quarta-feira, 16 de agosto de 2006

A Última Cortina:
A Revoada Final!


Post dedicado à "Madrinha dos Morcegos" Adriana, bem como a todos os amigos que fiz por aqui...


Então é isso, caros blogueiros de plantão: os Morcegos dão início a um vôo sazonal, à beira do derradeiro solstício, onde nesta Ilha mais parece terem-se abertos os portais do Inferno, tamanho o calor que faz por aqui - talvez por causa da aproximação das eleições, com filhotes de velhas oligarquias ameaçando retomar o poder... Pena que não estarei aqui para dedilhar a harpa por sobre os umbrais do próximo 1º de outubro!

Nem me perguntem quantos 'posts', quantos comentários (uns vivos, outros tão sem imaginação...), quantas músicas de fundo (não sei se todos notaram, mas, em cada uma das
últimas cinco postagens que restam no ar, foi escolhida uma trilha diferente, com a sugestiva My Way nesta "despedida") ou quantas visitações: não sei responder, há muito que esses Morcegos não registram nada... Cinema, Literatura e Artes em geral por pouco mais de dois anos, com uma dedicação que não me cabe mais, pelo menos por um bom tempo!
Mas viva tudo o que me foi proporcionado, através de meus registros precisos: um livro de crônicas sobre atualidades (Vertebral), um de contos (As Mais Novas Cartas Chilenas), um de críticas e resenhas literárias (Ensaios, Resenhas e Críticas de Um Amante do Cinema), sem esquecer as coletâneas de poemas e de textos que geraram alguns outros volumes (como Com um pouco de esforço e de pena...), todos tendo me dado um enorme orgulho de terem desfilado por estas páginas virtuais e que, apesar de não terem sido impressos, foram "publicados" para uma sempre fiel platéia de leitores...

E além dos Morcegos, eu também me retiro por um tempo da internet: tanto que alguns dos amigos feitos por intermédio deste espaço suspenso me propõem as esquecidas missivas, o que muito me alegra! Volto, mas não sei se com os mesmos Morcegos, se com outros, com nada ou se com outras impressões...

Assim se façam derradeiras palavras por sobre soltas impressões
digitais: muita coisa perdeu a graça e a vida escassa no tempo curto me apressa a tomar a decisão antes mesmo de a Poesia cessar... E sem ao menos me dizerem por quanto tempo fora ficarão, acompanho a revoada dos Morcegos sem muita explicação! Adeus... Ou até logo! E boa noite e boa sorte!

sexta-feira, 11 de agosto de 2006



Atendendo à vontade de inúmeros blogueiros de plantão, este 'post' não será determinado como "último" algo, a fim de não criar maiores expectativas... Será simplesmente uma imagem a determinar um contexto: a belíssima tela Impressão: Sol Nascente, do mestre Claude Monet, nome maior do Impressionismo, movimento na pintura que sempre seduziu a tantos no mundo todo, talvez pela forte carga de poesia de cada obra, e que ainda consegue arrebatar cada observador através de sua dimensão singular de cores e de luzes... É uma "impressão virtual" que deixo hoje, através deste verdadeiro ícone de Monet, e, particularmente, da técnica de suas pinceladas ágeis e inusitadas, sobrepondo variados matizes de cores diversas até que alcançasse o "tom ideal" da luz de cada cena retratada - como no caso deste quadro, que traz um sol laranja refletido sobre as águas cinzas do porto do Havre, de manhã bem cedo, com algumas embarcações (cena bucólica e sugestiva para estes momentos de "despedida", a esperar uma nova aurora, para um dia, num futuro distante, talvez...), algo ridicularizado à época pela fuga dos tons acadêmicos e que traz à baila uma curiosidade: o nome "impressionistas" surgiu em tom pejorativo, dado pela crítica de um jornal da época à mostra dos seus precursores (como Pissarro, Sysley, Degas, Manet, dentre outros), graças ao título deste trabalho! Ao fundo, além do horizonte, a música-tema de Amarcord, clássico maior de Fellini (se tiver de voltar um dia, seria com essa música, a celebrar)...



Impressão: Sol Nascente - Claude Oscar Monet, óleo sobre tela (48x63), 1872.
Museu Marmottan, Paris


Especialmente dedicado a Lígia Calina, amiga cara, dentre as primeiras a me mostrar Monet (e a me ofertar de presente um de seus livros, justamente o de minha cobiça, com a obra do pintor francês) e que adora Amarcord; para meu pai, Carlos Humberto, por ocasião do próximo domingo, para quem, no ano passado, dediquei o poema Abre esta porta, por ocasião do último dia dos pais (confira novamente o 'post' do dia 13 de agosto daquele ano), e que, decididamente, não pertence a este mundo virtual (curiosamente, nunca olhou o meu 'blog'), nem, de certa forma, ao mundo real, mas que sempre me trouxe o universo da admiração distante, de poucas palavras, diante do conturbado da vida... E para todos os advogados que amam mais as artes e a arte do bom Direito Social que os arroubos (ou arrotos) pernósticos dos "doutores da lei" - cujo "dia" é hoje, 11 de agosto.

domingo, 6 de agosto de 2006

Dando continuidade aos últimos 'posts' destes Morcegos que aos poucos se vão (sem saber se voltam um dia...), hoje é dia da "última crítica de Cinema", com um filme delicioso e vivo, mais um excelente exemplo de o quanto o nosso eterno Cinema Brasileiro pode ainda apresentar... Dedicado ao dileto amigo, infelizmente também de partida neste mês de agosto: Luiz Henrique, adorador de Kubrick como eu e que sabe muito da sétima arte, sempre mandando bem no seu Under Pressure 2 - apesar de gostar de Armageddon (rs)!

Último Cine Morcegos


Cinema, Aspirinas e Urubus é o primeiro trabalho no Cinema do talentosíssimo pernambucano Marcelo Gomes. É Cinema sobre o Nordeste, chega a lembrar clássicos como Vidas Secas, graças à insistência com a fotografia quase queimada pelo Sol ou pelos largos enquadramentos da caatinga sem vida do sertão (no caso, da Paraíba). Mas, se não chega àquela profundidade de dramas e de personagens como se deu na adaptação genial de Nelson sobre a obra de Graciliano, também não é "cinema nordestino", voltado para o umbigo do microcosmo da pobreza abandonada pelo "Estado Invisível" - isso até existe, mas a grandeza está em reunir dois personagens que nunca poderiam ser amigos em qualquer outro lugar do mundo: um alemão, representante das então lançadas aspirinas da Bayer, e um sertanejo amargo e sem futuro algum.

Os dois juntos cruzam a aridez daquela região pobre num caminhão da empresa alemã e se tornam amigos verdadeiros, graças a pequenas situações que, aos poucos, vão mudando suas perspectivas de vida. E é só: uma estória simples e direta, sem rodeios, firulas ou reviravoltas mirabolantes com emoção fácil. Não. Trata-se de um trabalho competente, preciso em imagens e em diálogos (com destaque para o excelente ator João Miguel, o Ranulfo, baseado nas histórias do tio-avô do diretor, amargo e matuto a princípio, mas que aos poucos sabe mudar - "Não pode mudar, não?", retruca em um dos muitos momentos engraçados do filme), que alargam a visão de quem quer ver tudo com estreiteza: afinal, quem foge de uma guerra, como o personagem Johann, até a miséria seca de uma terra sem futuro é bonita...

Se este belo trabalho começa com a contemplação, a descobrir e a nos ensaiar sobre o que se pode encontrar no nada (aqui, o Nordeste árido do sertão da Paraíba do ano de 1942, na era Vargas prestes a entrar na II Guerra, e, logo, a considerar os alemães no País como inimigos), pode-se dizer que termina com alegria, e alegria redentora, infantil, que eleva a alma de quem deixa a sala escura e faz lembrar que a felicidade está bem mais perto do que se pensa... E que, entre Cinema (no caso, os filmetes da Bayer sobre um "país maravilhoso" que ninguém conhecia e que faziam qualquer um comprar aspirina) e urubus (o abandono, o descaso, como se povo fosse lixo), não há espaço para dores de cabeça!

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

E os Morcegos ainda não se foram por completo...


A Última Homenagem


Eu poderia começar mais este "'post' de despedida" falando dos 80 anos de um dos meus cantores favoritos, Tony Bennet, que ontem fez mais um aniversário de um talento inigualável (tanto que o próprio Sinatra chegou a considerá-lo o melhor), em canções imortalizadas como I left my heart in San Francisco, The boulevard of broken dreams ou Just in time... Ou ainda falar sobre um dos melhores times do mundo na atualidade, o São Paulo F. C., com Rogério Ceni e cia. que, além de terem arrasado no jogo de ontem com um ótimo futebol que lembra o do Bi de Telê, bem que mereceriam ser a base de uma Seleção Brasileira, como se dava nos velhos tempos, ao invés de perderem tempo com "estrelas" longínquas... Mas o homenageado de hoje é um poeta cujo centenário aconteceu recentemente: Mário Quintana... Para Glória, que ama a Literatura, namora as palavras e canta belamente as palavras...



Dizer que o gaúcho Mario Quintana foi "o poeta das coisas simples" sempre me pareceu assaz "simplificado", e um poeta não se simplifica, desvenda-se... Como se, em sua casa, do alto de sua "Rua dos Cataventos" (donde podia avistar com facilidade o resto do mundo), fosse apenas um velho poetinha, a observar a morosidade da vida... Entretanto sua grandiosidade reside justamente nisso, no seu ver a vida - afinal, a poesia é ser maior, abstrato e incompleto: completamo-nos nos poemas que dela podemos colher, e Quintana, definitivamente, sempre os colheu de forma magnificamente despreocupada (escrevia porque sentia necessidade, dando de ombros para qualquer crítica, que injustamente o reconheceu de forma um tanto tardia...).

Conheci esse mestre como se conversasse com ele em alguma praça de Porto Alegre (cidade onde faleceu, no dia 5 de maio de 1994, próximo de seus 87 anos), tamanha a intimidade que logo alcancei com a sua obra: lia, por ocasião dos livros para o Vestibular, sua belíssima "Nova Antologia Poética", precisamente no ano de sua morte, eternizando-se em uma influência rejuvenescedora, para sempre...

Decidi, desta vez, falar pouco e deixar que o mestre falasse de si mesmo, em sua perfeitamente simples descrição da vida - faço minhas as suas palavras...


"Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.

Nasci do rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton!

Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?

Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de fármacia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam), o que é a luta amorosa com as palavras..."

(Mario Quintana)

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Agosto: Mês do Desgosto, do Cachorro Louco...

E dos Morcegos em Debandada!


É isso mesmo, caríssimos e confusos blogueiros de plantão: os Morcegos estão partindo em revoada neste mês de agosto! Se voltam, não sei... Quanto à migração da Poesia, acho que se deve a motivos dos mais diversos: falta de tempo, numa nova etapa da vida, com afazeres que ocuparão quase tudo; desilusão com muita coisa (e/ou muita gente) deste louco mundo virtual; quase esgotamento de energia para escrever para tão poucos (porém fiéis, agradeço sempre)... O certo é que, a qualquer momento de agosto, os Morcegos partem sem deixar aviso prévio ou demais considerações, como costumeiramente tive ao longo desses mais de dois anos de humanidade virtual com muitos que não devolveriam nem se lhes fosse pedido nada de volta... Mais certo ainda é que a Poesia não morre, nem tampouco os textos (a imensa maioria escrita especialmente para este 'blog') aqui expostos hão de apagar-se: são memórias vivas, como minhas impressões digitais de uma era que, apesar de tudo, já me deixa saudade... E não parto apenas deste humilde espaço virtual, como também da 'internet' como um todo: por isso, ilha de mim mesmo, sigo a ermo e a esmo, a repensar e a refazer coisas que deixei pra trás... A 'internet' à frente, o tempo que não me espera e Deus por todos nós!

Assim, sem data para ir, nem para retornar, eis que, até a debandada definitiva, seguem os "últimos posts": a "última homenagem", a "última crítica de Cinema", a "última crônica"... Hoje, com muito carinho, dedico o "último poema" a Jandira, que tão pouco comentou neste 'blog' por não vivenciar a realidade virtual (ou, como no seu bom dizer, "por dizer tudo que pensa" pra mim diretamente, sem intermediários), mas que ama de verdade cada letra que lanço ao branco de qualquer tela...

O Último Poema

À beira

Concluí-me, nesta noite
À beira de meu início

O sol, o dia,
A porta que se abre
Ao me saber recomeçar
À beira do precipício...

Finalizo, solenemente, meus remorsos
À beira de meus próprios artifícios

Tenho as mãos abertas
E a mente fechada
(Do coração, nem falo mais nada)
À beira do meu sacrifício...

O escuro do tempo da chuva à tarde
À beira do derradeiro solstício...

- À beira de onde começa o vento
Termina o vício de me fazer eterno:
Encerra-se mais um poema vazio
Bem onde a poesia tem seu início...

(Dilberto Lima Rosa, À beira do derradeiro soltício...)
 

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