domingo, 28 de outubro de 2012

Esquerdas e Bandeiras...



Domingão em casa, 16:45 h, preparando materiais para as aulas da semana, e algo fica a me cutucar... Não, não se trata das cutucadas virtuais do Face (coisa que até hoje não entendi para que serve!), mas, sim, de algo dentro das ideias, sobre uma coisa que eu teria que fazer, mas que não me lembro direito o quê... Jesus: ainda não votei! É correr para pegar a primeira camiseta vermelha em homenagem à velha Esquerda de guerra e seguir para o antigo bairro, Maranhão Novo, a alguns quilômetros daqui! A falta de empolgação pelas eleições é que "astravanca" a nova democracia - também, com o quadro de candidatos que se desenhou para estas eleições locais... E sigam-me os bons (e esquecidos)!

Diacho: não há camisas vermelhas a não ser uma social e duas em estilo 'nerd'! E, entre uma com estampa do Barney Rubble dos Flintstones e outra com os medalhões da Marvel, sigo a toda, com parte dos Vingadores e dos X-Men no peito, para as urnas - alguma empolgação tenho que fazer surgir, nem que seja via heróis de Quadrinhos, com a chama adolescente de outrora, quando das primeiras vezes em que votei...

Vermelho, eleições, juventude... Eu então votava com minha medalhinha do PT, mesmo jamais tendo me filiado a partido algum, extremamente empolgado com a Esquerda alimentada dos CAs da universidade e das propostas de um novo tempo para o Maranhão, de verdade, sem Sarneys, sem os reacionários métodos políticos a favor do grande capital e massacrando o povo na miséria e na ignorância... O povo se libertaria em breve, seria só uma questão de tempo...

Hoje, apesar de Lula ser ainda um dos melhores presidentes brasileiros (ao lado do histrionismo desenvolvimentista sem lastro de Kubitscheck e das inovações sociais e de políticas públicas e trabalhistas com a ditadura fascista de Vargas), aquele vermelho acabou esmaecido pra mim... E não foi por causa das corrupções existentes ao longo do seu Governo (cujo estardalhaço são a pauta do dia: infelizmente, Política se faz com governabilidade e tais práticas vêm de longas datas...), nem pela certa decepção com o fim daquela boa "ideologia esquerdista" (ainda tenho o Lula em alta conta): o que me doeu profundamente, e me fez arrancar a estrela do meu peito para sempre, foi a aliança e a amizade com Sarney e Roseana, os maiores tumores do meu paupérrimo estado há 5 décadas...

Cores, direções e desapontamentos à parte, faltando cinco minutos para as 17 h ("No meu, faltam 2 minutos..." e "No meu já são 5 horas!" eram o que tripudiavam os mesários fanfarrões em meu desfavor - "Até a urna se encerrar, ainda posso votar!"), votei na opção que tinha pela mudança do atual quadro político de São Luís, dominado por uma raposa velha dos tempos da Ditadura Militar e cria de Sarney... Coincidentemente, a esperança, apesar de evangélico e de algumas ideias conservadoras (PTC, um desses partidos nanico-cristãos), é jovem, adotou o vermelho e foi largamente apoiado por um mestre "comunista" (do PCdoB) - e venceu as eleições!

Viver sem esperança não é viver - e ficar a apontar o dedo para todos os "políticos ladrões" não se converterá em solução para os problemas que enfrentamos diariamente em sociedade. Voltei para a casa com a camiseta vermelha com motivos infanto-juvenis bem suada (esta ilha maranhense anda muito quente... E nem falo das baixarias que o outro candidato, coincidentemente, do PSDB, andou aprontando no cenário político local, louco para se reeleger aos 75 anos), abracei minha filha linda de 2 anos e 5 meses e fiquei a conjecturar: se as regras de mercado e de governabilidade impuseram à Esquerda marcas esmaecidas de sonhos ideológicos de outrora, quais serão as cores que ainda tremularão quando minha menininha estiver em idade de poder votar... Só espero uma coisa: que sua empolgação pela Democracia não esmaeça jamais - e que ela saiba votar, tal como o pai dela sempre procurou fazer!

                                     

sábado, 20 de outubro de 2012

Dia do Poeta


Certa vez escrevi um dos meus poemas mais queridos, Indolente: "Alma poeta, coração vagabundo, mente doentia/ Que me permitam a paz de continuar a escrever/ E a esconder-me sabiamente por trás de minha poesia". E foi isso: três versos bem construídos numa interessante ideia concisa, quase que numa apresentação poeticamente livre de alguém que, mesmo sentindo-se poeta, jamais criou maiores pretensões em torno dos seus versos, desejando só e tão somente a liberdade de seguir por trás das muitas imagens que um poema pode garantir...

E hoje me dizem que é dia do poeta. E eu me pergunto se é meu dia. Tal como me perguntei se na última segunda merecia qualquer encômio por ser professor. Afinal é tudo tão efêmero e acabamos antes mesmo de sermos qualquer coisa ou qualquer um. Mas as pessoas acabam por me lembrar, a qualquer momento, "hoje é teu dia" - no que eu, humildemente, apenas agradeço, sem saber direito qualquer coisa a respeito do dia de amanhã...

Sou um mero artesão das palavras: trabalho-as, porque amo o ofício, seja arranjando-as nos versos de um poema, seja montando-as nos parágrafos da prosa de uma crônica, de um conto, de um ensaio... Os outros é que me dizem sempre alguma coisa sobre o trabalho pronto, porque eu, como artífice, só sei enxergar o trabalho pronto, amando, simplesmente, o fato de tê-lo aprontado e deixado ali, à mostra de quem passar...

Porque a Poesia é algo muito maior e se encontra ao largo, ideal, inaudita e austera, em tudo em volta. É arte plena em movimento constante. E o poeta, parece-me, é o grande intermediador entre aquele mundo e o de cá, com o seu bem dizer oportuno e sensibilizado, traduzindo aquele dizer maior. Um artista, na melhor acepção da palavra. Eu sigo artesão, efêmero, batendo palma para a Poesia e seus poetas mais perenes...

Só me resta escrever... Ou, como diria o samurai malandramente poeta, "Não discuto com o destino: o que pintar eu assino"!

Infeliz Eternidade

Sofro na constância
De reiteradamente
Romper e nascer
Poesia já velha.

Cresço a escrever
Sem ler
O que é poetizar

Morro e renasço
Nas cinzas
De meu poema de pó

Pareço-me com um poeta
Pelos versos que imito
E pelas linhas tortas
Que do mundo copio...

(Dilberto L. Rosa, 2004)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

E viva a criança brasileira!

Se eu mostrasse à minha doce Isabela, hoje com 2 anos e 4 meses, figuras mundialmente conhecidas como o Mickey, o Pateta ou o Pato Donald, até pouco tempo atrás ela não teria a menor ideia de quem se tratava! Hoje, graças a uns livrinhos de historinhas com as famosas Princesas da Disney e a um jogo americano com a Gatinha Marie, esse quadro já mudou um pouco... Mas, desde bem cedo, eu jamais precisei sequer apontar algumas figuras para as quais, de longe, minha garotinha já acenava, tremendo-se de alegria, anunciando seus nomes bem nacionais:
Pexonaaata! Gainhaa Pintinhaaa! Patatáááá! Cocoicóóó!

Confesso sentir um gostoso orgulho de ver isso acontecer, uma vez que minha infância não possuía quase nenhuma referência nacional para a criançada a não ser o Sítio do Picapau-Amarelo e, posteriormente, o Balão Mágico, na Globo, e os Quadrinhos ou alguns desenhos em vídeo da Turma da Mônica. Nada contra a minha gostosa memória afetiva em torno dos super-heróis estadunidenses e dos personagens Disney dos meus adoráveis anos 80 (aprendi a ler com as revistinhas do Pato Donald!), e longe de mim qualquer xenofobismo - minha menina também é cercada pelos canadenses Backyardigans, pela "latino-norte-americana" Dora (com quem até se parece bastante...) e pelos adoráveis ingleses Pocoyo (cujos pulinhos, ultimamente, ela não para de imitar) e MisterMaker (com quem ela aprendeu as formas!)! Mas não há nada melhor que ver coisas diretamente ligadas a sua cultura fazendo sucesso e gente do seu próprio idioma crescendo profissionalmente, juntamente a seus filhos, com trabalhos bem feitos e que já viraram febre entre os menores, desbancando mesmo medalhões globalizados há décadas...

Melhor ainda quando alguns desses personagens o próprio pai já conhece há bastante tempo: é o caso da turma do Cocoricó, da TV Cultura, que, mesmo já grandinho quando do seu surgimento na TV, acompanhei muito daqueles deliciosos programas infantis cheios de canções inteligentes (a maioria de autoria do mestre Helio Ziskind) e de referências ao bom viver do campo com seus personagens inesquecíveis  Júlio, Zazá, Alípio, Mimosa, Vovô... Que, com o passar do tempo, foram ganhando a companhia de tantos outros, que, hoje, são citados pela minha menininha com a maior facilidade ao ver e rever seus programas  ela mesma, muitas vezes, não dorme sem ouvir a "Música do Porquinho" Astolfo:  "E se meu brinquedo caíííísse..."!

Mas a coleção de agarradinhos da turminha do paiol têm uma "rival" à altura no coração da minha pequena: se as galináceas Lola, Lilica e Zazá são adoradas em suas cores vivas, o que dizer de uma outra galinha azul e cheia de pintinhas? Fenômeno infantil legitimamente nacional e livre das antigas amarras de insuportáveis Xuxas midiáticas e suas discípulas oportunistas, a Galinha Pintadinha entrou meio que sem querer no mercado de vídeo infantil e, já em seu volume 3, conta com milhões de DVDs e Cds vendidos - afora um universo de produtos licenciados, tais como xampus, lancheiras, mochilas, brinquedos... Viva a Galinha Pintadinha, animação simples e bonita por sobre clássicas cantigas infantis, cujo primeiro DVD foi dado pela vovó-madrinha, minha mãe Dilena, que iniciou minha filha neste "vício", e cujo álbum de figurinhas virou quase uma adoração não só para a filha, como para a própria mãe Jandira, viciada em trocar figurinhas do álbum da Pintadinha com as outras mães do condomínio!


Mas nem só de galinhas vive o mercado nacional: correndo por fora (ou seria melhor "voando"?) tem um peixe agente secreto que, graças a seu traje especial voador, mistura de escafandro e roupa de astronauta, transita livremente debaixo d'água e acima da terra, ao lado de Marina, uma garotinha, e de Zico, um macaco, dentre outros amigos no "Parque das Árvores Felizes" (bem inspirado pelas lindas paisagens cariocas/brasileiras)... É o Peixonauta, produção genuinamente brasileira da TV Pinguim lançada em 2009 em parceria com o canal Discovery Kids e que, tal como sua amiga penosa, já possui uma interminável leva de produtos licenciados e uma legião fãs pequeninos - bem, no meu caso, nem tão pequeno assim... Afinal, para a minha menininha ver algo, gosto de acompanhar sempre que posso, vendo a qualidade do que está sendo exibido e, por isso, muitas vezes, acabo ficando fã: "Olha a POP, filha: vamos bater palmas para abri-la?"

Falando nisso, ela e eu descobrimos juntos esse adorável peixinho brasileiro por meio de outros maravilhosos personagens igualmente brazucas: antes mesmo de assinar TV a cabo e ter o DiscoveryKids ou o Nick Jr. 24 horas por dia à disposição (mas, claro, com controle de horas/dia para a filhota assistir), Patati e Patatá, adorável dupla de palhacinhos coloridos ressuscitados pelo Silvio Santos num programa de muito sucesso, Carrossel Animado, já dominavam a metade das manhãs da gurizada e começavam suas atrações com o adorável peixinho agente secreto, bem na hora do acordar da minha garotinha...


E hoje, no dia das crianças, não poderia ser diferente: o presente da filhona foi o "Painel Mágico" da Galinha, com todos os seus ímas, letras e números que tanto já fascinam Isabela 
   bem, admito que terei que trocar o brinquedo amanhã, tamanha a má qualidade de muitos elementos integrantes (inclusive a própria lousa, que veio com graves defeitos e empenamentos)... Reflexo da ainda incipiente qualidade técnica da nossa indústria emergente e incapaz de acompanhar o ritmo do mercado infantil?! Não saberia dizer... Só sei que acompanho este universo infantil 'made in Brazil' e me pego feliz, contemplando minha filhota pela casa com o seu "carrinho de compras" 'Pag Lev' cor-de-rosa cheio de agarradinhos e de DVDs do Cocoricó, com seu bonecão do Patatá na prateleira do quarto e com os DVDs da Galinha já enfileirados ("É pra escolher só um, senão você fica o dia nesta TV, ouviu bem?!") aguardando o fim da exibição do Peixonauta na televisão... É... Bons ventos nacionais, vida longa e próspera ao mercado infantil 'made in Brazil'! Minha filha agradece por essa boa brincadeira... E viva a criança brasileira!


sábado, 6 de outubro de 2012

"Festa da Democracia":
Saúde, educação, emprego e renda...


É festa! Todos se irmanam para falar mal dos nossos representantes políticos, sendo que a grande maioria sequer se lembra em que votou nas últimas eleições! Tudo é proibido (boca de urna, bebida etc.), mas, ao mesmo tempo, tudo é permitido (boca de urna, bebida etc.)! O clima carnavalesco toma conta das ruas e, por conta do seu local de votação, aquele mesmo que você nunca trocou porque não teve tempo de se lembrar, torna-se uma desculpa para dar uma passadinha na casa da mamãe, ali pertinho...

Aqui em São Luís ainda há resistência ao domínio do Coronel Bigodudo e seus candidatos, que, desde meados da década de 80, jamais sequer ameaçaram alguma expressividade de votos. Apesar disso, não estamos lá muito bem servidos de opções neste pleito: entre a dita "renovação" de jovens rostinhos evangélicos e as raposas matreiras de longas datas, o povo ludovicense, assim como o brasileiro de um modo geral, anda bastante descrente e confuso...

E o que dizer do voto para vereador? 30 segundos na tela da TV e panfletos, pôsteres, "bandeiraços" e afins a emporcalhar a cidade e a "vender" produtos de baixíssima qualidade... "Tens candidato para vereador?" "Não..." "Essa menina, pega o santinho do teu tio... Olhe, não é por ser meu irmão, mas ele é batalhador e 'tá precisado dessa boquinha..." - e assim se propaga a consciência política!

Só nesta ilha há, para o pleito 2012, 681 candidatos concorrem a 31 vagas na Câmara Municipal de São Luís... Para fazer o quê, mesmo? Afinal, a Câmara é um terreno de ilustres desconhecidos para a esmagadora maioria de ludovicenses, diante do muitas vezes apático e reduzido volume de trabalho de um vereador, com atribuições bem espremidas em relação aos seus "vizinhos ricos" da Assembleia Legislativa... Mas vamos lá: renovar é a ordem! Entretanto, na lista de todos os candidatos à cadeira do Legislativo municipal deste ano, segue o mais do mesmo: uns debochados; outros poucos sérios; e a grande maioria formada de aventureiros que não merecem sequer atenção... Uns visando o bom salário de mais de quase 10 mil reais líquidos; outros com boas intenções ideológicas em relação a mudar os rumos políticos da Cidade; mas a grande massa atrás apenas de "algo mais", numa "profissão" para uma súcia que não para de crescer, ano após ano...

E segue a festa da democracia: algo falsamente animado, cuja ressaca se amarga nos quatro anos seguintes... Afinal, esse povo todo só se reunirá de novo, em sua maioria, para falar mal dos políticos daqui a dois anos... Ou, então, para celebrar as festas do pão e circo de algum megaevento pago com o dinheiro público!

 

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Em forma de pequenas crônicas, as dores e as delícias de ser um pai de um supertrio de crianças poderosas...

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