terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Buuuu...!"


Cruzes!

"Um encanador que sofria de dores crônicas no abdome e sangramento no umbigo finalmente resolveu o seu problema. E de um modo inusitado: o inglês "pariu" um gêmeo depois de 30 anos. Gavin Hyatt trazia na barriga, sem saber, restos embrionários do irmão que não nasceu.

'Foi como se fosse o filme Alien. Eu não acreditava em Gavin quando ele dizia que algo saía do seu umbigo até que eu vi', comentou o médico Joe Santos, que realizou a cirurgia para extração do pequeno irmãozinho do encanador de Oxfordshire." (extraído de Page not found: Fernando Moreira, publicada originalmente no The Sun)

Sei que esse tabloide inglês inventa muita coisa bizarra, já é de seu feitio, mas essa aí, de tão esdrúxula, acabou virando "verdade" de tão recontada em inúmeros outros 'sites' e rodada por 'e-mails'. O pior é o final da tal matéria: o tal inglês guarda agora o "maninho" (feto que cresceu 4 cm ao longo das 3 décadas) num pote (foto)!

O macabro... Ah... O macabro!

Por que isso chama tanta atenção? Por que junta tanta gente diante do 'freakshow' de alguém deformado pela natureza, para ganhar algumas moedas em praça pública? Por que uma batidinha de carros provoca um engarrafamento bem maior que a obstrução dos carros na pista? Pois eu lhes digo, amedrontados blogueiros de plantão: o ser humano adora o macabro, tanto o distante, num mero filme de Horror, como o imediato, os destroços de uma tragédia que poderia acontecer com você... Deformidade... Corpos no chão... Sangue... "Morreu alguém?" é a primeira coisa que se escuta no ar... "Não" "Aahhh..." Trágico...

Não me estico para ver ninguém inchado ou com duas cabeças ou ensanguentado à beira da morte à beira da estrada, não: viro a cara! Mas fico invocado com essa invocação humana, independente de raça, sexo, posição social ou credo... Na verdade, até as religiões têm seu pé no macabro: ou alguém aí já se esqueceu dos sacrifícios e dos assassinatos epopeicos bíblicos ou ainda do sangue animal derramado em rituais de alguns cultos africanos?

Contos da Cripta!

É legal sentir medo: o gostinho de algo maior que nós é estressante e inspira, até hoje, todo o entretenimento em nossa volta... Tinha medo dos filmes de Terror quando menino, mas depois o gostinho e a curiosidade tomaram conta e, mesmo com medo e com um dedo no 'pause' do controle, aprendi desde cedo a amar todas as fitas, de Zé do Caixão ao 'terrir' 'gore' da série Evil Dead, de Twilight Zone a Contos da Cripta, naquelas inspiradas estórias curtinhas e cheias de continuação... É, as Artes não se cansam de brincar com nossos medos e angústias: de Mary Shelley a Stephen King, de Greenway a Lars von Trier, as góticas e angustiantes artes do medo, do sangue e do incômodo visceral sempre reinaram! E eu, que recentemente ando relendo Sandman e passei a ter pesadelos (especialmente com a estória mais assustadora que já li, aquela de Sandman 6!)... E gostei de me assustar com o incômodo cru e feito na raça de O Massacre da Serra Elétrica, que adquiri recentemente... E me diverti com o sucesso de divertidas séries televisivas, como Supernatural... Coisa estranha...

O 'Halloweeeeen'... Não é aquiiiii...!

E tudo isso por quê? O fim dos dias está chegando...? Não necessariamente: é que se aproxima uma data que nós, colônias culturais, andamos importando dos anglo-saxões, o tal 'halloween', o Dia das Bruxas (que antecede o católico Dia de Todos Os Santos - 'halloween', na realidade, é uma versão encurtada de "All Hallows' Even", Noite de Todos os Santos, ou seja, véspera do Dia de Todos os Santos, 'All Hallows' Day'): antes restrita aos cursinhos de Inglês (época em que até eu participei das brincadeiras e comi os doces sem-gosto típicos dos EUA nessa época, nos idos de meus 13 para 14 anos), esta longínqua festa celta foi incorporada ao calendário Inglês, posteriormente ao estadunidense, graças à colonização, agora por aqui também, até em festinha de boate de quinta...

Acho mórbido esse negócio de importar coisa alheia porque a grama do vizinho é mais chique que a minha: morro de medo dessa invasão alienígena, mais do que num clássico 'trash' dos anos 50, como A Bolha! Misturemos culturas neste gostoso caldeirão modernamente globalizado, mas, poxa, logo a gente, que cresceu ouvindo estórias de arrepiar na fazenda de alguém próximo, com o boitatá, a mula-sem-cabeça e o Currupira, vai sair adorando bruxinhas celtas sem graça ou vampirinhos de filmes adolescentes panacas?! Qual o quê... Muito mais gostoso sentir medo em Português! E viva o Saci!


Em alguns lugares do País, já se realiza uma gostosa e criativa resposta de valorização do "produto nacional": em São Luís do Piaratininga (SP) se realizará no próximo fim de semana a segunda edição do Dia do Saci!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Parabéns... E obrigado por tudo...


21/10 e 23/10


Abre esta porta
Para Carlos Humberto Guilhon Rosa

Ao filho que já fui
Ao velho que seca e definha
Ao menino que segue afoito
Ao passar de nós
Ao enxergar e a crer
No auto que a todos nos encerra
O que nossos pais querem nos dizer...

Sigo o ato que me cabe
E vejo um senhor alto,
Magro, longilíneo e de vista perdida
Entra e sai danado de porta
– Meu senhor, aonde vais?
– Não vês que estou cansado?
Fui inconseqüente, serei preocupado
Sou apenas teu pai!

Sigo ainda perdido, longe de tudo saber,
Pelo deserto da chama que lentamente se esvai
Esquecida, esmaecida, quase descolorada
Abre esta porta, à frente vai o amigo
À frente te espero
Meu pai à frente,
Eu o sigo,
Meu filho vem atrás...


Canção do Velho
Para Carlos Humberto G. Rosa

O velho
Segue nas pontas dos pés
Com os braços abertos
Querendo voar...

O velho
Na ponta do ar
Com a mente a descoberto
Segue a sumir...

O velho
Como nem fosse cair
Cresce ao léu
Na contramão da via...

Ao velho,
Hoje, nem dei bom dia...
Não perguntei como ia
Nem pra onde vai...

No incerto dos dias
Segue calado
Ao largo da poesia
– Segue, meu pai...


Três Poemas em Homenagem A D. Dilena

Ser Maior


Mão
Me estende
Mãe
De todas as virtudes
O tom quente
De teu manto protetor
E de tua presença visceral

Mar
Mãe
Que permanece
Gigante e inarredável
E que guarda
A poesia
De um oceano
Nos olhos
Tristemente alegres
Que guardam tanta vida

Ser
Mãe
De alma
Nas pontas dos dedos
Que tateiam
Na aridez repetida
Dos pensamentos
Pela balança perdida
Dos valores
Dos juízos
E pela luz
Da primeira porta aberta
Que conduza ao paraíso...


A Rosa e O Escorpião

Rosas à frente
Espinhos pelo caminho
Sol dolorosamente
Forte
Ao fim da noite em claro

O escorpião
Nem sabe mais de seu
Coração
(Deixou o ferrão para trás
Por sobre os sonhos mortos)
Tampouco lembra
Sua poesia:
Só corre
Só pensa
Em sua cria


Em Homenagem a D. Dilena

Mãe de todos os clichês
Da Rainha do Lar à Santa no Altar
Mãe maravilhosa
Busco poesia
Ao te exaltar,
Aos brados,
A beleza além da concretude
De tua vida reta
De teu porte impecável...

Eu, que de ti herdei
Os olhos, a boca e o cabelo
Sigo como um espelho
A te imitar a arte passional
Da perfeição
De teus valores corretos
Diante do incerto
De minha vida.

A bênção, senhora,
Tu que acompanhas ao longe
Os meus versos infantis,
Releva a tosca lembrancinha
Que fiz e que a ti oferto,
Eterna fonte em meio ao deserto
De meus pensamentos juvenis...

Jovem e bela morena
Das longas madeixas
Do retrato em branco e preto,
Senhora do cenho fechado
E da alma aberta
Diante do cerne da questão,
Fala e ensina aos quatro ventos
O que é ser mulher de plantão
E mãe, a todo o sempre,
Diuturnamente.

Luto em converter
Este fraco poema
(A curvar poesia em deferência
À mulher acima de todas as mães)
Em homenagem à D. Dilena
– Que se quebrem todas as penas
Poe sobre os papéis mais ásperos
Que a vida te deu
Na mais sincera e pungente
Poesia
Que é o viver
Ser
Filho teu.



Com carinho, todos os poemas (2004, 2005 e 2006) que já escrevi para vocês...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"I had a dream..."


*"Eu tive um sonho..." E, assim ocmo Martin Luther King Jr, também sonhei alto... E três amigos, juntamente com uma pequena, porém fiel, legião de fãs, sonharam juntos por 6 meses... A propósito, este 'post' está recheado de manchetes: clique nelas para ampliar a visualização!


O ano que, de fato, pra mim, nunca terminou... No finalzinho de março de 1998 , a poucos dias da festa de entrega do Oscar daquele ano (onde a injustiça foi grande: Gwineth Paltrow e seu comercializado Shakespeare Apaixonado e Benigni e sua A Vida é Bela fizeram a festa!), ia ao ar, às 21 horas, pela Rádio Universidade FM (106,9 no 'dion' daqui de São Luís do Maranhão): "Nas trilhas dos maiores sucessos do Cinema mundial... Estação Cinema... Com apresentação de Dilberto Lima Rosa... Uma produção do Clube dos Amantes do Cinema...". Isso mesmo, caríssimos blogueiros de plantão: fui locutor amador e, ao som do tema de Lawrence da Arábia tocando ao fundo, apresentei o primeiro programa da rádio maranhense voltado unicamente para trilhas sonoras e comentários sobre a sétima arte! E, o mais importante, eu não estava sozinho nesta empreitada...

Sérgio Ronnie Brandão Pereira (juntamente a outras pessoas, como Lígia Calina França Brito, que conhecemos por um anúncio na revista SET e que agia mais nos bastidores), amigo dos tempos do colégio, vivia então comigo o sonho de construir um movimento cultural cinematográfico, começando com aquele programa de rádio (semanalmente às quintas), passando pela formação de platéia (com apresentações aos sábados de filmes no SESC e numa faculdade local, com os bons e velhos "debates" e palestras dos antigos cineclubes) até chegar à sonhada sede, como um verdadeiro clube, a proporcionar a todos os seus associados mostras, cursos e muitas outras benesses...

Mas, além de aquele ano não ter sido fácil para mim por razões pessoais, meus amigos e eu não fomos para além do programa de rádio e das mostras com debates: o sonho acabava bem longe de sua conclusão ideal, no finalzinho de setembro, com o desgaste daqueles longos meses sem apoio ou financiamento (éramos ainda inexperientes no universo das atuais ONGs, por exemplo, longe da sombra onipotente do Estado ou de grandes projetos para a iniciativa privada...), apresentava eu (na verdade, passei a só "comentar", uma vez que o Curso de Jornalismo da UFMA exigiu, com o tempo, a mudança de apresentação para uma radialista assessorada por nós: eu não era "da área", mas estudante de Direito) o "último programa", despedindo-me não com um "adeus", mas com um "até logo"... Puro eufemismo forçado: aquele era mesmo o último programa, com a consequente última apresentação de filme no sábado subsequente...

Meus amigos morreram de overdose. Dos três, fui o único que seguiu carreira diversa: Lígia se manteve no seu emprego na CEMAR, Sérgio se formou em Cinema no Rio e eu segui advogando e lecionando e escrevendo nas horas vagas... Isso bem que daria um excelente roteiro com final aberto: cada um seguindo rumos diferentes, mas, quem sabe um dia, voltando a se reencontrar com o fim de reerguer um projeto como o Clube dos Amantes do Cinema... E, como num final de filme "baseado numa estória real", hoje nossos "heróis" se encontram da seguinte forma: Sérgio, de volta do Rio e sendo um pacato professor de áudio-visual em São Luís, só deixa a COHAB morto (até porque, se quiser deixar a COHAB, sua amada o mata sem pestanejar!); e eu, à beira de novos desafios e herdeiros cheios de vida, sigo advogando assim-assim, longe daqueles bons tempos que, quem sabe, um dia voltam...?

sábado, 10 de outubro de 2009

Lista dos Meus (Pouco Mais de)

50 Melhores Filmes - Parte II


O Jens sentiu falta do genial diretor sueco Ingmar Bergman e a Magui queria ver o adorável Sete Noivas para Sete Irmãos na Lista dos meus (pouco mais de) 50 melhores filmes ('post' do dia 03 de outubro, visível logo abaixo)... Calma, eis que o "suplício" acabou: hoje chega ao fim esta saga, com a publicação dos outros 25 títulos que faltavam! E, se Bergman encabeça esta segunda lista, o mesmo não pôde acontecer com o inesquecível musical indicado, que não está entre os 50 melhores para este humilde blogueiro que vos fala, tantos os filmes que não poderiam ficar de fora na humilde opinião deste cinéfilo-menor...

E o Ricardo sugeriu uma nova Lista contendo somente o melhor do dito "Cinema Pop", dos nossos bons e velhos anos 80, por exemplo, afora outras pérolas... A idéia é boa, mas, aqui, a lista não segrega ninguém: se o filme é um clássico (e isso não limita época nem gênero algum: clássico é algo que fica...), não importa a fotografia, a Língua ou o ano em que foi produzido! Assim, desde filmes norte-amricanos mudos de 1926 (A General, com o genial "homem-que-nunca-ri" Buster Keaton) até diálogos esdruxulamente 'pop' permeados com muito sangue redivivo e narrativas surpreendentes do Cinema-autofágico dos anos 90 (Pulp Fiction), os mais diversos títulos permeiam esta humilde lista!

Entretanto, o destaque desta vez vai para dois clássicos-espetáculos, duas pérolas que não só redefiniram o Cinema estadunidense (e mundial) para o bem e para o mal, como também apresentaram uma releitura das clássicas matinês dos anos 30 e 40, reinventando o jeito de fazer um Épico: O Império Contra-Ataca (ou, como querem os fãs da nova e descartável série dos três primeiros filmes da saga, Guerra nas Estrelas - Episódio V - O Império Contra-Ataca) e Caçadores da Arca Perdida foram marcos divisores de águas na Sétima Arte e fizeram por merecer a 40ª posição de minha honorável lista! Afinal, Lucas e Spielberg criaram um novo e alto padrão ao levar para as telas (em 1980 e em 1981, respectivamente) um novo e invejável Cinema de aventura... Tudo bem que os dois andam mancos faz tempo, inclusive relançando e destruindo suas geniais franquias (os novos "primeiros Episódios" de Star Wars e Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal são sofríveis!), mas já possuem inegável posição na galeria dos grandes diretores mundiais (Tubarão, Encurralado, Lista de Schindler, American Graffitti, THX 1138...)!

Adorável ter criado esta lista: a exaustiva busca pela lembrança dos melhores filmes que já vi trouxe à luz algumas obras esquecidas em minha memória, porém eternas! É acompanhar com deleite e relembrar, concordar (ou não) e ver (ou rever) genialidades que a Sétima Arte já produziu ao longo de tantos anos de criatividade e vanguardismo! Que a Força esteja com cada lembrança de filme que aqui não apareceu: afinal, como esquecer Luzes da Cidade, Farrapo Humano, O homem que matou o facínora, Matar ou Morrer, O Baile, 'Punch Drunk Love' - Embriagado de Amor, O pecado mora ao lado, A felicidade não se compra, Zelig, Uma Aventura na África, Bye Bye Brasil, Irmãos Cara-de-Pau, As Avenbturas do Barão de Munchausen, Barry Lindon, De volta para o futuro, Janela Indiscreta... Quem sabe numa lista maior, com (pouco mais de) 100 títulos?...


26. Fanny e Alexander / O Sétimo Selo (SUE, Bergman, 1982 / 1956);
27. 'Blow-up' – depois daquele beijo (ING/ITA, Antonioni, 1966);
28. 'Taxi driver' / Os Bons Companheiros (EUA, Scorcese, 1976 / 1990);
29. A General (EUA, Bruckman - Keaton, 1926) / Uma Noite na Ópera (EUA, Wood, 1945);
30. Quanto mais quente melhor (EUA, Wilder, 1959);
31. Rastros de Ódio (EUA, Ford, 1958);
32. A Conversação (EUA, Coppola, 1974);
33. Dr. Fantástico (ING, Kubrick, 1964);
34. Perdidos na Noite (EUA, Schlesinger, 1969) / Sem Destino (EUA, Hopper, 1969);
35. O Inquilino / O Bebê de Rosemary (FRA / EUA, Polanski, 1976 / 1968);
36. Asas do Desejo (ALE/FRA, Wenders, 1987);
37. O Bandido da Luz Vermelha / Os Fuzis (BRA, Sganzerla, 1968 / Guerra, 1964);
38. Meu ódio será sua herança (EUA, Peckimpah, 1969);
39. Três homens em conflito (ITA/ESP, Leone, 1969);
40. O Império Contra-Ataca (EUA, Kerschner; Prod.: Lucas, 1980) / Caçadores da Arca Perdida (EUA, Spielberg, 1981);
41. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa / Manhattan (EUA, Allen, 1977 / 1979);
42. Brazil – O Filme (ING, Gilliam, 1984);
43. 'Pulp Fiction' - Tempo de Violência (EUA, Tarantino, 1994);
44. Europa / Dogville (DIN/FRA/SUE, Trier, 1991 / 2003);
45. Um estranho no Ninho (EUA, Forman, 1975);
46. O Incrível Exército de Brancaleone (ITA, Monicelli, 1963);
47. Ladrões de Bicicleta (ITA, de Sica, 1948) / O Pagador de Promessas (BRA – Duarte – 1962);
48. Sangue Negro (EUA – Anderson – 2007);
49. O Homem-Elefante / A História Real (EUA – Lynch – 1980 / 1999);
50. Fantasia (EUA – Algar e outros – 1940) / King Kong (EUA, Cooper - Schoedsack, 1933).

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Yes, We Créu!"


“Para sentir a grandeza/ A beleza do meu país/ Basta uma só condição/ É ser brasileiro e ter coração/ Rio de Janeiro...”. Assim começava a letra do samba “Rio de Janeiro”, do Mestre Ary Barroso, que, de cara, já encerrava duas contradições: bastavam uma ou duas condições para sentir a tal grandeza? E, se se trata da beleza do País de uma forma geral – e, apesar do título, estranhamente o samba só menciona a Cidade Maravilhosa no último verso aqui citado –, o que o Rio teria a ver com isso? Realmente, além do pecado mortal de ser flamenguista, o forte deste compositor não residia na letra, mas na melodia de suas imortais e ufanistas canções: Ary Barroso pintava o Brasil com as cores getulistas e era moda, então, o “samba-exaltação” – subgênero do qual a obra-prima Aquarela do Brasil é o nome maior, quase um segundo hino brasileiro para o resto do mundo...

E, falando em hino, quem nunca esqueceu uma rima rica, um vocábulo esdrúxulo, gaguejou ou confundiu “sonho intenso” com “amor eterno”, “raio vívido” com “seja símbolo”, da longa letra de Joaquim Osório Duque Estrada, que atire a primeira pedra na Vanusa! Mas, erro por erro, cá entre nós, o que foi aquilo na Assembléia Paulista? Excesso de ufanismo à Fafá de Belém nas Diretas Já ou excesso de doses de algum outro componente químico que não a paixão pela Pátria?

Mas quem precisa de remédio – e urgente – é o Presidente! E nem falo do imbróglio hondurenho (eta rapazinho pra gostar de homens de bigode...), onde parece querer lançar-se como o “líder pacifista” inoportuno de uma há muito corrompida América Latina, mas, sim, do chororô por qualquer coisa (eta rapazinho que chora...)! Ou conseguir as Olimpíadas para o Brasil é mais emocionante que questões como a fome, a educação (ele chorava por isso quando em campanha...) e o desemprego de tantos jovens sem apoio nenhum – muito menos o esportivo?!... E, falando em Olimpíadas, rezemos ao Cristo Redentor que, de sua alta e privilegiada vista, não permita os descasos e exageros com as verbas públicas, como foi no oba-oba do Pan... Amém!

Nada contra o ufanismo: um pouquinho de amor à velha Pátria não faz mal a ninguém! Ainda me lembro de cantar o Hino todo dia antes de subir para a classe no antigo primário do Dom Bosco! Também é interessante ver nossa linda Bandeira hasteada em qualquer lugar – e não precisa ser só na entrega de alguma medalha ou no final de uma Copa do Mundo! Tampouco preciso falar que dá alegria ter o Brasil-Rio sediando eventos como a Copa ou as Olimpíadas... Mas ainda creio que amor à Pátria faz mais sentido quando em contato com alguma noção de cidadania no bom exercer de uma Política séria, do que se atida somente a populismos esportivos ou aos velhos Símbolos Nacionais dos livros carcomidos de EMC e de OSPB!

Enfim, há o mérito do bom uso dos garotos-propaganda brasileiros – que o Lula é popular e símbolo-maior da mídia mundial da atualidade, disso eu nunca duvidei: Pelé perde, é brincadeira... Mas, voltando ao samba do Ary: em tempos de Olimpíadas no País, com o Rio significando a Nação inteira, num ufanismo rasgado de versos como “Ô, nossas praias são tão claras/ Nossas flores são tão raras/ (...)/ Ô, nossos rios, nossas ilhas e matas/ Nossos montes, nossas lindas cascatas/ Deus foi quem criou, ô, ô” e de choros internacionais e hinos atravessados, até que o samba do velho Ary Barroso é bastante atual... "É belo, é forte... e risonho e límpido"... E pouca coisa nesta Terra faz algum sentido... E que Deus abençoe a todos!

sábado, 3 de outubro de 2009

Meus (Pouco Mais de) 50 Melhores Filmes

Parte I


'Post' dedicado ao Mestre Moacy Cirne, com suas poeticamente prosaicas listas intermináveis de filmes inesquecíveis, quase um Nick Hornby em suas sempre divertidas listagens!

70 anos atrás, Hollywood realizava uma das melhores safras (senão a melhor) do Cinema: são de 1939 clássicos absolutos como O Morro dos Ventos Uivantes, ...E o vento levou, No tempo das diligências, Adeus, Mr. Chips e O Mágico de Oz. Não por acaso, na minha recente Lista dos 50 Melhores Filmes (difícil de terminar e sempre em mutação...), onde se encontram os meus melhores filmes (uma vez que, além de muitos filmes maravilhosos eu ainda não ter visto, há muita afeição e subjetividade nas escolhas), três obras desta leva de ouro acabaram incluídas.

E hoje, em mais um 'post' intermediário, seguem meus 50 melhores - um pouco mais que cinquenta, uma vez que houve muitos "empates técnicos" em notas pessoais, resultando num número bem maior de filmes -, divididos em duas etapas: hoje com os primeiros 25, com o resto da lista a ser publicada no próximo sábado.


1. Oito e Meio / Amarcord
2. A Doce Vida
3. 2001 - Uma Odisseia no Espaço / Laranja Mecânica
4. Cidadão Kane
5. Tempos Modernos
6. O Poderoso Chefão / O Poderoso Chefão 2
7. O Encouraçado Potekim
8. Cantando na Chuva
9. Um corpo que cai
10. Nosferatu / O Gabinete do Dr. Caligari
11. Metropolis
12. Casablanca / O Mágico de Oz
13. Ben-Hur / ...E O Vento Levou
14. M. O Vampiro de Düsserldorf
15. Vidas Secas / São Paulo S.A.
16. O que terá acontecido a Baby Jane? / Um Bonde Chamado Desejo
17. O Falcão Maltês / O Tesouro de Sierra Madre
18. A Ponte do Rio Kwai / Lawrence da Arábia
19. O Discreto Charme da Burguesia / A Bela da Tarde
20. Meu tio
21. Os Sete Samurais
22. Apocalypse Now
23. O Morro dos Ventos Uivantes (1939)
24. Rio 40 Graus
25. Fahrenheit 451 / A Grande Ilusão
 

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