Essa Igreja Católica sempre foi muito safadinha mesmo... Não só se consagrou como uma Religião cristã mesmo tendo sido praticamente pagã em tantos momentos de sua longa história ou politeísta enrustida até hoje (com seus santos-deuses não oficiais), instituiu a ferro e fogo no Mundo Ocidental uma legítima deusa, tal qual nas mitologias pagãs orientais (Maria, em substituição a Shiva e Vishnu, por exemplo, em oposição a Eva, a “Musa do Pecado Original”: assim os pobres padres castos eram “mantidos longe” do pecado da fornicação – ou a mulher era algo divino ou algo profano!), como também estabeleceu estruturas das quais o mundo nunca mais se desvencilharia, já tendo mesmo se incorporado ao nosso conceito de cotidiano: o próprio calendário, que ora nos ocupamos em reverenciar em seu final, é a obra-prima do Papa Gregório XIII – sem esquecer os inúmeros feriados dedicados a santos e festividades católicas, como o próprio Natal, hoje celebrado entre ateus e religiosos do mundo todo!
Mas uma coisa ninguém pode negar, mesmo o mais chato e radical pentecostal: o Natal é uma festa útil, mesmo não sendo a legítima data de aniversário do menino aguardado pelos cristãos como o Messias (sim, porque os judeus estão esperando pelo tal até hoje...)! Afinal, graças a pelo menos um dia em especial no ano, famílias e amigos se reúnem, trocam presentes, cartões e juras de amor e fraternidade, lembram-se dos necessitados em campanhas homéricas de arrecadação e se emocionam com a estória do Deus-menino que nasceu num repositário de alimento para animais... Pode ser que Ele tenha nascido entre setembro e outubro, como garantem os especialistas, com base nas próprias escrituras; pode ser que Ele nem tenha nascido, como querem aqueles que não acreditam... O que importa é a necessidade do perdão e da união, a Noite Feliz de encantamento, de alegrias e de reforços espirituais para a longa jornada de uma semana que se seguirá até a “passagem dimensional” para o novo ano seguinte, e de Papai Noel para as crianças ainda crédulas (criação também oriunda do Catolicismo e “aperfeiçoada” nos EUA: com o padre Saint Claus ou com São Nicolau, surgiu outro quase-Deus, onisciente de todos os desejos infantis, onipresente em todas as casas do mundo numa noite só e onipotente para julgar as criancinhas, fazer voar as renas e parar o tempo)...
Pois que mais um ano gregoriano chega ao fim, com mais uma volta completa da Terra em volta do Astro-Rei (primeiro homenageado “natalino” entre os ditos pagãos, antes daquele que seria a “Luz do Mundo” chegar e ser homenageado na mesma época...) e, mais uma vez, não fizemos nem a metade de tudo aquilo que nos propusemos nas ditas resoluções de ano novo, ocupando-nos feito loucos para correr contra o tempo perdido até minutos antes das doze badaladas de 31 de dezembro... Bobagem, deixem tudo isso pra lá; tomemos a mim mesmo como exemplo: deixei São Luís alguns dias atrás com um escritório inteiro bagunçado e com uma penca de coisas para resolver depois de um semestre cheio e desci para o calor dos infernos das cidades de Codó (MA) e Teresina (PI) para passar o Natal e o ‘reveillón’, respectivamente, diametralmente oposto à noção do “White Christmas”, com aqueles Natais cobertos de neve dos filmes estadunidenses... Mas tudo bem: a vida continua e ainda terei 365 dias pela frente logo, logo, para botar tudo em dia! Especialmente depois deste mágico ano de 2010, em que outra criança maravilhosa nasceu em minha vida: Isabela é linda e sorri sempre que lhe conto estórias dos Natais passados de seu pai, sobre a Glória de um menino ainda mais especial, que ouvia da sua avó naqueles mágicos 25 de dezembros sagrados pela minha memória...
Feliz Natal e um ano novo cheio de novidades para todos! E sigamos com fé, que a fé não costuma “faiá”: vemo-nos em 2011!