sábado, 31 de agosto de 2013

HQs de Ontem e de Hoje:
Os Cinquenta (e Um) Anos do Homem-Aranha

Deixando o lado "decenauta" (aficionado pelos personagens da DC Comics, como Super-Homem e Batman) da última vez em que falamos de HQs, esta postagem pretende ser o mais "marvete" (fã incondicional do Universo Marvel) possível! E, para começar, nada melhor do que tecer breves considerações sobre esta adorável revista que acabei de devorar: Demolidor - Um Novo Começo (Ed. Panini, 148 páginas, R$ 18,90) faz por merecer todos os prêmios (entre eles, quatro Eisner, espécie de Oscar das HQs) e críticas apaixonadas recebidas nos EUA!

Com arte primorosa de Paolo Rivera (a arte de Marcos Martin nas últimas histórias apresentadas é somente "moderninha"), os excelentes roteiros de Mark Waid fazem uma bela mistura entre o tão sofrido super-herói de estilo noir das últimas décadas com algumas das suas características originais mais puras - como subtramas mais aventureiras e personagens clássicos (como a deliciosa e assustadora recriação do vilão Garra Sônica) -, brindando o leitor com criativas situações, como a nova forma de representar os sentidos do personagem... Um tributo ao grande combatente cego: imperdível!

Mas o foco deste post é mesmo outro cultuado herói das HQs da "Casa das Ideias", especialmente por causa de uma infeliz lacuna deixada por estes Morcegos: em 1962, os Mestres Stan Lee ("Excelsior!") e Steve Ditko (desenhos) lançaram ao mundo um dos personagens mais queridos de todos os tempos na revista Amazing Fantasy... Sim, o Homem-Aranha fez 50 anos em agosto de 2012, mas, ao contrário de festivas homenagens tecidas aqui para outros personagens (como a popularíssima Batman faz 70 anos), não recebeu uma menção sequer deste espaço virtual... Uma absurda injustiça: afinal, o cara não é o "Amigão da Vizinhança" por acaso, sendo um dos mais populares personagens do mundo (e, ao mesmo tempo, um dos mais desrespeitados, em 5 décadas de carreira, tendo sofrido tantas bizarrices que não estão no gibi!). Assim, visando uma mínima redenção, passemos às láureas a este adorável ícone pop com as análises de dois encadernados recentemente lançados nas bancas.

Capa de Ultimate Homem-Aranha

Creio que este Super-Herói dispense maiores apresentações, seja pelo filme/seriado lançado nos anos 70, seja pelos filmes do Sam Raimi com o apático Tobey Maguire no papel-título (uma até boa abordagem no primeiro filme, mesmo com algumas mudanças forçadas, mas que foi descendo ladeira abaixo nas continuações simplistas): mesmo aqueles que jamais abriram uma página das revistinhas do aracnídeo sabem que o pacato nerd Peter Parker foi picado por uma aranha radioativa (ah, a radioatividade ululante dos anos 60...) e, com isso, adquiriu super-poderes, passando a combater vilões igualmente super, como os já famosos Duende Verde, Doutor Octopus e o famigerado Venom. Mas o que pouca gente sabe é que tais "origens" foram razoavelmente modificadas pela editora nos anos 2000, onde o herói foi adaptado para os anos atuais no universo Marvel Ultimate.

Ao contrário da concorrente DC, a Marvel não costuma ficar recomeçando a toda hora o seu panteão de personagens: então, em vez de "zerar" as edições de alguns de seus personagens mais famosos, resolveu criar o tal universo Ultimate, onde versões "atualizadas" de heróis como Capitão América, Nick Fury e Thor, dentre muitos outros, conviviam paralelamente com o universo já montado (e já devidamente evoluído com o passar das décadas) das edições tradicionais. Assim, nesta série, Peter Parker volta a ser estudante colegial (agora com mais ou menos uns 15 anos), sua turma tem a cara das relações de bullying dos tempos modernos e clássicos personagens, como o Tio Ben e Norman Osborn, adquiriram novas e incômodas roupagens (o companheiro tio ganhou um moderninho rabinho de cavalo e o Duende Verde virou um monstrengo anabolizado).

Mas nem tudo estava perdido: as histórias iniciais, mostrando a interação de Peter no colégio e suas primeiras descobertas como super-herói, prendem a atenção pelo agradável frescor adolescente de filmes idos da Sessão da Tarde (genial, por exemplo, uma página inteira dedicada à famosa cena de Curtindo a Vida Adoidado, onde um chatíssimo professor dá aula de História, tudo com a devida caricatura do ator original e com o tédio similar,agora vivido pelos colegas de Parker). Os corriqueiros traços ágeis, porém fracos, de artistas como Mark Bagley, e o "mais do mesmo" ao recontar o surgimento do Homem-Aranha nos dias atuais, porém, não agradou aos fãs mais tradicionais (categoria na qual eu me incluo), o que fez com que eu corresse para a banca com a desculpa mais esfarrapada (e com a edição Ultimate Homem-Aranha: Poder e Responsabilidadeencadernado que reúne as 6 primeiras revistas Ultimate, devidamente relacrado) a fim de trocar aquela fraca edição...

Mas nem tudo estava perdido: sem a possibilidade de retorno dos meus R$ 23,90, eis que encontro ainda perdida em meio a outras edições o encadernado A Morte de Jean DeWolff, pelo qual nem pestanejei em trocar! Trata-se de um excelente arco de histórias de meados da década de 80, onde o Aranha, um tanto porque se tratava do assassinato de uma grande amiga (a policial Jean DeWolff, desconhecida do grande público), um tanto por causa do "lado negro" contido naquele uniforme preto que vestia à época (que, mais tarde se revelaria como o simbionte Venom, visto em Homem-Aranha 3 recentemente), mergulha profundamente na podridão humana, torna-se tão desesperado e violento como aqueles que jurou um dia combater e entra em crise. Junte-se a isso um novo vilão, o Devorador de Pecados, a volta de um inimigo clássico, o Electro, e um outro grande combatente de Nova Iorque, o Demolidor (que se tornaria, a partir de então, um grande amigo de Peter Parker, com quem passou a dividir os segredos de suas identidades secretas) e tenha em mãos uma nada leve sequência (com começo, meio e fim) de situações ímpares para um herói comumente associado ao bom humor e a um "descolado" bom mocismo. Um clássico!

O curioso é que, mesmo fã do personagem, hoje só compro estes encadernados especiais com arcos de histórias mais famosos e importantes do passado: há muito tempo não me interesso por "remodelagens" de heróis queridos da minha infância - especialmente quando estes são clonados, adquirem inúmeros braços (!) ou têm que morrer ou trocar de corpo com arqui-inimigo (!!), tudo para saciar a gana de maquiavélicos editores por sagas absurdas, visando apenas aumentos temporários de vendas nas revistas! Tanta presepada que já armaram para o cara que, por exemplo, ainda nem tive vontade de ver o novo Amazing Spiderman, reboot da franquia cinematográfica com um Parker mais jovem e, portanto, mais perto da linha Ultimate, a fim de agradar os fãs mais jovens. Não sei, não... Se continuar assim, sem nenhuma criativa fase nova, como tem acontecido com outros dos seus "colegas" (X-Men, Demolidor, Homem de Ferro), creio que nem o sentido aranha será capaz de salvá-lo para novos 50 anos...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013


Morta Cidade das Mulheres de Mim

Antes de ir
Deixa-me nutrir, pela eternidade,
O primeiro beijo que dei
Na menina bem mais velha que eu
Deixa-me guardar
Os amores que não foram meus,
Mas que me foram velados
E acalantados pelo sertão de meus poemas.
Deixa que eu permaneça a contemplar
O ciclo inquebrantável e sem fim
Com as mulheres que nunca possuí
(Elas ainda me querem, no fundo
Sinto que sim...)
Quero de volta o sexo virgem
Das meninas que respeitei
E que mudaram ao mudar a esquina,
Que não vi mais menina,
Nem mulher, que não vi mais,
Que não se casaram comigo...
– Deixa-me recomeçar com cada uma delas...
Dá-me saber como seria,
Dá-me alguém
Com quem ainda nem sonhei!
Como o gosto da viagem perdida
Sem despedida, sem mais ninguém
Para dizer adeus...
A Deus, perdão
Por não querer ser perdoado,
E querer varar tanta estrada que não tem fim
A dar eternas voltas
Partir, retornar, repartir,
Ser de cada ocasião, em torno
Da morta cidade das mulheres de mim...


(Dilberto L. Rosa, 2007)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Face It...

Com o tempo, muita coisa se esmaece... E, com a vida blogueira, não teria como ser diferente: a roda viva dos compromissos esmaga o tempo livre inicial da descoberta e o número de postagens diminui; os comentários em outros espaços virtuais, garantidores de novas visitas ou da manutenção das já existentes, igualmente vão rareando cada vez mais... E, assim, inúmeros bons blogues já deixaram de existir e grandes escritores amadores deixaram de brindar um grande público com seus escritos, por pura perda de entusiasmo.

Com os Morcegos, ao longo destes 9 anos de existência, não foi diferente: quando surgiram, em 2004, no extinto Weblogger, a média inicial consistia em cerca de 4 postagens por semana, sendo que, quando da mudança para o Blogspot, no ano seguinte, esta média já caiu para 2,5 'posts', até que, em agosto de 2006, veio a primeira "despedida": com uma semana dedicada aos "últimos 'posts'", este humilde escriba que vos fala atestava o "fim" do blogue - pelo menos por um bom tempo; afinal, sempre bom deixar alguma janela aberta...

E "foram tantos os pedidos, tão sinceros e tão sentidos", que os Morcegos abriram mão de sua aposentadoria coletiva e precoce e voltaram em abril do ano seguinte, por ocasião do aniversário de 3 anos do espaço virtual. No entanto, aquela "partida" deixou seus rastros: desde então, o blogue recorreria, de tempos em tempos, a uma "fugidinha" sem maiores apelos dramáticos que simples "férias" de "fim de mais uma temporada" a cada ano, períodos esses que poderiam variar entre 2 e 4 meses de ausência da blogosfera. E, assim, acabei por viciar-me nessas paradas mais do que necessárias para "abastecer" a disposição de escrever "para o vento"...

Aos poucos, porém ainda fiéis acompanhadores destas mal-traçadas linhas virtuais, calma: não estou me "despedindo" novamente - até porque já o fiz recentemente, neste ano, tendo voltado após um mês afastado por alguns motivos de "força maior"... Todo este melancólico histórico é mero ensaio para digressar sobre as filigranas do tempo e como elas pespegam algumas marcas indeléveis em cada coisa que fazemos - e, com os Morcegos, não poderia ser diferente... Deja vú? Moi? "Jamé"!

Inevitavelmente, com o tempo, muita coisa se esmaece (acho que eu já disse isso)... E, com a pouca atenção dispensada para a "divulgação" das postagens deste blogue, uma vez que praticamente não visito mais ninguém dos queridos blogueiros de plantão, às vezes me pergunto para que escrever qualquer coisa por aqui, quase sem público e sem "ganhar nada" com isso... E o vento domina, apesar de acréscimos significativos de gentes (hoje contamos com 136 seguidores que nem sei mesmo se seguem algo por aqui...) e de "ferramentas" a este espaço - sendo a maior delas a fanpage no FacebookBlog Morcegos (caixa de atualizações ao lado: curta já!), onde inúmeras postagens legais são feitas quase diariamente, seja com compartilhamentos de matérias interessantes sobre o mundo da cultura 'pop' de outros veículos, seja com pequenos textos inéditos (seja, ainda, com divertidas chamadas para o público de lá vir para cá, quando tem 'post' novo no blogue), mas todas com raso alcance de público...

Desde o "retorno", em julho, já são mais de 80 atualizações no Face, com compartilhamentos entre deliciosas imagens que parodiam ou homenageiam o universo 'nerd' (Cinema, Música, seriados de TV e seus personagens inesquecíveis), críticas de filmes, colecionismos etc. - e as visualizações? Média de 8 por postagem... Mas lá acabou virando uma "curtição" mais ligeira, na velocidade de uma rápida visualizada nas notícias veiculadas pelos canais que sigo naquela rede social (não me importo muito com o que alguns amigos comeram no almoço...), enquanto navego pela 'internet' de uma tarde domingo qualquer; já aqui segue uma relação mais "madura" e profunda - aqui a digressão é mais embaixo (e com um pouquinho mais de visualizações, fazendo favor)... Mas lá é uma consequência daqui e os Morcegos se completam por lá: ainda que sem (quase) ninguém para abrir esta caixa de Schrödinger...

Tenho que encarar: não dá para viver sem escrever - mesmo que eu (ainda) não viva do escrever... E, com ou sem público, o artista mais mambembe tem que equilibrar seus malabares no ar porque esta é a sua natureza e é isso o que dele se espera. No fundo, acho que os Morcegos são mesmo assim: seguem vivos e mortos ao mesmo tempo, sempre à espera da concretização do espectador que abrirá esta caixa cheia do mundo das artes em geral e do universo da cultura 'pop'! Para aqueles que "curtem" a página do Blog Morcegos no Face, mas não viram as últimas novidades, seguem abaixo algumas das melhores deste final de semana pra cá. Para aqueles que ainda não "curtem": o que vocês estão esperando (ainda fora do Facebook? Perdendo um ótimo mecanismo de interação e atualização de notícias nesses tempos corridos)? E, pra você que me esqueceu... Aquele abraço!


  1. Blog Morcegos compartilhou um link.
    há 7 horas próximo a São Luís
    DISCUSSÕES QUADRINHÍSTICAS II:

    Batman matou Coringa em "A Piada Mortal"... Como assim?!

    A obra-prima "A Piada Mortal", do Mago Alan Moore (ele, de novo...), de 1988, guarda um dos finais mais ironicamente poéticos do mundo das HQs: Batman...Ver mais
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    1. Blog Morcegos compartilhou um link.
      18 de agosto próximo a São Luís
      Listas serão sempre listas: em outras palavras, imperfeitas e incompletas! Apesar do excelente elenco escolhido, não dá para levar a sério uma lista que não inclua nem "Chega de Saudade", nem "Secos e Molhados" em seu rol de 15 "maiores clássicos brasileiros"... Confira estes "15 mais" de uma postagem de 2008 que os Morcegos acabaram de encontrar neste domingo modorrento...
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    2. "Eu sou você amanhã"... Assim se perpetuava uma campanha comercial da vodca Orloff nos anos 80. O que nenhuma garota suspirante imaginaria, ao sair de uma sessão de "Nove Semanas e Meia de Amor", o quanto mudaria o seu ídolo Mickey Rourke,...Ver mais
      Mickey Rourke
      __Fernando RomanoFoto: Mickey Rourke
__Fernando Romano

    3. Will Smith seguiu para o estrelato tornando-se um chato arrogante em filmes cada vez mais vazios e pretensiosos (e agora arrastando seu filho junto)... Já o sumido Alfonso Ribeiro, o "primo Carlton" da série "The Prince of BelAir" (com o tresloucado título brasileiro dado pelo SBT, "Um maluco no pedaço"), que lançou Will para o estrelato, continua um barato!
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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Revivendo Alfred...


Apesar de inglês e de ter começado sua carreira na terra da Rainha, meu primeiro contato com este genial diretor, raro exemplar de "gênero de si mesmo", foi com o seu primeiro trabalho nos EUA: Rebecca - A Mulher Inesquecível não me apeteceu de cara, dadas algumas de suas feições afetadas e teatrais comuns a uma boa parte das produções norte-americanas da época, só vindo a ver as qualidades daquele filme anos depois, quando pude perceber o artista por trás daquele formato 'mainstream'... Noutras palavras: Alfred foi tão brilhante que conseguiu fazer um ótimo filme sem desagradar os modelos convencionais que o Cinema estadunidense queria ao lhe dar as boas vindas ao Novo Mundo! Rebecca levou o Oscar de melhor filme, mas o diretor por trás do espetáculo acabou injustiçado, sem premiação - curiosamente, ele não só jamais levaria o prêmio da Academia, como também nem um outro trabalho seu ganharia novamente como melhor filme...

E com o grande sucesso inicial em terras ianques, Hitchcock espertamente acabou por estabelecer um "modelo" para seus próprios filmes: com tudo em estúdio para ter mais controle (especialmente quanto à sempre excelente fotografia, com raras filmagens em locações), trilhas sonoras inesquecíveis (o magistral Bernard Hermann, seu principal colaborador, criou para o mestre inglês "hinos" do Cinema, como os violinos de Psicose ou a pulsação de Um corpo que cai) e elencos sempre muito bem dirigidos (que, dizem as más línguas, especialmente as das "atrizes loiras" com quem trabalhou, o diretor tratava como "gado"), foi muito além do subgênero Suspense, do qual se tornou um símbolo, para explorar outras faces da Comédia (O Terceiro Tiro e Interlúdio: sofisticado), do Drama (O Homem Errado, com Henry Fonda, baseado em história real), do Terror (Psicose e Os Pássaros) ou da Aventura (Intriga Internacional e Topázio) - todos pontuados por uma inigualável técnica de contar histórias...

Longe de entregar as coisas com facilidade, Alfred Hitchcock sabia como poucos envolver o público em suas tramas: nada de chocar com a explosão de uma bomba; melhor revelar ao público sobre a bomba e nos tornar seus cúmplices diante dos personagens inocentes, sem saber de nada... Nada de mistérios ou sustos gratuitos, Suspense não é isso: "Interesso-me menos pelas histórias do que pela forma de contá-las", dizia o rechonchudo cineasta, com jeito bonachão, mas sempre com fina ironia e humor sarcástico muitas vezes mal compreendido ou interpretado como "arrogância"... Sem dúvida, um grande contador de histórias, com bom humor em cada detalhe, desde o excelente 39 Degraus, ainda na fase inglesa, onde manipulava, com bastante ação e humor, uma investigação de espionagem, até seu último filme, Trama Macabra, com um adoravelmente cômico time de escroques!

"É inútil ver em mim intenções profundas; não estou nem um pouco interessado pela mensagem ou moral do filme - sou, digamos, um pintor de flores..." disse, certa feita, um modesto Hitch, talvez autoparodiando-se por sua tradicional "veia comercial". Uma injustiça: poucos conseguiram imprimir marcas tão profundas nas telas, ainda que em trabalhos sucessos de público... Um exímio artista no antigo sistema de estúdios, num popular, porém muito criativo, Cinema de autor em trabalhos tidos como "comerciais"! E, falando nisso, nada melhor do que, neste simbólico 13 de agosto, data de aniversário do gênio inglês (morto em 1980), relembrar os meus 5 clássicos favoritos deste gênio da 7ª Arte - sem esquecer a famosa "pontinha" do diretor em cada trabalho:


05. Os Pássaros (The Birds, 1963): se este filme "demora um pouco para começar", com uma trama bem mais simples que a maioria dos seus trabalhos, aqueles incríveis efeitos especiais e os sufocantes ataques de pássaros aterrorizantes numa cidadezinha no meio do nada norte-americano deram aula para os sucessores filmes catástrofes com animais assustadores da década de 70 (todos, com exceção do clássico Tubarão, infinitamente menores) - ironicamente, Alfred Hitchcock aparece neste filme saindo de uma 'pet shop', com dois cachorros;

04. Festim Diabólico (The Rope, 1948): fiquei embasbacado quando vi este filme pela primeira vez num antigo Corujão da Globo, desesperado em procurar o próximo "corte" de edição (tudo foi filmado continuamente, com cortes quase imperceptíveis somente para mudar o rolo de filme); inesquecível a viagem inicial pelo apartamento da câmera-personagem, bem como o brilhante jogo de diálogos entre os personagens assassinos e seu professor, o impecável James Stewart - curiosidade: único filme com "duas aparições" do velho Hitch, caminhando na rua logo nos primeiros segundos e, depois, em
neon, com sua famosa silhueta em vermelho no fundo da cena;

03. Psicose (Psicose, 1960): se hoje a maioria dos jovens só conhece sustos e horrores explícitos cheios de sangue nas telas, escorria um singelo achocolatado na banheira ao final da famosa cena do esfaqueamento no chuveiro (detalhe: o impacto da cena ainda hoje é grande, mas não se vê uma perfuração sequer!); mais um ponto para o gênio, que acreditou num roteiro tão cheio de subtramas, que tinha tudo para dar errado, e fez dele um clássico absoluto - aparição: parado em frente a uma 
janela do escritório onde a personagem de Janet Leigh trabalha;

02. Janela Indiscreta (Rear Window, 1954): e falando no parceiro de tantos filmes do velho Alfred, James Stewart imortalizou o fotógrafo 'voyeur' acidentado que, do seu apartamento, passa os dias confabulando mil teorias sobre os vizinhos que acompanha por meio da sua teleobjetiva, num nada discreto cenário entre fundos de prédios de apartamentos (direção de arte primorosa em estúdio e mais um exemplo de "cenário-personagem") - o diretor aparece mexendo no relógio de parede de um pianista;

01. Um corpo que cai (Vertigo, 1958): um James Stewart inspirado, num dos seus melhores trabalhos, vivendo o atormentado policial aposentado por sofrer vertigens de acrofobia e que é contratado por um amigo para uma estranha investigação; uma Kim Novak nunca antes tão linda e sedutora em seu "papel duplo"; um mergulho psicológico no amor e no medo humanos, bem como a obsessão por algo que não se pode ter; o desejo ambíguo entre o real e o imaginário; o suspense misturado a doses de terror entre o real e a possibilidade do sobrenatural; um final impactante que já entrou para os anais da História do Cinema mundial; uma San Francisco onírica, uma trilha inesquecível (Hermann outra vez)... Tantos elementos reunidos resultaram no trabalho mais completo de Hitchcock, não à toa sempre lembrado em qualquer lista dos 10 melhores de todos os tempos! Sua aparição? No cais, caminhando de uma ponta a outra da tela...


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Super-personagens sem Fim...

E seguindo a trilha das "Artes em geral" citada no subtítulo deste blogue, nada mais gostoso do que falar de Quadrinhos, por muitos considerada a "Nona Arte" - embora, por tantos outros, ainda seja nominada apenas de "sub-arte"... E nada ainda mais prazeroso do que voltar a este universo um tanto quanto esquecido por mim nos últimos tempos: depois de um longo inverno sem nada comprar, praticamente surtei nas últimas semanas com a aquisição de tantos títulos novos, seja por causa de vários lançamentos interessantes, seja porque, por conta de tais lançamentos, criou-se uma "sede" por mais e mais revistas e congêneres ofertados pelas viciosas bancas espalhadas pela minha provinciana (e atrasada em qualquer Arte) Cidade! Então tome uma compra por cima da outra de edições que ora passo a comentar...
DC Comics segue em mais uma renovação caça-níqueis do seu panteão, zerando pela enésima vez sua cronologia depois de mais uma "Crise" de-não-sei-o-quê! E se eu já me havia sentido lesado quando do lançamento dos tais Novos 52, tendo comprado a "número 1" de Superman, Batman, Flash e Lanterna Verde simplesmente para constatar que todos agora aparentam ser bem jovens (tendência advinda com as séries televisivas bobinhas Smallville e Arrow) e que continuam as desnecessárias e inoportunas "atualizações" moderninhas de praxe, agora fiquei mais ainda ao ver que a editora resolveu, depois de vários números lançados de cada personagem, fazer o "número 0" (?!), apresentando o que eu esperava quando comprara, lá atrás, a edição 1 do 'reboot' dos meus heróis favoritos: os primeiros dias de cada um como combatente do crime, inclusive mostrando como alguns deles conseguiram seus poderes! "Número Zero"... Haja paciência!

Pelo menos essas edições de Superman e Batman salvaram a Pátria, com direito a pôster da capa (que enquadrei, com a bela arte do novo visual do Super-Homem em seus primeiros dias em Metrópolis): apreciei as belas historietas, oriundas de diferentes revistinhas estadunidenses (como Batman e Shadows of The Bat), que, apesar de independentes entre si, e algumas mesmo com aquele eterno "continua..." ao final, funcionam como bons arcos de recomeço para os dois medalhões da casa, os "Melhores do Mundo" - que, não por acaso, estarão juntos em Superman X Batman, em 2015. 

Comprei ainda os clássicos Asilo Arkham (numa edição especial em Inglês, com "extras", por causa da promoção do 'site'), com Batman invadindo o famoso reduto de loucos vilões, bem como a sua própria mente ensandecida, Superman: O Que Aconteceu ao Homem de Aço, coletânea de algumas memoráveis histórias de Alan Moore nos anos 80 - mas que, como ainda não tive o tempo para o prazer de lê-las com calma, só terão suas avaliações e análises publicadas numa outra ocasião. Isso sem mencionar as decepções com Shazam Número Zero (antigo Capitão Marvel, agora com um Billy Batson 'bad boy' e um mago com cara de aborígene australiano) e Homem de Ferro III Prelúdio (tão desnecessário como os dois últimos filmes), que me fizeram empacotá-las de volta para, em seguida, devolver ao jornaleiro, alegando um terrível engano... Assim, por ora, passo a falar da aniversariante do ano e da 'graphic novel' de seus amiguinhos atualmente nas bancas, evolução de uma famosa série de Quadrinhos nacionais que marcou a infância de muitos dos meus queridos blogueiros de plantão: Mônica e sua turma.

Mônica 50 anos

Vislumbram-se o sucesso e a longevidade de um personagem de acordo com o potencial de empatia que este consegue obter de seu público logo de início - e, partindo-se de uma gorducha, dentuça e invocada que, de coadjuvante quase sem falas, transformou-se na principal protagonista de uma rica história de 50 anos, não havia como duvidar do que aquela menininha seria capaz... Mônica, neste ano de 2013 (considerando-se março como "marco zero" da sua aparição), celebrou seu jubileu de ouro à frente de uma legítima mina de empreendedorismo de seu criador - e pai na vida real, Maurício de Sousa, em cuja filha inspirou-se para criar a famosa garotinha de vestidinho curto vermelho e que vivia arrastando um coelhinho de pelúcia pelo chão: até hoje, são milhões de revistinhas, desenhos animados, brinquedos e muitos outros produtos licenciados no Brasil e em inúmeros outros países.

Mesmo um amante do Zé Carioca e de outros tipos da Disney (como Peninha, Biquinho e Pato Donald), de cujas revistinhas extraí minhas primeiras leituras na tenra infância de meus 5 anos, foi mesmo com a Turma da Mônica que obtive meu "aperfeiçoamento" na arte de ler Quadrinhos: até hoje guardo centenas de seus gibis desde os tempos da Abril, passando pela Editora Globo, até algumas edições colecionáveis, mais recentemente, nos tempos da Panini, com as peripécias de Cebolinha (originalmente, o protagonista da turma, após as primeiras tiras com o Bidu e seu dono, o Franjinha), Cascão (meu favorito), Magali, Anjinho, Jeremias, Xaveco, Zé Luís (originalmente, irmão da Mônica), Titi e a baixinha mais famosa do País... Tudo bem, hoje em dia, com o tanto infindável de personagens que o Maurício jogou em historinhas há muito tempo insossas e sem metade da criatividade de outrora, nem daria para elencar todos aqui (só os inspirados em seus inúmeros filhos de tantos casamentos, juntamente a jogadores da moda, somam algumas dezenas...)! Mas não há como falar de Quadrinhos e licenciamentos para várias mídias sem falar no universo criado pelo cartunista tupiniquim com o maior faro para negócios de todos os tempos...

E este senhor de 77 anos, que nem pensa em parar, agora deu para expandir ainda mais este universo dos seus personagens: para além do sucesso feito com a versão 'teen' da sua turma mais famosa em forma de mangá (recentemente, Cebolinha e Mônica se casaram!), a Maurício de Sousa Produções lançou o selo Graphic MSP, com artistas convidados para uma linha paralela de 'graphic novels' (ou, em bom Português, "romances gráficos"), espécies de livros, onde uma história em Quadrinhos, bem maior do que o convencional e fechada com começo, meio e fim é desenvolvida, normalmente com temáticas mais adultas. Assim foi lançada, no final do ano passado, a primeira deste selo, Astronauta - Magnetar (roteiro e arte de Danilo Beyruth; cores por Cris Peter), que, na época, deixei de comprar por sempre ter sido conservador e não gostar lá de muitas mudanças e "atualizações" nos meus personagens favoritos: História de ficção científica com o Astronauta? Não é o Astronauta divertido que eu conheço das HQs, mas só uma história de FC usando o personagem... Acontece que a história foi um fenômeno de vendas e de boas críticas, abrindo o "precedente" para - e praticamente me obrigando a comprar - o segundo número dessa linha bem sucedida...

Laços, de autoria da dupla de irmãos Vitor e Lu Cafaggi, autores mineiros por trás das tiras de Valente, no Globo, e que já haviam participado do empreendimento MSP 50, com sua visão poeticamente peculiar sobre Chico Bento e Rosinha, agora atacam com um traço mais "realista" (mais parecidos com garotinhos de verdade) e uma historinha cheia de referências aos anos 80 e seus clássicos de "aventura com crescimento pessoal", como Conta Comigo, bem como a inúmeros outros personagens dos Quadrinhos do Maurício (sem esquecer o próprio autor, homenageado numa bela passagem da trama)  e jogam a turminha (capitaneada pelo Cebolinha, tal como nas origens da década de 60) numa busca pelo cachorro Floquinho.

Laços 01
Comprei a versão em capa cartonada e gostei do resultado e, apesar de ter-me deliciado com o livro dos dois jovens artistas, especialmente com as pinceladas saudosistas do começo/fim em forma de álbum de fotografias antigas e com as divertidas citações diretas e indiretas a clássicos tipos e histórias (não só da turma, como também da galerinha do Bolinha e do Peter Pan), não vi toda esta obra-prima que alardearam por aí: a história, embora bem amarrada, é extremamente previsível e até o belo traço, por vezes, chega a cansar, seja pela insistência no "mimoso", sem maiores aberturas, seja por alguns detalhes muito "estilizados"  (um incômodo as pernas de Mônica e Magali em certas passagens, parecendo aleijadas cambotas, por exemplo). Mas devo reconhecer que este "universo paralelo" dos personagens do Maurício veio mesmo pra ficar e é obrigatório para qualquer fã que, assim como eu, mesmo com o(s) pé(s) atrás diante de cansativos 'reboots' e reinterpretações de clássicos que adoramos há tanto tempo, sempre podemos vestir nossa capa de fantasia, parar o tempo com gostosas reminiscências inventadas para nossos amados amigos renovados das páginas dos gibis antigos e gritas, com entusiasmo, "Guerreiros"...!

 

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