domingo, 27 de março de 2016

A Minha Lista do Oscar 2016:
Filmes para depois da premiação...

Não, não se trata da velha aposta entre amigos do "Oscar" (dito de forma aportuguesada e oxítona) e já tratada por aqui em postagens anteriores - mas não por falta de tentativa: até tentei um contato telefônico derradeiro para falar da minha listinha de possíveis ganhadores, poucas horas antes da premiação hollywoodiana, mas, não tendo muito retorno em empolgação por parte de um velho amigo, acabei desistindo da antiga tradição... A tal Lista do Oscar, desta vez, refere-se aos bons filmes concorrentes a que pude assistir antes (maioria) e depois da noite da badalada cerimônia - que, por sua vez, não pude ver na íntegra (ah, como eu estava louco para ver o apresentador deste ano, o grande Chris Rock, passear, na sua abertura, sobre as recentes polêmicas em torno da falta de inclusão racial): a indefensável Sky me deixou sem sinal no final de semana inteiro e tive de me contentar com o que a deplorável Globo costuma exibir somente depois de sua ainda mais deplorável programação habitual (naquela cobertura ridícula, com "comentários" perdidos de um Arthur Xexéo procurando anotações numa agenda (!) e uma Glória Pires aparentemente dopada - que saudades do finado Zé Wilker)... 

E, já que o Oscar foi entregue em 28 de fevereiro, há praticamente um mês, a ideia dessa postagem "atrasada" nem é falar da premiação em si, mas, sim, listar e comentar os melhores a que pude assistir dentre os indicados (em todas as categorias) e que, não necessariamente, foram os mais premiados (alguns deles nem levaram nada! E, como só vi três dos indicados no cinema (Star Wars, A Grande Aposta e O Regresso), posso dizer que, no meu "cinema em casa", estes foram os melhores filmes que vi, entre somente indicados e ganhadores, por ordem de importância e qualidade! Sim, pode-se dizer que foram poucos, porém, diante do meu tempo sempre escasso e do pífio número dos que a Glória Pires viu (e que, por isso, sempre surgia durante a transmissão com a pérola já viralizada na internet "- Esse eu não vi: não posso opinar"), ainda menor que o meu, até que consegui um grande feito! A vantagem é que, para além da festança milionária e da situação de "filmes do Oscar", os títulos desta minha humilde listinha ficarão ainda por muito tempo para belas conferidas posteriores, em qualquer época...
O MELHOR DO OSCAR 2016:

1.º - O Menino e O Mundo
2.º - O Regresso
3.º - Mad Max - A Estrada da Fúria
4.º - Divertidamente
5.º - Spotlight - Segredos Revelados
6.º - Ponte dos Espiões
7.º - Amy
8.º - Star Wars Ep.VII - O Despertar da Força
9.º - 007 contra Spectre

Para começar, Perdido em Marte e A Grande Aposta, honestamente, sequer deveriam ter sido indicados em qualquer categoria - o que dizer de vencer em alguma (como foi o injusto caso do segundo) - e, por esta razão, sequer os citei nesta minha humilde lista, considerando os meus quesitos de qualidade... O primeiro, dirigido por um sonolento Riddley Scott e interpretado por um Matt Damon no piloto automático (na verdade, em sua mesma interpretação de sempre - e que, por incrível que pareça, acabou lhe valendo uma indicação a Melhor Ator!), se não prometia muita coisa, revelou-se como uma ficção científica sem tempero e sem razão de ser, jamais dizendo a que veio, o que me fez largá-lo na metade na primeira vez em que tentei vê-lo (confesso que dormi...) e, na segunda e derradeira, só pude constatar que, nessa "indústria cinematográfica" (dois nomes que, pra mim, jamais poderiam casar-se: indústria e cinema), produz-se qualquer coisa, ainda que não se tenha nada a dizer ou mostrar com uma obra... Pelo menos, neste caso, fez-se justiça na premiação: a insossa ficção científica, sem suspense, drama ou qualquer outra situação que valesse as mais de duas horas de projeção, saiu da cerimônia de mãos abanando!

Já o segundo merece um parágrafo à parte (claro que não pelas qualidades, mas pela ausência delas!): a tal "aposta" do título até fazia sugerir, juntamente à boa edição do trailler quando do seu lançamento, que a "trama" envolveria um grupo de amigos que, descobrindo a iminente implosão da bolha imobiliária no super-especulativo mercado de ações estadunidense, resolveriam "dar o troco" e ganhar milhões com algum incrível golpe, tudo conduzido numa divertida pegada cool... Só que não! "Pegada cool" ele até força na primeira metade, nos momentos em que abre algumas "janelas" a interromper a narrativa convencional para que algum "convidado especial" (dentre eles, Selena Gomes!) viesse explicar aquele universo inexplicável das ações imobiliárias! Mas, na verdade, o diretor/roteirista Adam McKay (indicado nessas duas categorias e, surpreendentemente, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado!) não consegue criar nada além disso - e, justamente, porque, no filme inteiro, não há nada além disso: personagens que não interagem entre si (à exceção dos jovens ambiciosos com um Brad Pitty no melhor estilo Redford) e sem maiores dramas pessoais que cativem o espectador (a não ser uma premissa apresentada sobre um irmão suicida do cada dia melhor Steve Carrell - indicado, no ano passado, pelo seu primeiro papel dramático) se sucedem na tela em meio a diálogos intermináveis e exaustivamente técnicos sobre aquele universo chato e incrivelmente sonolento (mesmo no cinema, onde nunca durmo, sofri vários cochilos batendo a cabeça pra trás)... Em suma: chato, pretensioso e esquecível!

Então, para começar a falar da nossa lista dos melhores dentre os indicados deste ano, nada melhor do que começar com duas das franquias antigas mais queridas dos Morcegos, que, com novos e muito aguardados filmes lançados em 2015, reacenderam paixões adormecidas de nerds de diferentes idades e corriam por fora no páreo: o reboot/remake da Disney/Lucas de Star Wars com o seu nostálgico O Despertar da Força, mesmo indicado em cinco categorias técnicas, acabou saindo sem nada; e o eterno "espião mais famoso do Cinema", James Bond, no seu revigorado em ação e diversão 007 contra Spectre (apesar de esperar mais da volta do genial vilão Blofeld - agora na pele do ótimo Christopher Waltz -, este filme foi, sem dúvida, o melhor da safra com Craig desde a pequena obra-prima Cassino Royale, fechando a trama inciada nesse filme de 2006), que acabou levando Melhor Canção com a "estranha" e "polêmica" Writing's on The Wall, com seus falsetes e intervenções melodiosas açucaradas, do inglês Sam Smith... Polêmica porque muito criticada e considerada o "patinho feio" da competição (a badalada 'Til it happens to you, composta e interpretada por Lady Gaga, tema do conceituado documentário The Hunting Ground sobre jovens estupradas em universidades, parecia ser a favorita)... De qualquer forma, depois das canções da Disney sempre vencerem nessa categoria, parece que, após o Oscar com a belíssima Skyfall, de Adelle (2012), o prêmio de melhor canção, a partir de agora, tem que ser para um "filme de James Bond"!

Essas longevas e amadas cinesséries, porém, ficaram nos últimos lugares dessa mais nova lista dos Morcegos (oitavo e nono lugares, respectivamente) - que consideraram um documentário inglês em melhor posição: Amy emociona e não toma partidos ao narrar o envolvimento dos vários personagens reais (pai, namorado, ídolos, melhores amigas, fãs e imprensa) na tumultuada vida da brilhante cantora e compositora Amy Winehouse, falecida precocemente aos 27 anos em 2011, merecidamente ganhador como Melhor Documentário e nossa sétima posição! Um pouquinho acima, em sexto, o bom A Ponte dos Espiões, apesar de perder em ritmo e suspense ao longo da projeção (o filme começa muito bem, rendendo inclusive belas homenagens à edição de clássicos dos anos 50/60, época da sua trama), com um Tom Hanks fraco e sem brilho (seu protagonista parece uma rocha impassiva diante de tantos acontecimentos ameaçadores!) e um enredo que bem poderia ser melhor e trazer Steven Spielberg de volta aos bons tempos dos grandes dramas políticos, surpreende (nosso sexto lugar), cativa e prende a atenção até o final com a história real sobre um advogado e seu dever de bem defender um espião comunista (Mark Rylance, Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, desbancando o favoritismo de Stallone e seu intimista Rocky de Creed: Nascido para Lutar e o assustador vilão de Tom Hardy em O Regresso) contra toda uma opinião pública da Era do Macarthismo - tema bem oportuno em épocas negras de volta a temas fascistas nos EUA e de polarização Esquerda vs. Direita no Brasil...

O que mais se comenta até agora, no entanto, mesmo um mês depois da comercialesca festa hollywoodiana, foi a surpreendente (pelo menos pra mim) escolha de Melhor Filme para um apenas correto e competente, porém nada espetacular, drama de investigação, Spotlight - Segredos Revelados, no estilo do clássico Todos os Homens do Presidente, porém infinitamente inferior, a narrar, por meio de um elenco impecável e um roteiro bem enxuto e amarrado (não por acaso, também levou o Oscar de Melhor Roteiro Original e, neste quesito, era uma das minhas apostas), a história real de um grupo de jornalistas norte-americanos que decide revelar os primeiros escândalos sobre os abusos sexuais cometidos por padres católicos contra crianças em Boston - o que depois se revelou como acontecido no mundo inteiro -, ficando, na Lista dos Morcegos, apenas com o quinto lugar, atrás dos favoritos (e era pra eles a minha torcida maior) O Regresso e Mad Max! Mesmo o sempre subestimado subgênero da Animação a mim surpreendeu mais que o considerado pela Academia como Melhor Filme: o ótimo Divertidamente trouxe a Pixar de volta à criatividade perdida desde Up com a inteligente e diferente narrativa sobre a vida da menina Riley desde o nascimento até a adolescência, mas sob a óptica de suas emoções (personificadas pela Alegria, Medo, Nojinho, Raiva e uma equivocadamente gordinha, baixinha e de óculos Tristeza - maior ponto negativo do filme), memórias e pontes afetivas com a família e as primeiras dificuldades da vida (no caso, uma mudança para uma cidade nova), num belo filme, inteligente e divertido para todas as idades - Oscar de Melhor Animação e quarto lugar na nossa Lista!

Mas foi mesmo uma continuação da franquia de ficção científica dos anos 80- o quarto filme, para ser mais exato -, e uma das mais bem consistentes do Cinema, Mad Max - A Estrada da Fúria, que mais me chamou a atenção, conseguindo nossa terceira posição e o impressionante feito de ser indicado em 10 prêmios (vencedor em 6 categorias), incluindo as de Melhores Filme e Diretor pela absoluta competência de um "velhinho" ainda cheio de gás (o versátil George Miller de trabalhos tão díspares como Babe e Happy Feet, para quem dediquei minha torcida na categoria) e de um poderoso trabalho visual e consistente sobre temas bastante atuais (empoderamento feminino, meio ambiente, cegueira ideológico-religiosa), numa louca perseguição de carros que praticamente toma o tenso filme inteiro! Sim, o sempre bom Tom Hardy (o Bane de Cavaleiro das Trevas Ressurge, vilão aparentemente "homenageado" aqui na sequência da focinheira) decepciona como Max, o alucinado personagem incorporado por Mel Gibson das três versões anteriores, mas é facilmente "substituído" no protagonismo por uma vigorosa Imperatriz Furiosa (Charlize Theron, lembrando as heroínas das HQs de Frank Miller) e mostra muito vigor para novas e igualmente ótimas sequências! Um pouquinho acima e igualmente impressionante, o ótimo épico realista-naturalista de sobrevivência e vingança O Regresso - merecidamente consagrado com os prêmios de Melhor Direção para Alejandro Iñárritu (pelo segundo ano consecutivo: o diretor já havia ganho em 2015 por Birdman), Melhor Fotografia para Emmanuel Lubezki (pelo terceiro ano consecutivo: antes, por Gravidade e Birdman, todos em parceria com Iñárritu) e o tão aguardado Melhor Ator para o sempre ótimo Leonardo diCaprio (indicado antes, mas sem jamais ter levado, em quatro oportunidades) fica com o segundo lugar da Lista dos Morcegos entre todos os indicados!

E, enquanto não vejo outros filmes indicados que prometem bastante, como Brooklyn, Carol ou O Quarto de Jack, a nossa Lista enfim se encerra e, na modesta opinião dos Morcegos, o melhor filme em disputa foi... um brasileiro: O Menino e O Mundo é de uma Poesia tão cativante, de uma trilha sonora tão brilhante (e que praticamente narra o filme, sem diálogos inteligíveis nos raros momentos em que alguns personagens falam), de uma fotografia tão espetacular (o filme sobrepõe uma profusão de cores por sobre fundo branco, o que traz, ao mesmo tempo, leveza e profundidade) e de um roteiro tão incrível e digerível para todas as idades (curiosamente, não havia roteiro prévio às filmagens!) - apesar de a diferente narrativa sem diálogos e de algumas metáforas sobre temas como opressão capitalista, problemas sociais das grandes cidades e regimes militaristas poderem causar estranheza para as crianças mais impacientes e viciadas no universo Disney... A animação de Alê Abreu é tão rica de simbolismos cinematográficos e tão cheia de nuances interpretativas (atenção para o final e qual seria o destino do menino do título...), tão criativa que se equipara às melhores animações de arte europeias (como o divertido francês As Bicicletas de Belleville), tão forte que suplanta fronteiras com seus temas atemporais e universais... O filme é tão bom, tão bonito, tão nosso, tão brasileiro e tão mundial... Que, sim, ele não só mereceria uma láurea como Melhor Animação, como também deveria ter sido eleito o melhor filme do ano (no caso, ele é de 2014): é de O Menino e O Mundo o nosso primeiro lugar! O nosso Cinema segue excelente, mesmo com tantas dificuldades, e leva tantos prêmios no mundo inteiro, que, honestamente, não precisamos de Oscar!

Captura de Tela 2015-09-21 às 08.01.18
O subgênero da Animação mostrou que pode surpreender e, por cima dos preconceitos comuns - que costumam tachá-lo de "coisas para crianças", gerou dois dos melhores filmes dentre os indicados ao Oscar!

quinta-feira, 17 de março de 2016

Cambalacho junino dombosquino


Terminando uns afazeres agora nesse comecinho de madrugada diante da TV ligada, percebo, pouco antes de desligar para buscar a cama, que o canal Viva exibe a reprise da novela "Cambalacho" e, de repente, vem-me uma verdadeira enxurrada de lembranças ao ouvir a canção homônima que abria a atração global de 1986... Naquele ano, o meu segundo nos templos dombosquinos, lembro-me particularmente dquela abertura: após lutar com todas as forças de meus briosos 9 anos de idade para conseguir que Lícia, a garota mais linda da minha turma (e, talvez, do colégio inteiro: paixão avassaladora e maior que o mundo) aceitasse ser o meu par na tradicional quadrilha de São João, consegui a sua palavra de compromisso... Infelizmente, só até o primeiro ensaio, ocasião em que aquela sereia infantil me atraiçoaria e revelaria o seu canto falso e, antes mesmo de as primeiras coreografias da tradicional dança junina serem feitas, Lícia me revelaria que, na verdade, dançaria com Fabiano, um baixinho irritante de olhinhos fechados como um japonês de araque, mas que, naquele instante, tinha os olhos bem abertos num sorrisinho de vitória ao dar-lhe o braço para a primeira formação e me encarar malicioso como um daqueles vilões das comédias-de-colégio norte-americanas...

Arrasado como um Charlie Brown nauseabundo da realidade, suspirei o meu derrotado "Que puxa" e, de cabeça baixa, ia dando as costas para uma surpresa plateia de colegas da terceira série (que continuaria, em instantes, as primeiras coreografias como se nada tivesse acontecido), quando Tia Simone, professora de outra turma que também acompanhava a quadrilha, apiedada com aquela pueril dor de minha primeira apunhalada pelas costas, ofereceu-me uma participação na "nova dança" que estavam realizando, o "Cambalacho", que seria baseada na canção de abertura da novela da moda - os ensaios até já haviam começado, mas, dada a inusitada e patética situação minha, eu poderia integrar-me ao "elenco" por "motivo de força maior"... E mais: eu teria como par nada mais, nada menos (juro que o anúncio da minha futura 'partner' foi feito com similar retumbância) que Mirella​, da turma 31! "Mirella?!", "Uau, Mirella!!", "Mirella??"... - questionavam espantados muitos dos babões meninos presentes, incluindo o famigerado Fabiano! "Grandes coisas... E quem era essa Mirella?! Se quiser trocar, Fabiano, me devolve a Lícia e fica com essa tal de Mirella!", pensava eu com meus botões da calça de brim, ainda ferido, depois daquela sexta-feira negra...

Mas eis que, na segunda-feira seguinte, todas as previsões se confirmariam: sim, a "tal" Mirella era mesmo lindinha, com seu queixinho proeminente de um lindo sorriso aceso o tempo inteiro e um longo e belo rabo de cavalo de madeixas loirinhas, e, nem bem entrei no galpão dos últimos andares da escola para acompanhá-la (nem sequer fomos devidamente apresentados!), começou o ensaio da "nova dança" e aquela garota, como que provida de molas instantaneamente acionadas com música, rebolou e gingou lindamente diante do meu queixo caído e do resto do meu corpo duro sem ginga alguma para segui-la naqueles passos meio salsa, meio merengue, ainda deslocado do resto do já ensaiado elenco de colegas de outras turmas - tudo ao som de "Se você me der, eu quero/ Se você pedir, eu deixo/ E a gente vai levando/ Pirulito e quebra-queixo"... No fim do dia, só pensava em Mirella, de costas pra mim... Sim, aquilo mexera comigo em meus primeiros despertares de "menino-homem": a dança tinha algo de "politicamente incorreto" e dificilmente passaria nos dias atuais, com tanto rebolado e mãozinhas na cintura (as minhas e as dela, na dela) para aqueles garotinhos e garotinhas de 9 anos - e assim, a partir de então, aquela novela ganharia novos contornos para mim... E me surgia a primeira "paixão à primeira vista de costas" de que se teve registro...

Confesso, porém, que, no fundo, ainda pensava em Lícia e não me sentia muito à vontade com o novo e rebolento ritmo, apesar daquela bela loirinha, que eu mal encarava e seguia acompanhando somente por trás! Poucos dias depois, uma circular mimeografada cheirando a álcool nos seria entregue para levarmos aos nossos pais o modelito que os garotos deveriam mandar fazer para as festas juninas - e, no meu caso, o estilizado desenho de moda para a "Dança do Cambalacho" acabaria por me ajudar a desistir de todo aquele equívoco: no croqui, ficava claro o visual "latino-lover efeminado", afetada e exagerada imitação do figurino de dançarinos do Caribe, com tudo cheio de fitas multicoloridas e blusinha meio 'top', aparecendo a barriga - era a desculpa que faltava para o projeto de machista que eu era dizer que eu jamais vestiria uma roupa "de qualhira" como aquela! Graças a Deus, frise-se, mudei bastante de lá pra cá...

Resultado: Mirella seguiria na dança como se eu não tivesse existido ("Quem é Dilberto?! Ah, esse era o nome daquele menino que ensaiou comigo umas três vezes?!"); Lícia ficou com o seu Fabiano na quadrilha e eu, amargurado, sequer visitei a quadra do Dom Bosco no dia das apresentações - e, somente no ano seguinte, a minha Musa deixaria de bancar a "cambalacheira" comigo e, finalmente, cumpriria com a palavra sendo o meu "par dos sonhos" na quadrilha da quarta série, apresentada com a pompa que o maior evento romântico da minha vida de então exigia, dando-se na grande quadra do SESI, na Rua Grande - onde hoje funcionam os anexos da Procuradoria (acho que tenho essa memorável foto de nós dois como "caboclinhos" em algum lugar)! Sim, confesso, eu não tinha muito amor próprio nessa época, e Lícia ainda judiaria bastante de mim, abusando de minha apaixonada admiração por ela até a sexta série; Mirella viria a se tornar uma amiga cativante e divertida e, por alguns meses no terceiro ano (ah, esse Terceirão inesquecível que, direta ou indiretamente, sempre chega às minhas reminiscências dombosquinas...), acabaria sendo minha namorada - a segunda das quatro daquele idílico 1994 de relacionamentos-relâmpago (cresci e aprendi!); ainda vi Lícia depois de adulta, algumas vezes (ela continua bonita, mas sequer é meu contato em qualquer rede social...) e demos boas risadas daqueles tempos ingênuos nas poucas vezes em que pudemos conversar; e, por fim, casei-me com Jandira​ - que nada tem a ver com essa história e sequer imaginava que eu existia em sua distante Codó, quando assistia, na sua infância, à divertida novela Cambalacho pela primeira vez...

 

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