Jandira comentou comigo, recentemente, sobre uma bela passagem do livro Jorge Amado: Um Baiano Romântico e Sensual, de autoria de uma de suas autoras favoritas, a hoje finada Zélia Gatai (ao lado dos filhos Paloma e João Jorge, com memórias do seu amado Jorge, então recém-falecido), sobre o fato de o famoso escritor baiano sempre enviar um exemplar de um de seus livros para qualquer pessoa que lhe cruzasse o caminho de forma salutar ou lhe prestasse algum favor. Achei bonito e, de alguma forma, identifiquei-me com o romancista: afinal, nesta vida e nesta internet imensas de meu Deus, pelo tanto de gente que já me agraciou com um favor, uma alegria, um presente, a conta não está no gibi... E, sempre que posso, procuro ofertar algum mimo pessoal como forma de modesto agradecimento afetuoso.
Não se trata de mera "retribuição": nem gosto de dizer "obrigado" diante de um préstimo amigo, mas "agradecido"... Devolução forçada como retorno equânime do que foi dado não é da minha natureza! Mas o agradecer, sim, acho uma arte das mais belas, porque retorna o "vasilhame" mais interessante da história toda, que é a consideração, a gratidão... O reconhecimento. Assim já saíram das minhas mãos, além de mimos para filhos de conhecidos, poemas para amigos, crônicas e contos para outras tantas gentes finas e, para todos os bons samaritanos virtuais em geral, ao longo de todos estes anos com os Morcegos, ao menos umas singelas postagens especiais...
Assim foi, por exemplo, com o excelente livro "Viagem ao Crepúsculo", espécie de "diário de viagem jornalístico" sobre a realidade nua e crua do lutador povo cubano vivida na pele pelo jornalista (e mochileiro) Samarone Lima, que me enviou um exemplar desta sua obra, por intermédio da amiga Walda "Santa Boca de Olinda", para que eu, por aqui, contactasse outros jornalistas numa possibilidade de arranjar-lhe lançamento nestas terras rebeldes ludovicenses (apesar de minha empreitada não ter sido bem sucedida, dediquei-lhe um 'post' especial sobre o excelente livro aqui). Ou quando, para agradecer à gentil Lelinha Pimentel por um 'layout' novinho de então, dediquei-lhe um poeminha, "Vestibular", por sobre aquele seu período mais conturbado da fase de estudos, numa antiga postagem.
Mas isso foi há muito tempo – sim, porque, de alguma forma, o tempo vem me tornando tão acomodado e distante... Jamais rendi uma justa e digna homenagem, por exemplo, à querida Letícia, de 4 aninhos, por exemplo, que tão gentilmente escolheu uns lindos livrinhos do Ziraldo para que sua mãe Marina Queiroz, enviasse para minha doce Isabela ("Dê um bombom a um filho meu e adoce minha boca para sempre"!): nem mesmo uma cartinha (tal como ela fez, endereçada a minha família) enviei-lhe de volta, jamais... Obrigado Retrato Falante! Ou, melhor dizendo: agradecido de coração, a vocês duas – Isabela adorou o presente!
Outra pessoa com a qual ando em falta: recebi da afável gaúcha Suzane Weck, no final do ano passado, o seu ótimo disco L-O-V-E, produção própria, com arranjos do marido e pianista Roberto Nogueira. Tudo bem que não necessariamente "ganhei": passei por uma "prova dificílima" em seu blogue, conseguindo responder uma das duas perguntas de um questionário natalino sobre Música e Cinema (já fui melhor...)! Mas, como a gentileza da Suze é grande (tampouco me lembro de alguém ter respondido seu quiz além de mim, ré, ré), acabei por receber, no conforto da minha casa, um CD que é uma legítima viagem ao tempo da minha adolescência, quando então descobria Frank Sinatra, Nat King Cole, Tony Bennett, Dean Martin, Billie Holliday... E lá estava a Suze, cantarolando clássicos como The very thought of you, Night and Day e The Man I Love, com seu excelente talento vocal, em seu Inglês afetadamente afrancesado nos 'R's e com sua voz bela e marcante: todos aqui em casa gostaram – só faltou dispor uma de suas canções por aqui para que a homenagem fosse completa...
Terreno mais coletivo este da 'internet': ganhei até "obra virtual" – o Morcego, que encabeça a coluna lateral deste 'layout', é da grande artista Beti Timm (que, inclusive, enviou este quadro para mim, de presente, mas os Correios perderam pelo meio do caminho...) e jamais agradeci à altura; ganhei mesmo uma "mainha virtual", a Márcia Clarinha, quando, em tempos idos, houve praticamente uma família Morcegos... E por assim vai: tanta gente que ajudou a erguer este espaço: o meu agradecimento...
O que dizer, então, da minha entrada nesta "máquina de fazer doido" virtual da rede mundial, que se deu graças à dileta amiga de infância Adriana? Ela não só me presenteou com o espaço (ainda no extinto Weblogger) e com o 'layout' dos Morcegos (na época, www.dilbertolrosa.weblogger.com.br), como ainda me ofereceu, para a prática da escrita semanal diária, uma coluna em seu então prestigiado e hoje extinto blogue ("Coluna, Adriana? Só conheço a 'vertebral'! 'Taí' um bom nome...") e só recentemente, no ano passado, pude ofertar-lhe um mimo à altura da minha gratidão: a reunião, impressa e encadernada por mim (porque ainda não publiquei nenhum livro...), das colunas Vertebral dos idos de 2004 (acrescidas de algumas boas "crias" já do tempo do Blogspot), por ocasião do seu aniversário...
Porque agradecimento é tudo! E porque hoje os Morcegos completam 8 anos de existência cercados de pessoas bacanas em torno destas palavras soltas a esmo neste universo virtual, o meu agradecimento, de coração, a todos, que vou partir já tão sem tempo que só vim para o aniversário faltando cinco minutos para o fim do dia 30 de abril, os Morcegos partem hoje por tempo indeterminado e voltam na próxima temporada, ainda este ano... Vou ali tentar encher uns vazios que restam, botar uns trabalhos em dia, estudar umas coisinhas bem atrasadas e rir a valer com a minha linda Isabela...
Agradecido!