sábado, 31 de dezembro de 2005

2006 à Vista!
E, aos vencedores de 2005, as batatas!

Vamos todos tomar aquele banho caprichado, para não deixar nenhum vestígio de sujeirinha do ano que se finda, porém sem esquecer as cracas acumuladas na alma; corramos a nos arrumar com a roupa nova e alva, comprada exclusivamente para a ocasião, sem esquecer os muitos andrajos velhos e ultrapassados que ainda podem nos cobrir as mentes, e sigamos para dar os sete pulinhos nas ondas do mar da praia lotada, procurando nos desviar dos despachos para Iemanjá (que não poluem o mar, porquanto são elementos religiosos...), bem como dos bêbados, a urinar ou a vomitar, sem cerimônia, na sua frente; enchamos a cara de bebida e de comida e ofereçamos votos de "feliz ano novo" até para quem nem conhecemos, e passemos o resto do ano na famosa "correria", que usamos como desculpa para não ligarmos nem para a avó para perguntar como ela está de saúde... Já estamos bem crescidinhos para lembrar que a tal "entrada" de um novo ano está muito longe de uma nova "dimensão" a se abrir, que, a depender do que façamos na hora da "passagem", encontrá-la-emos como uma era de delícias e prazeres ou um longo tempo de infortúnios... Lembrar que não há nada além de mais uma nova marca no calendário não chega a criar nenhum pessimismo, especialmente se tivermos consciência do que precisamos ainda mudar para atingir nossos reais objetivos, a curto, a médio ou a longo prazo, uma vez que o tempo não muda nada se não mudarmos realmente ao largo dele! Agradeçamos a Deus por mais um ano nesta Terra (o que também podemos fazer, e com muito mais vantagens, a cada aniversário nosso), com todas as oportunidades que aproveitamos e deixamos de aproveitar, e oremos por saúde - de corpo, de mente, de alma, não só para nossos umbigos, como também pelos outros seres viventes, por exemplo aquele a quem você desejou "feliz ano novo" na hora da bebedeira... E, acima de tudo, por novas oportunidades, que o tempo não pára, nem tampouco nossos corações - esperemos que ainda por muitos anos... E sigamos em frente, de preferência em linha reta, com muita fé, que a fé não costuma falhar: feliz ano novo e feliz vida nova - coloquemos o medo medieval do fim dos tempos de lado e encaremos o mundo sem fim e a fim de fazermos acontecer... Se Deus quiser!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

O ano de 2004 foi decisivo para mim em inúmeros aspectos. Um dos principais, o alimento da escrita que andava um tanto quanto acomodada até então, foi ressuscitado graças a este dileto 'blog'! E, mesmo que 2005 tenha passado meio em branco na minha ainda breve história de vida, continuei com os Morcegos, ganhei novos e importantes amigos virtuais (abraço especial ao Júnio, que colaborou bastante para um Natal especial) e continuei com a maior tradição deste espaço virtual do ano anterior: a Vertebral! Nada melhor que reunir as 24 crônicas produzidas diretamente para este 'blog', ao longo dos seus dois endereços, somadas a uma especialmente feita para a ocasião, imprimir em formato de livro e ofertar à mulher amada, o que fiz no último dia 23: Jandira recebeu, além de outros mimos, uma "edição especial" de como seria uma publicação com todas estas colunas que adorei escrever - mas que agora, delas "aposentado" desde agosto, só me resta publicar a Última Vertebral, inédita e especialmente escrita para fechar o ciclo de uma fase da minha existência, bem como para fechar o livro... Por isso, às vésperas de um novo ano, nada melhor que usar o próprio "tempo" como tema...

ÚLTIMA VERTEBRAL

Deparo-me com a página virtual em branco a acenar com uma despedida especial demais para mim: dou por fim a Vertebral e ainda tento celebrar a vida... Sob meus auspícios poéticos de rimas deslocadas e sob a influência da reflexibilidade absoluta que envolve todo final de ano, penso sobre esta coluna que tanto me acompanhou e que me trouxe novo fôlego de vida: não, não falo notocordariamente, da coluna de vértebras que me sustenta, mas sim de outro suporte, o da minha alma, diante destas palavras postas em tabuleiros ideais da nossa tão quente língua, que freme até minhas mãos (que no computador se escreve com as duas), diante da tinta invisível da minha tela clara, que não me deixa calos por tantas penas descritas nestes vinte e cinco textos tão amados e que, graças ao frio mundo da quente rede global que me cerca há pouco mais de um ano, também angariaram amor além de mim, mesmo nunca tendo eu publicado nenhum livro em papel vivo... Mas como diria o meu Trovador Soberano, então "me diz, me diz, me responde, por favor, pra onde vai o meu amor, quando o amor acaba?" - pra que me despedir desta crônica tão amada? Coisas do tempo, minha preta, minha branca, meus peões e meus reis de tempos que já se findaram: cada semana um jogo diferente, entre meus afazeres, entre meus tempos mortos sobre os livros, a imaginar cada estratégia única para melhor abordar aquele assunto que pululava por entre os jornais, as televisões e as bocas... O tempo cansa, assim como textos longos na internet, já diria quem já foi, e a idéia de um livro encerra qualquer jogo, a não ser que peçam revanche, como o fez o Gasparov diante do computador - sendo que, no meu caso, talvez o pessoal do computador é que me peça pra voltar... E o tempo nada perdoa: são 28 anos divididos entre glórias e derrotas em formas desiguais, que muitos dos meus cabelos decidiram nem ficar para contar a história, tantos mundos e tantas vidas, que minha Vertebral se mostra hoje mais minha: se a cada semana ela contava as estórias dos outros pelos meus olhos, meu sangue também se perfez história! Como olvidar de sua criação o criador, quando o tempo que o gera é o mesmo que ele recria? Meu tempo, hoje, talvez seja todo o tempo - e já se cansa a poesia! Pois toda semana se repete alguma coisa, e, no fim, a prosa da retrospectiva não deixa margem para mais nenhuma reflexão, "'tá tudo aí, para quem quiser ver"... E eu vejo de novo novela na Globo, e sinto o quanto o tempo é irônico, quando acompanho, majestosos, grandes vultos na telinha interpretando, diretamente do passado, personagens que eles mesmos já não são! Mário Lago, que se foi há uns três anos, está lá, ao lado do meu vilão favorito das chanchadas, o Lewgoy, e tantos outros desencarnados que sempre fizeram valer a pena ver pelo menos alguns capítulos de um folhetim televisivo... Mas não pára por aí, já que o autógrafo que jaz em uma velha agenda de 98 ainda revive a emoção de ter conversado com alguém tão talentoso como o Lago, que se apresentou àquela época em São Luís com seus sambas inesquecíveis a mim, a Jandira e a toda uma platéia embevecida no teatro Arthur Azevedo... Mas não é outro o tempo que se fala por aí senão o nascer, o renascer e o morrer do mês de dezembro, onde inventaram o Natal por entre os sóis de um sol mais que real: cristão que sou, rio-me da fanfarra embrulhada em papel de presente de reflexão de botequim... Presenteemos quem amamos, e glória aos céus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade! E viva os vazios "feliz Natal" por entre os amigos tão invisíveis quanto aqueles em que participamos, porque temos que nos confraternizar, tal como disse a mim Jandira - que todos em suas histórias objetivas já sabem ser minha noiva (tal como a Margarida com o Donald, que talvez ainda não se tenham casado por causa do pequeno salário que o pobre pato ganha na Patada...) - "Dil, vai para essa confraternização, mesmo sem mim"... E lá estou eu, a conjecturar sobre o que dizer na minha última coluna Vertebral, em meio a uma garfada e outra de salpicão, quando tiros irrompem a rua em frente ao salão em que estávamos os amigos da academia. Corre-se, alarde e dois corpos semi-mortos no chão. Uma frustrada tentativa de assalto, a três casas ao lado daquela em que estávamos, acabara de resultar em três baleados: os dois assaltantes, que os policiais então torciam para que morressem antes de a ambulância chegar, e um delegado, que reagira com precisão não suficiente de lhe impedir dois alvejamentos, mas que já se encontrava no hospital para uma delicada cirurgia para a retirada dos projetis... Então eu vi que o tempo é e sempre será o maior tema de qualquer coluna que se queira manter de pé por tantos anos, mesmo depois de qualquer criador desencantado decidir dá-la por encerrada: amanhã sairão nos jornais locais este desenlace como mais um retrato da violência espalhada por este grande País desamparado e eu e o tempo continuaremos com muitas histórias para contar...

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Chegou o Natal!

Bola rolando: parabéns para o grande São Paulo, tricampeão mundial - apesar de vascaíno, admiro o tricolor paulista desde o histórico time do bi, em 93 - e ao craque Ronaldinho Gaúcho, eleito dois anos seguidos o melhor do mundo na bola (será que sua força estaria nos cabelos)?... Mas, faltando pouco tempo para o Natal, vamos à prometida republicação de crônica do ano passado, dando início à SEMANA ESPECIAL DE NATAL:


Chegou o Natal! Na verdade, ainda faltam alguns dias, mas para o comércio, para a mídia publicitária, para o inconsciente coletivo, enfim, o Natal já chegou há um bom tempo, mais ou menos desde o comecinho de outubro, quando normalmente já começam a pulular as "promoções antecipadas" e várias figuras de incontáveis papais noéis fajutos por toda a parte...

Tudo parece dever-se à idéia fixa de ciclos que a humanidade, de uma forma geral, tem: basta a simples noção de que o ano caminhe para o seu fim - ainda que faltem alguns meses para tanto - para que todos, desde muito cedo, dêem partida a uma correria desenfreada para pôr a vida em dia... Afinal, fim de ano é o símbolo máximo de "encerramento" de um tempo para o "recomeço" de outro, como se uma nova dimensão surgisse; por isso a sangria desatada, nesta espécie de "balancete final", "fechamento de caixa" e "batimento de ponto da hora da saída": tudo tem que estar na mais perfeita ordem para as "Boas Festas", tipo de "recreio mágico" antes de começar o novo e maravilhoso ano que vem - que por sua vez, torna-se mesmo insuportável logo nos primeiros dias depois de "começado", já que toda a chatice terá que acontecer outra vez, com um ano inteiro pela frente...

E, nem bem inicia dezembro, a temporada natalina já está mais que instalada: os amocambados pinheiros de plástico já foram devidamente desencaixados, armados e cobertos de bolas, bonequinhos, festões e um monte de balangandãs, a esperar os presentes ou as "lembrancinhas" para o grande dia (ou, na ausência de abastança, as caixinhas decoradas, porém vazias, como se presentes fossem); Papai Noel, definido em sua clássica e empacotada paramentação atual desde um antigo comercial da Coca-Cola, já ocupa seu devido lugar nos shoppings em meio a decorações que imitam temas norte-americanos e europeus com muita, muita neve de espuma ou de algodão; guirlandas, sinos e papais noéis do Paraguai que rebolam e tocam musiquinhas já estão pela sala; as lojas, os supermercados e até o barzinho da esquina já estão devidamente decorados das formas mais espalhafatosas possíveis, com mil lampadinhas multicoloridas piscando sem cessar, e entoando todas as "canções natalinas" estrangeiras de que se tem notícia...

E tome "Jingle Bells", "Christmas Tree", "Santa Claus is coming to town", "We wish you a merry Christmas", "Silent Night" e outras tantas, na harpa, no teclado ou em suas "versões brasileiras" - às gratas exceções de pérolas genuinamente nossas, como "Boas Festas", de Assis Valente, "Fim de Ano" de Francisco Alves e David Nasser e "O Velhinho", de Otávio Babo Filho - a nos enternecer e a nos lembrar que o nosso Natal é importado, desde o imbatível conceito de "Natal Branco" (como na clássica "White Christmas", com Frank Sinatra, também tocada à exaustão), coisa impossível de acontecer por estas terras quase à linha do Equador, até as iguarias que aguardamos para ter na ceia da meia-noite do dia 25: peru, castanhas, nozes e outras coisinhas calóricas de outras terras bem distantes da nossa quente e pobre São Luís...

Assim, inaugurada a temporada da felicidade obrigatória, quando, justamente por isso, aumentam os números de tristezas, depressões e suicídios para aqueles que não conseguiram alcançar a plenitude que a época exige, lembremo-nos dos pobres que passaram o ano todo na mesma e façamos uma caridade básica para São Nicolau ver, ponhamos um alegre e distante sorriso nas faces, façamos uma prece e comemoremos o nascimento do Menino Jesus num tabuleiro onde se põe comida para os animais de um estábulo, numa data católica instituída no vazio de nem bem sabermos ao certo quando é mesmo o aniversário daquele Homem maravilhoso...

(Dilberto Lima Rosa, Vertebral, 2004)

domingo, 18 de dezembro de 2005

Ainda com poucas adesões à brincadeira "Amigo Invisível da Família Morcegos", aguardo os e-mails dos parentes desgarrados (para participar, você deve estar relacionado na lista da Família Morcegos, por ter sido homenageado por aqui, e escolher um número entre 1 e 19 - na dúvida, leia o post anterior)...

E na correria de fim de ano, duas datas especiais relacionadas a grandes mestres que já se foram merecem destaque neste mês de dezembro: primeiro, o centenário de Érico Veríssimo, genial escritor de estilo simples, excelente contador de histórias de forma cinematográfica (facilmente adptáveis para a TV, como a boa trilogia O Tempo e O Vento), uma das grandes expressões da moderna ficção brasileira, cuja vasta obra mantém uma coerente linha de qualidade; e, em segundo, Frank Sinatra, que faria 90 anos no último dia 12 - "A Voz", "The Old Blue Eyes e tantos outros adjetivos sempre abaixo do talento inigualável deste cantor inesquecível e filho da mãe "rat pack" safado de quem sou grande fã...

Mas hoje o destaque fica para dois outros aniversariantes especiais...

O que Ricardo Alexandre da Costa Campos, um pacato RP ludovicense, atualmente prestando serviços para a CAIXA, bem casado, bom cristão e admirador da Sétima Arte, e Steven Spielberg, famoso diretor californiano cinematográfico de grandes clássicos, casado, judeu e recém-formado (finalmente) na UCLA, têm em comum? Além do fato de os dois gostarem de Cinema, este tão distantes cidadãos nasceram na mesma data, 18 de dezembro!

Amigos vão, amigos vêm; somem, fazem burradas e deixam de falar com você, aparecem do nada; ligam com freqüência, são sempre presentes ou se lembram de você somente em datas especiais... Entretanto, em se tratando do mais antigo dos meus amigos, um pouco de cada uma dessas coisas aconteceu: Ricardo, o velho Cadinho da Av. B, irmão de Pitu e de Leleca, cresceu comigo a jogar "béti" (ou "bate-lata", nome mais comum atualmente), futebol e outras brincadeiras cinematográficas por nós inventadas pelas ruas do Maranhão Novo; depois foram os filmes, pelas locadoras e pelos cinemas, e as confidências da adolescência; logo a maturidade dos noivados e do casamento (dele, com Ynaiara, antiga colega nossa da extinta escola Cebolinha, de quando tínhamos sete anos, e que lhe "reapresentei" há 9 anos... quanto a mim, ainda estou na "fase" do noivado!)... Uma forte e sincera amizade de infância que se mantém até hoje mesmo com algumas "derrapadas" deste capricorniano pelas épocas da juventude, mas que em nada atrapalharam a minha boa constância com este amigo fraterno e de bom coração, que hoje completa 29 anos.

Já quanto ao Steven, bem... Nossa "amizade" advém do "relacionamento" que mantemos com os artistas que admiramos (como sou um pouco amigo de Chico Buarque, por exemplo), com quem compartilhamos idéias e sonhos, especialmente quando se desligam as luzes do cinema e somos transportados para o seu universo de infância mágica (como em E.T. - O Extraterrestre), de aventuras fantásticas com gosto de matinês (Caçadores da Arca Perdida), de suspenses surpreendentes (O Encurralado; Tubarão), de dramas maduros e pungentes (O Império do Sol; A Lista de Schindler), de comédias inteligentes (1941- Uma Guerra Muito Louca) e dos encantos desconhecidos da Ficção-científica (Contatos Imediatos do Terceiro Grau) - afinal, este é o seu ofício, e é através de sua arte que Spielberg se mostra ao mundo, com suas idéias e idiossincrasias, fazendo de todos nós, que com ele crescemos, um pouco íntimos dele... E isso só para lembrarmos suas obras-primas como diretor: afinal, Steven coleciona genialidades com sua marca pessoal também como produtor (Poltergheist; Os Goonies; Gremlins; De volta para o futuro..., dentre outros) - além, é claro, de bobagens colossais e de produções caça-níqueis (Hook - A Volta do Capitão Gancho; Jurassik Park 2 etc.), que nem valem ser lembrados!

Por essas e outras é que, sempre que acontece de eu esquecer o aniversário de Ricardo, assim que parabenizo o Steven, este me pergunta: "e o Ricardo, você já ligou para dar os parabéns?" E o mesmo acontece quando me esqueço do Spielberg... Um grande abraço e felicidades para os dois sonhadores!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005



Olá, meus queridos amigos virtuais, blogueiros de plantão e "parentes": a fim de fazer uma pequena confraternização entre os membros da "Família Morcegos" (todos vocês que receberam homenagem de destaque na Coluna Lateral do meu blog, ou onde raios essa coluna apareça no seu PC! E não deixe de conferir na tal coluna a lista dos homenageados), resolvi fazer uma brincadeira de Amigo Invisível Virtual! Escolha um número entre 1 e 19 (sempre com duas opções, caso a primeira já tenha sido escolhida), mande-me por e-mail até sábado a sua escolha (dilbertolrosa@gmail.com) e receba sua confirmação: só eu ficarei sabendo os números de todos; cada número corresponderá àquele que você homenageará (cujo nome revelarei, somente para você, até segunda), numa data a combinar (entre 23 e 25 de dezembro, onde todos deverão publicar no mesmo dia), em seu blog, com um "presente virtual" (por exemplo, a imagem de um clássico CD dos Beatles para algum beatlemaníaco renomado entre nós, juntamente com uma explicação do porquê da escolha daquele presente, mais uma pequena dedicatória para o seu "parente" - sem esquecer, é claro, de agradecer a quem "tirou" você pelo presente recebido). Participe, será muito divertido, além de reunir, ainda que apenas virtualmente, esta deliciosa idéia da Família Morcegos! Sem esquecer que a brincadeira só funcionará a contento se todos participarem! Abraço a todos e respondam logo, por favor - sob pena de deserção desta renomada família!!! Ah, acaso você seja um daqueles parentes desnaturados, que só visitam os seus em épocas natalinas, não deixe de conferir o seu escolhido, sem, é claro, que ele perceba que você o tirou (não comente se você nunca o visitou, né?!)...

E, falando em família, prometo adotar a primeira alma caridosa que me ajudar com esta dor de cabeça chamada Coluna Lateral: qualquer cristão que se sensibilizar com esta época especial, tiver piedade deste humilde espaço virtual e entender um bocadinho que seja da programação html do Blogspot (cores, tamanho das colunas etc.), por favor, entre em contato comigo para que eu arranje isto em definitivo - ou então esqueça esta atual configuração e inaugure de uma vez um novo 'template'! E já, já diminuí a seção principal ao máximo, já fiz o mesmo com a coluna lateral e já me vali de todas as combinações numéricas possíveis, mas sempre há alguém que não vê a coluna do lado da seção principal, mas somente lá embaixo (detalhe: meu PC e o de minha noiva sempre mostraram a coluna no lugar certo: ao lado da seção principal, onde são postados os textos!)...

Para encerrar este pequeno Post Recado, quero pedir desculpas a todos pela ausência, mas as ocupações têm-me deixado mesmo sem tempo! E sim, eu sei que estamos em dezembro e sempre costumei adorar esta época, que não passará despercebida aqui por estes Morcegos: na semana que vem, não percam, a SEMANA ESPECIAL DE NATAL, com tudo que um bom Natal tem direito - ainda que esta festa tão cheia de tradições, aqui em terras brasileiras, tem passado por sérias adaptações...

terça-feira, 13 de dezembro de 2005



Mas que coisa mais irônica: no dia do aniversário de um ilustre mestre, Luiz Gonzaga, o primeiro músico a assumir a nordestinidade representada pela sanfona e pelo chapéu de couro, cantando as dores e os amores de um povo que ainda não tinha voz (se vivo, completaria 93 anos), algum dono de gravadora inescrupuloso (ou algum presidente bêbado) resolveu decretar como sendo o Dia do Forró! "Nada mais justo", você pensaria de cara, uma vez que o Velho Lua imortalizou algumas obras-primas de nossa Música Popular Brasileira através de xotes, forrós, chamegos e baiões, tendo sido a designação genérica "forró", por muito tempo, utilizada como símbolo da música de raiz nordestina... O que é desalentador é ver o que se fez do forró nos dias de hoje, onde qualquer porcaria brega e vulgar de banda cearense ou pernambucana (e até paraense!) é chamada de forró, mesmo que sem uma zabumba, uma sanfona ou um triângulo! É, queridos blogueiros de plantão: se vivo, acho que o Rei do Baião (e do Forró também) não gostaria nada, nada desta tal "homenagem", a não ser que ressuscitassem o bom e velho ritmo e abrissem espaço para mestres do seu calibre...

Hoje, na ROATÓRIA, repito um texto da Coluna Vertebral de junho deste ano do extinto Weblogger onde criticava um Festival de "Forró" que então se realizava em minha cidade! Boa diversão e vale a pena ler de novo, pela ocasião!


VERTEBRAL
EDIÇÂO ESPECIAL


Aproximando-se o II Maranhão Forró Fest (o absurdo já chega a mais de uma edição...), aproveito o ensejo para "homenagear" este "ritmo" que vem demolindo os tímpanos de qualquer um com mais de dois neurônios na cabeça: a onda do New Forró - "new" porque, atualmente, outras modalidades aí se incluíram (como o tal do "calipso" paraense), restando todos reunidos num "estilo" único (não há mesmo como haver muitas diferenças naqueles "pi-pi-pi", "pi", "pi-pi-pi", "pi", "pi-pi-pi-pi-pi", emanados freneticamente por qualquer teclado de fundo de quintal). E tome bandas e mais bandas, no mais alto grau de breguice, a entoar "canções" sem um pingo de harmonia musical, "cantadas" pelos mais desafinados vocalistas (ou gritadas, melhor dizendo), com as letras e situações mais chulas, toscas, vagabundas, grosseiras e sem noção ("amor de rapariga", "você só quer me pegar e crau", "sou do signo de libra, escorpião, chega pra lá", "diz que me ama, me leva pra cama, acende essa chama", "acabou com a minha vida... você se foi ...acabou com a minha vida... você se foi..."!?!) já imaginadas por um ser humano em seu juízo perfeito, a cuspir na boa e esquecida tradição do forró pé-de-serra! E sem noção parece ser mesmo o comportamento dos seus "seguidores" (eles não escutam outra coisa, está para virar uma Religião!): além de conseguirem agüentar repetidas e repetidas vezes as mesmas "músicas", os loucos ainda obrigam todo o resto a ouvir a mesma coisa, já que só ouvem no último volume de seus carros incrementados (cujos porta-malas eles abrem com prazer a cada parada) ou nos potentes sons de seus lares.

A intenção era mesmo desentalar essa estupidez da garganta há um bom tempo... Mas não estou discutindo gosto - afinal, gosto é que nem você sabe o quê, cada um tem o seu, e não se discute, apenas lamenta-se: o que faço é discutir a imbecilidade da massificação a que estão sujeitas as pessoas hoje em dia. Sem as referências culturais de outras épocas, como Tom, Vinícius, Chico, Caetano, Gil, João Bosco, Paulinho da Viola, Noel, Luiz Gonzaga (esse bem sabia o que era - e o que ainda é - o legítimo forró!), Lupicínio, Cartola, Pixinguinha, Ary (e mesmo gente dos escalões "mais baixos", porém com certa qualidade, como Peninha, Fagner, Arlindo Cruz, dentre outros), que, se não estão mortos, só trabalham esporadicamente e sem a poderosa retaguarda da mídia (à exceção de Caetano, a quem só falta gravar os grandes sucessos do É o Tchan!), o grande público em geral vem sendo manipulado pela mídia há um bom tempo, que lhe vem enfiando goela abaixo as "lambadas", os "pagodes" mauricinhos, os "breganejos", os "axés" e, agora, chegando à coroação do ultraje absoluto, empurrando em todas as rádios (da região Norte-Nordeste, mais especificamente), grupos de uma música que, antes relegada apenas aos guetos dos cabarés dos mangues, aos bêbados sem porvir e às prostitutas de top e de short de lycra, é hoje tocada à exaustão por várias classes sociais, tudo como numa grande lavagem cerebral!

Gostem, ouçam (baixo, por favor) e desfrutem os vazios culturais de suas vidas com satisfação ("a vida é sua; estrague-a como bem entender", como bem diz o velho Abujanra), mas, acima de tudo, reflitam um pouco sobre o que os acompanha e abram suas mentes para outras influências além dos modismos sem qualidade alguma. Antes de expelir frases feitas, pensem sobre qual poderia realmente ser o seu "gosto" (musical, cinematográfico, televisivo, enfim, sobre qualquer manifestação cultural) se vocês se dessem ao trabalho de procurar conhecer outras realidades, antes de entregar-se ao nada... Lembrem-se ainda que, por comodismos, nosso País já passou por duas ditaduras, afora todas as políticas de exploração que se seguem até hoje... Não permitam, portanto, uma terceira ditadura: a do "eu vou aonde todo mundo for", capaz de gerar, além de problemas sociais mais sérios ainda, alguma futura ameaça musical pior que o atual "New Forró"!

sábado, 10 de dezembro de 2005

Texto do ano passado, que republico por ocasião dos 25 anos sem Lennon e 11 sem Jobim... Pelo menos, em homenagem a um aniversário feliz de noivado...



"Imagine todos vivendo uma vida de paz"... Em épocas mais sensíveis como costumam ser os reflexivos, ainda que comerciais, tempos de fim de ano, proclamemos palavras de esperança, renovemos os sonhos e relembremos gênios sonhadores, que tanto já nos fizeram sonhar, em meio a eternos recomeços de novas e importantes fases da vida...

Tudo isso porque, dentre outras coisas, há 10 anos, o tom da Música (da Arte, com letra maiúscula) sofreu um golpe irreversível: Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, aos tenros 67 anos, deixava o Brasil órfão de um dos nossos grandes maestros, músicos e pais - pai da Bossa Nova (ao lado de João Gilberto, Vinícius de Moraes, dentre outros), pais de letras e melodias inesquecíveis (como Eu Sei Que Vou Te Amar, Chega de Saudade, Wave, Corcovado, Garota de Ipanema, Passarim, Águas de Março, Chovendo na Roseira, Luiza, Por causa de Você, Anos Dourados...), pai de árvores, pássaros e de ecologia num tempo que isso ainda nem era moda... Tantos adjetivos num gênio de gênio difícil, que, pelo menos, teve sua obra reconhecida mundialmente tanto em vida quanto depois dela.

Descobri Tom Jobim por volta dos 15 anos, quando, catando LPs na casa de uma amiga para gravar um fita K-7 (quantas antigüidades!), descobri Chega de Saudade, obra-prima absoluta de Tom e Vinícius, de 58, na já clássica gravação de Severino Araújo com sua Orquestra Tabajara. A partir de então as músicas do mestre nunca mais deixaram de fazer parte da minha vida (ao lado de outros gênios como Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Pixinguinha...), de tal forma que pessoas tão distantes acabam por se converter em entes próximos - tanto que, ao final de 1994, quando da notícia de seu falecimento, (que só fiquei sabendo quase à noite graças às preocupações e correrias daquela época de vestibular), minha noiva Jandira e eu acabamos por ter, com aquela triste notícia, o último empurrãozinho de que precisávamos para começar o nosso primeiro namoro: liguei para ela e lamentamos juntos, ao longo de uma comprida, apaixonada e melancólica conversa sobre o homem por trás das canções de que gostávamos tanto...

Infelizmente, uma outra perda já se havia feito sentir há muito tempo antes, na mesma data de oito de dezembro, só que em 1980: John Lennon, o grande sonhador irreverente da maior banda de Rock de todos os tempos, o eterno e renegado Beatle, fora assassinado fria e loucamente por um fã ardoroso, que lhe cravejou vários tiros gratuitos e covardes... Lennon, Jobim, Nelson Gonçalves, Frank Sinatra e tantos outros que participaram de nossas vidas com suas músicas, interpretações e genialidades e que nos deixaram a Música mais pobre, frágil e esquecida...

Apesar de tanto gostarmos dos Beatles, creio nunca ter cantado uma das eternas canções de Lennon para Jandira (a não ser, talvez, Jealous Guy); já o brasileiro-até-no-nome Jobim embalou o início do nosso primeiro relacionamento, com Chega de Saudade e Wave, e que cantei inspiradamente para ela na distante e romântica praia de Panaquatira... Uma separação, um reencontro decisivo, uma volta definitiva e exatos 10 anos depois, Jandira e eu lembramos com certa tristeza o Jobim que se foi, mas comemoramos, com felicidade plena, o fechamento de um ciclo e o começo de uma nova fase: noivamos no último dia 11, dez anos depois de Panaquatira, ao som de outro símbolo cíclico, porém muito vivo, de final de ano: Roberto Carlos...

(Dilberto Lima Rosa, Vertebral, 2004)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

O dinheiro está sobrando, meus queridos blogueiros de plantão: mais de 2 bilhões só para emendas de parlamentares (ou seja, para as do tipo "Fundações dos Amigos dos Parlamentares"), porque a contabilidade das arrecadações estava "errada"! E mais um milhão para a empresa do vice Alencar, como "suave prestação" de muito mais que viria por aí, por encomendas de "mais de 2 milhões de camisas para o PT"? E cadê o meu, querido f... Presidente?

E no Maranhão, a tal "Frente Oposicionista" ainda anda um tanto quanto desorientada, o que talvez fortaleça, nas eleições do ano que vem, a senadora Roseana - que nem vai trabalhar no Senado graças a eternas licenças de saúde, o que faz sobrar tempo para descaradas campanhas eleitorais no Estado, coisa ainda proibida, vide a multa que o Lula recebeu... Dúvida: por que então a ex-governadora e escroque não teve a mesma pena, tendo sido inocentada das denúncias mais que fundamentadas?!

Ainda continuando as notícias da semana passada sobre mais uma derrota do Coronel Bigodudo aqui no Maranhão (quando publiquei as matérias sobre o assunto, veiculadas na revista Carta Capital), na ROTATÓRIA de hoje divulgo a excelente crônica do ex-cineasta e jornalista Arnaldo Jabor (na maioria das vezes infame...), divulgada somente por rádio, na Rede CBN/Globo, analisando os fatos relacionados à decisão da Assembléia Legislativa do Maranhão de retomar, para o Estado, a administração do Convento das Mercês, há duas semanas - e o faz com ganho de causa, poeque já visitou estas terras e viu de perto a coisa toda! Divirtam-se!


Os Dissabores do Jabor

"Há certos progressos em nossa cultura política"

"Amigos ouvintes! No meio de tantos atrasos, há certos progressos em nossa cultura política. Essa semana que passou foi dura para o senador José Sarney. Ele teve algum fracasso político? Não. Ele teve uma derrota patrimonial...

Eu vou explicar: a Assembléia Legislativa do Maranhão cassou o direito de Sarney de ter se apropriado do antigo Convento das Mercês e de tê-lo transformado em "Memorial Sarney". Isso mesmo: há alguns anos, o nosso senador mandou reformar o antigo convento do Século XVII, que estava em más condições. Fez uma bela reforma com o dinheiro público - claro, grana do povo do Maranhão. Mas quando ficou pronto, instalou ali toda a sua obra e vida políticas. Lá estão todos os documentos de sua trajetória: quadros a óleo dele, com a família, com Dona Marly, sem dona Marly, ele com bigode, ele sem bigode, todos os seus discursos, decretos etc.

E, para coroar, fez ali um espaço reservado no jardim do convento, onde ele será enterrado. Ou seja: um mausoléu para ele mesmo, num lugar público. É como se o Paulo Maluf fizesse um túmulo ali na Avenida Paulista. É extraordinária a vaidade desse homem. Que, ao invés de se julgar um servidor público, se acha um soberano, um rei, fazendo um monumento pra si mesmo, na rua!

É também muito instrutivo ver esse sintoma oligárquico. Para muitos políticos - não todos -, o espaço público é deles: a cidade, o Estado, é patrimônio deles. Isso no Estado do Maranhão, que tem os piores números sociais do Brasil, onde grande parte do povo não tem onde cair morto. Lá, Sarney quis construir seu monumento eterno, como um Bolívar. Sarney ficou tão triste com a notícia, que até chorou.

Agora, Sarney tentará de tudo para reverter a decisão da Assembléia do Maranhão. Resistam, maranhenses, porque a praça é do povo. Não é do Zé!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

E o nome vencedor foi... Ana Carolina! Isso graças à persuasão do meu irmão junto ao "eleitorado" de sua repartição, que escolheu o nome preferido do próprio pai... "Giovana" e "Rebeca" ficaram empatados em segundo, com 11 votos cada... Parabéns à Ana Carolina, que virá em breve...

E, falando em nascimentos, nesta segunda se comemoram três aniversários especiais: primeiro o do texano multimilionário, conquistador e descobridor de grandes estrelas (como a bela e então estreante Jane Russel, no seu ridículo filme O Proscrito), mega-industrial da aviação, diretor e produtor cinematográfico sem muito talento e maníaco-depressivo e esquizofrênico-paranóico Howard Hughes (Howard Robard Hughes Jr., retratado meio que como um "herói americano não-compreendido" no irregular filme do mestre Martin Scorcese do ano passado, The Aviator, interpretado pelo também irregular Leonardo di Caprio, tendo sido também retratado em outras produções, interpretado por atores como Jason Robards e Victor Holchak), capaz de pérolas como sempre comer um bife com 12 ervilhas (desde que sofreu um grave acidente aéreo), e de trancar-se por anos a fio dentro de uma sala de projeção; o segundo, bem mais talentoso no Cinema, porém não menos tirânico (capaz da frase "não recebo conselhos de atores; eles estão aqui para atuar!"), Otto Preminger, famoso diretor teatral e cinematográfico, nascido austríaco, porém radicalizado nos EUA, onde dirigiu clássicos absolutos como Laura e Anatomia de um crime - ambos, se estivessem vistos, fariam 100 anos.

Mas hoje é o terceiro aniversário que está sob os holofotes deste humilde espaço virtual: o amigo de infância José Henrique Spencer Leão, o "ás da informática" e cineasta (já tendo realizado a edição, o roteiro e a edição de vários trabalhos em sua amada Recife natal), completa 29 anos! Amigo dos tempos de escola, quando de sua vinda com toda a família de Recife, Pernambuco, para São Luís do Maranhão, em nossa quarta série do Primeiro Grau, nossa amizade estabeleceu-se mesmo na sexta série, quando da sua mudança para a minha sala. O curioso é que, quando da sua partida de volta para Recife, em 1991, perdemos completamente o contato (culpa exclusiva dele!) e só no ano passado, graças a este blog, podemos enfim localizar-nos e colocar o papo de 14 anos em dia! A ele, os meus mais sinceros parabéns, desejoso de ver realizados todos os seus sonhos (que, em parte, também são meus, já que sempre idealizamos, um dia, viver do trabalho no Cinema)! E a ele, nesta semana, uma pequena homenagem sobre o amigo distante, onde, na sexta, publicarei um pouco mais sobre este cabra porreta! Hoje, um poema que fiz e que traça um pouquinho desta história...



Poema da Infância Perdida
ou
Soneto Henriquiano


Querido amigo pragmático,
Tu que não gostas da poesia,
O siso e o tempo um pouco adia
E me ergue algo automático:

Busca pela infância perdida
Entre as nossas musas e asneiras,
Segue perdido pela feira
E traz nossos robôs de volta à vida!

Não perde a fé, cético amigo,
E ouve bem atento o que eu digo:
Esse tempo não se perdeu

- Entre os nossos planos e efeitos
Remonta tudo, enche o peito
E grita: "esse filme é meu"!

(Dilberto Lima Rosa)

sábado, 3 de dezembro de 2005

Enfim chegamos ao tempo comum entre o comércio e a reflexão (se é que isso é possível): dezembro, do Natal, da beirada do Ano Novo, dos presentes, das alegrias, dos nascimentos e dos suicídios... E, bem na virada do mês, já tivemos dois acontecimentos especiais: 25 anos sem Cartola (último 30 de novembro) e os 70 anos de Woody Allen (última quinta, dia 1º. de dezembro). Vamos a estes dois grandes mestres...


Angenor de Oliveira, o elegante Cartola, de chapéu-coco no meio da construção civil e de nariz curioso sob os óculos escuros da pele negra, nasceu em 1908 e "renasceu" em 1974 quando gravou, aos 65 anos, seu primeiro disco... Um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, ao lado de gente simples e genial como o também fantástico parceiro Carlos Cachaça, com sua voz firme e suas próprias letras, então já cantadas por tantos outros, ecoou sua bela poesia em alguns poucos discos definitivos, para fazer com que o samba nunca morresse... É, Cartola, as rosas não falam e a alvorada lá no morro é uma beleza, onde ninguém chora, não há tristeza e ninguém sente dissabor: prefiro o romantismo de teu morro parado no tempo e o colorido verde-rosa do teu universo de samba perfeito ao mundo de hoje e ao já quase enterrado samba... Disfarço e choro tua perda, corro e olho o céu, que o sol vem trazer, sempre, bom dia, com tua música eterna e reverberada por tantos intérpretes e amantes da tua arte, tu, que nunca tiveste hoenagens à altura de teu talento em vida, recebe esta minha, simplesinha, pelo Dia Nacional do Samba (dia 2 de dezembro), onde reinas absoluto...


Allen Stewart Konigsberg, o genial Woody Allen ('woody', do "formato de palito" que tinha quando do início da carreira), o mais famoso judeu nova-iorquino do mundo, com todas as suas esquizofrenias e paródias por sobre a sua própria sociedade intelectual e emocionalmente despreparada, completou, na última quinta, setenta anos de uma vida que é uma verdadeira obra-prima: nascido pobre no bairro do Brooklin, venceu todos os preconceitos familiares e chamou a atenção como comediante ('stand up comic') em perdidos palcos nova-iorquinos, até ter seu talento como escritor de comédias descoberto por Hollywood ao ser contratado como roteirista no filme Que que há, gatinha? (1965), onde também demonstrou seus dotes como ator (atuando também em inúmeros outros trabalhos, seus e de amigos). Mostrou a que veio realmente, como diretor e ator, com a sua pequena obra-prima, Um Assaltante Bem Trapalhão (1969), espécie de "Cidadão Kane de um ladrão incompetente". A partir de então, seguiu-se uma brilhante carreira no Cinema, em magistrais comédias arrasadoras (Bananas, Tudo que você queria saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, com o que ganhou os Oscars de melhor filme e melhor diretor) e inteligentes dramas sobre os relacionamentos (como o "bergmaniano" Interiores e o absoluto Manhattan, filmado em preto e branco), que fizeram dele um dos maiores nomes dos anos 70; nos anos 80 e 90, mesmo com altos e baixos (como os geniais Zellig e Era do Rádio, os bons A Rosa Púrpura do Cairo, Hanna e Suas Irmãs e Neblina e Sombras e os fracos Broadway Danny Rose, Setembro e Maridos e Esposas), manteve-se como grande artista. E, mesmo com sua vida pessoal em frangalhos e na berlinda (com a difícil separação com a atriz Mia Farrow e o posterior casamento com a adotiva enteada, Soon-Yi Previn), desde então mantém uma regular e inteligente linhagem de bons trabalhos (como Todos dizem eu te amo e Os Trapaceiros) e segue, incansável, entre sua discreta vida de músico (ele toca clarinete e já até fez excursões com seu conjunto), seus Oscars (para os quais nunca deu muita importância) e os seus ídolos e influenciadores (como Bergman, Felliini, Checkov, Groucho Marx e Cole Porter), a desfilar seu ácido humor, capaz de pérolas como "Não é que eu tenha medo da morte; eu só não quero estar por perto quando ela aparecer..."

E hoje não percam minha intervenção no blog da "sobrinha" Lelinha

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

É, meus queridos blogueiros de plantão: o "Primeiro-Ministro" caiu! E só falta o bigodudo, com a sua corja, cair também no ano que vem aqui no Maranhão (com sua amada filhinha, que quer voltar a qualquer preço ao poder maranhense, a fim de retirar o atual desafeto, o Governador José Reinaldo Tavares, que está, por sua vez, fazendo de tudo para limpar a bagunça feita por Roseana em seus oito anos de desmando...)!

Como prometido, segue a entrevista dada pelo senador José Sarney à revista Carta Capital: notem a cara de pau em inúmeros aspectos que evidenciam que o bigodudo não tem mesmo mais a noção da enorme diferença entre a coisa pública e a privada... Leiam tudo e se divirtam!


"NÃO TENHO CULPA"
O senador José Sarney fala do mausoléu, da oposição, de oligarquias e dos índices de desenvolvimento do Maranhão
Por Sergio Lirio

Na manhã da quarta-feira 16, o senador José Sarney recebeu CartaCapital no gabinete de Brasília. A Assembléia Legislativa do Maranhão ainda não havia aprovado o projeto que prevê a devolução do prédio histórico que abriga a fundação do ex-presidente da República ao Estado. Sarney classificou a iniciativa de "briga política", defendeu a construção de seu mausoléu no convento que um dia abrigou padre Antonio Vieira e disse que os indicadores sociais que colocam o Maranhão na rabeira das estatísticas nacionais estão distorcidos. E desabafou: "Não tenho culpa de ser ex-presidente".

CartaCapital: O Ministério Público Federal e a Assembléia Legislativa do Maranhão questionam a doação do Convento das Mercês à Fundação José Sarney. Como o senhor encara esse questionamento?
José Sarney: Não há doação. O que há é uma fundação, feita a exemplo do que se faz nos EUA com todos os presidentes da República. No Brasil, temos a Fundação Tancredo Neves, temos a do Fernando Henrique, criada em forma de instituto, temos a do Juscelino Kubitschek, em Brasília. Entrei como doador de todo o meu acervo, cerca de 400 mil documentos. Estão lá todas as minhas obras de arte, a minha biblioteca de 40 mil volumes. Sou um colecionador, bibliófilo também, tenho cerca de 2 mil livros, primeiras edições, edições raras, manuscritos raríssimos como Espumas Flutuantes, de Castro Alves. O Estado entrou com o local, que estava abandonado. O convento é um dos museus mais visitados do Brasil. Mais de 100 mil turistas estiveram lá neste ano.

CC: A oposição diz que a Fundação não cumpre suas finalidades e que o espaço é usado de forma personalista. Aluga-se para festas de casamento e usa-se como estacionamento, por exemplo.
JS: É mentira. Em dez anos, fizemos uns três casamentos e nem sei quem são as pessoas. Isso é comum em palácios da Europa. A Fundação vive de receitas de aluguel e de doações. Nunca ninguém acusou de se fazer política no convento, de se usar o espaço para assuntos pessoais.

CC: E como o senhor explica essa investida?
JS: É uma guerra política sem nenhum apoio público. O governador, por vendeta, quer... Na verdade eles não podem tirar o convento. Só se a Fundação não cumprir seus objetivos. O acervo que tem lá vale muito mais que o prédio.

CC: Mas não é uma atitude personalista querer ser enterrado em um prédio histórico?
JS: Todos os museus presidenciais dos Estados Unidos têm local para mausoléus. Posso ser enterrado lá, posso não ser, não é essencial. Seria um atrativo turístico. No futuro, até ponto de peregrinação. Tenho culpa de ter sido presidente da República? Tenho culpa de ser membro da Academia Brasileira de Letras? Tenho culpa de ter escrito mais de 60 livros e de ter livros traduzidos em 12 idiomas? Não tenho culpa. É a minha vida. Nasci no Maranhão. É um patrimônio do estado, não meu.

CC: Há uma frente de oposição formada por alguns ex-aliados...
JS: Todos são ex-aliados. O governador, aliás, é membro do conselho da Fundação.

CC: O fato de a vida política do Maranhão organizar-se em torno da figura do senhor não demonstra a existência de uma oligarquia?
JS: Nunca exercemos o poder de maneira pessoal. Somos gente simples. Tenho 14 irmãos; tinha, porque hoje são 11. Vivemos lá, casamos no Maranhão, os meus filhos estão lá, os filhos deles estão lá. Gente de classe média. A única participação em empresas é relativa à atividade política: jornal, rádio e televisão.

CC: Mas isso não faz a diferença?
JS: Isso não é ter grupo econômico. Temos uma pequena televisão, uma das menores, talvez, da Rede Globo. E por motivos políticos. Se não fôssemos políticos, não teríamos necessidade de ter meios de comunicação.

CC: O Maranhão ostenta os piores indicadores sociais do País. O senhor sente-se responsável?
JS: É outra mentira. O IBGE tem 2 mil índices. Em alguns o Maranhão é ruim, em outros é bom. Por exemplo, é o segundo estado menos violento do Brasil. Temos o segundo maior porto, que movimenta 100 milhões de toneladas. Quando assumi não havia nenhum quilômetro de estrada. Hoje temos a melhor infra-estrutura do Nordeste. Dizem que temos o pior IDH do País. Não é verdade, os dados estão errados.

CC: Errados como?
JS: O IDH é feito para sociedades industriais, urbanizadas. No Maranhão, 50% da população vive na zona rural. Isso distorce as estatísticas.

CC: E o fato de ter a menor média de escolaridade?
JS: No governo da Roseana Sarney foi o período de maior avanço na educação.

CC: O atual governo diz que ela não construiu nenhuma escola.
JS: Não é verdade. Ela recuperou a rede escolar e investiu pesado em um projeto de ensino a distância (um contrato de R$ 100 milhões com a Fundação Roberto Marinho). Foram 150 mil alunos atendidos por meio de tecnologia avançada. Em vez de construir prédios, ela preferiu apostar na tecnologia.

CC: Segundo o IBGE, das cem cidades com menor renda per capita, 83 ficam no Maranhão.
JS: É uma distorção que não foi criada por nós. Criaram 87 municípios que não tinham condições de virar cidade. Repito que 50% da população vive na zona rural. E isso é muito bom. O Maranhão é o segundo estado menos violento, atrás apenas de Santa Catarina.

CC: O discurso de posse do senhor, em 1966, é moderno. Promete uma ruptura com a oligarquia, mas...
JS: E aconteceu. No Maranhão, hoje, todo mundo tem oportunidade. Basta dizer que nunca persegui nem cassei ninguém. Tive todos os poderes, era governador no tempo da Revolução. Nossa presença no estado sempre foi em benefício de consolidar os ideais democráticos, de aprofundar a democracia, de lutar para que houvesse progresso. Basta dizer que meus adversários são meus antigos amigos. Todos estiveram comigo em algum momento. Nenhum deles deixou de estar do meu lado ao longo da vida. Agora, não posso me dar um tiro, me matar, só porque alguns não se sentem confortáveis com a minha presença no Maranhão. A verdade é que o carinho do povo é muito grande.

CC: O senhor fez a Lei de Terras, que distribuiu enormes extensões de terra a grandes empresas.
JS: A lei no meu tempo não permitia dar além de 3 mil hectares, de acordo com a Constituição. Sou contra muitos dos procedimentos que foram feitos em governos posteriores em relação à posse de terra no Maranhão.

CC: O senhor tem uma enorme capacidade de estar ao lado de forças díspares. Em 1965, foi apoiado pelas esquerdas e contou com a simpatia dos militares.
JS: Tive muitas restrições dos militares por ter uma ligação forte com a esquerda. Recebi várias vezes o Juscelino (Kubitschek). Sempre procurei unir todo mundo no Maranhão, governar para todos. Não tenho inimigos. Não há ninguém que diga que sou um homem violento. Por que o povo nos apoiaria por tanto tempo se usássemos de violência? Não usamos força, não usamos nada.

CC: Há vários prédios públicos batizados com o nome do senhor ou de membros da sua família. O Tribunal de Contas do Estado chama-se Governadora Roseana Sarney Murad. Não é outra prova do seu poder oligárquico?
JS: Mas o que significa para quem está há 40 anos na política botar o nome em um prediozinho de dois andares? Pode ser errado ou certo, mas não é uma tragédia.

CC: Vários parentes do senhor ocupam postos importantes na administração pública do Maranhão.
JS: Somos uma família que está no Maranhão há muitos e muitos anos, vamos dizer, há três séculos. Não posso evitar que uma cunhada minha, há 30 anos na magistratura, vire desembargadora. O que tenho a ver com isso? Nada. É a carreira dela. Mas não conheço outros parentes meus em cargos importantes.

CC: Um primo do senhor é vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado.
JS: É um primo distante. Não é meu irmão, não é meu sobrinho, nem uma pessoa próxima.

(Carta Capital, Edição n. 369, de 23 de novembro de 2005)

 

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