segunda-feira, 30 de abril de 2012

Agradecido


Jandira comentou comigo, recentemente, sobre uma bela passagem do livro Jorge Amado: Um Baiano Romântico e Sensual, de autoria de uma de suas autoras favoritas, a hoje finada Zélia Gatai (ao lado dos filhos Paloma e João Jorge, com memórias do seu amado Jorge, então recém-falecido), sobre o fato de o famoso escritor baiano sempre enviar um exemplar de um de seus livros para qualquer pessoa que lhe cruzasse o caminho de forma salutar ou lhe prestasse algum favor. Achei bonito e, de alguma forma, identifiquei-me com o romancista: afinal, nesta vida e nesta internet imensas de meu Deus, pelo tanto de gente que já me agraciou com um favor, uma alegria, um presente, a conta não está no gibi... E, sempre que posso, procuro ofertar algum mimo pessoal como forma de modesto agradecimento afetuoso.

Não se trata de mera "retribuição": nem gosto de dizer "obrigado" diante de um préstimo amigo, mas "agradecido"... Devolução forçada como retorno equânime do que foi dado não é da minha natureza! Mas o agradecer, sim, acho uma arte das mais belas, porque retorna o "vasilhame" mais interessante da história toda, que é a consideração, a gratidão... O reconhecimento. Assim já saíram das minhas mãos, além de mimos para filhos de conhecidos, poemas para amigos, crônicas e contos para outras tantas gentes finas e, para todos os bons samaritanos virtuais em geral, ao longo de todos estes anos com os Morcegos, ao menos umas singelas postagens especiais...

Assim foi, por exemplo, com o excelente livro "Viagem ao Crepúsculo", espécie de "diário de viagem jornalístico" sobre a realidade nua e crua do lutador povo cubano vivida na pele pelo jornalista (e mochileiro) Samarone Lima, que me enviou um exemplar desta sua obra, por intermédio da amiga Walda "Santa Boca de Olinda", para que eu, por aqui, contactasse outros jornalistas numa possibilidade de arranjar-lhe lançamento nestas terras rebeldes ludovicenses (apesar de minha empreitada não ter sido bem sucedida, dediquei-lhe um 'post' especial sobre o excelente livro aqui). Ou quando, para agradecer à gentil Lelinha Pimentel por um 'layout' novinho de então, dediquei-lhe um poeminha, "Vestibular", por sobre aquele seu período mais conturbado da fase de estudos, numa antiga postagem.

Mas isso foi há muito tempo  sim, porque, de alguma forma, o tempo vem me tornando tão acomodado e distante... Jamais rendi uma justa e digna homenagem, por exemplo, à querida Letícia, de 4 aninhos, por exemplo, que tão gentilmente escolheu uns lindos livrinhos do Ziraldo para que sua mãe Marina Queiroz, enviasse para minha doce Isabela ("Dê um bombom a um filho meu e adoce minha boca para sempre"!): nem mesmo uma cartinha (tal como ela fez, endereçada a minha família) enviei-lhe de volta, jamais... Obrigado Retrato Falante! Ou, melhor dizendo: agradecido de coração, a vocês duas – Isabela adorou o presente!

Outra pessoa com a qual ando em falta: recebi da afável gaúcha Suzane Weck, no final do ano passado, o seu ótimo disco L-O-V-E, produção própria, com arranjos do marido e pianista Roberto Nogueira. Tudo bem que não necessariamente "ganhei": passei por uma "prova dificílima" em seu blogue, conseguindo responder uma das duas perguntas de um questionário natalino sobre Música e Cinema (já fui melhor...)! Mas, como a gentileza da Suze é grande (tampouco me lembro de alguém ter respondido seu quiz além de mim, ré, ré), acabei por receber, no conforto da minha casa, um CD que é uma legítima viagem ao tempo da minha adolescência, quando então descobria Frank Sinatra, Nat King Cole, Tony Bennett, Dean Martin, Billie Holliday... E lá estava a Suze, cantarolando clássicos como The very thought of you, Night and Day e The Man I Love, com seu excelente talento vocal, em seu Inglês afetadamente afrancesado nos 'R's e com sua voz bela e marcante: todos aqui em casa gostaram  só faltou dispor uma de suas canções por aqui para que a homenagem fosse completa...

Terreno mais coletivo este da 'internet': ganhei até "obra virtual" – o Morcego, que encabeça a coluna lateral deste 'layout', é da grande artista Beti Timm (que, inclusive, enviou este quadro para mim, de presente, mas os Correios perderam pelo meio do caminho...) e jamais agradeci à altura; ganhei mesmo uma "mainha virtual", a Márcia Clarinha, quando, em tempos idos, houve praticamente uma família Morcegos... E por assim vai: tanta gente que ajudou a erguer este espaço: o meu agradecimento...

O que dizer, então, da minha entrada nesta "máquina de fazer doido" virtual da rede mundial, que se deu graças à dileta amiga de infância Adriana? Ela não só me presenteou com o espaço (ainda no extinto Weblogger) e com o 'layout' dos Morcegos (na época, www.dilbertolrosa.weblogger.com.br), como ainda me ofereceu, para a prática da escrita semanal diária, uma coluna em seu então prestigiado e hoje extinto blogue ("Coluna, Adriana? Só conheço a 'vertebral'! 'Taí' um bom nome...") e só recentemente, no ano passado, pude ofertar-lhe um mimo à altura da minha gratidão: a reunião, impressa e encadernada por mim (porque ainda não publiquei nenhum livro...), das colunas Vertebral dos idos de 2004 (acrescidas de algumas boas "crias" já do tempo do Blogspot), por ocasião do seu aniversário...

Porque agradecimento é tudo! E porque hoje os Morcegos completam 8 anos de existência cercados de pessoas bacanas em torno destas palavras soltas a esmo neste universo virtual, o meu agradecimento, de coração, a todos, que vou partir já tão sem tempo que só vim para o aniversário faltando cinco minutos para o fim do dia 30 de abril, os Morcegos partem hoje por tempo indeterminado e voltam na próxima temporada, ainda este ano... Vou ali tentar encher uns vazios que restam, botar uns trabalhos em dia, estudar umas coisinhas bem atrasadas e rir a valer com a minha linda Isabela...

Agradecido!

domingo, 29 de abril de 2012

Cinema,

Últimas considerações sobre o Oscar

e Os Vingadores

Brad Pitty, indicado ao Oscar deste ano pelo bom O homem que mudou o jogo, daria um bom Thor...

Desde meados finais de fevereiro não pisava numa sala escura  tempo pequeno, se comparado ao período de mais de 2 anos sem ir a um cinema, só assistindo a filmes, esporadicamente, pela internet! E, depois daquela saraivada de sessões de concorrentes ao Oscar (sempre tenho a curiosidade de ver os indicados antes da famosa cerimônia), a volta à tela grande não poderia ser mais empolgante e triunfal! Mas, antes de falar da minha sessão noturna de ontem com o filme do momento, o ótimo Os Vingadores, voltemos um pouco no tempo e falemos das minhas últimas idas ao cinema, no afã de assistir a todos os então concorrentes à estatueta de melhor filme deste ano...

Nem preciso dizer que não consegui a proeza de assistir a todos os indicados, uma vez que "só" pude ver 6 dos 9 indicados  os quais, na minha avaliação, seguiram nesta ordem de qualidade: em primeiro, O Artista (uma das raras vezes que coincidi em gosto com a Academia); seguido de Os Descendentes; Meia-Noite em Paris; A Invenção de Hugo Cabret ('Scorcese for kids'); O homem que mudou o jogo; e Histórias Cruzadas (estes dois últimos empatados "tecnicamente", com seus erros e acertos em filmes somente bacanas). Deixei de ver o irregular, porém belíssima homenagem ao Cinema de Guerra e a clássicos como ...E o vento levou e a alguns filmes de John Ford em Cavalo de Guerra (sem mencionar seus impressionantes efeitos sonoros e som, que, injustamente, não levaram nesta categoria), de Spielberg  tudo porque, naquele último fim de semana de fevereiro, resolvi perder meu tempo com um filme que até então considerava uma grande injustiça por não ser indicado como melhor estrangeiro: o sofrível A pele que habito não só foi decepcionante, o pior trabalho de um acomodado em sua excentricidade Almodóvar, como comprovou o porquê de não indicarem este péssimo recorte provocativo do queridinho espanhol de Hollywood a nenhum prêmio da Academia!

Por fim, os dois últimos que só olhei depois da estatueta dourada (que, pelo menos neste ano, foi mais justamente distribuída): o pretensioso, porém belo trabalho do diretor Terence Mallick, A Árvore da Vida  que, se pecou com desnecessárias viagens ao tempo dos dinossauros (!) para "explicar" a vida e a morte (!!), acertou na sensibilidade de uma pequena tragédia familiar e em seu elenco afiado (até Brad Pitty deixa de lado os maneirismos de galã!)  e o derradeiro e péssimo Tão forte e tão perto, que, sem dúvida, foi o mais fraco de todos  mais um trabalho chato, pretensioso e equivocadamente manipulador de emoções do diretor Stephen Daldry (do igualmente equivocado As Horas), onde o filme inteiro passa a sensação de querer arrancar a fórceps uma emocionalidade pelo 11 de setembro de um público que já está vacinado diante de tolos filmes assim: os problemas psicológicos do garoto protagonista acabam sendo o principal mote da “trama” e isso não deixa o filme crescer num só instante, num roteiro empacado que nem Max vonSidow salva (o que dizer de Sandra Bullock...)!

De fevereiro pra cá, após o "retorno" ao cinema, acabei vendo um bocado de filmes que, entre ruins ou somente razoáveis  Scott Pilgrim contra O Mundo; Cilada.Com; Comer, Rezar, Amar; Filhinho de Papai; Jantar para Idiotas; O Último Mestre do Ar; 'Tá rindo do quê?; Esposa de Mentirinha; 500 dias com ela  e bons e ótimos além de ter revisto alguns filmes da minha infância, como os clássicos geniais Roma Cidade Aberta, Rocco e seus irmãos, A Regra do Jogo, pude assistir à inteligente e divertidíssima animação vencedora do Oscar Rango; o exercício inteligente de um Aranowski estreante em Pi; o ótimo show do comediante Danilo Gentili em Politicamente Incorretoe ainda os interessantes Coração Louco; Um espírito atrás de mim; X-Men Primeira Classe, inteligente 'reboot' da franquia dos mutantes dos Quadrinhos da Marvel.

E, falando da Marvel, desde que virou estúdio de Cinema que a "Casa das Ideias" estava devendo uma grande adaptação dos seus personagens para a tela grande – à exceção do ótimo Homem de Ferro (só o primeiro, diga-se de passagem), todos os outros heróis vinham amargando produções irregulares: Motoqueiro Fantasma, Hulk (ainda prefiro a profundidade de imagens e conceitos filosóficos de Ang Lee à correria vazia com Edward Norton), Justiceiro, Thor e até o competente, porém fraco, Capitão América pareciam prenunciar que a união dos seus principais heróis no "filme-evento" Os Vingadores seria mais um caça-níqueis cheio de efeitos e com um roteiro esvaziado como tantos outros por aí... Ledo engano: não só posso afirmar, com tranquilidade, que se trata da terceira melhor adaptação das HQs para as telas (perdendo somente para os já clássicos Superman - O Filme e Batman Cavalheiro das Trevas  e isso porque estes dois são melhores como Cinema), como saí maravilhado de uma sala lotada depois de ver os "maiores heróis da Terra" (tudo bem, a ideia original da união de super-heróis foi da DC com a Liga da Justiça, mas os anos 60 foram mesmo de Stan Lee e Jack Kirby com suas fusões maravilhosas de enredos e personagens humanos)

Com uma trilha das antigas (o velho e sempre bom Alan Silvestri), ótimos diálogos, tiradas típicas e sequências impagavelmente fiéis às das revistinhas (como as disputas de egos e os embates entre os heróis na formação do supergrupo), aliados a um bom desenvolvimento de cada personagem e a uma direção mais do que segura de um 'nerd' talentoso da TV (Josh Whedon, de Buffy A Caça-Vampiros), que soube extrair o melhor do seu elenco (todos convencem em seus personagens  menos, talvez, Scarlet Johansson, que não parece muito à vontade em seu"traje") e das cenas de ação, tão bem feitas e montadas, que parecem ter instalado um novo e mais alto padrão de qualidade para ser seguido por futuras produções do gênero ("chupa", Michael Bay e seus desfocados e irritantes Transformers!). Mesmo minha esposa Jandira, que nunca havia lido uma HQ do grupo, disse, a certa altura do filme: "Que bacana: isto é mesmo um sonho para qualquer menino que gosta de Quadrinhos!" (meio que prenunciando a minha ida à loja de brinquedos do shopping logo em seguida ao filme para comprar o meu Capitão América)... 

E não poderia haver definição melhor: mesmo que a linha principal do roteiro seja fraca, estes são OS heróis da hora, que tão bem conduzem o resto da trama e que andam fazendo muito marmanjo voltar a ser criança de novo ao sair da sala escura com um sorrisão no rosto depois de ver todo aquele universo de fantasia tão bem retratado na telona  Loki é mau, mas o Hulk (o Gigante Esmeralda finalmente em sua melhor versão!)... esmaga o "Deus franzino" (falando em "Deus"... Todo mundo viu o Thanos no finalzinho?)! Finalmente o Cinema 'pop' e de ação fazendo as pazes com a qualidade! Que venha o Cavalheiro das Trevas: parece que Batman vai ter trabalho pela frente... Fica o recado para a Warner/DC correr com sua adaptação da Liga da Justiça e o Batman, para devidamente enfrentar os Vingadores,  aparecer finalmente com o devido reforço do Super-Homem, da Mulher-Maravilha, do Lanterna Verde, do Caçador de Marte, do Flash... 

"Capitão lidera e o Austin esmaga!"
Paradinha na loja de brinquedos antes de ir para casa: Capitão para o papai e o Austin, dos Backyardigans, para a filha, como recompensa por ter-se comportado tão bem (como sempre) na casa da vovó enquanto os pais iam ao cinema...


quinta-feira, 26 de abril de 2012

ENTREATOS V

Eles eram...

O que teriam em comum Charlie Chaplin, Heath Ledger, Sergei Rachmaninoff, Toshiro Mifune, Alec Guinness, Marlon Brando, Billie Holiday, Bette Davis, Amacio Mazzaropi, Moreira da Silva, Cacilda Becker, Cazuza, Chico Anysio, Manuel Bandeira, Donga, Pixinguinha e Dorival Caymmi? Além de nomes consagrados em seus talentos respectivos, todos, além de já se terem ido deste plano, nasceram no mês de abril. Impossível, portanto, que os Morcegos pudessem homenagear a tantos com tão poucas postagens e com tão pouco tempo... Mas, além dos nomes que pintaram por aqui em menções honrosas, fica aqui a lembrança para alguns deles que, apesar da não unanimidade em torno da genialidade absoluta no que fizeram, resta o consenso de que alguns deles marcaram tanto que, independente de qualquer outro rótulo, podem ser considerados (com o perdão da expressão...) "fodas" - a todos os citados, em especial a Heath Ledger que, em tão pouco tempo de existência, fulgurou como um novo Marlon Brando (outro que se autoconsumiu...) das telas em papéis tão diversos e com personagens tão bem concebidos - sem dúvida, uma cadente estrela incandescente - como se, para ser um legítimo representante da "classe f", o indivíduo teria que carregar uma autodestrutividade latente e inerente (vide tantos outros gênios maravilhosos, também de abril, como Billie Holliday, Cazuza etc.)...

Personagens Eternos...


No mês passado, tomei conhecimento de uma especial comemoração em homenagem aos 40 anos de carreira de Roberto Bolaños, o eterno Chaves/Chapolin, assistindo a um vídeo na internet onde a mexicana Televisa rendia uma justa homenagem ao comediante, já debilitado na saúde de seus 83 anos, unindo 17 países da América Latina via 'links' televisivos e 'sites', ocasião em que, por algumas vezes, frisava, emocionada, a sua esposa Florinda Mesa (a igualmente eterna Dona Florinda): "Que bom que você pôde receber essa homenagem ainda em vida"... Também em março foi o tempo de todos lembrarem outro genial comediante, o nosso imortal Chico Anysio - só que este, infelizmente, em razão da sua morte, aos 80 anos, há muito esquecido pela Globo que o elevara ao estrelato, no passado...

Dois grandes nomes do humor latino, porém largamente separados em reconhecimento... Ainda que bem doente (o polivalente comediante mexicano chegou à sua festa de gala numa cadeira de rodas e acompanhou o espetáculo com o auxílio de um balão de oxigênio), foi tocante ver alguém que marcou sua geração (e ainda vem marcando várias outras...) chegar a uma marca dessas; o mesmo não pôde ver nosso multifacetado gênio brasileiro... Irmanados na paixão pela comédia de esquetes e pelo humor de caracterização com personagens, foi igualmente duro, também, vê-los chegar, a certa idade, sem mais o mesmo brilho (ou a mesma graça) em personagens que exigiam, literalmente, mais "fôlego" de ambos: Bolaños, mesmo tendo tolamente insistido em vestir-se como o menino Chaves até a década de 90, foi-se retirando com seu humor leve da frente da TV aos poucos, enquanto Chico insistiu nos seus maravilhosos personagens de forma ainda mais tristemente outonal - não só a Globo o "aposentou" precocemente deste tipo de humor no auge da Escolinha do Professor Raimundo, renegando-o a pequenas participações em novelas e seriados, como também o "puniu" (a emissora e o comediante tiveram alguns desentendimentos), já quase aos 80, a reprisar figurinos e maquiagens que já não lhe caíam tão bem (juntamente a textos igualmente ultrapassados) em humorísticos ocasionais...

Indiscutivelmente, as imagens que prefiro destes dois ídolos da infância são aquelas suspensas no auge da genialidade de ambos, que tão bem sumiam por trás de tipos impagáveis (e sem idade) que até hoje me fazem rir...

E falando em rir...

Infelizmente, acabou sendo um fiasco o badalado festival Metal Open Air, anunciado como o "maior festival de metal das Américas" - até o Charlie Sheen, ex-astro da ex-impagável série Two and a half men, teve sua presença alardeada como mestre de cerimônias, junto à banda All-Star Rock (banda de feras de míticas bandas, como Gene Simmons, do Kiss), sendo que nenhum destes apareceu... Mas não rio do fracasso do evento - o que, na verdade, lamento profundamente, tanto para a imagem do Estado já tão desgastada, como para todos os que vieram de longe e se acabaram no lascado Parque Independência para ver umas 13 bandas (das 47 prometidas!): a graça ficou mesmo a cargo dos ótimos Dany Calabreza e Bento Ribeiro no Furo MTV, onde, uma semana antes do festival, deitaram e rolaram, num ótimo momento do programa (veja vídeo abaixo), sobre o então grandioso festival a ser realizado no Maranhão e, é óbvio, Sarney (tirando sarro até do fato de que ninguém acreditava muito na história de o Charlie vir "se enfiar no Maranhão" - o que, realmente, acabou não acontecendo...)!

domingo, 22 de abril de 2012

Deliciosas Recordações sem Idade...



Noutro dia, lendo o ótimo blogue Filmes Antigos Club - Artigos, acabei por ver-me numa deliciosa viagem no tempo, ao relembrar a minha infância grudada numa TV de ótimos seriados, como aquele que o Paulo Nery por lá abordava com paixão saudosista: Batman, de 1965, foi, sem dúvida, um marco icônico na cultura mundial ao popularizar um personagem de Quadrinhos ao nível do escracho multicolorido e cômico, síntese da cara 'pop' dos anos 60, com seus "pow", "soc", "crash" e seus vilões caricatos. Automaticamente, dezenas de outros ótimos programas vieram à mente, como o ótimo Jeannie é um gênio - que, tal como no "bat-seriado", apresentava delícias ainda bem mais memoráveis com suas protagonistas inesquecíveis...

Mais ou menos com uns 5 anos de idade, eu me descobri um apaixonado pelas mulheres. Assim se passaram várias paixões pelas meninas do bairro, da escola (sendo a mais "duradoura" pela menina mais linda da sala, que me explorava com os deveres de Matemática, e que persistiu dos 7 aos 12 anos), até a plenitude de hoje, com minhas 3 mulheres (mãe, esposa e filha)... Assim, mesmo na infância, as beldades femininas sempre despertaram alguma coisa, ainda que inocente, deste eterno apaixonado - e adorados antigos seriados apresentavam algo a mais que suas adoráveis histórias divertidas...

Curvas, belas pernas, rostos bonitos... Assim se poderiam definir três garotas maravilhosas que já então começavam a permear meus mais pueris sonhos masculinos - e nomes como Julie Newmar, Yvonne Craig e Barbara Eden, que então atendiam somente como Mulher-Gato (minha vilã favorita), Batgirl e Jeannie, respectivamente, eram minhas musas distantes... Todas lindas e perfeitas, bastava aparecerem na telinha do antigo televisor National (pré-Panasonic) para mexer um bocadinho com aquele menininho desde cedo muito observador...

Afinal, alguém poderia explicar-me como um afetado Batman (Adam West, impagável) conseguia se concentrar no histrionismo dos combates com os vilões "diurnos" de Gotham estando entre a lindamente cínica e cinturinha-de-vespa Mulher Gato e a jovem curvilínea Batgirl? Ou como o Major Nelson (Larry Hagman, o eterno J. R. de Dallas - no Brasil, voz do ator Flávio Galvão em algumas temporadas) podia resistir àquelas pernas torneadas da loiríssima Jeannie e só se casar com a linda e submissa "gênio-fêmea" (e que fêmea...) na quinta e última temporada do seriado? Realmente difícil - tal como a mentalidade comicamente puritana da TV nos EUA na década de 60 (a Liga pela Decência Norte-Americana chegou a mandar modificar o figurino de Jeannie para cobrir o umbigo de Barbara!)... Mas nada que sequer eclipsasse estes mitos icônicos da beleza feminina e do universo 'pop' da história da televisão, para sempre na memória de quem curtia aqueles programas maravilhosos - e aquelas mulheres esculturais...

Claro que tais elucubrações não passavam todas pela cabeça de um moleque como eu, nos anos 80, em frente à televisão (tudo bem, só algumas...), vindo a estruturar-se mesmo com o passar do tempo e das idades (na infância, o SBT e a Bandeirantes exibiam estes clássicos; na adolescência e juventude dos anos 90, a Rede TV trouxe o delicioso saudosismo à tona novamente)... Mas o que mais chama a atenção, além da beleza escultural dessas pioneiras do desejo masculino televisivo, é que, já pelos meus fascinados 8 anos, o mínimo que então já me separava da época original daqueles seriados eram mais de 20 anos - e aquelas moçoilas, entre as casas dos 20 e 30 anos nos áureos anos 60, já não seriam mais as mesmas maravilhas nos meus puros anos 80... E o que dizer dos 'revivals' de outras emissoras, que voltaram a exibir tais atrações pelas saladas sem identidade cultural dos anos 90? Mais uma década nas costas daquelas beldades - e eu seguia ainda mais fascinado (já maiorzinho...) pelas três, que jamais envelheciam...

Com o sucesso do genial seriado cômico-aventuresco Batman, Julie Newmar, a primeira a encarnar a personagem felina das HQs, acabou deixando a série e se tornando famosa também por alguns clássicos do Cinema, como Sete Noivas para Sete irmãos e O Ouro de Mackenna; a modelo e bailarina Yvonne Craig, também do "bat-seriado", atuou menos, participando de um filme com Elvis Presley (Loiras, Ruivas e Morenas) e sendo a famosa "Escrava de Órion", uma "bailarina verde" da série Star Trek original (mais uma personagem 'cult'); já Barbara Eden estrelou o adorável clássico As Sete Faces do Dr. Lao e participou de Estrela de Fogo, dentre outros. E hoje... Bem, já até encontrei muitas fotos e notícias sobre como estas deusas de outrora estão atualmente, mas prefiro passar por cima dos quase 80 anos (e do triste quadro de esclerose lateral amiotrófica, desde 2008) de Julie Newmar, nem prestar atenção às rugas de uma (ainda bela) Yvonne nos seus 74 anos e ignorar os quilos de botox e de repuxamentos plásticos numa Barbara que se recusa a envelhecer...

Acabei me lembrando da diva Greta Garbo, que preferiu abandonar os holofotes enquanto nova e bela, no auge da glória cinematográfica mundial, como que para eternizar-se jovem no inconsciente coletivo - o que, acho, ela conseguiu, afinal não tenho tenho registro na memória de nenhuma Garbo velhinha... Hoje, homem feito de mais de 30 anos - noutro dia tomei um susto ao me "lembrar" de que farei 35 no próximo 13 de maio (três dias antes do aniversário de Yvonne)... Como o tempo voa! -, reconheço muito mais atributos nestas e em outras tantas beldades de outrora que marcaram minha "evolução masculina", coisa que, por mais observador precoce e "danadinho" que eu fosse, não conseguiria "avaliar" na época. Mas, muito mais que voluptuosas formas femininas, estas três mulheres representaram um pedaço muito maior do que o do simples "mau caminho" de rapazinhos incautos - elas foram, são e sempre serão a essência das personagens erótico-inocentes, musas em vestes fetichistas, eternizadamente jovens e lindas em papéis divertidos, cujas maiores curvas são mesmo as relativas ao tempo que jamais as envelhecerá nos sonhos maravilhados congelados no tempo de um menino-homem sem idade - a qualquer hora em que qualquer daquelas cenas se repetir na TV outra vez...


Essa cena a TV não mostrou: o dia em que Bruce Wayne finalmente pegou Barbara Gordon... Adam West e Yvonne Craig em deliciosa picardia fotográfica...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ENTREATOS IV

Último Mês dos Morcegos...

...Nesta temporada: no dia 30 de abril o blogue completará oito anos de cultura em geral e aproveitará o ensejo para debandar, por um tempo... Mas voltaremos: os Morcegos sempre voltam... E sigamos, porque, até o final do mês, ainda tem muita coisa para contar - como, por exemplo, o nacionalmente escandaloso Legislativo, que, em cada Estado da Federação (culminando na "cachoeirada" de Brasília), vem aprontando das suas...

No Maranhão, "pelo menos", de 18 baixou para 15...

"Louvado": menos dinheiro para as extravagâncias e para as dentaduras assistencialistas

Depois da repercussão negativa em nível nacional (e temerosos de defenestrar deste nosso posto o Coronel Bigodudo), a Assembleia Legislativa local resolveu, nesta quarta, em sessão extraordinária, "reduzir" os seus 18 salários anuais de mais de vinte mil reais para meros 15 (além do 13º, mais umas "ajudas de custo" equivalentes a algumas vezes os "trocados" que já ganham...) - tal como se dá com a Câmara Federal (santa equiparação justa...)! Fatos curiosos (para não dizer "hilários"): deputado da oposição petista lembrou-se da necessidade de uma moralização - "Se o servidor público tem 13 salários ao ano, o deputado também tem que ter 13 salários ao ano, e assim por diante" (só agora o senhor se deu conta, caro ex-aguerrido combatente: saudades dos tempos dos legítimos protestos na Praça Deodoro...); deputados "aliados" tecendo críticas à... TV Mirante? De Don Bigode? "A Assembleia Legislativa foi vítima de uma campanha sórdida da Mirante, TV Mirante, afiliada da Rede Globo no Maranhão", vociferou um inseguro ex-secretário, hoje na deputância... Para completar a 'madhouse' legislativa local, o discurso de hoje que mais me arrebatou: "Devemos ter repúdio contra as gangues que querem desmoralizar o Parlamento brasileiro e, especialmente, a Assembleia Legislativa do Maranhão"... Só rindo mesmo...

E Mazzaropi sabia fazer isso como poucos...

Anteontem completaram-se 100 anos do nascimento de um mestre genuinamente brasileiro: Amácio Mazzaropi, fruto da rica miscigenação de imigrantes no Brasil (no caso, fruto de portugueses e italianos), criou (e abusou por sobre) o próprio caipira que era - uma das maiores fusões de ator/personagem brasileiro, tal como outro tropicalista bestial, o Zé do Caixão - em filmes que, se passavam longe do genial em seus superficialismos de grandes bilheterias das décadas de 50 e 60, pelo menos discutiam temas "sérios" no tom debochado do inteligentemente divertido homem simples do interior...

Vi pouco do velho palhaço caipira, mas gosto da persona criativa e empreendedora do homem-personagem que foi num Brasil ainda rudimentar na arte cinematográfica. Gosto de me lembrar dum filme que, em 2005, rendeu uma bela homenagem ao grande comediante nacional - sobre o qual escrevi aqui, alguns anos atrás...

Tapete Vermelho: encantador trabalho do diretor Luiz Alberto Pereira, homenagem ao antigo campeão de bilheteria do cinema brasileiro, Amacio Mazzaropi. Matheus Nastchergaele (em mais uma ótima atuação, compondo uma mistura de imitação do falecido comediante paulista com um caipira típico do interior de São Paulo), desejoso de cumprir uma antiga promessa a seu pai, leva mulher (Gorete Milagres, irregular, pelo menos distante da repetição da já chata personagem Filó) e filho para a primeira cidade que encontrar exibindo um filme de Mazzaropi, partindo numa espécie de 'road movie' com comédia gostosa e leve, baseada no qüiproquó dos personagens, algo como visto no ótimo A Marvada Carne. Entretanto, ao contrário desse pequeno clássico do recente Cinema Nacional, Tapete Vermelho é irregular tanto na técnica quanto no enredo, pecando em enveredar por desvios de narrativa envolvendo temas diversos (como os sem-terra e o draminha do sumiço do filho), perdendo-se a partir da metade final. Entretanto, diante do sentimentalismo presente em algumas produções de Mazzaropi, a homenagem parece ter ficado mesmo completa: mesmo com tantos baixos, é diversão garantida para toda a família!

(Dilberto L. Rosa, Cine Morcegos: Três Sessões, 2006)



Ah, o bom e velho "humor puro" brasileiro de outrora...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Minhas Lembranças Cristãs em Cinemascope


Semana Santa. Fiz minha Primeira Comunhão, mas hoje meu Catolicismo se resume a manter a tradição de não comer carne vermelha nos dias que antecedem a Paixão do Cristo e a, uma vez ou outra, seguir com minha esposa para alguma igreja franciscana assistir a uma missa (faz tempo...). E, apesar de ter feito "papel duplo" (ou, talvez, por isso), aos 8 anos de idade, numa peça da escola ("figurante", fui escalado para, além de um dos apóstolos sem fala, cobrir a falta de um coleguinha como um dos soldados romanos que crucificavam Jesus!), jamais apreciei representações teatrais sobre o Filho de Deus - acho tudo muito 'fake', com representações fracas a querer agradas a gregos e troianos, desde a peça onde atuava a mãe de uma ex-namorada, a que fui meio "obrigado" a ir na adolescência, até a famosa encenação da cidade pernambucana de Nova Jerusalém, hoje global, que achei risível em suas dublagens e exageros gestuais quando acompanhei, certa feita, pela TV.

Não me entendam mal, amo seguir com fé tudo o que ensinou o Homem de Nazaré - como diria a canção... Mesmo não tendo Religião passando por igreja (no que não vou entrar no mérito agora), minha boa ligação com Deus e seu Filho seguem desde os ensinamentos da minha querida mãe até hoje. Lembro-me, com exatidão, do meu irmão mais velho ao meu lado, ouvindo aquelas lindas passagens dos milagres do Cristo resumidas por D. Dilena (não tínhamos o costume de ler a Bíblia, este "complexo" livro cheio de contradições...) até um pequeno, porém solene, silêncio por volta das 15 horas, horário marcado como da Sua morte na cruz - tudo tão real que, nas minhas lembranças, aquelas sextas "fúnebres" eram sempre nubladas, com fortes chuvas naquele "horário santo", tudo fruto da ira divina em reposta ao ato desumano de milhares de anos antes...

As únicas "quebras" a esta estrutura mais séria de integração pascoal eram o prévio e ruidoso almoço farto com bacalhau (cozido e na forma das muito aguardadas bolinhas fritas), a abertura do ovo de Páscoa (dos grandes, com uma banda pra cada irmão - mamãe antecipava do domingo, a fim de não haver brigas por ansiedade) e a costumeira Sessão da Tarde, que, por muitos anos, exibiu o clássico Rei dos Reis, a que todos, sem exceção, assistiam... Não havia, pois, como minha Páscoa não ser muito mais marcada pelo Cinema!

Vários foram os atores que já viveram o Cristo, nas telas, desde o famoso diretor pioneiro Georges Meliès (1899), passando por aquela quase assustadoramente etérea (e um tanto vazia de sentimento) personificação do ator inglês Robert Powell no bom e fiel Jesus de Nazaré (1977) - filme preferido dos diabólicos pastores da Universal, em seu canal televisivo -, até atores que jamais alguém imaginou (ou que muita gente não viu) vivendo o nazareno: o famoso vampiro de A Hora do Espanto, Chris Sarandon (The Day Christ Died, 1980, para a TV); Williem Dafoe, na excelente discussão filosófica mais que polêmica de Scorcese, A Última Tentação de Cristo (1988); Ralph Fiennes (voz do Filho de Deus em The Miracle Maker, animação de 2000); e, o mais inusitado, Christian Bale, além de "Batman", já encarnou Jesus em Maria em Nome da Fé (1999, para a TV)!

Também gosto, ainda, de lembrar-me da poderosa voz do Cristo de Max von Sidow no esquecido A Maior História de Todos os Tempos, mas, para mim, uma das melhores interpretações de Jesus é mesmo a do ótimo Jim Caviezel no recentemente polêmico, porém mais realista e "de arte", A Paixão do Cristo, de Mel Gibson. Porém, como neste filme houve uma centralização nas últimas e sofridas 12 horas da vida do Messias, ainda prefiro lembrar Jeffrey Hunter, da minha infância, aquele Jesus loiro, de olhos azuis e rosto de galã nada realista, porém com um ar santo e com um princípio de amável sorriso sempre a surgir, na bela superprodução de Nicholas Ray, de 1961, com aquela belíssima trilha pomposa de Miklos Rózsa (que se ouve ao fundo)... Lembro-me, certa feita, de ter cometido o "pecado" de não seguir com meus pais para a casa dos meus avós numa perdida sexta-feira da Paixão dos meus então 13 anos... "Mas eu estava gravando Rei dos Reis, vovó Marieta..." - "Ah, aquele filme lindo...? Eu também estava vendo! Tudo bem, então, meu filho..."

Por um bom tempo, entre minha adolescência e início da fase adulta, as Sextas-Feiras Santas ficaram órfãs da sua "principal atração": a tonta emissora global começou a passar filmes que nada guardavam daquelas memórias sagradas de outrora - até Loucademia de Polícia 3 foi exibido logo após um antigo almoço na casa de mamãe! Porém, de uns tempos pra cá, com outros canais abertos passando a exibir épicos bíblicos, eis que a Sessão da Tarde voltou, nessa época pascal, com alguns filmes cristãos mais novos (para a imbecil vênus platinada, qualquer coisa abaixo de 1999 já é antiga e só pode passar de madrugada, nos Corujões da vida), como a fraca série televisiva Jesus (1999), editada e resumida no formato dum filme ou as mais recentes e pífias produções nacionais com o padre-mídia Marcelo Rossi - nada mais esvaziado, se comparado com as minhas doces lembranças cristãs cinematográficas em Cinemascope, cheias do lirismo prévio dos resumos bíblicos da minha mãe sobre aquele Homem-Deus maravilhoso...
 

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