segunda-feira, 10 de maio de 2010

Saudosa Loucura...

Coelhos bem diferentes (nunca mais o Cinema de entretenimento norte-americano seria o mesmo): Blade Runner – O Caçador de Androides, E.T. – O Extraterrestre, Os Irmãos Cara de Pau, Monty Python e O Sentido da Vida, Rambo – Programado para Matar, Caça-Fantasmas, A Hora do Pesadelo, A Hora do Espanto, De volta para o futuro..., Quero ser grande, Curtindo a vida adoidado, Os Goonies, Top Secret, O Clube dos Cinco, Um Tira da Pesada, Trocando as Bolas, Gremlins, Crocodilo Dundee, Robocop – O Policial do Futuro, Máquina Mortífera, Conta comigo, Os Intocáveis, Corra que a polícia vem aí, Uma Cilada para Roger Rabbit, Brinquedo Assassino, Harry e Sally – Feitos Um para O Outro, Os Bons Companheiros...

Como eu bem ia dizendo, doido para atualizar-me na sala escura, eis que uma alma caridosa de um multiplex local de mim se apiedou e resolveu liberar a entrada de uma tarde inteira de folga: daí que achei de uma bebedeira rasa de efeitos e de correrias exageradas o novo Homem de Ferro 2, elevando à décima potência os pontos negativos do primeiro filme (inclusive com Downey Jr. fazendo um infinita e irritantemente mais engraçadinho Tony Stark – assim, nem Mickey Rourke salva!); de uma chatice a invertida reviravolta de gêneros em A Ilha do Medo, espécie de “mistura que não deu certo” de Uma Mente Brilhante com Um Estranho no Ninho, no novo e mais uma vez equivocado trabalho de Scorcese (nem a linda Fotografia “anos 50” do filme resolveu o problema do Mestre de Taxi Driver, irregular desde Vivendo no Limite); apenas divertida a nova comédia do impagável Steve Carrel, Uma Noite Fora de Série; e quase decepcionante a “releitura” de Tim Burton (cenários deslumbrantemente lúgubres, com árvores retorcidas, e música de Danny Elfmann ao fundo!) para Alice no País das Maravilhas – nesta tão genial fábula (reduzida a um apenas competente filme de fantasia à História sem Fim 2), faltou humor e, principalmente, loucura...

“Loucura: é a única palavra para definir...”, já diria o patético general de 1941 – Uma Guerra Muito Louca, esquecida, porém genial comédia do também ex-Mestre Spielberg: o que teria acontecido à magia daquele Cinema dos anos 80, quando, herdeiros das séries Guerra nas Estrelas e Indiana Jones, os filmes do assim chamado “cinemão” entretinham com inteligência, criatividade e, acima de tudo, boas doses de loucura e qualidade (até Terror tinha essa “magia” naquela época: vide Poltergheist)?! Extinguiu-se pelos pobres anos 90, onde só tivemos um pálido Robin Hood – Príncipe dos Ladrões, no comecinho da década, e, no final, os primeiros capítulos das sagas O Senhor dos Aneis e Matrix (sendo que, quanto a este último, só valeu o primeiro!)? Só assim para explicar a cada vez mais difícil tarefa de encontrar um pouco de magia ou inteligência no cinemão hollywoodiano dos últimos tempos, com raras e honrosas exceções (como Batman Cavaleiro das Trevas)...

Acho que anda faltando mesmo aquela “loucura” daqueles anos 80: aquelas manias de "combinar" tudo em meio a cores berrantes ou de tornar puras coisas absurdas (como usar ‘new wave’ purpurinado em cabelos com ‘mullets’; ou blusa xadrez com saia balonê e melissinha verde-cana; ou ainda aqueles biquínis cavadões, com as partes superiores dos bumbuns à mostra...)... Algo que, na Música, gerou clássicos com os da Blitz, Camisa de Vênus, Ultraje a Rigor e Eduardo Dusek, Léo Jaime e João Penca e Os Miquinhos Amestrados por aqui, e, nos EUA, Michael Jackson, Cindy Lauper, Information Society, Kiss, Oingo Boingo e The B-52’s; ou na TV, com TV Pirata, Armação Ilimitada e Perdidos na Noite por aqui e, por “lá”, Saturday Night LIve, Alf – O E.Teimoso, Automan, Esquadrão Classe A, O Homem de 6 Milhões de Dólares, Super-Máquina, Super-Vicky, Manimal...

Até os brinquedos eram mais inventivos – tanto que releituras de Banco Imobiliário, Jogo da Vida e Detetive (agora em versões bilíngües:Monopoly, Game of Life e Clue), juntamente a clássicos como Cara a Cara, Pula Pirata, Morcegos Equilibristas (antes, Beto Carneiro, do Chico Anysio, ilustrava os anúncios; hoje, um Batman com a cara de mal do Bale é que vem na capa!) e brinquedos como Comandos em Ação, Transformers, Fofolete, Pogobol e os unidimensionais gráficos dos genialmente divertidos jogos do Atari pululam por aí e são revisitados e idolatrados ainda hoje!

É, caríssimos blogueiros de plantão, como dizia o Coringa, no também clássico dos anos 80, A Piada Mortal, “Se disserem que você regula pouco, é porque não sabem como é bom ser louco... Não encarar as memórias é o mesmo que negar a razão”, ou ainda como diz o pai de Alice no belo trecho inicial do filme, "As pessoas loucas são sempre as melhores!"... Loucuras devem sempre ser memoráveis, cheias de tinta e de lembranças cheirosas... Decerto que muitas coisas boas foram e sempre serão feitas, mas aqueles bons tempos... Não sei, aqueles bons tempos dificilmente voltam mais...

Videocassetes mofados (uma pena...), Atari, álbuns de figurinhas famosos, Cara a Cara, bolamania, A Palavra É..., Mini-Senha, bloquinhos de montar, Resta Um, Ludo, 'puzzles', TV de fotos da "última viagem" para o Rio, Comandos em Ação, Thundercats, "vaquinha que dança", miniaturas de ferro, chaveiro do Batman, imitações de lagartixa e aranha e clássicas edições da Playboy (em destaque, Luíza Brunet, 86)... Mais fotos de minha coleção oitentista no álbum "anos 80" na minha galeria do Flickr
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13 comentários:

Érica on 11 de maio de 2010 às 09:07 disse...

Isso que é nostalgia. Como tu és cuidadoso, guardar esses mimos, fazer de coisas que eram tão cotidianas um verdadeiro tesourinho. Eu acho fantástico. Não tive essa atenção, que o tempo passa e a recordação é o que fica.

Eu nasci bem na metade dos anos 80, mas consegui sentir um pouco disso que estás falando: Punky Bruster - a levada da breca, Super Mouse, Os Smurfs etc... E mais, quando Renato Aragão era engraçado. Nossa!! Tá ai uma coisa que faz tempo viu? Rsrsrs

Sabe, um dia desses que estava conversando com o meu namorado por telefone exatamente sobre os anos 80, os biquínis cavadões e a ingenuidade que aquilo tudo trazia, coincidência, né?

Olha, adorei demais esse post. Sério, de verdade. Eu tenho um carinho especial por coleções, acho que porque nunca consegui manter nenhuma.

Beeeijos

Игорь on 11 de maio de 2010 às 12:56 disse...

Oi Dilberto !

Anos 80 ...Tiraste coisas do baú : Esquadrão Classe A ; Super-Máquina ...ou quando a Playboy era a Playboy

Creio que como os efeitos especiais eram defeitos melhorados , eram obrigados a caprichar um pouco mais nos roteiros e nas interpretações .

O Politicamente Correcto( e chato) ainda engatinhava ...

abraços

Ricardo Campos disse...

Oi Dil,

Mais uma vez você relembrando dos bons anos 80, uma década de reinvenção do cinema, da música e do pop em geral. E tudo isso por que você assistiu Alice no País das Maravilhas de Tim Burton? Um diretor que ultimamente só busca reinventar aquilo que era execelente? Ele reinventou Batman e quase destruiu com o mito (foi brilhante apenas no visual, trilha e trouxe um pouco de magia do filme de 89, mas vendo com olhos adultos de hoje...o filme é irregular), reinventou Planeta dos Macacos e foi bastante enfadolho, e recriou outras obras que se tornaram apenas medianas (Fantástica Fábrica de Chocolate e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça). Tim Burton só foi excelente quando trabalhou com roteiros originais ou adaptados (Peixe Grande, Edward Mãos de Tesoura e Os Fantasmas se Divertem). Acho que comparar uma década inventiva, colorida, ousada com os dias atuais, é quase que uma heresia. Anos 80 sempre ficará na memória como uma época que não voltará mais, mas não quer dizer que os anos 90, 00, 10...são horríveis. O maior problema dos anos 00 é a estória do copo que está meio cheio ou meio vazio. São poucas obras de hoje que quebram conceitos (tal qual os que surgiram nos anos 80), que enchem o copo e transbordam invenção e idéias, aqueles que criam sua própria cara e trazem a luz novas idéias, conceitos (olhe ai a reinvenção!), vide o Senhor dos Anéis, Matrix, Homem Aranha, Resgate do Soldado Ryan, Forrest Gump, Dança com Lobos, Seven, Silêncio dos Inocentes, Exterminador do Futuro 2, A Pequena Miss Sunshine, Um Sonho de Liberdade, O Chamado, Peixe Grande, Avatar...
São filmes que surgiram dos anos 90 pra cá e que já se tornaram clássicos. Tem luz própria e alguns até trazem a marca do anos 80. E veja! Nós os assistimos já adultos, com olhos mais críticos. Já nos anos 80...A magia, os sonhos rodeavam nossas cabeças pré-adolescente. Mas não quer dizer que os filmes oitentancistas só sejam excelentes por causa de nossa visão particular. Foram filmes que influenciaram todas as gerações no mundo todo. E alguns filmes dos anos 90 e 00 serão tão influentes tal qual os seus antecessores. Mais influentes? Não sei! Vamos ver no que o cinema se tornará daqui pra frente! Se reinventar...espero que seja pra melhor!

Christine Cecchetti on 12 de maio de 2010 às 08:47 disse...

Sim! Sim! também sou "oitentista" de carteirinha, e fico passada quando entro em lojas de brinquedos com minhas meninas e não vejo as fofoletes que me fizeram tanta companhia na infância...
O cinema era melhor, a música era melhor, os brinquedos eram melhores... mas será que é porque éramoscrianças e tínhamos tempo e imaginação para digerir aquilo tudo??
talvez sim, talvez não.
harry e Sally - a melhor comédia romãntica de todos os tempos.
Poltergeist - o melhor terror.
E tim Burton também não me empolgou com a Alice dele. Mas não sai do cinema decepcionada também não.
Rebeca ganhou um banco imobiliário semana passada, estamos jogando TODOS OS DIAS!!!!
E vamos que vamos... Aí no maranhão não está passando "A Estrada"?? Eu to doida para ver este...
Beijos saudosos dos nossos tempos de criança!!!

Morena on 12 de maio de 2010 às 14:00 disse...

Eu só nm gosto dessa história de comentar em cima do post! mas enfim

AHHHHHHHHH eu ainda n vi alice!!! E eu acho que o sr é mtooo crítico com os filmes!!!! Tem vários bons dentre esses que citaste!

Beijos saltitantes
A cegonha já chegou?

Unknown on 12 de maio de 2010 às 19:10 disse...

Amigo, antes de tudo gostaria de deixar claro que nunca usei biquini cavadão, apesar de ter vivido bem os anos 80, curiosamente boa parte dele e a parte boa ao vosso lado.

Sou muito saudosista dos anos 80. Digo, que apesar de ter vivido parte da minha adolescência nos anos 90, não fiz parte dessa década. Não fui grunge e só passei a gostar do Nirvana depois que o doido do Kobain morreu. Me pareceu que os 90 foram uma década de transição entre o passado e o futuro tão sonhado por nós, que está cada vez mais próximos das minhas tão amadas ficções científicas.
Me sinto na obrigação de me livrar dessa nostalgia oitentista. Tá legal, foi muito bom, muito bom mesmo, mas passou. Agora tenho que construir um futuro pra mim e pro meu filho e no seu caso sua pimpolha que está por vir, que seja tão ou mais legal que os 80 que vivemos. Os componentes externos não estão ajudando muito, faltam bons filmes, bandas, programas, etc. Cabe a nós construí-los. A mídia no mundo hoje é outra, o Cinema teve que se aproximar do video game e esse por sua vez do Cinema.
Veja as nostalgias dos nossos pais, para quem o seu tempo foi melhor que o nosso. É sempre assim. Isso significa que estamos velhor.
Como ainda não viramos o cabo da boa esperança, que anda pelos 40 hoje em dia, está na hora de fazermos nossos filmes e pulular os cinemas com as trexeiras da HD produções. hehehehe

Viva os anos 80!

P.S.: Atari era bidimensional.

Anônimo disse...

Dil,

A ti, meu amigo mais saudosista e especial que Deus me permitiu conhecer, aproveito este espaço para antecipadamente lhe parabenizar por mais esta data linda e querida... Mais velho, mais belo, mais amigo, cada dia mais intelectual... Há, e neste mês PAPAI...
Um grande beijo dessa tua amiga (um pouco distante), mas acredite, que te ama muito... PARABÉNS!!

Anônimo disse...

E pra a amiga que tanto te admiras não ficar anônima... Sou meu querido: Calina... Bjs!

Jens on 12 de maio de 2010 às 22:59 disse...

Saudades da loucura dos anos 80? Enfim a idade te pegou, camarada Dilberto. Millôr Fernandes observou certa vez, durante os anos de chumbo, que ainda chegaria o tempo em que diríamos, em relação a este tempo difícil: bons tempos, hein?
Pois é, chegou o teu momento. De minha parte também digo: no meu tempo era melhor. Estou me referindo aos anos 70, naturalmente.

Um abraço.

Luma Rosa on 13 de maio de 2010 às 09:03 disse...

Dil, meu irmãozinho! Bom ver que você ainda brinca! (rs*) Acho que falta isto em Hollywood, o verdadeiro lúdico! A magia do cinema, a criatividade foi substituída por efeitos especiais e um certo desconforto para o espectador de filmes, afinal, se o sonho nos apresenta pronto e não nos faz sonhar, saímos ocos de uma sessão.

Nossa! Nunca tinha pensado em tantos coelhos!! Beijus,

Soninha on 13 de maio de 2010 às 11:04 disse...

Olá Dilberto!
Putz...que legal, guardar tudo isto.
Recordar é viver, né?!
Estou super a fim de ir assistir ao Alice...Irei.

Bem...
De repente um morcego invade nosso espaço virtual...
De onde ele veio?
Vem nos assombrar? Nos amedrontar? Vem sugar nossa seiva literária?
Felizmente era um morceguinho diferente...um morcego do bem, cheio de cultura, espirituoso e alegre que fez morada em nosso coração, com sua amizade espontânea.
Se pudéssemos fazer uma analogia com o Morcego do Augusto dos Anjos, este morceguinho é como uma consciência, também. A consciência amistosa, rica em pesquisas e crônicas fascinantes, que nos prende a atenção por preciosos minutos.
Ainda nos visita, deixando seus comentários hiper pertinentes.
Obrigada, Dilberto.
Parabéns pelo seu aniversário. Que Jesus o abençoe com muita saúde e prosperidade!
Felicidades!
Muita paz! Beijosssssss

Queremos bolooooooooo!

quezia disse...

Antes de tudo, parabéns Dil por mais um ano que Deus lhe proporcionou...quero bolo tbm,rsrsr...
já sobre os filmes, realmente se formos fazer uma análise, hj em dia é muito difícil termos alegres surpresas com a qualidade que se mostra na 7ª arte...e sobre alice, por mim, não teria me importado se tivesse usado o heath ledger como chapeleiro maluco...teria sido bem mais empolgante,rsrs...abraços

Thiago Leite on 16 de maio de 2010 às 00:12 disse...

Falta mesmo, cara. Falta muita ousadia intelectual no cinema, nos quadrinhos, na literatura... e ousadia intelectual não é só mostrar inteligência, mas, em consonância com o que você disse, não ter medo de parecer idiota. Erasmo de Roterdã precisa ser revisitado.

Sobre a foto... em alguns contextos, você seria chamado de nerd. :P

 

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