Ainda que não esteja eu
Em lugar algum
Grito meu nome
Para saber onde estou...
(Dilberto L. Rosa, 2004)
Foi-se o tempo em que os Morcegos tiravam férias... Era aquela coisa fina: num dado momento, por esgotamento do tempo para novas atualizações ou mesmo por mero cansaço diante do que dizer (ou do que havia sido dito, pelos outros, nalguns comentários mais toscos...), os queridos quirópteros escrevinhadores deste humilde espaço virtual batiam asas e voavam para longe, por no mínimo um mês (chegaram a quase seis meses, certa feita!). Mas, hoje, não: não dá nem tempo de dizer adeus! E, assim, chego à marca de um mês sem atualizações desde as impressões sobre Birdman e o Oscar sem nenhum aviso prévio de férias coletivas (minhas e dos diletos morcegos)... Sigo, portanto: na dureza do tempo exíguo e massacrante entre a correria de fora de casa e a deliciosa agitação com a efusiva meninada que se formou no doce-lar, tento até pensar nalguma Poesia, mas só me vêm o imediatismo do cumprimento da próxima tarefa e os velhos versos de uma época que me passou, porém sem jamais ter passado de mim - continuamos emparelhados, cabeça a cabeça, porque parar é amargo privilégio de quem morre e, como diriam os Grandes Poetas (o dos olhos de ardósia dentro do gauche por trás dos óculos), Como já disse era um anjo safado/ O chato dum querubim/ Que decretou que eu estava predestinado/ A ser todo ruim/ Já de saída a minha estrada entortou/ Mas vou até o fim... Bom, guardadas as devidas proporções, vez que a estrada nem sempre foi torta e, pelas curvas das "estradas de santos", afloraram no horizonte, sim, belíssimos arco-íris duplos! E, sem terem muito do que se queixarem, os Morcegos seguem, mesmo que ainda enviesados em seus voos e faltando aqui e ali na hora da chamada (e da postagem!), porque sempre haverá uma porta perfeita, logo ali, em frente e à vista, para que eles sigam adiante e para frente...
Cheio
de expectativas tortas
Sigo
torto,
Enviesado
Pelos
cantos
E
antes que me dê conta
Estás
à frente
Em
frente
Daquele
jeito
Perfeita
Exatamente
à meia-luz
No
meio do caminho
Nenhum
passo a mais
Sigo
atrás
Sozinho...
(Dilberto L. Rosa, 2006)