quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Tempo de voltar...

Ora, e o que sei eu do tempo para tergiversar a respeito...? Sei do tempo horrível que tive ao longo desse ano ruim, em que até os Morcegos pediram vênia sem maiores explicações e saíram de cena... Igualmente, não sei se é tempo de permanecer, mas quis mostrar os Morcegos uma última vez pra esse ano, talvez como alguma luz que se precise sentir antes de essa areia escoar por derradeiro... Só sei, no momento, que esta singela trilogia quis se oferecer ao tempo que permanece acima dos calendários, por sobre todas as dores e anseios sem precisão...

Canções ao Tempo
(e à hora...)

Poema que não para

Atravessa
Poema que não cessa
Como essas lágrimas
Dessa conversa
Que não acaba
- Porque sempre viaja
Pra trás dos olhos
Molhados
Que acessam
Os sorrisos
De surpresa
Daquele dia sem fim
Na foto que regressa
Daquele canto de pôr-de-sol
Posto a salvo
Da destruição
Do tempo que não para
Atravessa
Essas lágrimas
Que não cessam
Esse poema sem fim

(Dilberto L. Rosa, novembro de 2020)

Conversa

Naquele tempo, o tempo fechava
Em mim, em ciclos, no firmamento
Contra a parede, em mil pequenos  pedaços
Nas horas em que não o suportava
O tempo que me sustentava
Desabou naquele tempo escuro
No quase se jogar da sacada
No quando o tempo eu vomitava
Para evitar morte certa ou coisa pior
De cama de tempo perdido
Mas antes daquele tempo tinha outro
Tempo que se brincava e se ria
No tempo de sol de quintal
E se fotografava
O tempo em que se ficava
Parado, abraçado, em preto-e-branco
sentindo o tempo
Caindo de leve sobre os ombros relaxados
Tempo cúmplice do tempo
Que conversava
Com o céu aberto e pleno
- Aquele tempo jamais despencava!
Agora esse tempo lá fora
Algo fechado, abafado, nublado
Conversa com meu tempo
Perdido, parado, suspenso,
Cá dentro desse quarto
(Esse mesmo tempo evasivo
Que fugia até outro dia)
Tempo de conversar com o tempo
Atrás do bom tempo que se guardava
Por trás do que o tempo ruim escondia

(Dilberto L. Rosa, novembro de 2020)



Pressa

No meu pesadelo
Os freios não funcionavam...
Assim despencava
O carro
E na ribanceira
Vinham velozmente
Aquela mesa
Onde te rias,
Aquelas fotos
Escondidas,
Cada dor tua
Fingida
E o outro a te esperar
Na linha ao lado...
Cada pó que cai
Incessantemente
E se acumula
Ao tempo inclemente,
Segue misturado
Sem mais chance
De se o repor...
E sobram só 
Essas camadas
Onde o tempo já 
Não é quase nada
Na carreira
De minha dor...

(Dilberto L. Rosa, novembro de 2020)

 

+ voam pra cá

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