sexta-feira, 31 de março de 2006

O Clube do Coração...


O ano era 1998 e os muitos problemas pessoais da época conseguiram me emperrar a vida estudantil na Universidade... Entretanto, desde aquela saída do Cine Passeio, no início daquele mesmo ano, onde descrevi efusivamente minhas idéias culturais para amigos que me acompanhavam, um pequeno e maravilhoso germe começou a alimentar a alegria e o entusiasmo que me restavam no afã de gerar um novo sonho, algo realmente inovador no então quase morto seio cultural de nossa carcomida ilha de São Luís (devendo expandir-se, posteriormente, para o Estado, para o País, e, por que não, para o mundo...): o Clube dos Amantes do Cinema.

O título, quase lembrando antigos clássicos do Cinema europeu,era nababesco, mas a ideia era "simples": inicialmente sem sede, até conseguir alguma, no futuro, com o "Estado-mãe cultural", o Clube seria a união de um grande número de associados, pessoas que ouviriam nosso programa de rádio e assistiriam aos filmes de nossas mostras, realizadas em auditórios de entidades associadas, como faculdades e serviços sociais autônomos, como o SESC, juntamente a empresas em parceria, que, além dos patrocínios, contribuiriam com os chamados "apoios culturais", tais como os materiais utilizados gratuitamente (vídeos para as mostras, CDs para os programas de rádio etc.), bem como com a divulgação de nossos trabalhos (jornais locais), em uma grande fusão que, com o passar do tempo, cresceria ao nível de um grande centro cultural, capacitor de recursos para a fomentação de novas produções nacionais e de cursos para novos profissionais, com outros novos sonhos...

Mas, como tudo tem que ter um começo, este se deu em 26 de março daquele conturbado 98 - e, modéstia à parte, de forma bem pouco modesta: de cara, Sérgio Roonie B. Ferreira e eu, Dilberto L. Rosa, juntamente a Lígia Calina F. Brito (que conhecemos graça a um anúncio na revista SET), estouramos com o programa de rádio, Estação Cinema, pioneiro no Maranhão ao tratar de Cinema só com trilhas sonoras e informações sobre a 7ª Arte (e onde eu era o "locutor"), na Universidade FM, e com uma mostra de clássicos no auditório do SESC-Deodoro, no afã de realizar formação de platéia com debates e discussões, nos moldes dos antigos cineclubes, em exibições de genialidades como Amarcord, Casablanca, Meu Tio, Rio 40º, dentre outros. E tudo isso na última semana do mês de março, aproveitando o gancho da então 70ª edição do Oscar, onde fizemos um especial só com informações da grande festa norte-americana do Cinema.

Ah, Estação Cinema, quantas saudades... Apesar de jamais ter sonhado em trabalhar como locutor de rádio até então - e, talvez por isso, minhas apresentações, ao longo daqueles seis meses, normalmente eram afetadamente fracas... -, é daquele programa que mais sinto saudades em relação às atividades do Clube! talvez pelo divertido processo de elaboração de cada programa, gravado horas antes de ir ao ar (somente alguns dos últimos foram ao vivo), que funcionava mais ou menos assim: Sérgio e eu lembrávamos algumas canções que tocaram em filmes famosos; daí, com base naquele 'score', elaborávamos textos, pequenos e grandes, a depender do destaque que daríamos para cada filme, e durante a apresentação, eu lia os textos, intercalando informação entre as músicas tocadas (com "deixas" para a "apresentadora": alguém da área de Comunicação). Algumas vezes, entretanto, o processo era inverso: queríamos falar de um filme e procurávamos uma ou mais canções daquela película. De qualquer forma, como era gostoso relembrar aquelas trilhas, originais ou não, daqueles filmes sensacionais de comentar...

Infelizmente, mesmo com ampla divulgação na imprensa, tendo sido o Clube matéria de primeira página dos cadernos culturais locais por várias vezes, dificuldades com a Rádio, como o fato de o Estação não ter patrocínio e de que ninguém do Clube era da área de Comunicação (Sérgio "terminava" o curso de História, Lígia cursava Educação Artística e eu havia trancado o curso de Direito), acabaram gerando protestos de alguns setores da emissora - e, com a pouca "disponibilidade" de meu amigo Diretor-fundador Sérgio (bem como de minha Primeira Associada/Secretária Lígia), eu, como Presidente-fundador, ainda que nas mãos com um estatuto de sociedade cultural nunca registrado e com os tantos sonhos no peito, tive que ser objetivo e perceber que o melhor seria interromper os trabalhos antes de sucumbirmos, e assim o fiz, com o aval de todos os membros: encerrando "temporariamente" o programa, abandonávamos, também, todas as demais atividades do Clube exatamente seis meses depois de sua "inauguração", em setembro do mesmo ano. Deixávamos, tristemente, a cena do espaço cultural, mas não sem antes termos feito História...

Depois da ruptura, Lígia afastou-se um pouco dos holofotes, restando Sérgio e eu, sem mais compromissos com o Clube, a manter acesa a chama daquele sonho cada vez mais distante, sendo contratados esporadicamente para palestras e debates sobre Cinema em mostras e cursos realizados, em sua maioria, pelo SESC e pelo UNICEUMA... Até ensaiamos um "retorno" em 2001, meses antes de Sérgio ir para o Rio realizar o sonho de estudar Cinema, mas tudo não passou de um devaneio saudosista do Clube, frustrado depois de alguns dias de mostra num desorganizado evento de uma faculdade local. Até pensei mais uma vez, um dia, ser possível erguer novamente o Clube dos Amantes do Cinema, agora com uma forte parceria estatal, mas nada foi adiante...

Apesar de tudo, ainda hoje penso no Clube, tanto nas saudades de suas realizações como na chance de trabalhar nele outra vez, especialmente depois deste último domingo, 26, em que ele completou 8 anos de fundação: mesmo com as atividades realizadas de forma irregular ao longo de todos esses anos, gosto de pensar no C.A.C. como um sonho que nunca acabou realmente - e que, a qualquer momento, pode estourar novamente, em parceria com algum Amante de Cinema desgarrado...

quinta-feira, 30 de março de 2006



Com um pouco de esforço e de pena
por sobre o lodo
a coisa toda
pode até virar um poema...

(Dilberto Lima Rosa, Com um pouco de esforço e de pena por sobre o lodo a coisa toda pode até virar um poema..., 2006)

segunda-feira, 27 de março de 2006

Hoje se comemora o Dia Internacional do Teatro e o Dia Nacional do Circo, espécies de "artes irmãs", dada a teatralidade que o circo sempre apresentou, especialmente o gênero mais moderno, representado por montagens como as do Cirque du Soleil. Nunca fui ao teatro como fui ao cinema, mas alguns espetáculos me marcaram de forma especial, como a singela obra-prima Pérola, do recentemente falecido Mauro Rasi e com uma Vera Holtz para lá de inspirada, a boa produção de Édipo Rei, do gênio Sófocles, encenada lá no Sítio do Físico, e o musical Sonho de Catirina, nos seus primórdios, antes de o Fernando Bicudo estragar com suas estereotipações a boa colcha de retalhos da cultura maranhense do Bumba-meu-boi, no Arthur Azevedo, recentemente reinaugurado. Viva o Teatro, arte tão sucateada nos dias atuais, cujos artistas andam sorumbáticos, mambembes como artistas circenses, a perambular pelas ruas em festivais sem brilho à moda de antigos palhaços pobres dos circos sem lona...

E, falando em teatro, há artistas do mal que nunca merecerão nossos aplausos, muito menos nossos votos! Falo de políticos da estirpe suja da senadora Roseana Sarney - vocês sabiam que esta distinta "dama", somente no ano passado (e só se considerando os salários e gratificações que recebe pelo Senado Federal, em particular e em destaque a da convocação especial, que a rábula não abriu mão), recebeu a "baba" de quase R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), mesmo tendo trabalhado menos de quatro meses?! Pois é, meus queridos blogueiros de plantão: de "licença de saúde", a filha do capiroto bigodudo passou quase o ano inteiro neste Estado em campanha (o que se constituía em crime eleitoral!), desesperada que está ela e toda a sua família mafiosa (que dominava o Estado há mais de 40 anos até o novo governador romper com o grupo) para voltar ao poder... "Artista" de marca maior: dançava boi em promoções compradas com a Vale e com a CAIXA e posava de guerreira sofrida à também comprada revista Veja! Por isso, num dia em que se celebra a interpretação (digna, a nobre arte que vem da Antigüidade grega, e não a bastarda e imunda que ainda se deixa pulular no Poder), e no já quase encerramento do Mês Internacional da Mulher, nada melhor que, na ROTATÓRIA de hoje, publicar matéria recente do Jornal Pequeno (jornal independente local, um dos poucos lutadores árduos contra a imprensa forjada do grupo oligárquico) que tão bem relata esta "atriz do mal"!





UM PALIATIVO PARA ROSEANA SARNEY - Calçar as sandálias da humildade...
Por: Othelino Filho/Othelino Neto


Quando julgávamos já haver assistido aos episódios mais inusitados na vida política do Maranhão, eis que, no Dia Internacional da Mulher, a Sra. Roseana Sarney publica um texto no jornal da família em que conclama as mulheres maranhenses a seguirem o seu modelo, a sua trajetória na vida pública. "Tudo o que eu fiz e conquistei foi em nome do meu povo, da sua crença e das suas necessidades", salienta a senadora. Uma semana antes o seu pai já havia ocupado a tribuna do Senado para reverenciar a si próprio, atribuindo-se a qualidade de "o presidente mais corajoso que o Brasil já conheceu". A julgar pelo rumo dos acontecimentos, não será surpresa se pai e filha acabarem em camisas de força: ele, julgando ser o próprio Napoleão; ela, acreditando ser uma reencarnação de Madre Tereza de Calcutá.

A Sra. Roseana Murad disse com todas as letras que a mulher maranhense deve tê-la como um modelo a ser copiado no dia a dia de suas vidas. Cabotinismo à parte, o que é mesmo que a parlamentar oferece que possa servir de exemplo? O pólo de confecções de Rosário, onde centenas de pobres mulheres e suas famílias passam privações por conta de dívidas deixadas por Jorginho - o sócio/marido - e seu amigo chinês? As pessoas enganadas com o projeto Salangô, onde alguns milhões de reais do contribuinte foram irrigados para os bolsos de amigos do grupo? Centenas de funcionárias do Banco do Estado do Maranhão, demitidas para que se processasse a nebulosa venda do BEM ao Bradesco? As quebradeiras de coco, esposas ou mães de lavradores que foram obrigados a abandonar as famílias e se sujeitar a trabalho escravo em outros estados, uma vez que, como governadora, ela acabou com o nosso sistema de agricultura? E o que dizer das milhares de jovens maranhenses que, em mais de 150 municípios, não tinham acesso ao ensino médio por falta de escolas que Roseana achava uma extravagância construir? E preferiu jogar na lata do lixo 100 milhões de reais dos parcos recursos públicos apenas para agradar, "ficar na boa", com a cúpula da Fundação Roberto Marinho, a mesma organização a que pertence a poderosa Rede Globo?

A herdeira da "Capitania Hereditária", bem ao seu estilo arrogante e prepotente, vem apresentar-se como um modelo para as representantes do sexo feminino. Deixemos de lado os seus quase oito anos de governo desastroso para todos; menos para o seu clã, é óbvio. E como senadora? O que está fazendo do mandato que recebeu, senão passear de um lado para o outro à custa do erário? Qual o projeto, que tipo de intervenção, mesmo agora quando se diz aliada de Lula, tem feito em benefício especialmente das maranhenses e das brasileiras, historicamente discriminadas? Por que a senadora só ocupa a tribuna - e muito raramente - para ler discursos escritos pelos outros?

Se tivesse sido contemplada com alguma lucidez, a sucessora do oligarca-mor se teria poupado de situação tão ridícula. É evidente que seria uma blasfêmia evocarmos figuras consagradas como divindades supremas no plano religioso para fazer comparações despropositadas. Dispomo-nos a realçar algumas pessoas especiais e realmente exemplares, por suas vidas e obras que dignificam a espécie humana. Ainda assim haveremos de cometer injustiças por omissão involuntária. Porém, o dever de consciência nos impõe fazê-lo em nome do respeito à verdade e à luz do mínimo de senso crítico. De pronto nos vem à mente a figura de Joana d' Arc, a aldeã-soldado que, sentindo-se incumbida de cumprir uma missão transcendental, por amor e dedicação à pátria, lutou pela soberania francesa na guerra dos cem anos contra a Inglaterra (século XV), conquistando memoráveis vitórias. Famosa por suas atitudes heróicas, a Virgem de Orléans, depois de presa, foi covardemente condenada à fogueira por heresia e supliciada em 1431.

Modelar, também, é Lucrécia Mott, na sua jornada cívica por igualdade de direitos para mulheres e negros nos Estados Unidos (1840). Outros modelos inquestionáveis são as 130 tecelãs de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque (EUA), as precursoras das lutas pela valorização do trabalho feminino. Cruelmente exploradas, elas organizaram um movimento grevista e ocuparam a empresa reivindicando tratamento justo e condições decentes para exercer as suas atividades. A manifestação foi reprimida com requintes de pura barbárie, com as trabalhadoras sendo trancadas dentro da fábrica que foi criminosamente incendiada. Cerca de 130 operárias morreram carbonizadas, no dia oito de março de 1857, data que a ONU, somente em 1975, viria a oficializar como "O Dia Internacional da Mulher". Modelo é a irmã Dulce, da Bahia, que se dedicou integralmente à causa dos pobres e miseráveis. Modelo é a madre Flávia, de Codó, que fez da vida uma doação permanente aos desamparados, aos excluídos do Maranhão, do Nordeste, da Amazônia, entre eles os índios. Modelo é a irmã Doroty, hediondamente assassinada por defender humildes trabalhadores do campo, vítimas de jagunços contratados e pagos por latifundiários e grileiros facínoras.

Modelo é a médica Maria Aragão que enfrentou com altivez a ditadura militar e, mesmo violentada com prisões arbitrárias e torturas abomináveis, não arredou um milímetro das suas convicções ideológicas em defesa de sociedades democráticas, igualitárias, fraternas e justas. Modelo é a médica Zilda Arns, por uma existência plena entregue à tarefa de combater todas as formas de agressões, sobretudo contra crianças, adolescentes e jovens e exigir respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana.

(...)

Pedimos desculpas por omissões provavelmente tão graves. É que estas são apenas algumas das mulheres que logo chegaram à nossa memória por suas vivências exuberantes em sensibilidade, em amor ao próximo, seguindo com otimismo, fé e esperança a palavra, os ensinamentos e a verdade cristã. (...) Existem tantas outras mulheres que são testemunhos vivos de bravura, de grandeza no cotidiano de suas existências. Anônimas ou não, servem de exemplo porque vão à luta para cuidar dos filhos, da família, do lar. Não dispõem das mordomias de um Senado Federal, não podem contar com passagens aéreas pagas pelo contribuinte para cruzar os céus do Brasil e do mundo em intermináveis viagens turísticas. Não podem se dar ao luxo de tirar licença para tratamento de saúde e sair brincando bumba-boi por este Maranhão afora. Estas mulheres, sim, são verdadeiras guerreiras! Alguém precisa dizer urgentemente à senadora que lhe é permitido escolher à vontade um modelo bem melhor a ser adotado, o oposto daquele que é refletido quando ela se mira no espelho. Seria um paliativo para Roseana: basta que a princesa calce as sandálias da humildade...



(Jornal Pequeno, março de 2006)

quinta-feira, 23 de março de 2006

Não é de hoje que sou um contumaz saudosista. Acho mesmo que antes de nascer já o era com relação ao tempo que não vivi... E não há nada neste mundo de que eu mais sinta falta que dos anos 80, seja por ter neles vivido quase toda a minha infância (dos 2 aos 12), e, por conseguinte, toda a minha formação elementar, seja pela efusão de criatividade que se teve naquela época (em termos de filmes, programas de TV, 'rock', brinquedos etc.), seja por ter sido esta a última época da inocência de que conseguimos nos recordar, apesar do fio dental nas praias de todo o País... Eu mesmo já viajei por esta "Época de Ouro Pop" por alguns 'posts' aqui neste dileto espaço virtual e nas páginas de um livro que larguei de escrever pela metade há quase um ano e meio (Memórias da Magia do Cinema de Meus Anos 80), mas nunca a ela dediquei um espaço amplo por aqui - o que mudará a partir de hoje, a continuar pelo mês de abril, com a estréia do quadro Anos 80 são..., em homenagem a outro "ícone" popular da época, as figurinhas "Amar é...", com aquelas célebres frases de amor... Hoje, apenas uma recordação visual (mas que vale mais do que mil palavras), do tempo em que a Estrela era a nababesca empresa de antes da Era Collor das aberturas de mercado... Você se lembra disso?



E, falando em morcegos, aproximando-se mais um último domingo do mês, resta a convocação a todos os parentes desta amada família (todos os homenageados na coluna lateral com destaque para seus 'blogs'): não deixem de confirmar suas participações para a próxima REUNIÃO DA FAMÍLIA MORCEGOS, cujo tema será "minha profissão", onde cada um falará sobre o seu pé de meia, mesmo aqueles de quem já sabemos até o número da CTPS - como no caso do primo Makoto, que sempre levantou a bandeira de sua guerra de cada dia no sacerdócio do magistério! Se já se aposentou, se estudante profissional e recebe mesada dos pais, se tem mais de um emprego, se anda só fazendo um bico enquanto não vem o sonho de um emprego maior, o que ama e o que odeia no seu "matar um leão a cada dia"... E, como esta família é extremamente democrática (apesar de anônimas e sujas opiniões em contrário), o tema é amplo e a forma de apresentá-lo é livre (poema, crônica, citação, foto etc.), bastando, a quem da família que se interessar em participar, apor o 'link' deste 'blog' e/ou dos demais participantes (as imagens dos "símbolos" estão logo abaixo, a quem interessar possa). Tudo como sempre se deu, com a única novidade desta convocação "via 'blog'", "imitando" a prima Micha, já que as anteriores se davam apenas por e-mail!



E, falando em parentes e amigos, incrível como o Millôr conseguiu liberar todos os meus queridos blogueiros de plantão: surpreendentemente, pessoas cautas e extremamente comportadas revelaram-se através de palavrões extremados e em profusão nos últimos comentários - todos fortíssimos candidatos à escolha do próximo "comentário do mês", que vocês devem conferir ao lado, com o comentário de Sérgio Ronnie como o escolhido do mês passado! Ré, ré, o Mestre Millôr é fantástico mesmo e, sempre que possível, voltará com uma crônica inteligente aqui nas ROTATÓRIAS - e, para quem quiser conhecer mais deste gênio multifacetado, é só clicar no 'link' abaixo, direto para a sua página virtual!

terça-feira, 21 de março de 2006

Para Jandira, que tem a boca santa e nunca diz um palavrão sequer, mas que riu largamente quando li para ela este texto genial do Millôr (que publico hoje na ROTATÓRIA)... Para Paulinha, por razões que só ela entenderá... E para mim, que nunca falei um palavrão nesta m... de blog familiar! Com todo respeito, é claro!



Nosso vocabulário

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.

"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!".

O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por ílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo.

Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".

Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!


(Millôr Fernandes, La Insignia, Brasil, 2005)

sexta-feira, 17 de março de 2006

E o imortal se foi: Josué Montello, maranhense que impregnou estas belas terras em seus livros (que, por serem tantos, arrancaram sempre críticas de "produção em série") e que, apesar de suas posições políticas e de certas repetências conservadoras, deixou vazia a cadeira 29 da ABL, que dificilmente será ocupada por alguém tão dedicado ao universo literário como Josué (afinal, ele era jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, historiador, orador, teatrólogo e memorialista - boas as suas análises machadianas!) e eu, sempre que adentrar sua fundação aqui em São Luís (Casa de Cultura Josué Montello, um bom lugar para se ler), lembrarei "Cais da Sagração", dos meus tempos de colégio...




E hoje celebra-se um triste "aniversário": completaria 61 anos a "Pimentinha" Elis Regina, neste 17 de março... Ainda que nunca tenha sido um de seus mais ardorosos fãs (além de descaracterizar muitas canções imortais com suas interpretações nem sempre acertadas, o exagero de sua voz ultrapassava certos agudos inoportunos), não há como negar a sua enorme importância no cenário nacional: com sua voz perfeita e seu faro para garimpar sucessos entre compositores que depois se tornariam grandes vultos (como Ivan Lins), Elis realmente faz falta, seja por causa de sua personalidade forte (daí o apelido) num mercado fonográfico vendido como o atual, seja pela falta das grandes intérpretes sobreviventes daquela época (como Betânia e Gal)... É, tem gente que vai mesmo cedo demais (tenros 37 anos, numa morte que, apesar de nunca totalmente esclarecida, se deveu ao elevado uso de drogas, explicação plausível para o costumeiro excesso de seus comportamentos ou interpretações) - apesar de ter ela deixado uma fotocópia, a sua filha Maria Rita (afinal, ela só tinha cinco anos à época da morte da mãe), que, apesar de imitar todos os trejeitos da mãe, não gosta das comparações feitas...

Não gosto daquelas gargalhadas fora de hora, às vezes até em canções tristes, nem tampouco das "interpretações corporais" da cantora, com caras, bocas e caretas desnecessárias, subindo e descendo nas suas eloqüências vocais... Ainda assim, adoro a perfeição de sua voz (considerada perfeita em termos próprios da Física) e a geralmente acertada escolha de seu repertório, que incluía clássicos dos grandes nomes da MPB de então, como a dupla João Bosco/ Aldir Blanc, Tom Jobim (cuja parceria rendeu um dos melhores discos de todos os tempos: Elis e Tom, que eu, por acaso, tenho em CD), dentre tantos outros; admiro também como conseguiu a "Pimentinha" imortalizar algumas de nossas mais belas canções, como alguns verdadeiros "hinos" de nossa história cultural, como "Como Nossos Pais", de Belchior, "Arrastão" (Vinícius e Edu Lobo), "Alô, Alô, Marciano" (da "rainha" Rita Lee), "Madalena" (de Ivan Lins) e "Maria, Maria" (de Milton Nascimento), cinco interpretações definitivas de uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos - ao lado de outras divas, como a "Divina" Elizeth Cardoso, Maria Betânia, Maísa, Gal Costa, a "Sapoti" Ângela Maria...

Amo Elis perfeita em cada sua imperfeição... As mais de duzentas Elises... Todas as interpretações de si e do mundo... Amo os seus silêncios e os seus sorrisos...



Para Lígia Calina e Gabriel Melônio, fãs incondicionais de Elis...

quarta-feira, 15 de março de 2006

Hoje se comemora o Dia Mundial do Consumidor (leia mais no site do IDEC, ramo do Direito de que gosto muito, tendo mesmo feito minha monografia sobre o tema da responsabilidade do fornecedor, pouco depois dos 10 anos do Código Nacional de Defesa do Consumidor (a famosa "lei que pegou e que está comerando 15 anos). Na coluna ao lado (na seção "Amigos de Vôo") há o Portal do Consumidor, com as principais notícias e decisões mais atuais sobre direitos imprescindíveis para todos nós, em nossas brigas diárias com a Telemar, com os planos de saúde, com a Amazônia Celular...


E ontem foi comemorado o Dia do Poema: como a poesia faz parte mesmo do meu viver, em homenagem à data publico hoje um soneto sobre o inexorável confronto de todo poeta... Este poema faz parte de meu livro ainda não publicado 2004 Poemas, escrito no ano retrasado. Felicitações a todos os artesãos da poesia!





Morto Amor
ou
Soneto da Morte Amiga


Este meu poema feito no escuro
Verte no papel o sangue da dor
De enlouquecer, sem precisão, no duro
E seco vazio de um morto amor.

Bate à porta, com violência, a Morte:
- Faz-me entrar, não há mais o que fazer!
Quero crer, mas não consigo, na sorte
Reservada ao meu eterno maldizer...

- Anda e vem, poeta amargo e esquecido,
É este o opróbrio de teu amor falecido:
Que destino outro tens se não o meu?

- Creio, enfim, que certa estás, Morte amiga:
Perdi a mulher que me amparava a vida,
Minha lógica há muito já morreu...

(Dilberto Lima Rosa, 2004 Poemas)

domingo, 12 de março de 2006

Um breve desabafo em antítese

Apesar de sempre me expressar com meu punho, nem sempre falo com minha boca, os corações são outros, muitas das vezes - o escritor é o mesmo, mas as penas podem ser as mais diversas... Por isso, bem lembrando aos queridos blogueiros de plantão, a "primeira pessoa" nem sempre é "a que fala"! E hoje, encerrando a SEMANA ESPECIAL MULHER, trago um poema de minha autoria onde falo, com a voz feminina, sobre uma mulher que ama com a alma, e ainda um poema do mestre da alma feminina sobre uma mulher que perturba a alma de muitos homens... E viva todas as mulheres!

Um breve desabafo em antítese

Quero desabafar
Sem me comprometer
- Quero pertencer a todas as coisas que me prendem a você

E no meio da multidão
Prefiro parecer nua
A voltar a ser sua
Porque amo demais
E é real que essa dor não o traz mais
Só me satisfaz na sua ausência
Preenchendo,
Tomando corpo de minha carência...

(Dilberto Lima Rosa, Um breve desabafo em antítese pelos diálogos de uma boca só)


A mulher na janela - Salvador Dali


Januária

Toda gente homenageia
Januária na janela
Até o mar faz maré cheia
Pra chegar mais perto dela
O pessoal desce na areia
E batuca por aquela
Que malvada se penteia
E não escuta quem apela

Quem madruga sempre encontra
Januária na janela
Mesmo o sol quando desponta
Logo aponta os lábios dela
Ela faz que não dá conta
De sua graça tão singela
Que o pessoal se desaponta
Vai pro mar, levanta a vela

(Francisco Buarque de Hollanda)


E, querendo saber tudo sobre as origens do dia 8 de março, só clicar aqui

sexta-feira, 10 de março de 2006

Ainda na SEMANA ESPECIAL MULHER, aproveito para publicar uma crônica escrita em 1993 e "revista'' no ano passado, quando da organização de contos para mais um livro, e que retrata de forma onírica e bem-humorada a eterna dualidade homem/mulher... Um abraço a todas!


O Mundo Maravilhoso das Mulheres
Para Fellini e suas cidades oníricas de mulheres sem fim...


Toda mulher é um mundo complexo diferente de qualquer outra. E tamanha complexidade se deve à influência que essa fêmea pode exercer no homem. E por que deveríamos, nós, aceitar tal força ou sermos influenciados por tais seres aparentemente tão frágeis e indefesos? É um grande mistério...

Silêncio em minha volta por alguns instantes... Em seguida, uma bela jovem me pergunta - Por que os homens caçam as mulheres? - Caçar!?... Bem, talvez pelo seu complemento: poderíamos relembrar a Bíblia, onde Deus teria feito a mulher a partir da costela do primeiro homem, já que quando o Senhor tentou fazê-la do mesmo material, a mulher não foi Eva, mas Lilith, mais largamente independente do que qualquer outro homem, o que não resultou lá em grande coisa... Logo, estaríamos nós, até hoje, procurando tal costela perdida, creio eu, a desbravar os mais inóspitos recônditos atrás do pedaço que nos completa...

Toda mulher é vítima! - continuo a provocar aquela platéia feita em ágora, que me circunda silenciosa como um bando de feras prontas a me trucidar ao primeiro vacilo... - O que pode, à primeira vista ser uma visão machista, na verdade me coloca numa confortável situação feminista: tal condição, de que a mulher sempre foi oprimida por uma sociedade de homens monopolizadores, que só as deixaram ao longo dos anos em segundo plano, fez com que elas se tornassem mais fortes que qualquer poder que o homem pudesse parecer ter, modificando, enfim, toda uma estrutura machista que regia, por séculos e séculos, o mundo. Nem sei como conseguiram...

Lançando-me ao sacrifício gratuitamente, como nos antigos espetáculos sangrentos do Coliseu da Roma antiga, persisto, ainda que mudando ligeiramente o tom - Pois já lhes digo como o fizeram: com aqueles olhos castanhos, que olham com jeito de pedinte; aqueles ombros delicados, seguidos de braços finos e mãos suaves que nos cobrem o rosto, para constatar se a barba está bem feita; aquelas pernas macias, que nos envolvem e nos prendem numa noite longa de luar poderoso... Seres encantados, que, como sereias, seduzem pobres e carentes marinheiros, que permanecem à deriva na vida à espera de um desses cantos, para, logo em seguida, serem mortos por elas. É, podem matar, caso não estejamos alertas para lidar com vozes tão sedutoras ao pé do ouvido, deixando o suave perfume nos inebriar, juntamente com a vontade de lhes tocarmos os cabelos...

Uma mulher se aproxima de meu púlpito (meu Deus, quem a fez tão linda assim...) e me questiona - E os homens, então? Seres indefesos perante tantas acusações a nós, mulheres? Pobres vítimas, em conseqüência? Por que então um homem nunca está satisfeito com uma só mulher, ainda que em remotos pensamentos e desejos?

No meio do turbilhão de ronronares em polvorosa graças à provocativa pergunta, atrevo-me a pôr ordem naquela pequena balbúrdia estalando no ar um chicote, cujo brandir sossegou o alvoroço que quase se instalou. E eu, por fim, arrebato - É que os homens temos medo da morte, nós todos... - ainda que engolindo a seco e um pouco reticente diante da minha filosofia de cara de pau... - Medo de morrer e de não conhecer um pouco da essência de cada mundo mágico e diferente que cada uma de vocês traz consigo... Assim, independentemente de como todas vocês reagirão depois deste discurso, seguirei encantado e cativo pelo íntimo universo de cada uma de vocês...

Nem bem respiro e sou aplaudido de pé por um anfiteatro interminável das mais belas mulheres do mundo...

quarta-feira, 8 de março de 2006

Parabéns, não só hoje, como sempre, à D. Dilena, Jandira, a todas as mulheres desta família virtual (Clarinha, Miguxinha, Mirza, Lidiane, Glória, Advi, Micha), à Maria, às mulheres da Família Rosa, às minhas professoras, à Adriana, Rosiane, Iza, Zilda, Cora, Bette, Leila, Elis, Bethânia, Gal, Ella, Billie, Tarsila e a todos estes seres iluminados mais que necessários: vejo flores em vocês! Que Deus as abençoe!


SEMANA ESPECIAL MULHER



Todas As Mulheres do Mundo


Amo minha mãe
Amo minha noiva
Amo a mulher de cada estação
Amo todas as mulheres do mundo.
Amo a vida festiva,
Recatada e exclusiva
De cada alma feminina...

Amo cada seio,
Cada perna torneada,
Cada gesto
A cada dia mais
De cada palavra
Caída de suas bocas
De amor e de perdição
No desfile de suas formas,
Das ninfetas perdidas
Às mais velhas e sentidas,
Perfeitas em cada imperfeição.

Eu, que nunca lhes disse não,
Nunca soube mesmo por onde começar
- Amo desde aquela mão
Cheirosa de mulher
Bonita e madura
Que primeiro me despertou
Aquela maravilhosamente
Estranha sensação
Ao pôr-me os cabelos
Para trás das orelhas
Dos meus cinco anos de então...

Elas, todas em minha volta
Eu, a seus pés
No calor das tardes chuvosas,
No torpor das longas jornadas
Noite adentro
E nas manhãs
Do doce companheirismo,
Dos sedutores sorrisos
De quem se dá por inteiro
A cada hora do dia
- Mulher, pura poesia
Em movimento
No tempo que não tem fim

Meninas,
No jogo sofrido
De tê-las, de perdê-las
E de novamente achá-las,
Sigo atônito e perdido
Em volta dos seus umbigos
Por debaixo do tapete
Bem no meio do chão da sala

Seus ombros, seus braços,
Seus olhos nus,
Colo imenso, flor aberta
De cheiros inebriantes...
Mulher,
Amiga, mãe,
Esposa, amante,
Desgraça, amor e paz
- Enfim,
Toda mulher me satisfaz!

(Dilberto Lima Rosa, Um breve desabafo em antítese pelos diálogos de uma boca só)

segunda-feira, 6 de março de 2006

"Não é sempre que Hollywood se ocupa em refletir sobre os temas do seu tempo, mas ocasionalmente isso acontece! esse é o nosso papel, não é? Refletir a sociedade, e não liderá-la?" George Clooney



Crash na montanha! Assim "fica difícil aqui para o cafetão": isso lá é canção para Oscar (realmente a terra do jazz e de Hollywood anda muito a desejar em termos de música...)?! Acredito que palpiteiro nenhum em qualquer bolão teria arriscado suas fichas no apenas mediano Crash - no limite (que foi vaiado no Festival do Rio por uma platéia insatisfeita, de acordo com algumas fontes fidedignas daquelas bandas), mas tudo bem: ganhou a Academia, com um ano de bastante conteúdo em termos de escolhas, com profunda preocupação social, racial e acima dos preconceitos e dos conteúdos vazios que costumavam imperar até então... Decerto que injustiças homéricas foram cometidas, mas tal se deu mais com os filmes que ficaram de fora, como Marcas da Violência, do mestre Cronemberg, ignorado pela Academia (assim como Kill Bill vol. 1, alguns anos antes) ou com a ausência de O Jardineiro Fiel para mais três indicações mais que merecidas - melhor filme, direção para Meirelles e ator para Fiennes -, ou ainda com Batman Begins em mais categorias técnicas (como direção de arte, som e efeitos sonoros)... Mas, mesmo com a "melhor" canção (!) e o "melhor" filme - que ganhou mais pelo chamado contra o preconceito, especialmente o racial, que pela qualidade real -, a cerimônia se saiu bem e cumpriu seu papel de denuncismo social na conservadora era Bush: apesar de apressada (foi a que terminou mais cedo, 1:23 h horário de Brasília, especialmente pra mim, que era acostumado a dormir lá pelas 3:30, 4 da manhã uns dez anos atrás...), com humor discreto (sentida a falta de Cristal, Stuart acabou por sair-se bem, especialmente com as brincadeiras no telão sobre as campanhas e os 'lobbies' dos candidatos, satirizando as propagandas eleitorais norte-americanas) e com pouca emoção (repetição de Perlman no palco, na mostra das trilhas-sonoras, tal como se deu em anos anteriores, discursos corridos e ausência quase total de 'shows'), o realismo deu o tom da festa (especialmente no discurso do Presidente da Academia) e a precisão imperou no ritmo das escolhas dos indicados, o que se refletiu também nas escolhas dos premiados - veja aqui a lista com todos os premiados -, restando apenas o meu lamento na escolha de melhor diretor, que cabia a Clooney, por amarrar um grande roteiro num filme incrível e prender a atenção mesmo daquele espectador que nunca ouviu falar do senador McCarthy em Boa noite e boa sorte... Resta ainda o imenso desrespeito da Rede Globo de televisão, que só iniciou a transmissão lá pela sexta ou sétima premiação, depois de todas as tolices fantásticas e absurdos big brothers, e dos apresentadores pouco inspirados, que cortavam as falas dos reais apresentadores da cerimônia, sem falar no corte abrupto do final, sem direito à despedida do comediante John Stewart!

sábado, 4 de março de 2006



Já se vão mais de dez anos quando meu amigo Sérgio e eu, ainda dois adolescentes no Colégio Dom Bosco, começamos a fazer apostas sobre o Oscar, e, ao longo dos anos, fui o maior ganhador por causa dos quase sempre certos chutes que dava nas áreas dos curtas de animação e de documentário, uma vez que, quanto aos demais palpites, praticamente empatávamos - bons tempos de Vídeo News e SETs de qualidade... Já fora da escola, no Clube dos Amantes do Cinema, a brincadeira passou a ter "premiação" para o vencedor: os perdedores pagavam um lanche ou um jantar à escolha do que acertasse o maior número de categorias! Por fim, aliar-se-iam ainda os amigos Ricardo Alexandre e Lígia Calina...

Tudo isso para dizer que, apesar das distâncias, este ano não poderia ser diferente: Sérgio Ronnie e eu estamos juntos mais uma vez, ainda que virtualmente, para uma "Aposta do Oscar" (oxítona mesmo, pra brincar com o nome em Inglês!) - com o acréscimo de um novo parceiro, o Luiz Henrique, cinéfilo de carteirinha, que planejou comigo este bolão virtual e que também faz hoje um 'post' dedicado a esta aposta!

Não que o Oscar seja a "maior festa do cinema mundial" ou qualquer outro blá, blá, blá alardeado pela imprensa maravilhada com o 'glamour' daquela cerimônia longa e por muitos considerada chata e apenas comercial, mas sim pela sempre divertida oportunidade de reunir os amigos em torno do velho debate sobre o 'hollywoodian way of doing films', aquela clichê discussão em torno do comercialismo vencendo a qualidade etc., especialmente para nos depararmos com surpresas estarrecedoras (como os surpreendentes 11 Oscars que obteve Titanic em 98!), capazes de arrefecer qualquer ânimo em torno de um filme de melhor qualidade, porém de menos bilheteria...

Entretanto, parece que este é o "ano político" da Academia (composta por milhares de membros, entre técnicos, atores, diretores e produtores do cinema norte-americano), onde filmes mais conscientizados e com orçamentos mais modestos vêm alcançando destaque - como nos casos da indicação do polêmico Paradise Now, que mostra 48 horas na vida de dois jovens futuros "homens-bomba", ou nas indicações mais que merecidas a dois grandes filmes estrelados por George Clooney, Syriana, também sobre terrorismo palestino, e o ótimo, porém hermético Boa noite e boa sorte, que, além de estrelado, é também dirigido (e muito bem!) por Clooney, a narrar o sério combate da CBS ao insano senador McCarthy... Mas nenhuma polêmica poderia ser maior que o amor de dois 'cowboys' 'gays' num país ainda dominado por muito conservadorismo (e dirigido por um estrangeiro!) como é o caso do favorito Brokeback Mountain!

Normalmente, a esta hora, já teria visto praticamente todos os filmes participantes e poderia falar, com ganho de causa, sobre os que mereceriam ou não qualquer premiação e os que levariam por puro 'marketing', mas vi pouquíssimos filmes da metade do ano passado para cá, sendo que em muitas categorias simplesmente não assisti nenhum (como os concorrentes ao prêmio de melhor animação, todos exibidos nos cinemas brasileiros)... Ainda assim, creio que dá para arriscar uns palpites e continuar na brincadeira! Vamos, então, à "Aposta do Oscar"!


A Montanha... O favorito?

"APOSTA DO OSCAR"


Melhor filme: O segredo de Brokeback Mountain
Melhor direção: Ang Lee (O segredo de Brokeback Mountain)
Ator: Philip Seymour Hoffman (Capote)
Atriz: Reese Witherspoon (Johnny e June)
Ator coadjuvante: George Clooney (Syriana)
Atriz coadjuvante: Rachel Weisz (O jardineiro fiel)

Direção de arte: Orgulho e Preconceito
Figurino: Orgulho e preconceito
Roteiro adaptado: O segredo de Brokeback Mountain
Roteiro original: Match Point
Fotografia: O segredo de Brokeback Mountain (na torcida, porém, com relação à lindíssima fotografia em preto e branco de Boa noite e boa sorte ou ainda à precisa fotografia de Batman Begins, injustamente indicado somente nesta categoria!)
Maquiagem: As crônicas de Nárnia
Canção: "In the Deep" (Crash - no limite )
Trilha sonora: O segredo de Brokeback Mountain
Mixagem de som: King Kong
Edição de som: Guerra dos Mundos
Efeitos visuais: King Kong
Edição: O jardineiro fiel
Melhor Animação: Wallace & Gromit: A batalha dos vegetais
Melhor curta de animação: One man band
Melhor Documentário: A marcha dos Pingüins
Melhor documentário curta-metragem: The Mushroom Club
Melhor curta-metragem: Ausreisser (The Runaway)


E não deixem de conferir as novidades em função do Oscar na coluna lateral: nos Contatos Imediatos, ouvindo música (finalmente tocando de verdade!) - a imortal canção "Somewhere over the raimbow", do filme Mágico de Oz, vencedor em 1940 dos prêmios de melhor canção e trilha original; e o Mês Especial Oscar, com polêmicas curiosidades sobre os prêmios ao longo destes 79 anos de premiação!
 

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