quarta-feira, 21 de outubro de 2015

- Não é hoje o dia em que eles voltam para o futuro...?!

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- Sim, é hoje...!

Eu ainda estava extasiado com aquela história incrível, autêntica ficção científica repleta de aventura e comédia (sendo que a capa do VHS o classificava somente neste último gênero, reduzindo-o, pois: aquilo era muito mais que "só" comédia!), com tudo finalmente se resolvendo às mil maravilhas para Marty McFly (Michael J. Fox) com sua volta para casa na discreta HillValley, em 1985, depois das sérias confusões causadas por ele, ao, sem querer, alterara todo o passado dos seus pais - e, consequentemente, o seu - quando viajara, também por acidente, para 1955, naquele incrível carro máquina do tempo (DeLorean - o mais "futurista" dos carros!), e em uma questão de minutos, talvez segundos, aconteceria o final perfeito, faltando somente a coroação com o beijo da namorada alheia a toda a aventura desenrolada, quando, de repente, os então calmos acordes com o famoso tema de Alan Silvestri eram interrompidos pela barulheira toda advinda do choque do "rompimento do tempo" (momento em que o DeLorean irrompia do nada, vindo de algum momento do passado ou do futuro, em meio a fogo e raios), e, de dentro do carro, saía nervosamente um Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd) com roupas e acessórios extravagantes para avisar que Marty e sua namorada precisavam vir com ele - Para onde?, perguntava o assustado casal - Ora, de volta para o futuro! - e tudo porque os filhos do protagonista estariam metidos numa grande enrascada! - Mas, Doc, esta rua não tem espaço para alcançarmos 88 milhas por hora... (cerca de 142 km/h) - Rua...?! Para onde vamos não precisamos de nenhuma... rua! - no que o DeLorean flutuava no ar, recolhia seus pneus, fazia uma manobra voadora e irrompia em direção à plateia, como que levando a todos nós, embasbacados espectadores, juntos para uma nova viagem no tempo! Simplesmente maravilhoso e mágico!

Perfeito, hurras! Nada poderia ser melhor: o título do filme "explicado" com a fala final do inventor (um inteligente jogo de palavras em antítese com o verbo "voltar"), a aventura jamais cessaria e os nossos heróis seguiriam para um futuro tal como o visto nas antigas obras de Ficção, onde os carros seriam voadores e não precisariam de nada além de lixo como combustível (isso era até crível pra muita gente na pura década de 80, quando os anos 2000 ainda eram coisa distante)! Para mim, aquele seria o final de toda a trama, aquele mais que perfeito para que os espectadores ficassem só na imaginação do que viria depois, tal como num bom livro... Só que não: milésimos de segundos após a minha euforia com o final em aberto, eis que surgia na telinha um To be continued... (algo como "A continuar...", ou melhor, "Aguarde continuação...") no estilo do letreiro do próprio título, com as setas indo e voltando, para, só então, começarem os créditos ao som de Back in time, do mesmo grupo Huey Lewis and The News, de Power of Love (clássico que concorreu ao Oscar de melhor canção em 86, mas perdeu para o "hino de motel" Say You, Say Me, de Lionel Ritchie): adeus, imaginação - a mágica dupla de ouro, Spielberg/Zemeckis (sem poder esquecer o genial roteirista Bob Gale), daria sequencia àquilo tudo como se inacabado fosse e botaria a perder, numa futura continuação, toda a originalidade criativa e perfeitamente encerrada em De volta para o futuro- Não vai prestar... - resmungava eu, no final daquela memorável sessão familiar de 89 (só então adquirimos o nosso primeiro videocassete e o filme seguia inédito na TV brasileira), no que todos só faltavam me devorar as entranhas: - Claro que vai prestar: eu li que eles vão pra 2015, voltam para 1955 como no primeiro, e ainda vão parar no Velho Oeste... Vai ser massa: não tem como dar errado!... Só que, infelizmente, deu, sim...

Pouco tempo depois, eu teria a comprovação das favas contadas ao ler na hoje extinta VideoNews que já estava sendo filmado não somente De volta para o futuro - Parte II, como também a Parte III, simultaneamente, para, ainda em 89, ser lançada aquela, com um interregno de apenas 6 meses previsto para o lançamento desta como o fim da trilogia nos cinemas (sendo que, aqui em São Luís, só comecei a ver tudo de meados finais de 1990 em diante)... Claro que eu veria as duas continuações, várias vezes (gravei um "pirata", de um videocassete para outro, e perdi as contas de quanto rebobinei pra ver de novo!): com toda aquela equipe criativa por trás, e eu, um animadamente cinéfilo adolescente consumista das continuações que viessem sem me preocupar muito com qualidade (como os também "pecaminosos" Caça-Fantasmas 2, Gremlins II e Robocop 2), não haveria como acontecer uma coisa terrivelmente ruim (bem, De volta para o futuro Parte III, né, com tanta repetição das primeiras histórias simplesmente adaptadas para o Velho Oeste...)! Mas, colocando sob a perspectiva do primeiro, ambas as sequências comprometiam o original numa noção de conjunto e nada mais eram do que meras aventuras isoladas e "engraçadinhas", muito longe de uma "necessária" continuação... E, mesmo que haja seus defensores até hoje, uma trilogia de De volta para o futuro mostrou-se, com o tempo, totalmente desnecessária (fizessem só uma sequência e olhe lá)! Tanto é que o mundo inteiro se lembra da história inteligentemente bem desenvolvida do primeiro filme, mas só cita algumas passagens dos outros dois como "cenas engraçadas" - como a do "skate voador" e do louco tráfego de carros no céu da segunda parte e a da "ponte Clint Eastwood" com o "trem voador" da terceira. Enfim, eu estava certo!

Tal como se daria, uma década depois, quando, na virada do século (e do milênio), o divisor de águas do Cinema de Ficção Científica Matrix terminava de forma semelhantemente em aberto, com Neo (Keanu Reeves em seu melhor papel), depois de passar o recado para a Matrix por telefone, sai voando como um super-herói, com domínio completo sobre o maligno sistema virtual, prenunciando 'n' possibilidades de continuação daquela trama incrível (mas sem o chato To be continued...), e eu anunciaria, tempos depois, em alto e bom som: - Não vai prestar essa nova trilogia que andam anunciando, vão por mim... Deixassem Matrix acabar com aquela cena da conversa de Neo e seu surpreendente voo e virava uma obra-prima!, mas ninguém me deu ouvidos e o resultado foi o desnecessário Matrix Reloaded e o insosso Matrix Revolutions (e olha que sou ameno nas críticas, porque a ampla maioria nerd simplesmente odeia esses dois subprodutos, com uma pequena margem de ódio a mais para o terceiro)! Sem querer, eu criara, com a simbiose das duas trilogias mais forçadas do Cinema, uma teoria cinematográfica: a do "Diga não a uma nova trilogia: o final em aberto do primeiro filme é mais digno!"...

Mas uma coisa não há como negar: todos nós nos divertimos muito com as partes seguintes de De volta para o futuro - especialmente com a "Parte II", com todas aquelas maluquices de um futuro ultratecnológico no melhor estilo dos Jetsons! E hoje, 21 de outubro de 2015, além do aniversário do meu pai (que jamais curtiu filmes "sem nexo" como esse), virou a mais nova data nerd, em celebração ao mais que atual detalhe visto no visor da máquina do tempo mostrado no comecinho ddo filme: esta seria a "data de destino" em que Marty, Doc e Jennifer (Elizabeth Shue, substituindo Claudia Wells do primeiro filme) chegariam ao futuro, exatamente 30 anos em relação à primeira trama, 1985 (e também ano em que foi filmado), transformando este dia no Dia da Trilogia De Volta para O Futuro! Tudo bem, nada de existirem ainda hoverboards (o sensacional skate que "só não flutuava sobre a água"), nem roupas "auto-secantes"e, é claro, muito menos sobre carros voadores a formar os novos congestionamentos nos céus neste nosso real 2015 - mas, sei lá, acho que não custa nada cada fã destas tramas mirabolantes dar uma espiadela para o alto hoje: vai que eles voltam, inovando e reinventando a nossa época atual?!

De qualquer forma, empresas diretamente ligadas ao merchandising direto da Parte II, como Nike, Pepsi e algumas montadoras de carros avisaram já há algum tempo que lançariam produtos idênticos aos mostrados no filme, ou ao menos equivalentes, a fim de faturar em cima do mega-evento - será que, enfim, teremos aqueles tênis fabulosos de cadarços automáticos?! Não se podendo esquecer que nesta data especial serão relançados, nos cinemas. o primeiro filme (em comemoração aos 30 anos de seu lançamento), e, em Blu-Ray, a trilogia completa, recheada de extras inéditos! E, num tempo em que é proibido sentir saudade, conforme desenvolvi numa postagem por aqui há algumas semanas, nada mais justo do que um filme (ou uma trilogia) que brinca com conceitos de tempo para nos resgatar uma época ainda cheia de deliciosamente loucas ideias fervilhantes de um caldeirão (ou seria melhor "capacitor de fluxo"?) de cultura pop que talvez nunca mais se repita... O futuro está aí - e, exatamente hoje -, que não me deixa mentir! - Great Scott!

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Viva Miele!

Sabe aquele cara que você admira à distância, pelos talentos que tem? Não, não falo de ídolos dos Morcegos, como Chico Buarque ou Woody Allen, mas, sim, daqueles sujeitos com quem você adoraria ter uns bons dedos de prosa, de preferência acompanhados por um bom drink e uma boa música ao fundo (não que não fosse também adorar bater um papo assim com os grandes ídolos...), duas coisas de profundo conhecimento desse sujeito polivalente, que sempre atuou nas onze, mas cujo maior talento, na verdade, sempre foi saber viver... Pois bem, pra mim, Mielle era assim! Afinal de contas, desde tenra idade eu vejo aquele senhor refinado, com seus famosos olhos azuis e falar manso e jazzístico, a apresentar A Praça da Alegria e tantos outros especiais globais (como ao lado da saudosa Sandra Bréa), a falar de Bossa Nova como poucos, com seus causos sensacionais - ele mesmo tendo vivido tudo pelos bastidores e ao lado dos seus criadores, tendo sido ele próprio um dos grandes produtores musicais da época -, a cantar afinadamente e a contar piadas escrachadas a qualquer tempo, especialmente durante as vacas magras: sempre se reinventando...

E foi justamente uma dessas suas "reinvenções" que mais marcou toda uma geração... Pois que, apesar de admirar o cantor, o produtor, o ator (um comediante nato!) e o bon vivant, seu carisma como apresentador, especificamente no deliciosamente tosco programa Cocktail, no SBT, no comecinho dos anos 90 - e, portanto, início da minha adolescência, com a puberdade à flor da pele -, foi onde Miele mais ativamente teve sua carreira acompanhada por mim! E por óbvias razões de seios expostos de meninas lindas (ah, as moças escolhidas a dedo pelo "Seu Sílvio", como diziam as más línguas...), que, sem nenhuma razão maior que a busca rasgada pela audiência, exibiam-nos toda sexta à noite (que que é isso, havia um contexto, eram espécies de "prendas" quando algum telespectador ganhava um dos "difíceis jogos" via telefone...)... Apesar da realização pessoal, eu sempre me enchia a cabeça de questionamentos: que garotas maravilhosas eram aquelas? Como é que elas sequer abriam a boca em cena, somente se expondo daquele jeito ("- E quem quer que elas falem?" - praticamente gritava a cabeça que não pensa...)? E como Miele, "o cara" de longa data e dos múltiplos talentos, sujeitava-se a apresentar um programinha tão gratuito e apelativo como aquele, onde a "atração" era unicamente a exploração da seminudez daquelas jovens? Necessidade de grana, talvez? Garantia do seu status sagrado de "cafajeste" já em idade avançada, praticamente o primeiro cafetão virtual da Televisão (sempre prometendo o strip tease total para o final)? Hoje, só Deus (ou o Diabo) sabe! Porque aquele distinto cavaleiro fará a festa no outro lado, onde quer que ele esteja: Luís Carlos Miele nos deixou na manhã de ontem, 14 de outubro, deixando os palcos e a televisão bem mais pobres de carisma e autenticidade... E para aqueles que ficaram e não tiveram o prazer de conhecê-lo pessoalmente, resta a lamentação de jamais poderem ter a chance daquele dedo de prosa sobre mulheres incríveis, grandes bebidas e Música da melhor qualidade...

Viva Miele, neste 15 de outubro, e sempre: ele, um mestre do showbiz e um professor na arte de encarar a vida sabendo rir de si mesmo... Um dos últimos artistas múltiplos remanescentes... Um dos últimos caras que, realmente, sabiam viver...


 

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