segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Origem do Oscar...


Não, não falo do nada original A Origem, pretensiosa colcha de retalhos de Matrix, Brilho eterno de uma mente sem lembrança e A Hora do Pesadelo e metida a ficção-científica, mas, sim, da origem da “maior aposta do Cinema mundial”: o “Oscar” (leia-se com acento na última sílaba, igual ao nome do astro do basquete brasileiro, diferentemente do nome em Inglês) – “maior”, sem dúvida: afinal, ninguém entre nós é dado a apostas normalmente, assim como não damos a menor pelota para essa balela da imprensa de que o Oscar, dado a premiar sua própria indústria, seria o “maior prêmio do Cinema”...

E quando falo em “nós”, estou me referindo às “velhas cabeças pensantes” (hoje, mais velhas do que pensantes...) do extinto Clube dos Amantes do Cinema, antiga proposta cultural onde Sérgio Roonie e eu tínhamos um programa de rádio sobre trilhas sonoras de Cinema e proferíamos palestras e cursos, em parcerias com serviços sociais e universidades de São Luís. E, desde que nos entendemos por gente – Ricardo Alexandre viria depois –, realizamos o referido bolão para apurar quem é o mais “lógico” em “prever” o maior número de vencedores do prêmio da Academia.

“Lógica”, sim: afinal, quase um jogo de cartas marcadas com poucas surpresas, o Oscar tende a premiar seus eleitos "queridinhos" (só assim para explicar tantos prêmios para o "bom, porém chatinho" A Rede Social) ou aos filmes que mais renderam de volta à sua própria indústria – embora, de tempos em tempos, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood goste de enaltecer algumas “causas” (como Guerra ao Terror, que bateu o "independente e sem-chance", porém melhor, Preciosa, no ano passado)... De todo modo, o maior “vencedor” da aposta do “Oscar” ainda sou eu (normalmente dou sorte ao chutar nas categorias que ninguém viu, como documentário ou animação em curta-metragem, o que me rende pontos extras!), seguido de perto por Sérgio; e, bem atrás, Ricardo!

Numa festa artístico-capitalista, que, originariamente, era um jantar entre os artistas e técnicos da Academia (e hoje quase sem belos números ou emocionantes atrações e cada vez mais parecida com o engraçadinho MTV Movie Awards!), nada mais justo que hoje, entre amigos, alguns filmes queridos virem matéria de aposta e de animadas discussões em meio a um jantar para os ganhadores do nosso "Oscar"... Dos mais famosos momentos ao longo de tantos anos de aposta foram a "Noite no Cachorro-Quente do Sousa”, onde Sérgio se esparramou de ervilha e maionese à procura de uma bandeja, e a “Pizza de Metro da Casa Itália”, onde o hoje banido Ricardo (condenado ao ostracismo depois de recusar-se a pagar sua última contra-prestação) quase teve indigestão por comer "metros quadrados" demais...

Mas, sem dúvida, o que não dá para engolir é a Globo comprar todo ano os direitos de exibição e deixar os cinéfilos da TV aberta a suportar Fantástico e, o pior de todos, Big Brother, até mais de meia-noite, depois de mais da metade da cerimônia... E ainda por cima ter de agüentar os comentários de Maria Beltrão e José Wilker! Só a TNT salva (ainda que seja pela 'internet')...

Mas vamos aos indicados deste ano: seguindo um parâmetro antigo (até 1944), desde 2010 são dez os indicados à categoria de melhor filme – o que dificulta, deveras, ao "Sr. Ocupado" aqui poder ver todos o concorrentes! Mas, com uma pequena ajuda dos meus amigos (Rodrigão, valeu!) e do PC, um pouquinho de pirataria não faz mal a ninguém (até porque, se o filme é bom, depois faço questão de comprar o original para ter na coleção): assisti em casa Cisne Negro, A Rede Social, Bravura Indômita, Toy Story 3, 127 Horas e A Origem quando muitos deles nem nas salas brasileiras ainda estavam! Seguem no páreo O Discurso do Rei, O Vencedor, Minhas mães e meu pai e o independente Inverno da Alma.

Dos que eu vi, considerei Cisne Negro o melhor, com seu mergulho (literalmente) visceral, dinâmico e célere na(s) personalidade(s) de uma bailarina oprimida prestes a se tornar a principal estrela numa remontagem de O Lago dos Cisnes – lembrou-me O Inquilino e Repulsa ao Sexo, do mestre Polanski, onde o protagonista enlouquece gradativamente até se tornar outra pessoa por influências internas (problemas psicológicos) e externos (elementos fantasmagóricos e aterrorizantes). Em segundo, adorei Toy Story 3, tão engraçado e belo como seus antecessores, com um desfecho outonal e singelo especialmente para todos aqueles que um dia amaram seus brinquedos... Mas animação tem que concorrer com animação (feito com precedente apenas com A Bela e A Fera)! Bravura Indômita, mesmo sendo "mais fiel ao romance" homônimo, rendeu apenas um "filme acadêmico com tipos estranhos dos irmãos Cohen", sem a graça de John Wayne do filme de 69... Já 127 Horas é aquela "ótima edição baseada em fatos reais com uma cena forte no meio", no páreo somente devido ao excesso de indicados. E sobre A Origem, nada, mas nada mesmo, de novo no 'front'...

Dentre as categorias principais seguidas (diretor, ator, atriz e seus coadjuvantes), reforço que preciso urgentemente ver O Discurso do Rei e O Lutador (já baixados aqui em casa!)! Já quanto à linda Nathalie Portman, um adendo: apesar da franca unanimidade, acho que, no caso, o trabalho maior foi da direção-de-autor de Aranofski, e que ela foi melhor na indicação anterior (Closer): em alguns momentos "frágeis" de sua rica personagem, pareceu ficar devendo um pouquinho... Mas, num todo, e devido ao profundo personagem, valeu! E não havia como errar num filme grandioso como esse: é, como diria Marlon Brando, um "papel à prova do ator" (ou, no caso, da atriz)...

E, se não tivemos os "lixos extraordinários" das últimas indicações brasileiras dos Barretos ao Oscar (levaram O Quatrilho e O que é isso, companheiro, mas, graças a Deus, não conseguiram emplacar Lula, O Filho do Brasil para outra mancada em Los Angeles...), o nosso Lixo Extraordinário perdeu para o norte-americano Trabalho Interno. E já chega desse "complexo de vira-lata" de que nosso Cinema não ganha Oscar: grande coisa! Nosso ótimo documentário era tido como "azarão" pelos jornais norte-americanos porque "não era falado em Inglês" e "não refletia uma realidade dos EUA"... 'Bloody fuckin' americans'...

Mas, como diria a canção, é isso aí: ano que vem tem mais – justos acertos, injustiças homéricas e astros e atrizes a pulular com seus lindos (e milionários) trajes! Para Sérgio e eu, os últimos homens de pé nessa aposta grandiosa, resta um jantar para o vencedor e para botar os papos cinematográficos em dia: próximo sábado, na minha casa, viu, Serjão?!


Só 1 Oscar para Cisne Negro? Se o Oscar fosse justo...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"Agora que o Ronaldo se aposentou,
quando será que o Sarney vai resolver
pendurar as chuteiras?"

Clique nos 'links' desta postagem e leia matérias correlatas interessantes


Um cínico Sarney (pleonasmo!), num vídeo para o 'blog' do Senado, inverteu a posição das coisas e se disse agradecido pela comparação com o "Fenômeno" (veja aqui), terminando por pedir ao presidente do STF (em cujo 'Twitter' se encontrava a inteligente mensagem do título deste 'post') que não punisse a funcionária responsável pela espirituosa brincadeira (parece que não adiantou...)! Mas o imortal marimbondo (do fogo dos infernos) sempre teve jogo de cintura e bom humor, não é mesmo? Só assim para se manter no poder desde as lambidas nas botas da Ditadura Militar nos anos 60/70, posando como "Presidente da Abertura Democrática" nos anos 80, imiscuindo-se nos setores de minas e energia nos 90, até hoje, na sua quarta vez como presidente do Senado, mudando de pele a cada grupo político que suba a rampa do Planalto! Afinal, como não estar de bem com a vida se os amigos togados do TSE deram de presente à sua filha, em 2009, o governo do Maranhão de volta, e o filhão, Fernando Sarney, continua a comandar os "negócios" da 'famiglia' por aqui, livre da Polícia Federal e do Estadão?! Sem esquecer o velho amigo maranhense, carcará de guerras idas, João Alberto, que em breve deve ser confirmado o corregedor (!) do Senado... Fenômeno, sim: fenômeno de sede desgarrada pelo Poder e de imunda impunidade por tantas décadas!

Tudo isso porque o "legítimo" Fenômeno, Ronaldo Luís Nazário de Lima, entregou os pontos e as chuteiras na última segunda, 14, numa superprodução 'by Nike' (tempos modernos...): no nível de um Romário e de um Maradona, Ronaldo foi um dos maiores atacantes da História, com arranque e visão de jogo invejáveis até bem recentemente, mesmo com todos os problemas de saúde enfrentados (exemplo de superação, sem dúvida, mas... e esse hipotireoidismo revelado tão tardiamente como "explicação" para o sobrepeso?)... Sem dúvida, merecedor de muitas láureas, tendo calado a boca de muita gente "especializada" por tantas vezes (tal como parece que o vem fazendo o craque Rivaldo!), sempre fazendo o que sabia de melhor: gols... E que gols...

Maior artilheiro das Copas, campeão em 1994 (banco) e 2002 (absoluto), vice em 98 (essa a gente tenta esquecer...), colecionador de títulos nacionais e internacionais, eleito três vezes melhor do mundo e craque amado nos mais diversos palcos mundiais, assustou-se com mais e novas dores (especialmente no velho joelho, desde os tempos do PSV...) e cada vez mais e mais corintianos sem-libertadores atrás de sua roliça figura e acabou por escolher, enfim, sua hora de pendurar as chuteiras! Pena que, no universo da podre politicagem, nem todos tenham o mesmo bom senso (restaria uma esperança neste mar de lama?)... E uma pena maior ainda que a Política no País não seja uma paixão como o Futebol...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Domingo!


“Preste atenção, o mundo é um moinho: vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir tuas ilusões a pó...” Domingão em casa, arrumando em câmera lenta o escritório, bem como o resto da casa, com a ‘internet’ ligada e ouvindo, pela primeira vez na vida, um bom som advindo de uma “cervejada” próxima daqui – sim, porque deste gênero dominical (do qual são espécies o “pagode de domingo”, o “futebol de fim de semana entre amigos” e “a feijoada/o churrasco de família”) só se espera coisa ruim, musicalmente falando! Por isso me surpreendi ao distinguir, dentre outros sons de domingo (forró de gosto duvidoso ao longe;“Axé/’Funk’ do Senhor” na casa ao lado do meu prédio, começando a aumentar...), uma clássica canção do Mestre Cartola...

”Agora já não é normal: o que dá de malandro regular, profissional; malandro candidato a malandro federal”... Sorrio enquanto leio sobre a posse, nesta última semana, de deputados federais um tanto quanto exóticos: ex-esportistas, sem mais ter muito o que fazer, parece terem descoberto o filão da politicagem, acabando por ser eleitos “figuras” como Romário, Danrlei e Popó para Brasília! E o que dizer de Tiririca? “De tudo que é nego torto...” – Chico Buarque reina na festa vizinha, para minha mais que agradável surpresa...

Desligo o computador e percebo uma Maria Bethânia em sua melhor fase: “Atiraste uma pedra...” Mas é fácil rir do palhaço: é como dizer que filme B é ruim, óbvio ululante (mesmo com algumas pérolas ‘trash’, eles são feitos para serem ruins)! Difícil mesmo é rir diante de um Maluf reeleito e de um Sarney, pela quarta vez, presidente do Senado... “Que País é esseeee...”: Renato Russo vocifera, ainda na tal festa de bom gosto (seria um sarau com potentes caixas de som?)...

O “‘funk’ do Senhor” acaba na casa ao lado do meu condomínio (moro no 12º andar, mas o som, especialmente de músicas vizinhas ruins, espalha-se fácil no ar...) e, enfim, posso tentar ver um bom filme, coisa que não faço há um bom tempo... Tenho à mão todos os candidatos ao Oscar, sendo que alguns nem chegaram aos cinemas brasileiros (“Santa pirataria virtual, Batman!”: uma vez que não houve mais oportunidades pa5ra ir ao cinema, meu amigo camarada PC já baixou um monte de coisas boas desde o ano passado) – como o que acabo de assistir, 127 Horas, um bom exercício de edição de Danny Boyle (o mesmo diretor do fraquíssimo vencedor de 2009, Quem quer ser um milionário). Mania essa que tenho de ver todos os indicados ao Oscar (que está longe de ser o "maior prêmio do Cinema mundial"...), mas vamos lá: o outro indicado que vi também foi baixado aqui em casa pela rede, a bela animação Toy Story 3 – "Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada..." traz Roberto à tona na boa seleção que continua naquela festa...

Falando em amigo, eis que surge o novo Rodrigo, com sua ainda mais jovem Talita, falando de massas, casamentos, apadrinhamentos, vídeos, festas, vestidos e 'downloads', e passadas e futuras luas-de-mel em Fortaleza... "Já conheço os passos desta estrada...", mas, diferentemente de Chico e de Tom, sei que ela dá em muitos lugares, taí Isabela que jamais me deixará mentir – "Menininha, não cresça mais não, fique pequenininha na minha canção: senhorinha levada, batendo palminha"... E assim o domingo passa, sem tempo para os problemas, as dores ou as contas para pagar: como passam domingos por entre a gente quando a gente se propõe a vagar por entre canções alheias... E meu escritório? Bem, que espere outro domingo...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

SOBRETUDO


SOBRETUDO

Que sobre poesia
Sobre tudo
Sobretudo
Sobre todos
Sobre o mundo
Ou sobre nada
Sobre o mundo
Sobrem todos
Sobre tudo
Sobre a poesia
Sobre a vida
– E que soçobre a esperança
Sobre o caos...

(Dilberto L. Rosa, 2005)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tempo de Partir...

... E Rodrigo veio aqui em casa e sequer perguntei de seu pai, pela primeira vez... E eu, que criara um personagem de Quadrinhos inspirado em sua figura genial, jamais concluí uma prancheta em tempo de lhe mostrar...


Era um domingo como outro qualquer: de seu já etéreo sofá, ele falou mal do Fluminense com os filhos, fez suas ácidas ironias políticas por sobre este mundo caótico, lanchou perto das 21 horas... Mas quis o Destino levar o amigo, S. Ódon, embora... Ah, essa mais que indesejada eterna, que chega quando menos se espera, quando nem ao menos deu tempo de se dar um último abraço... Entristecido, tão logo soube hoje pela Talitinha desta tão amarga notícia, adiei uma postagem pronta (para o próximo domingo) e passo agora, em homenagem a este sábio homem de família, a reprisar postagem da época em que completou 80 anos, numa bela festa da qual tomei parte (e onde tirei uma foto ao seu lado, que retrocedeu e voltou no tempo, tantas as histórias e as estórias de nossas conversas)...


Um Super-Homem...

Como na canção do velho Paulo Diniz, ele veio de Piripiri ("De acordo com os sábios da língua, que mudaram a grafia primitiva, 'Peripery', para esta atual... Que, em dialeto indígena, originariamente, este nome significa 'capim', o que tem em abundância naquela cidade piauiense..."), peregrinou pelo País até instalar-se em São Luís e edificar uma linda família (que adotei com carinho desde tenra idade, quando dos bate-papos depois da aula com meu amigo exilado carioca Sérgio Roonie): ao amigo Odon Ferreira, você que faz versos, que ama, protesta (merecidamente reconhecido com uma placa pelo seu "Canto do Protesto" da Benedito Leite, onde já passei algumas vezes, de forma curiosa) e, que agora completa 80 anos de uma vida enciclopedicamente rica (ô, memória...) nesta noite cheia de emoções (as palavras do Bob e do próprio anfitrião, a atenção de D. Zenaide, o vídeo de Rodrigo, o novo documentarista da família, com Superman Love Theme ao fundo...) e de iguarias (ah, as delícias da Aleida!)... Segura o homem, que ele vai longe! E segue nossa admiração...

(Dilberto L. Rosa, 23 de setembro de 2008)
 

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