 85 anos, deixando clássicos absolutos como Quanto mais quente melhor e Spartacus: a ele também este 'post' é dedicado...


Muito antes do sarcasmo de Os Simpsons, outro desenho animado inovador sobre a classe média estadunidense se tornava um dos pioneiros em usar o horário nobre da TV norte-americana com até então inéditos episódios de animação de meia hora: Os Flintstones, genial criação dos mestres William Hanna e Joseph Barbera (animadores calejados dos anos 40, com Tom e Jerry no invejável currículo dos tempos da MGM, por exemplo), completa 50 anos de inteligentes ironias sobre o 'american way of life' passadas na "Era da Pedra Lascada" (impagáveis aquelas tiradas dos dinossauros sendo "explorados" pelos humanos como as "modernas tecnologias" de então - análogas às máquinas dos anos 60 - e reclamando para o telespectador!)...

De 30 de setembro de 1960 até abril de 1966, foram ao ar as primeiras (e melhores) temporadas dos Flintstones, seguidas por variações mais infantilóides nas décadas de 70 (como as séries Bambam e Pedrita, com os famosos filhos já adolescentes, e aquelas cheias de chatos coadjuvantes, como uma inusitada família Monstro como vizinha) e 80 (Flintstones nos anos dourados) - sem mencionar o mais que bobinho filme produzido por Spielberg, de 94! A despeito de quem visse ali apenas uma reciclagem de antigas séries televisivas, uma mistura entre The Honeymooners e os desenhos The Stone Age Cartoons, dos irmãos Fleischer, foram Os Flintstones que se popularizaram mundialmente como um dos mais interessantes e rentáveis desenhos animados da História - tanto que transformaram em fenômeno as precárias animações dos então iniciantes estúdios Hanna-Barbera (onde se repetiam à exaustão cenários de fundo e se reaproveitavam inúmeros gestos e expressões, tal como se dava também com outros clássicos personagens, como Dom Pixote, Zé Colméia, Manda-Chuva e Os Jetsons).

E, tal qual a dupla Laurel e Hardy, O Gordo e O Magro, Fred Flintstone e Barney Rubble foram, sem dúvida, a maior dupla cômica da animação televisiva: fosse enrolando Wilma e Betty para jogar o campeonato estadual de boliche ou para ir a uma reunião honorária do Clube dos Búfalos, fosse entrando em homéricos conflitos de vizinhança pelos motivos mais banais, Fred e Barney viraram ícones do humor de uma geração que cresceu vendo bons desenhos - da qual participei, na rabeira das reprises dos anos 80 em programas como Balão Mágico e TV Criança!

Entretanto, nem tudo sempre foram flores em Bedrock: Fred e Barney já apareceram fazendo comercial para a marca de cigarros Winston, uma das patrocinadoras iniciais do programa! Num momento de vadiagem, os dois machistas: largam as mulheres pegando no pesado e vão dar umas boas tragadas no quintal... Indiscutivelmente, bons e politicamente incorretos tempos que não voltam mais...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"Desde que o samba é samba é assim..."


"Porque o samba nasceu lá na Bahia/ E se hoje ele é branco na poesia/ Se hoje ele é branco na poesia/ Ele é negro demais no coração"... Assim o "Branco mais preto do Brasil", o "Poeta e Diplomata" Vinícius de Moraes, fortemente influenciado pelo "feitiço baiano" dos afrossambas (samba misturado a músicas e termos de candomblé numa profícua fase iniciada em parceria com Baden Powell, em 1966, e esticada como influência artística pelo resto de sua vida), definiria a origem do samba no clássico samba-homenagem Samba da Bênção (1965). Assim, o mais completo ritmo musical do mundo era devidamente batizado como baiano!

Entretanto, muito antes do clássico de Vinícius e Baden, lá pelos idos de 1955, quando o Imortal Nelson Pereira dos Santos anunciava para o mundo seu neorealismo tropical (e, por isso mesmo, muito mais gostoso - vindo a gerar algumas outras amargas, porém geniais, crias, como Vidas Secas, de Glauber Rocha) com o "filme nº 1 do Cinema Novo" Rio 40º, a clássica A Voz do Morro, do mestre Zé Ketti, anunciava para o mundo, por sua vez, uma outra versão de "naturalidade" do samba: o menino não era baiano coisa nenhuma; era carioca da gema! "Eu sou o samba/ Sou natural daqui do Rio de Janeiro/ Sou eu quem levo a alegria/ Para milhões de corações brasileiros"... Assim decretava Zé Ketti! E ponto final! Até aparecer Vinícius com aquela origem baiana dez anos depois...

O chato é que nenhum dos dois "pais" do moleque está mais entre nós para dar a sua versão geográfica do nascimento: queria o velho Poetinha homenagear seu "segundo lar" à época, evocando eventuais origens históricas nacionais (afinal, o Brasil começou na Bahia...)? Ou estava mesmo certo o portelense cheio de opinião Zé ao dizer que o samba era mesmo da terra de Noel, gênio maior do gênero? Não saberia dizer... O certo é que, se houve até paulista gênio nessa área, como o mais-que-bom sujeito Adoniran Barbosa nascido há cem anos nas terras sepulcrais de São Paulo (como bem atestou o "túmulo do samba" de Caetano) e qualquer grande artista deste Brasilzão de meu Deus já soube dizer no pé - como o também saudoso Antonio Vieira, maranhense e sambista de marca maior -, parece que querer saber o local de nascimento do Samba é tão tolo quanto dizer que ele morreu... Por isso, parece que não há nada mais sensato do que finalizar tal discussão sem fim com uma legítima Voz do Morro, Paulinho da Viola, o "Príncipe do Samba": "Há muito tempo eu escuto esse papo furado dizendo que o samba acabou,/ Só se foi quando o dia clareou"...


'Post' dedicado a Claude Lelouch, gênio que me ensinou a gostar de Cinema francês - afinal, ele e Vinícius, pai do Samba da Bênção ao lado de Baden, protagonizaram um episódio cadencialmente curioso, muito bem narrado por Arnaldo Agrias Huss:

" Em 1964, Vinícius estava em seus estertores diplomáticos em Paris (seria cassado pouco depois) a serviço da UNESCO. Na capital francesa conheceu o produtor cinematográfico Pierre Barouh, a quem vendeu o argumento de um filme chamado ‘ARRASTÃO’, que “no fim saiu uma porcaria”. Mais tarde, no Brasil, Pierre pediu a Vinícius e Baden uma gravação do ‘SAMBA DA BÊNÇÃO’, que levou para a França. Pouco depois (1966), Vinícius foi convidado a participar do júri do Festival de Cannes.

“Era o ano de lançamento do filme ‘UM HOMEM, UMA MULHER’, que foi exibido no Festival. Quando da apresentação, eu ouvi nossa música e levei um susto. Fiquei contentíssimo, é claro”, disse Vinícius.

Mas nem Vinícius, nem Baden apareciam como autores. Os créditos falavam em ‘música de Francis Lai e palavras de Pierre Barouh’, com a música sendo chamada de ‘Samba Saravah’. E a explicação do produtor Barouh era meio estranha:

— “Ah, você sabe, na versão do disco já saiu o seu nome...”
— “Isso, aqui na França, mas e no resto do mundo? Depois vão pensar que o samba é seu... E o meu parceiro, como é que fica?”, argumentou Vinícius.

Depois dessa conversa, o diplomata acabou indo ver o diretor do filme, Claude Lelouch, que lhe respondeu:

— “Olha, velho, se eu for fazer um corte no filme para incluir o teu nome e o do teu parceiro, vai custar uns 160.000 francos”.
— “Azar seu! Você vai botar senão eu vou te processar”.

E assim o nome da dupla brasileira passou a figurar no filme (embora, ao que parece, não em todas as cópias)."

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Algumas imagens valem mais que mil palavras...

Conversando com o então aniversariante amigo Sérgio Ronnie no último dia 13, dentre as costumeiras brincadeiras sobre a "velhice e a calvície chegando", deparamo-nos, já como de praxe em nossas prosas, com a Política de nosso País/Estado e, como não poderia deixar de ser, com as eleições que se aproximam - no que ele me vem com esta adorável surpresa:

- Rapaz, andei sumido mesmo: eu estava em São Paulo, trabalhando num documentário sobre o Sarney - convite irrecusável, o Marcelo Tas 'tá envolvido: olha esse vídeo dele, como 'teaser' do nosso trabalho, que está ficando muito bom..."


Sem dúvida, ums excelente mensagem e um convite para uma ampla reflexão nacional... Pois que me pego, depois, acompanhando a campanha eleitoral na TV e me deparo com a seguinte sequência: os eternos senadores do Sarney pelo Maranhão, Lobão e João Alberto (quando a Roseana não está governando o Estado; senão uma das vagas é dela!), brincando com a cara do povo maranhense, como as "únicas" duas opções para as vagas de senador do nosso já tão vilipendiado Estado...


E o escárnio parece não ter fim: Roseana Sarney (governadora do Maranhão de 1994 a 2002 e, depois da cassação de Jackson Lago, primeiro governador eleito fora do Clã, governadora atual desde abril de 2009 - quando o legalmente correto seria a realização de novas eleições), depois de alguns programas com direito a "lindas biografias", momentos "caseiros" (como a candidata preparando, "como ninguém, uma deliciosa carne moída com quiabo"!) e de verdadeiros acintes - como o que afirma ser ela "aquela que não aceita pobreza como condição de vida pra ninguém", "que fica indignada com a criança sem escola, com a mãe sem médico, com o pai sem trabalho" (!) -, vem falar que fará uma "Revolução na Educação"! Acompanhe o vídeo e divirta-se:


Sem comentários... O que dizer depois da comparação do Maranhão a "qualquer outro estado do Brasil" - "até São Paulo" ("Não é mostrando a pobreza que ainda temos, não é expondo a infelicidade das pessoas no horário eleitoral é que a gente contribui para o bem do Maranhão")? Ou ainda, depois de ver Lula, que há não muito tempo bradava todos os podres de Sarney e família em qualquer palanque do País, vindo agora pedir voto para a "companheira guerreira Roseana" (junto a Dilma, "amiga de Roseana", intimidade infantilmente repetida em quase todo programa da candidata!)?

Mas acinte mesmo veio com uma das últimas propagandas (não disponível em vídeo), onde uma voz é ouvida saindo dos céus, tal qual um Deus falando com Moisés no clássico Os 10 Mandamentos, afirmando ser a "consciência do povo maranhense", clamando pessoas nas mais diversas ocupações (que se quedam olhando para o alto, como que a esperar a ordem da "Deusa") sobre a correta decisão: votar em Roseana... Sem dúvida, muito melhor foram as "respostas" dos demais candidatos de oposição (especialmente a do PSTU local, sobre o "salto" prometido na educação):






Que a oposição faça sua parte, una-se de verdade por um objetivo maior e procure corrigir eventuais derrapões passados... Nossa parte está feita: revelar imagens que sempre valem mais que mil palavras...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dos versos que te fiz,
São Luís...



"Todo mundo canta sua terra e eu também vou cantar a minha! Modéstia à parte seu moço, minha terra é uma belezinha...", já diziam os clássicos versos do Poeta João do Vale sobre o Maranhão, especialmente dirigindo-se à sua capital, São Luís. E, por ocasião de mais um aniversário desta Ilha (398 anos, com feriado mais que prolongado até este 8 de setembro), descubro que, mesmo com toda a devoção poética que sempre lhe dediquei, neste espaço virtual e por entre os reais casarões e becos do Centro Histórico, ladeiras, ruas e avenidas estreitas, praias e palmeiras, para São Luís contei muito mais Prosa que Poesia: apenas dois poemas figuram em toda a minha obra a esta mulher-cidade de belezas e dores seculares...

Que seja assim, que em prosa também se canta esta "ilha inexata quando toca o coração", como no belo e magnético dizer de César Nascimento, outro poeta nosso: pelas paisagens cheias de ritmo, pelos sabores cheios de olores, pelos sonhos por dias melhores para este povo sofrido e cheio de cores e para este chão, meus dois poemas para ti, São Luís do Maranhão:


Viagens

Às vezes sonho com ruas desertas
Entrecortadas por ladeiras
De palmeiras encimadas
E finalizadas com uma estação
Derradeira
Que me levasse para longe daqui...

Pelos incômodos sacolejos e despreparos
Da imaginação distante
De uma viagem de sonho para além
Numa lancha, num ônibus, avião ou num trem
Às vezes sonho que sou feliz...

Então sonho que acordo ao teu lado
E sigo, calado,
Pela derradeira e inevitável
Poesia de São Luís...

(Dilberto L. Rosa, 2007/2010)



Pois só por cima
de teus telhados
eu respiro
A brisa de saudade
que não sei explicar
De onde vem, para onde vou
– minha cabeça em giro
Por sobre a cidade-tempo
suspensa no ar...

(Dilberto L. Rosa, 2008)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Extra! Extra! Extra! Extra!
Os Morcegos estão de volta!

Mergulhando de volta de velhas fortalezas rumo ao desconhecido excitante de novas cavernas...


É extraordinário como o ser humano costuma se reduzir desde tempos idos... Assim, uma mentira, uma sedução, um medo ou uma covardia qualquer acabam por deixar um homem na sombra do que um dia foi... Mas, como tudo renasce a cada dia, com novas vidas advindas das velhas, acaba-se por se ter algo novo e profícuo de uma redução: qualquer um pode renovar-se de uma perda, renascendo desse desvio como um novo alguém...

O mesmo pode se dar com nossa Língua: reduções, tão comuns em nossos processos de derivações de palavras, acabam por fazer crescer um vocábulo "menor"... Tome-se o caso de "extraordinário": o prefixo "extra", de origem latina, significando "posição exterior", "fora de", juntou-se como fervorosa argamassa a inúmeras Línguas no planeta e sempre formou palavras no sentido de algo a mais, fosse na literalidade de um "extravasar", fosse nas sempre misteriosas linhas de um mundo "extraconjugal", para se ficar só com dois exemplos - isto porque, melhor do que todos, sempre se encontrou aquele que estava por cima do comum e ordinário, o "extraordinário": este, como que acima do bem e do mal, pariu desde os roucos clamores dos jovens vendedores de jornais nas calçadas dos primeiros anos do século passado, ao evidenciar as últimas e mais sensacionais manchetes, até o definitivo, solto e solitário uso nas horas a mais trabalhadas por um pobre trabalhador, ávido por um dinheirinho a mais ao final do mês...

Isso mesmo: sem hífen e sem junção outra qualquer, "extra" virou palavra solta, cheia de significados e jamais outra vez reduzida! Porque extraordinário é algo incrível, porém grande demais para caber nas corridas bocas adjetivas, que tudo querem e tudo podem! Por isso flexionamos as horas extras e os extras de um bom DVD (eu, por exemplo, não compro um filme sem eles, especialmente se num disco em separado, exclusivo de bastidores extraordinários!) - afinal, a falta de flexão de composições e derivações pesadas e passadas travam a língua sassariqueira das portas das Colombos dos dias atuais!

E é por isso que, diante de tantos ganhos recentes, muito maiores e mais bonitos do que poderia merecer minha vã Filosofia, com tantas aulas de doces aprendizados por sobre a aspereza de um mundo difícil e sem esperanças (especialmente diante de campanhas fadadas a nada "extra"...), posso dizer que muito pouco de super-humano importa mais - porque os deuses estão mortos e assim falaria Zarathrusta, caso se pudesse anunciar nos caracteres extras de uma moderna e virtual rede social: nada mais de super-homens; extra mesmo é ser Batman!

Morre Super-Homem... Renasce Homem-Morcego!

sábado, 28 de agosto de 2010

HE IS COMING BACK...


And now, with a lovely little girl as his beautiful sidekick!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Fortaleza da Solidão


- Posso não ser mais o Super-Homem que você queria, mas sou o super-herói que o momento exige... Bem longe do gigantismo de um certo kryptoniano, bem mais próximo de um "super-homem bizarro"...


Seja pelos Quadrinhos, seja pela série de filmes do Richard Donner com Christopher Reeve, todo mundo já ouviu falar da Fortaleza da Solidão, quartel general do personagem e palco de inúmeras aventuras heróicas ou estórias intimistas, espécie de refúgio kryptoniano do Homem de Aço na Terra... Seja nos antigos moldes da Era de Prata (anos 50/60), quando pululavam ingenuidades como as coleções de estátuas e troféus (como também na Batcaverna dessa época) ou a chave gigante que só o Super poderia levantar para abrir o portão (!), seja no conceito do artista John Byrne (década de 80), para quem a Fortaleza da Solidão não existiria no Ártico, mas seria o próprio Clark Kent (psicologicamente falando), o simbolismo da Fortaleza é um dos mais bonitos e melancólicos das HQs - e muito bem explicado e interpretado pelo "Mestre Jedi" Bruno Chagas no excelente Fortaleza da Solidão (não por acaso, 'blog' homônimo do forte alienígena!).

Toda esta introdução para falar de meu enfim-pronto espaço de produção profissional e de descanso: o gabinete de meu apartamento, espécie de escritório e "QG" de minhas coleções (livros, revistas, miniaturas, pôsteres, DVDs e CDs) - originalmente planejado por mim com um desenho de móvel embutido de peça única (mas adiado devido a certas mudanças de rumo financeiro inesperado...) e só agora erguido (no muque!) com prateleiras de madeira e estantes de aço (apropriadamente), organizado, finalmente, com todas as minhas "coisas"!

Para tanto, convido a todos os meus queridos blogueiros de plantão a conhecer este espaço, minha Fortaleza da Solidão - assim batizado porque no meu pequeno escritório praticamente ninguém entra e "em oposição" à BatCaverna, antigo Flogão que mantinha com fotos de minhas coleções quando solteiro na casa da mãe ('link' permanente ao final desta página, imagem do bonequinho do Logan lá embaixo!). Neste meu novo endereço virtual de fotos no Flickr, além das imagens de minha "Fortaleza", há outros álbuns com imagens pessoais, divididos em "Anos 80" ('post' Saudosa Loucura..., do último dia 10, abaixo) e "Viagens", todos com imagens flagradas por mim com celular ou máquina digital.

Lembro-me, com um sorriso no rosto, de quando o último carpinteiro esteve na minha casa para a instalação de novas prateleiras e vendo, à época lacradas nas caixas (porque ainda não havia onde exibi-los), as minhas então mais recentes aquisições de 'action figures' (jeito "adulto" de chamar bonequinhos e estatuetas de personagens do Cinema e das HQs), Batman e Indiana Jones, soltou "O senhor já viu aquele filme, 'Virgem de 40 Anos'!", em referência à genial criação de Judd Apatow e Steve Carrel (Andy Stitzer) no filme homônimo de 2005... É, não há como negar um lado 'nerd' (como na boa lembrança do amigo virtual Thiago Leite) fortemente influenciado pelos meus anos 80 - e que parece ter ganho força nos últimos 'posts' deste mês de aniversários especiais de maio, com novas "kryptonianas" a caminho...

Porém, como diria outro famoso (e 'nerd') herói, "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", este "super-herói menor" pede vênia aos queridos e assíduos blogueiros de plantão deste humilde espaço para retirar-se por um tempo em sua Fortaleza diante de uma longa jornada de conhecimento... Mas não sem antes mostrar a ela todas as canções, histórias poesia e amor acumulados ao longo de tantos anos de viagens por dezenas de outros mundos espalhados pelas vinte e oito galáxias conhecidas... E que ela nunca se esqueça desta viagem maior, nem de mim, quando souber enfim tudo que eu amei...


Até um dia...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Isto são outros 30 anos...


Quase na hora de sair para nova lida à tarde e minha mãe, que atualmente adentra cada vez mais os mistérios desta grande rede mundial de meu Deus, telefona estranhada: "Filho, tem um bichinho que 'tá aparecendo no Google, como se fosse aquele joguinho..."; "Google? Não sei, mãe, não tenho visto esse 'site' esses dias..."; "É, né? Mas o que será... Por que 'tá aparecendo isso, hein?"; "Sei lá, mãe... devem ser aqueles tipos de "cabeçalhos comemorativos" de alguma coisa; a senhora não se lembra dos Jogos de Inverno, quando cada dia era uma modalidade?"; "É, como na Semana da Pátria também, deve ser... Mas será que dá p'ra jogar?"; "Com certeza, não, mãe!", no que mal sabia eu que, em comemoração a outro aniversário especial do mês de maio (depois, é claro, do meu, no último dia 13, e do lançamento de Star Wars - Guerra nas Estrelas, no próximo dia 25, ambos com 33 anos!), o Google, de uma forma bem original (o famoso labirinto onde eram distribuídos os personagens e as pílulas foi formado em torno das letras do famoso 'site' de busca), celebrava neste dia 21 os 30 anos de um ícone mundial, não só dos 'games' ou dos anos 80, mas verdadeiro símbolo de uma geração que nascia para os jogos eletrônicos: Pac Man! E, sim, dava para jogar no próprio Google (corra enquanto o 'site' ainda disponibiliza esta atração inédita)!

Enduro, River Raid, Asteroids, Pitfall, Freeway, Keystone Cops, da Atari, são alguns dos mais memoráveis jogos da era 2D dos anos 80, para bem além dos traços quadrados dos "paredões" do final dos anos 70 e muito antes dos atuais GTAs de hoje! Mas, de todos, era pelo Pac Man que havia um carinho especial pelas mais variadas idades (lembro-me mesmo de minha mãe ensaiando jogar algumas vezes - claro que, com ela, aquela bendita "musiquinha do fracasso", sonzinho até hoje repetido pela boca dos mais saudosos, sempre tocava rapidamente...)!

Engraçado é que não só minha mãe como todos lá em casa nunca chamamos de Pac Man a bendita "boca faminta" por pílulas e fantasminhas, que tanto ameaçavam como se desintegravam (o que dependia da "habilidade" em comer as pastilhas brilhosas e correr atrás dos bichos, que então passavam a fugir): nós o chamávamos de "Come-come"! E não por um aportuguesamento obrigatório dos anos 80 (bem diferente de hoje, onde as crianças já nascem bilíngües para filmes e jogos 'made in USA'), mas, sim, pela influência de um "rival" do famoso Atari: o Odissey (1983, Magnavox/Phillips) foi pioneiro mundial no mercado de 'videogames' e, aqui no Brasil (onde obteve sucesso maior até do que obteve nos EUA), tornou-se bastante popular "abrasileirando" títulos estrangeiros, como, além do citado "Come-Come" (K.C.'s Krazy Chase!), os mais queridos eram "Senhor das Trevas" (Demmon Atack) e o mais-que-brasileiro "Didi na Mina Encantada" (o então retumbante sucesso dos Trapalhões substituía o título original Pick Axe Pete!) - versões que, logo em seguida, ficariam famosas através do esmagador Atari com Pac Man, Megamania e Montezuma's Revenge + Donkey Kong, respectivamente.

Curiosa e coincidentemente, o recente saudosismo dos Morcegos diante da idade e das novas responsabilidades, quase em tom de despedida, no 'post' do último dia 10 (Saudosa Loucura, visualizado abaixo), já trazia fotos de uma relíquia: meu videogame Atari, fotografia constante do álbum "Anos 80" de meu Flickr - aparelho que ainda funciona, apesar de eu não mais jogar, devido a problemas com as "torres" dos contoles...! Relíquia sagrada de memórias em gráficos pueris (bem longe da violência explicitamente realista de hoje) e de jogabilidade simplicíssima - afinal, não importa quão modernos tenham ficado os 'videogames' (inclusive com versões atuais do Pac Man em jogos em 3D): o gosto mais saboroso é sempre o da lembrança revivida de momentos simples, como este avivado hoje, em que meu irmão Dilemberto, minha mãe Dilena e eu jogávamos "Come-Come" com o Pac Man do Atari, enquanto meu pai achava tudo aquilo uma grande "besteira tecnológica" (enquanto esperava, resmungando, a desocupação do então único televisor da casa para ver os noticiários)...


Vestígios de estranhas e antigas civilizações: os Pac Men estão entre nós há mais tempo do que possamos imaginar...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Parabéns e paratodos...

Com uma forçada bipolarização entre o equivocado continuísmo de "um de nossos maiores ilusionistas de nossa Política" (nas doutas palavras de Marcelo Tas - apesar dos incontestáveis avanços lulísticos, é claro), com uma mulher sem expressão, e o "Retorno do Vampiro" PSDB e seus déspotas esclarecidos da "Ditadura Elitista-SP com cara de moderna", com seus conseqüentes e inefáveis atrasos setoriais brasileiros - e com o triste afastamento do trapalhão Ciro do que seria um divertido páreo -, só fiquei feliz nesta semana quando ouvi, ao longe, a musiquinha que me anunciava a felicidade de, enfim, ter em quem votar: "Ey-Ey-Eymael/ Um democrata cristão..."! É isso mesmo: José Maria Eymael, do esdrúxulo PDC, voltou para animar com seu refrão e encher de conteúdo a esvaziada disputa eleitoreira para o Planalto - "Porque a cadeira está vazia"!!!

Por outro lado, fiquei triste de dar dó por, além de ter sido proibido pelo Dunga de ver um criativo meio de campo nesta Copa, não poder ver dancinhas comemorativas com a verde e amarelo na hora de um gol na África do Sul - o que já era previsível: nem Ganso, nem Neymar... Só se o Robinho tirar o Roger Milla pra uma coreografia! É torcer para que o jogo burocrata e as escolhas "coerentes" relembre os bons resultados da Copa América e para que o povo brasileiro não se esqueça de ser patriota também depois da Copa do Mundo, em outubro...

E é assim, meio feliz, meio triste, que vejo, dentro de alguns instantes (nasci às 23 horas de uma sexta-feira 13 de 1977...), tudo mudar e completar-se o ciclo de 33 voltas minhas em torno do Sol, navegado pelo mar: com tanto por vir e outro tanto para fazer, quanto mais remo, mais rezo, seguindo torto, meio enviesado e com peito de remador - mas vou até o fim, até o infinito e além, para ver se, além do horizonte, existe um lugar bonito e tranquilo para a gente se amar...

Assim, com um pé de leve no chumbo nos anos 70, com o corpo de uma passada inteira por sobre os mais-que-divertidos anos 80, os braços cruzados por sobre a janela dos 90 e com o queixo apoiado nos 2000, esperando o sol e o trem que vem surgindo de trás das montanhas azuis de volta para o futuro de uma vida cheia de amores e surpresas, onde renasço um pouco a cada dia entre todos que me cercam de braços e abraços num romance astral... Obrigado por tudo...
Para animar a festa: a pedidos e a quem interessar possa, uma listinha de antigos desejos renovados (lista atualizada "Natal/aniversário": final do 'post' de 02/12/2009!) para qualquer alma caridosa que se apiedar... Então, para não perder a tradição, (re)veja aqui

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Saudosa Loucura...

Coelhos bem diferentes (nunca mais o Cinema de entretenimento norte-americano seria o mesmo): Blade Runner – O Caçador de Androides, E.T. – O Extraterrestre, Os Irmãos Cara de Pau, Monty Python e O Sentido da Vida, Rambo – Programado para Matar, Caça-Fantasmas, A Hora do Pesadelo, A Hora do Espanto, De volta para o futuro..., Quero ser grande, Curtindo a vida adoidado, Os Goonies, Top Secret, O Clube dos Cinco, Um Tira da Pesada, Trocando as Bolas, Gremlins, Crocodilo Dundee, Robocop – O Policial do Futuro, Máquina Mortífera, Conta comigo, Os Intocáveis, Corra que a polícia vem aí, Uma Cilada para Roger Rabbit, Brinquedo Assassino, Harry e Sally – Feitos Um para O Outro, Os Bons Companheiros...

Como eu bem ia dizendo, doido para atualizar-me na sala escura, eis que uma alma caridosa de um multiplex local de mim se apiedou e resolveu liberar a entrada de uma tarde inteira de folga: daí que achei de uma bebedeira rasa de efeitos e de correrias exageradas o novo Homem de Ferro 2, elevando à décima potência os pontos negativos do primeiro filme (inclusive com Downey Jr. fazendo um infinita e irritantemente mais engraçadinho Tony Stark – assim, nem Mickey Rourke salva!); de uma chatice a invertida reviravolta de gêneros em A Ilha do Medo, espécie de “mistura que não deu certo” de Uma Mente Brilhante com Um Estranho no Ninho, no novo e mais uma vez equivocado trabalho de Scorcese (nem a linda Fotografia “anos 50” do filme resolveu o problema do Mestre de Taxi Driver, irregular desde Vivendo no Limite); apenas divertida a nova comédia do impagável Steve Carrel, Uma Noite Fora de Série; e quase decepcionante a “releitura” de Tim Burton (cenários deslumbrantemente lúgubres, com árvores retorcidas, e música de Danny Elfmann ao fundo!) para Alice no País das Maravilhas – nesta tão genial fábula (reduzida a um apenas competente filme de fantasia à História sem Fim 2), faltou humor e, principalmente, loucura...

“Loucura: é a única palavra para definir...”, já diria o patético general de 1941 – Uma Guerra Muito Louca, esquecida, porém genial comédia do também ex-Mestre Spielberg: o que teria acontecido à magia daquele Cinema dos anos 80, quando, herdeiros das séries Guerra nas Estrelas e Indiana Jones, os filmes do assim chamado “cinemão” entretinham com inteligência, criatividade e, acima de tudo, boas doses de loucura e qualidade (até Terror tinha essa “magia” naquela época: vide Poltergheist)?! Extinguiu-se pelos pobres anos 90, onde só tivemos um pálido Robin Hood – Príncipe dos Ladrões, no comecinho da década, e, no final, os primeiros capítulos das sagas O Senhor dos Aneis e Matrix (sendo que, quanto a este último, só valeu o primeiro!)? Só assim para explicar a cada vez mais difícil tarefa de encontrar um pouco de magia ou inteligência no cinemão hollywoodiano dos últimos tempos, com raras e honrosas exceções (como Batman Cavaleiro das Trevas)...

Acho que anda faltando mesmo aquela “loucura” daqueles anos 80: aquelas manias de "combinar" tudo em meio a cores berrantes ou de tornar puras coisas absurdas (como usar ‘new wave’ purpurinado em cabelos com ‘mullets’; ou blusa xadrez com saia balonê e melissinha verde-cana; ou ainda aqueles biquínis cavadões, com as partes superiores dos bumbuns à mostra...)... Algo que, na Música, gerou clássicos com os da Blitz, Camisa de Vênus, Ultraje a Rigor e Eduardo Dusek, Léo Jaime e João Penca e Os Miquinhos Amestrados por aqui, e, nos EUA, Michael Jackson, Cindy Lauper, Information Society, Kiss, Oingo Boingo e The B-52’s; ou na TV, com TV Pirata, Armação Ilimitada e Perdidos na Noite por aqui e, por “lá”, Saturday Night LIve, Alf – O E.Teimoso, Automan, Esquadrão Classe A, O Homem de 6 Milhões de Dólares, Super-Máquina, Super-Vicky, Manimal...

Até os brinquedos eram mais inventivos – tanto que releituras de Banco Imobiliário, Jogo da Vida e Detetive (agora em versões bilíngües:Monopoly, Game of Life e Clue), juntamente a clássicos como Cara a Cara, Pula Pirata, Morcegos Equilibristas (antes, Beto Carneiro, do Chico Anysio, ilustrava os anúncios; hoje, um Batman com a cara de mal do Bale é que vem na capa!) e brinquedos como Comandos em Ação, Transformers, Fofolete, Pogobol e os unidimensionais gráficos dos genialmente divertidos jogos do Atari pululam por aí e são revisitados e idolatrados ainda hoje!

É, caríssimos blogueiros de plantão, como dizia o Coringa, no também clássico dos anos 80, A Piada Mortal, “Se disserem que você regula pouco, é porque não sabem como é bom ser louco... Não encarar as memórias é o mesmo que negar a razão”, ou ainda como diz o pai de Alice no belo trecho inicial do filme, "As pessoas loucas são sempre as melhores!"... Loucuras devem sempre ser memoráveis, cheias de tinta e de lembranças cheirosas... Decerto que muitas coisas boas foram e sempre serão feitas, mas aqueles bons tempos... Não sei, aqueles bons tempos dificilmente voltam mais...

Videocassetes mofados (uma pena...), Atari, álbuns de figurinhas famosos, Cara a Cara, bolamania, A Palavra É..., Mini-Senha, bloquinhos de montar, Resta Um, Ludo, 'puzzles', TV de fotos da "última viagem" para o Rio, Comandos em Ação, Thundercats, "vaquinha que dança", miniaturas de ferro, chaveiro do Batman, imitações de lagartixa e aranha e clássicas edições da Playboy (em destaque, Luíza Brunet, 86)... Mais fotos de minha coleção oitentista no álbum "anos 80" na minha galeria do Flickr
 

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