segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Feliz Batman!

Velhos Natais inocentes e sorridentes...

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Mas o que o Natal, a festa aparentemente mais festiva, familiar, iluminada, multicolorida e religiosa do ano tem a ver com o herói mais triste, angustiado, soturno, solitário, órfão e em trevas nos Quadrinhos? Aparentemente nada... Mas não para mim ou para o universo do Homem-Morcego: além de várias histórias marcantes se passarem no período natalino, ora bem explorando os contrastes aqui expostos, ora meramente querendo criar um "especial de Natal" forçado - como na ilustração acima, capa de uma história bobinha de Bill Finger nos anos 40 -, Natal, pra mim, sempre lembra uma boa revista do Batman, desde que ganhei minha primeira reedição de A Piada Mortal, clássico absoluto de Alan Moore e Brian Bolland! Eu me recordo muito bem... Sem dúvida, um clássico que, embora não tendo sua trama no Natal, tornou-se tal símbolo por eu tê-la adquirido numa véspera desse grande feriado, num longínquo dezembro de 1990...

Curiosamente, neste Natal em que não estava na minha melhor fase de "espírito natalino" de presentes e comemorações, eis que, passando numa banca, deparo-me com uma reedição de Batman: Sina Macabra, arco do selo Elseworlds (série de histórias fora da cronologia oficial; por aqui: "Túnel do Tempo") do comecinho dos anos 2000, agora na coleção de relançamentos encadernados DC Comics Graphic Novels, que venho colecionando. E qual não foi a minha surpresa quando, novamente, em meio às dúzias de enlatados norte-americanos sobre Papai Noel na TV e os fuzuês de compras em abarrotados shopping centers, eu me encontrava "liberto" de todo o clima jingle bells, imerso naquela interessante história de suspense fantástico à H.G. Wells no inteligente roteiro do mestre Mike Mignola (sim, o criador do Hellboy, também responsável pela clássica Batman 1889) misturando clássicos elementos da Literatura de Fantasia e Horror com uma Gotham dos anos 20 e várias releituras dos seus maiores vilões (talvez aí residindo seu maior defeito: herói esmaecido demais em meio a tantas referências). E, apesar de bem aquém da genialidade de A Piada Mortal, mais uma vez o Homem-Morcego me faz companhia na época natalina - se o Natal estava um Terror, nada melhor que um conto desses para se relaxar...

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Sim, Batman e Natal combinam, sim... E muito! Ambos guardam uma aura de luz em meio ao caos e existem dentro de sistemas de aparência: afinal, a data católica é, na verdade, consumista e opressora, mas com aparência de festa "sagrada", "feliz" e "familiar"; e a cidade de Gotham, de aparente progresso e desenvolvimento, é coberta de pobreza, depressão e vilões demoniacamente loucos... Sem falar nos protagonistas de ambas as tramas, cujos heróis são figuras solitárias e cheias de dilemas quanto às suas missões neste mundo insano e maligno! Nem sempre o Natal é feliz... E muitas vezes é preciso um tapa na realidade para se recomeçar, enxergar outras nuances menos coloridas da vida nessa época de renovações e aprender que a solidão pode ser uma boa companheira para reflexões - assim como um amargurado herói pode representar um bom companheiro nessa complexa época do ano... Então, neste ano em que o "feliz Natal" não saiu como o esperado... Feliz Batman a todos!

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Longe da família...

domingo, 26 de novembro de 2017

Sinto um distúrbio gramatical na Força...

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O "Bem", o "Mal" e o "Equilíbrio"... Mas e o Português? A depender dos distribuidores de Star Wars no Brasil,
o Português será meramente o velho sujeito das piadas de burrice...

Se você não é um alienígena que acabou de chegar de uma galáxia muito (muito) distante, você, nalgum momento da sua vida, ao menos já ouviu falar na saga espacial de Star Wars - Guerra nas Estrelas... Sim, eu insisto na tradução porque, primeiro, no meu tempo de menino nos anos 80, numa época em que ainda não se forçava a barra para que todos fossem bilíngues no Brasil (era Super-Homem e não Superman...) e bem antes do infindável número de continuações e histórias paralelas sobre a eterna luta da Força contra o Lado Negro (antes do atualmente mais correto "Lado Sombrio"...), era assim que se chamava o primeiro filme, "Guerra nas Estrelas", só depois vindo essa leva de Episódios IV, V, VI (e vai para o I, II, III... pula para o VII...) e a quase "obrigatoriedade" de se chamar o "nome completo" com o epíteto original em Inglês, 'Star Wars'...

Curiosamente, mesmo nessa época de bom Português, um fato já chamava a atenção para um distúrbio na Força gramatical: em 1983, o terceiro e, até então, último episódio da saga - que viria a ser o Episódio VI... -, apresentava-se com um título no mínimo esquisito para qualquer fã da série: "O Retorno de Jedi", além do vício de linguagem conhecido como estrangeirismo, porque incorporava uma palavra estrangeira sem o devido destaque em itálico ou aspa simples (senão, o tal alienígena desavisado do início deste ensaio fatalmente leria "je-di" e não "je-dai", como no original em Inglês), apresentava um erro bem mais facilmente reconhecível, a ausência do artigo definido "o" junto à preposição. Complicou na explicação professoral? Coloquialmente falando, Jedi é um nome dado a um cavaleiro de uma ordem de poderosos guerreiros e não o nome de uma pessoa; logo, ainda que nenhum dos meus colegas soubesse definir teoria gramatical sobre o uso do artigo como definidor de um substantivo (nem mesmo eu, naquele tempo: o professor de Português viria muito depois...), ficava fácil perceber que aquele título seria bem melhor redigido como "O Retorno do Jedi"!

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Ninjas, mutantes e adolescentes... Tudo no plural!
Mas se engana quem pensa que a saga da burrice gramatical acabaria por aí e, alguns anos depois, muitos amigos e eu riríamos de algo ainda mais estapafúrdio em termos de títulos em mau Português: "As Tartarugas Ninja", tradução encurtada do fenômeno mundial dos quatro famosos quelônios devoradores de pizzas e versados em artes marciais (e muito mais legais que as atuais versões anabolizadas inventadas para o Cinema) continham um crasso erro de concordância nominal em número, uma vez que, em Inglês, chamavam-se Teenage Mutant Ninja Turtles, o que deveria ser bem traduzido para "Tartarugas Ninjas Mutantes e Adolescentes... Sim, tudo no bom e velho plural básico! Ou o distribuidor da animação no Brasil faltou na aula em que se explicava que adjetivos são flexionáveis em número (ninja é um atributo, uma qualidade de quem domina as técnicas de combate do ninjutsu) ou ele confundiu a terminologia e achou que deveria botar o segundo termo no singular porque atribuiria uma definição para o primeiro, sendo que essa regra só serve para substantivos compostos, usando-se hífen, o que obviamente não era o caso! E assim ficou: até hoje, as Tartarugas Ninja, sem o s!

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Em três tempos: tanto no diálogo com o Mestre Yoda em
O Retorno de Jedi, como na abertura e em cena do recente
O Despertar da Força, Luke é "o último jedi", no singular!
E eis que, após inúmeros outros títulos vacilantes com a inculta e bela última flor do Lácio de Bilac (como os famosos problemas pronominais de Se beber, não case, esquecido de que o verbo é casar-se, com o reflexivo se, apesar de alguns gramáticos moderninhos considerarem o pronome facultativo), voltamos para os bons e velhos distúrbios gramaticais na Força: o mais novo filme da saga (sim, porque há muito tempo deixou de ser trilogia, hexalogia, e, por ora, parece que a história dos Skywalkers se fechará mesmo numa "enealogia"), Star Wars - Episódio VIII - Os Últimos Jedi, a ser lançado no próximo mês, já incomoda pelo título... Primeiramente, pelo repeteco em tratar a palavra Jedi, de escrita e pronúncia estrangeira, como uma palavra da Língua portuguesa; em segundo, porque, assim como fizeram com as pobres tartarugas ninjas, simplesmente se esqueceram do plural da palavra jedi - que, mesmo em Inglês, flexiona-se em número, com a aposição de um s! E, em terceiro e último lugar, a tradução (ou seria a estratégia de marketing?) se descuidou de duas coisas: não há plural no título original, The Last Jedi (sem o s, portanto); e, se o infeliz criador desse tosco plural errado em Português tivesse visto ao menos um filme de Star Wars, ele saberia que "o último jedi" é uma referência comum na série a Luke Skywalker, personagem de Mark Hamill que, além de ser o herói protagonista da trilogia clássica, volta, já idoso, nessa nova leva de filmes iniciada em 2015... Logo, ainda que acertasse na grafia do plural, errariam ao mexer na própria trama intergaláctica!

E assim, como diria Damien Rice naquela sentida canção, and so it is... (ou, na igualmente estranha tradução do Seu Jorge, "é isso aí..."), então é isso: chegamos ao fim desta "saga gramatical", pelo menos por enquanto... Sabe-se lá quando as Forças do Mal da tradução tosca ou o Lado Negro dos distribuidores marqueteiros sem noção voltará a atacar com algum título esdrúxulo ou mesmo bem errado, nesta ou em qualquer outra "galáxia muito, muito distante", no futuro, hoje ou "há muito tempo" (ou o redundante "há muito tempo atrás", que, por incrível que pareça, já apareceu como tradução nalgumas cópias da trilogia original para a famosa abertura A long time ago...)! Afinal, certas coisas nesse meio de campo espacial, mesmo em se dominando os poderes da Força, são difíceis de "dibrar"... Não é mesmo, "Mestre" Ronaldinho?!
 
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Meio Jedi, meio Blade Runner, craque dos "dibres" repousa durante as gravações para um famoso comercial de cerveja.

domingo, 29 de outubro de 2017

"Há canções e há momentos..." - e versões diferenciadas!



Há canções cujas interpretações são tão marcantes, que as elegemos, nalgum cantinho especial dos nossos corações, como as versões definitivas daquela música... Pouco importando se cantores mesmo da sua predileção conseguirão, posteriormente, fazer uma bela releitura nalgum novo registro, alguém já deixou marcada "A Interpretação" daquela música, intocada naquele seu cantinho! Especialmente quando, para além do seu rincão cardíaco, milhares de outros corações também são tocados da mesma forma, numa quase unanimidade burra rodriguiana! É o caso de We will meet again, espécie de "clássico de guerra", composta que foi com o olho nesse mercado (sim, guerra também é um bom mercado, vide os filmes e as canções mais melosas feitas pela indústria nessa época): eternizada pela cantora e dublê de atriz Vera Lynn no filme homônimo de 1943, a bela canção de despedida até hoje é entoada e adorada por vários ingleses e norte-americanos na mesma interpretação marcante daquele ano... "Nós nos encontraremos de novo, não sei onde, não sei quaaaando..."! 



Mas e quando a canção possui tantas interpretações bacanas que não se consegue eleger uma como "a" do seu coração? Como no caso do clássico de Cole Porter, You do something to me (algo que poderia ser traduzido como "Você faz alguma coisa comigo", literalmente, ou, melhor, "Você me faz sentir um negócio..."): não há quem não conheça a versão mais famosa e jazz swingger do Ol' Blu Eyes Frank Sinatra - inclusive foi com ela que aprendi a cantar e amar essa canção! Mas também não há como não amar as versões de Ella Fitzgerald, Doris Day, Bryan Ferry, Conal Fowkes e até de Marlene Dietrich e seu Inglês germanizado... Então fiquemos com todas, com um carinho especial pela primeira versão ouvida?! Sem contar que ainda correm por fora aquelas versões "diferenciadas" que acabamos ouvindo pelo caminho - diferenciadas seja porque jamais se imaginou este cantor se envolvendo com tal canção, seja porque aquela cantora não tem nada similar em seu repertório mais moderno... E, no caso de You do..., pouca gente sabe que ela foi gravada por Sinead O'Connor e João Gilberto - e, cada um, à sua maneira peculiar, respeitou tão bem a bela canção que se manteve a essência do clássico: Sinead foi mais tradicional (só com algumas "modernismos" no videoclipe, em contraste com o estilo antigo da blondie crooner que encarnou), enquanto o Pai da Bossa Nova preferiu um tom mais intimista de sua interpretação jazzística e, casada ao seu violão da batida perfeita e suas famosas corridinhas métricas e de entonação, o resultado ficou uma delícia...



Mas e o clássico de Vera Lynn, não há nenhuma versão diferenciada? Eu, pelo menos nunca ouvi... Parece que ela é daquelas intocadas realmente, de uma cantora só... Mas, num átimo de metalinguagem entre artes, morri de rir ao me lembrar que, sim, We will meet again tem uma outra versão, mas não cantada... Explico: num dos filmes mais geniais de Stanley Kubrick (e de todos os tempos), Dr. Fantástico (genial desde o título original: Dr. Strangelove or How I stopped worrying and love the bomb, algo como "Dr. Strangelove" - "Dr. Estranhoamor" - "ou Como parei de me preocupar e passei a amar a bomba") sobre a histeria coletiva da Guerra fria e da corrida armamentista nuclear de um jeito bizarramente inteligente, mais ou menos como tudo o que o Kubrick gostava de fazer, a versão de Vera Lynn ganha uma roupagem completamente nova, quase como um hino para o fim do mundo... Mas sem mudar nada da versão clássica - Hilariante! E pensar que a ideia original era fazer chorar com as despedidas da guerra...

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Em feitio de oração...

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Nossa Religião
Em tudo permaneço em tua vida.
Na persistência de cada detalhe que por si não cabe,
Existo por sobre o ser maior como algo
Que se guarda em ti, ao lado e ao largo,
Tal como um anjo, um ente, um orixá guardião
- Ainda que também um demônio perdido buscando em ti
Luz e salvação,
Simplesmente sou
Por dentro da essência mais cara e elaborada
Antes mesmo do nosso existir...
Que a truncada lógica deste ser que se recria em nós 
Se alimenta da nossa entrega mais santa
E da prece a esse amor
Que mata, rouba, nasce e ressuscita
Na dura, impotente e abençoada
Crença mais bonita
De que somos apenas carne, alma, amor e paixão 
Querendo descer e pertencer à vida
Na busca por redenção...
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sábado, 5 de agosto de 2017

Sempre veja o lado claro da vida...

Como morcegos a voar por sobre a minha cabeça...

Quando escrevi isso, aos 14 anos, meu primeiro poema, a ideia era uma óbvia metáfora de um sofrimento digno do "mal do século", daquele Romantismo mórbido e idealizado tipicamente byroniano dos Macários da vida... Mas como Poesia tem vida própria, eis que essa simples metáfora por muitas vezes se materializa quando menos se espera! E eu, por esses dias, acabei tendo a minha quota de "morcegos por sobre a cabeça", mas morcegos bem diferentes dos cultos e bons companheiros que habitam este dileto espaço virtual, morcegos bem menos cientes das artes em geral e mais próximos das aflições de Augusto dos Anjos... Naqueles momentos em que a vida se depara com algumas realidades bem menos poéticas - e, o que é pior, bem mais demoradas do que uma sempre carinhosamente preparada postagem feita pelos quirópteros deste bloguinho...

Mas não há com o que se desesperar: se sempre haverá uma chance para gente que, apenas tendo se esquecido de "rir, sorrir, dançar e cantar", teima em se reinventar de um jeito melhor, por que não passar a ver a vida como um absurdo grande espetáculo teatral e, encarando o fechamento da cortina para mais um ato com uma curva saudação em reverência ao público, espere preparado até que o cenário seja novamente montado e novos parceiros de cena surjam para uma nova passagem dessa peça com constantes reviravoltas deliciosas... Pois, como diria aquele otimista "parceiro de crucificação coletiva" (Eric Idle) do pobre Bryan (Graham Chapman), infelizmente sempre confundido com o Messias num dos mais hilários finais cinematográficos de todos os tempos no clássico Monty Python: A Vida De Bryan, "não resmungue, dê um assobio: isso ajudará as coisas a melhorar e... sempre olhe para o lado claro da vida!"... Perde-se aqui para se ganhar acolá...

E os Morcegos, que, juntamente a tantas correrias alucinadas, andaram bastante irregulares por estes últimos meses, resolveram oficializar o seguinte: jamais tendo parado por completo e tendo deixado inúmeras postagens no ponto de publicação, com uma ou outra necessidade de acabamento que ora são feitas, aproveitam este momento de "paradas obrigatórias", redescobertas e recomeços para publicar, na devida época em que foram originariamente criadas, uma postagem por mês em retrospecto - aqui seguindo os devidos links: em MAIO, uma viagem poética por entre aniversários ilustres e sagas especiais de Star Wars; em JUNHO, uma pequena homenagem aos grandes artistas setentões aniversariantes daquele mês, em especial Bethânia com um dos seus melhores discos; em JULHO, o Cavaleiro das Trevas aparece como muito bem representado numa cena que se mostra como síntese da adaptação do Homem-Morcego das HQs para o Cinema; e agora, em AGOSTO, sempre tão temido como o "mês do cachorro louco", os quirópteros das Artes em Geral voltam à ativa dizendo que não se rendem jamais - e, diante do inevitável, simplesmente criam, juntam os lábios e assobiam... Afinal, "se viemos do nada e voltamos para o nada, o que temos a perder... Nada!"...

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Grandes Cenas do Cinema

Os filmes de super-heróis se tornaram uma realidade paralela, tão prenhe de títulos lançados que, tranquilamente, já se pode dizer ter se tornado um subgênero atual do Cinema - para o bem e para o mal... E, assim como se dá no mercado editorial dividido entre Marvel e DC, com algumas raras exceções (como no caso do recentemente sofrível e anabolizado As Tartarugas Ninjas, produzido pela Fox sob licença da editora IDW), o cenário da briga cinematográfica atual fica entre a Disney e a Warner, detentoras das respectivas majors das HQs norte-americanas.

Porém, muito antes desse cenário de guerra, com inúmeras bobagens ridículas lançadas aos borbotões (tanto dos personagens da DC, como Esquadrão Suicida, quanto da Marvel, como Homem de Ferro III), um competente cineasta foi o responsável por uma excelente retomada de um dos maiores heróis dos Quadrinhos: em 2005, Batman Begins (que bem poderia ser chamado, em Português, de "Batman - O Início"), de Christopher Nolan, comprovou que personagens de collant em ação poderiam ser bem realistas e render grandes filmes! E, apesar de muitos fãs considerarem sua sequência o melhor filme do Homem-Morcego (ou mesmo o melhor dentre os filmes de super-heróis, Batman - O Cavaleiro das Trevas), Batman Begins segue como um belo marco para o início do universo cinematográfico dos personagens da DC/Warner e foi o responsável por cenas memoráveis...

Tanto é que, para os Morcegos, a melhor cena de adaptação para o Cinema de um personagem dos Quadrinhos nem é o Super-Homem voando por sobre a Terra no clássico dos clássicos Superman - O Filme, mas, sim, a cena final de Batman Begins: o início da grande amizade entre o Comissário Gordon e Batman, coisa existente nas revistinhas desde o surgimento do Protetor de Gotham em 1939, no telhado do prédio da chefatura de polícia, diante do icônico batsinal, tão emblemático quanto vários quadros desenhados por grandes artistas em historinhas incríveis, com o belíssimo desfecho do ótimo diálogo entre os dois (Gordon: "Eu nunca lhe agradeci..." Batman: "E nunca vai precisar...") fazem desta uma das maiores cenas do Cinema - independente de subgêneros de ocasião...

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Carta de Todo Amor

Talvez o mês de junho seja o mais pródigo em nascimentos dos maiores nomes da nossa Música: são deste mês os aniversários dos incríveis Erasmo Carlos (76 anos) e Wanderléa (71 anos) da Jovem Guarda; do deus da Bossa Nova João Gilberto (86 anos); do grande maranhense Cláudio Fontana e do versátil carioca Ivan Lins (72 anos); da diva sempre em renovação Elza Soares (80 anos); e de três dos maiores gênios da clássica MPB - o escritor e compositor Chico Buarque (73 anos), o compositor e grande musicista Gilberto Gil (75 anos) e a maior intérprete em atividade no Brasil, Maria Bethânia (71 anos).

E se o gênio maior da nossa Música, Chico, já foi largamente homenageado neste humilde espaço virtual (sendo a postagem com a Lista das 20 Melhores Composições buarquianas a mais completa delas) - enquanto, injustamente, o grande Gil jamais teve sua merecida postagem especial (injustiça que os quirópteros das Artes em Geral prometem corrigir em breve) - e a própria Bethânia já também teve uma poética postagem biográfica por aqui, quando das suas setenta primaveras comemoradas no ano passado, fica impossível não terminar este junho sem falar de novo da Diva maior do nosso cancioneiro... Especialmente em se considerando um redescobrir de um dos seus maiores trabalhos, a obra-prima em disco Carta de Amor, show homônimo lançado em 2012-2013!

Sabe aqueles discos que emocionam por inúmeras e diferentes razões? Este é o caso! E um caso de amor incondicional, a começar pelo título e a passar pelo desfile da performática grande cantora entre clássicos como "Canções e Momentos" e "Sangrando", novas versões de grandes composições já marcantes na voz da baiana, como "Fogueira" e "Fera Ferida", e grandes poemas recitados entre as canções, tudo repleto de emoção - com destaque maior para "Cântico Negro", de José Régio (1925)... Desses discos que mesmo já se tendo ouvido, você se reencontra ao se deparar com ele e ouve tudo como que pela primeira vez... Uma viagem para bem começar o novo mês... Quiçá uma nova vida - para quem quiser se ajuntar e escutar e (re)ler cada tipo de amor...


sábado, 13 de maio de 2017

O ontem e o hoje


Em 1977, nascia algo com vontade de criar universos e cruzar galáxias, com força para poetizar em torno de uma Força maior, que a tudo nos cerca e nos envolve... E, o que é ainda mais interessante, é que nesse mesmo mês e ano do meu aniversário nascia também Star Wars - Guerra nas Estrelas (o posteriormente famoso Episódio IV - Uma Nova Esperança)!

Brincadeiras à parte, é incrível como algumas cenas marcam bastante os fãs do Cinema - claro que, em se tratando do Universo SW, isso seria até redundante, tantas as sequências que se tornaram clássicas ao longo desses 40 anos, 7 filmes oficiais e um "extra", o ótimo Rogue One - Uma História Star Wars... Falo mesmo daquelas cenas que acabam marcando cada um de um forma mais íntima e pessoal...

E nesta data especial da minha saga, em que me encontro ávido pelo mapa ideal a fim de encontrar coisas que de mim podem ter se afastado ao longo desta jornada e na busca pelo melhor equilíbrio da minha Força, destaco esses dois momentos que, isoladamente, são lindos e metaforicamente muito ricos em cada filme nesta rica trajetória, do início e do "final" (até agora: faltam, ao menos, mais 2)...

O mais significativo é que, para além das belezas próprias de ambos os trechos (mesmo para quem nunca viu os filmes respectivos), os dois se completam e se complementam num emocionante arco que tão bem emoldura a sempre árdua peregrinação de um herói: no primeiro momento, o horizonte (e os famosos dois sóis de Tatooine) a convidar o nosso personagem a desafiar seus medos, abandonar uma vida pequena e seguir em frente rumo ao algo bem maior para o que foi feito; no último (alerta de spoiller), a jovem que, décadas depois do início de tudo com aquele outrora rapaz, traz ao agora velho e cansado guerreiro um bem significativo o suficiente para lembrá-lo de que ainda há muito pelo que lutar lá fora - tudo com o mais tocante da inesquecível trilha de John Williams ao fundo, a entoar o edificante "Tema da Força", que permeia o heroísmo nos 7 episódios...

O velho e o novo (o sábio e auto-exilado Jedi e a jovem aprendiz), a galáxia muito, muito distante (ou o aqui e agora: "Cuidado meu bem, há perigo na esquina"...) e a vontade desafiada para seguir amando e combatendo o bom e maior combate de qualquer bela história que se preze: aquele que se combate contra si mesmo... O ontem e o hoje - sem crise, por favor... E que a Força (e o amor) esteja com todos nós!

domingo, 30 de abril de 2017

13

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Avolumava-se um vulto na penumbra à porta do escritório, tal como nos jogos de espelhos, luzes e sombras típicos de Cidadão Kane - porém, sua silhueta mais lembrava o Orson Welles de outro filme, A Marca da Maldade... No entanto, Ele se via mais como nalguma história em quadrinhos, quase um um Rei do Crime gigantesco e opulento - de qualquer forma, um vilão, a esperar pelo embate com seu respectivo nêmesis heroico, fosse ele o Homem-Aranha ou o Demolidor que jamais chegaria! Pouco depois, o telefone toca um breve sinal. Era Ela, só que sem voz, somente mais uma mensagem: Eu te amo tanto...

Na verdade, Ele queria que Ela lhe dissesse outras coisas: que o entendia, que sentia suas angústias, seus medos e anseios; a que horas havia chegado e que, no fundo, nem queria ter saído... Enfim, que soubesse acalmar seu coração, sem convidados indesejados, sem fechamentos em conchas, sem data de validade, custasse o que custasse... Talvez fosse demais querer tudo aquilo, uma vez que, como diria o Poeta-Mor, Amar se aprende amando, e algumas maturidades, de saber a hora certa de se ensimesmar ou de celebrar a vida com quem quer que fosse, seriam construções a que Ela talvez ainda não havia conseguido chegar - paciência! Antes querer lembrar o grande Raul, com seus versos dolorosos de A Maçã - Se eu te amo e tu me amas,/ o amor a dois profana,/ sofro, mas eu vou te libertar - do que pensar nalguma coisa mais possessiva, como Antônio Marcos: Preciso tanto me fazer feliz...

De repente, um morcego irrompe pela janela aberta e, antes que Ele se valesse da arma encontrada na gaveta e com Ela encontrasse "a mais indesejada das gentes" de Bandeira, numa típica tragédia Rodriguiana ou se lançasse nalguma trama amargamente policialesca de Rubem Fonseca, eis que a negra criatura noturna, dependurada num balaústre, exclama em alto e bom som: Nunca mais!... E, então, dezenas, centenas, talvez milhares de morcegos adentram o ambiente e, com seus desesperados sons de bater de asas, fazem surgir, diante dos olhos estupefatos de nosso anti-herói, um computador (talvez carreado pelos milhares de quirópteros), daqueles mais antigos, com monitor branco-amarelado com tubo de imagem como os antigos televisores, uma grande CPU, e fios e mais fios a eles interligados - na tela, uma mensagem era digitada: Decifra-me... Ou te devoro!

No instante seguinte, todo o peso do imenso farfalhar geral de asas passou a dar origem, na tela, a letras, números e memórias das artes em geral - e, como num delicioso filme de Terror, Ele some à medida que os assustadores animais alados debandam pela janela por onde entraram: mais kafkiano impossível! Na tela, um poema intitulado "Morcegos"... E Ele acabou perdendo o pouco controle que achava ter: teria sido carregado pelos invasores de há pouco? Ou se teria fundido eternamente ao virtual, carregando-se, automaticamente, nas dezenas, centenas, milhares de crônicas, contos, poemas e críticas de Cinema, Música, Literatura e tantas outras metalinguagens artísticas que passaram a surgir naquela tela bestial? Ninguém sabe ao certo... Só se tem certeza de que Ela jamais perdeu qualquer coisa dita naquele blogue desde então: Ela amava tanto cada letra que lhe surgia... Há exatos 13 anos e para todo o sempre!

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quinta-feira, 23 de março de 2017

Um poema inerentemente preguiçoso, insolente e sem dor...

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"The Lonely King" - Clare Fergusson-Walker

Indolente


Alma poeta, coração vagabundo, mente doentia
Que me permitam a paz de continuar a escrever

E a esconder-me sabiamente por trás de minha poesia

(Dilberto L. Rosa, 2004)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Fim de Férias de Cinema Mediano...

E, depois de um extenuante ano, os Morcegos, finalmente, tiveram merecidas férias de um mês inteiro, juntamente a este humilde locutor que vos fala! Agora, após semanas de reposição de sono e de organização do tempo com a patroa e as crianças, bem como com alguns consertos e demãos no décimo segundo andar da nossa supertorre de observação da Ilha, eis que voltamos à programação normal de ritmo louco entre escola da criançada e o trabalho nosso de cada dia com algum Cinema na bagagem – infelizmente, em sua maioria, apresentando grau geral de qualidade apenas mediana...
E tome bobagem infantil, atual e “retrô”, ao lado da filha mais velha; animações só razoáveis “para todas as idades”; Fantasia fraca e sem emoção; a velha e escatológica comédia norte-americana de sempre; super-heróis em aventuras requentadas ou herói fraco em superprodução equivocada – tudo como um grande painel de resumo do que se vem produzindo no Cinemão dos últimos anos e, inexplicavelmente, continua sendo feito sobre os mesmos erros, em filmes que, apesar de declarada e anunciadamente ruins ou regulares, eu tinha grande curiosidade para conferir! Porém, para não dizer que foi perda total, um gênero um tanto quanto perdido em mesmices similares se apresentou como a grande surpresa do ano passado e salvou minhas fatigadas retinas: o Terror...
Resultado de imagem para crianças peculiaresMas vamos para o começo, com mais uma decepção com Tim Burton, ex-amado cineasta que, obra após obra (não vi ainda Olhos Grandes, com temática mais “adulta”), só confirma que não tem mais nada a contar na tela a não ser exibir-se com belos visuais: depois do pavoroso Sombras da Noite – e pavoroso no sentido de muito ruim... –, o regular O Lar das Crianças Peculiares (**½), mesmo com tudo para ser uma pequena obra-prima sobre o universo freak de jovens assustadoramente diferentes, apenas se enche de mais do mesmo em situações mirabolantes para adaptar um fraquinho conto literário que nada traz de novo sobre crianças e adolescentes com poderes similares aos famosos mutantes das HQs, só que presos numa dobra temporal e fugindo de monstros capitaneados por Samuel L. Jackson (outro que precisa urgentemente se renovar...)!
Trocando de canal, assisti também a dois heróis que ainda não tiveram a sua melhor adaptação para o Cinema: se o Deus do Trovão (apesar de, desta vez, bem melhor que o primeiro) ainda busca por um intérprete melhor e um roteiro menos clichê que o mote “raça dada como extinta retorna para destruir o universo” em Thor - Mundo Sombrio (**¹/²), a coisa toda desanda mesmo é com O Cavaleiro Solitário (**), que, embora todas as críticas já houvessem falado mal em 2011, só agora pude constatar o quanto do inteligentemente divertido Cinema de Gore Verbinsky de O Chamado e Piratas do Caribe (somente o primeiro) se acabou, nesta tola e “engraçadinha” versão de um clássico personagem dos seriados de rádio e TV – curiosamente, com os mesmos problemas de que padecia recente adaptação de outro personagem das antigas, Besouro Verde (*): direção anabolizada com roteiro ruim sobre herói fraco com parceiro bonzão e engraçadinho...
Outro pessoal que parece não aprender a lição diante de tanta supreprodução ruim é o da Animação, gênero que se renovou com o humor inteligente da Pixar entre os anos 90 e 2000, no entanto há tempos vai mal das pernas... Vide o estúdio Iluminnation, que, até Meu Malvado Favorito 2, parecia bem saber reciclar, em historinhas divertidas e campeãs de bilheteria, piadas e personagens bem bacanas (como o Gru, chupado do Dr. Evil de Austin Powers, e os Minions, mistura infantilizada dos woompa-loompas da Fantástica Fábrica de Chocolate com os divertidos sádicos Gremlins) mas que, desde a bobagem do filme-solo dos Minions (2015), engata, agora duas vezes por ano, um “filme-animal” mais mediano que o outro – vide o nada original Pets - A Vida Secreta dos Bichos (**), que vi com a filhona em casa, no começo de janeiro, enquanto aguardamos a bicharada de Sing - Quem canta, seus males espanta sair em vídeo... Tudo leva a crer que a salvação desses produtores só virá mesmo com Meu Malvado Favorito 3 – que, a depender do ótimo trailler, será a Comédia deste ano!
Não me deixando mentir e consagrando a má fase atual das animações, os velhos diretores de A Pequena Sereia decepcionam com a aventurazinha insossa Moana - Um Mar de Aventuras (**), cujos únicos pontos altos (empoderamento feminino e protagonista de raça polinésia – no caso, de antiga tribo havaiana) se esvanecem logo no começo da projeção em meio a uma historinha boba de superação e musiquinhas extremamente chatas – e fazendo minha garotinha perguntar a que horas tudo acabaria para que ela fosse ao parque eletrônico do shopping... Nem a superprodução francesa O Pequeno Príncipe (**½) se salvou: mesmo sendo mais uma releitura do clássico conto centenário de Saint-Exupérie do que uma simples adaptação, o filme só assim se assume a partir da sua metade final, não sem antes perder um tempo danado em confundir a plateia de pequenos, ainda não iniciados na complexa obra literária, com inserções picotadas de trechos do livro em meio a uma manjada trama de uma garotinha solitária cuja mãe é viciada em trabalho e que só descobre o valor da amizade com o estranho vizinho velhinho (no caso, o próprio aviador da obra infantil)!
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Dúvida cruel: por que, com a transformação, o He-Man
Fica bronzeado e a She-Ra, não?!
E, como já disse, já que muito das férias foi ao lado da criançada, não havia como escapar de exibições da famigerada Barbie, em dezenas de filminhos lançados diretamente em vídeo para vender coleções de bonecas – como o irritante mais-do-mesmo Moda e Magia (*)! Só que, não me dando por vencido, um belo dia procurei antigos boxes de DVDs no gabinete e lhe mostrei um clássico igualmente lançado para vender brinquedos, mas que contava com muita criatividade da década mais prolixa em magia de verdade... E, desde então, ela vem se amarrando com a primeira temporada completa de He-Man (***) – tanto que, mesmo titubeante, aceitou que eu lhe mostrasse (só os 20 minutos iniciais, que é dose aguentar mais que isso...) sua versão em carne e osso, Mestres do Universo (*), ruinzinha produção Golan-Globus, com o sofrível Dolph Lundgreen, que em nada faz jus ao belo desenho animado do super-herói bronzeado inspirado em Conan e que, mesmo com toda a inocência de grande parte dos roteiros e de certas limitações animadas, elevou a produtora Filmation a patamares cultuados até hoje! Ah, sim: depois dessa “introdução masculina”, não havia como não mostrar-lhe a rebelde “Princesa do Poder”, She-Ra, desde sua estreia pomposa no Cinema (O Segredo da Espada Mágica ***) até o DVD que tenho dos melhores episódios (***): mesmo com todo o “boicote machista” de nós, os meninos daquela época, acusando-a de mera “imitação de saias” do nosso amado He-Man, o certo é que She-Ra (“Ela-Rá”, inspiração divina do egípcio Rá, já que “She-Woman” ficaria ainda mais ridículo que “Ele-Homem”) pode ser revista como uma atração bem divertida para todas as idades!
Por fim, cansado de baboseiras como o irregular Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (**), com Seth MacFarlane jogando fora excelente oportunidade de fazer um filme bem melhor que o fraquinho Ted e desperdiçando seu elenco estelar e alguns poucos bons momentos entre os costumeiros excessos de escatologias e outros clichês, resolvi largar a TV por assinatura e me lancei a baixar filmes via Torrent  e foi quando eu me salvei! Ironicamente, entretanto, a salvação veio pelo "mal"... Sim, o gênero Terror finalmente trouxe um sopro de criatividade para as superproduções norte-americanas  e para as minhas tão medianas férias cinematográficas! Dados o excessivo volume de excelentes críticas e a tão elogiada nostalgia oitentista renovada, nada mais certeiro que começar pela badalada primeira temporada (a segunda já está em produção) de Stranger Things (****): enquanto ainda não tenho Netflix, baixei todos os episódios (poucos, 8 no total) e os vi em duas oportunidades em sequência  e, se não é uma obra-prima, uma vez que para os iniciados naquele maravilhoso Cinema dos anos 80 fica fácil prever os acontecimentos da trama, tanto a direção quanto o elenco merecem os parabéns e todos os prêmios que têm recebido (como o Emmy) nessa instigante trama mista de ficção científica e horror passada naquela década maravilhosa de Poltergheist, A Hora da Zona Morta e O Enigma de Outro Mundo (não por acaso, de onde tiraram a maioria das influências) e que conta com uma excelente Wynona Ryder, brilhando de volta à ativa, agora numa série televisiva.
Mas nenhum filme me agradou tanto quanto A Bruxa (*****), o inteligente e assustador trabalho do estreante Roger Eggers que vem surpreendendo os circuitos de arte com a brilhante história de uma família de colonos puritanos nos EUA do século XVII em meio a acontecimentos demoníacos após serem expulsos de seu vilarejo e terem que iniciar uma dura vida isolada no meio de uma floresta. Baseado em relatos históricos e "julgamentos" religiosos da época, a atmosfera lúgubre, valorizada pela excelente fotografia, e o realismo dos acontecimentos macabros assustam bastante, sem as cansativas apelações de praxe dos sustos fáceis e das músicas estourando os tímpanos dos filmes atuais desse gênero  tudo se sucedendo e engolfando os inocentes crentes (na verdade, nem tão inocentes assim...), o que acaba por gerar incertezas até o final, que, apesar de único momento "explícito" do filme, não estraga o conjunto, muito pelo contrário: ajuda a compor o mosaico de dúvidas do espectador e, ao mesmo tempo, dá um belo desfecho à trama. Imperdível, especialmente pelo relevante realismo histórico e pelas inúmeras camadas de leitura sociológica e religiosa!

E eis que pisco os olhos e já ouço que o Oscar se aproxima, com um catatau de filmes sobre os quais não tinha a menor noção nem mesmo da existência, enquanto ainda seguem engatilhados na minha lista de downloads em HD  a ver em breve alguns oscarizáveis do ano passado, como Os Oito Odiados, O Quarto de Jack e A Teoria de Tudo... Cinema, para o bem e para o mal, faz tempo que me é difícil de acompanhar!


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Reunião Dombosquina: Presente!

Boa noite, pessoal! E agora, com todo respeito às incautas presentes... “Chuuuuupa! Chupa que a cana é doce...”, no bom dizer do sábio Silvio Luiz!

Que noite emocionante esta de hoje, hein? Reunião das nossas turmas do terceiro ano, 22 anos depois... Realmente emocionante... Tanto que estou me sentindo estranhamente como se tivesse, de novo, com 17 anos – mas não por causa de nenhuma nostalgia em particular, não, mas porque eu tenho que voltar pra casa antes da meia-noite, que minha mãe está me esperando! Sim, era isso ou eu sequer poderia estar aqui hoje, uma vez que estou sem babá e não tinha com quem deixar as três crianças... Fazer o quê, algumas coisas nunca mudam, não é mesmo?! A não ser a gente, “classe macha” daquela época: “pelo amor de meus filhinhos”, no que diabos a gente se transformou, hein?! Tudo careca, barrigudo e pelancudo... Sim, porque tirando Cristiano e Alan, só quem se conservou de lá pra cá foram as meninas: mesmo algumas já mamães hoje em dia, incrível como vocês, garotas, continuam lindas e nós, os homens, uns cacos!

Eu já estava para ir embora e fizeram questão de um stand-up, só que não posso, pessoal, eu realmente tenho que ir... Senão a gente ficaria aqui fazendo aquelas imitações de nossos mestres inesquecíveis, a noite inteira... Ah, que diabos, mamãe que espere – impossível não lembrar os mais saudosos: “All right, pessoal?!”... Isso, isso mesmo, Josemar, grande professor de Biologia... Hein? Se sêmen engravida?! “Bom, isso depende de por qual lugar vai entrar, all right? Ram, ram, ram...”, ai, ai, grande Josemar... Pois é, né, ele morreu... Imitar quem? Valdivino? Não tenho referência agora... Eu me lembro de Leila “Nabucodonosor”... Ela morreu? Não sei, não sei... Quem não se lembra de Waldiney, de Matemática?... Como é que é, ele morreu também...?! Não, aí vocês já estão de avacalhação com meu número, pô, matando todo mundo...! Assim não tem mais imitação!

Mas, sinceramente, eu tenho que ir, uma pena eu não poder ficar mais: a comida e a bebida estão ótimas – e, o que é melhor, gratuitas! Vantagem de ser casado com uma ex-aluna dombosquina: não se paga a entrada do acompanhante! Muito bacana também ter dançado um pouquinho ao som dos velhos hits dos anos 90... Confesso ter sentido falta de clássicos como “Chinelada na barata da vizinha”, mas a festa, sem brincadeira, está ótima! Eu sei, eu sei: primeiro reencontro de que participo e tenho que sair tão cedo, né? De fato, eu nem viria, como sempre, mas não pude recusar ao convite de dois amados, Luciano e Cristiano: puxa vida, “Luizão” me ligou convidando pra cá, rapaz – Luciano Luizão, a lenda! Nem sabia que esse cara ainda existia, tão difícil que ele é, a gente só se encontrando uma vez por ano pelos shoppings quando da vinda dele a passeio com a família, porque ele é pior do que eu, que não tenho Whatsapp: ele não tem nem Facebook! Foi ele quem criou aquela história de me chamar de “Wolverine”, logo eu, o mais pacífico... Acho que por causa daquele desenho animado dos X-Men que fazia sucesso na época da TV Colosso... Fui longe, eu sei, mas por Luciano vale a pena: adoro esse cara, de verdade!

Mas, não há como negar, há um motivo maior para eu estar aqui esta noite e ele se chama Cristiano Barroso, uma salva de palmas para o nosso anfitrião desta noite, pessoal! Isso mesmo, esse cara, Cristiano... Um irmão pra mim, né, Cristiano?! Ele me convidou inbox, mesmo nem sendo meu contato no Face... Poxa, nunca me esqueço de quando nos reencontramos após anos do fim do Segundo Grau, hoje Ensino Médio: foi num shopping, lembra disso, rapaz?! Eu vi uma confusão danada, o pula-pula sendo isolado por seguranças, para que só a filha daquele magnata pudesse brincar, e eu perguntei “De quem se trata, quem é o ban-ban-ban: Tony Stark? Bruce Wayne? Nada, era o ricaço do Cristiano! Brincadeira, brincadeira... Ele estava lá, sim, no pula-pula, esperando a filha sair e eu levando a minha, ao lado de Jandira, quando o avistei e cheguei todo efusivo “Cristiaaaano, rapaz, há quanto tempo!”, com a mão espalmada no ar para um grande aperto no melhor estilo parceirão, e ele: “Ah, oi. E aí?”... Mas hein?! Fiquei meio sem graça, mas, dada a irmandade, mantive-me no mesmo ritmo: “E aí, cara?! Casado? Só tens essa? Olha só, eu me casei com Jandira, que barato, né, colega nossa de turma...!”, e ele, o que é pior, também se manteve na mesma: “Ah, sim: acho que eu me lembro dela.”... Tu te lembras disso, Cristiano?! Meu irmão... De qualquer forma, aviso logo: eu não vou pagar o estacionamento – tu és o dono do lugar, caramba!

Brincadeira, pessoal, não quero ser indelicado com o dono da festa, deste hotel maravilhoso e de metade do patrimônio de São Luís, brincadeira, mesmo: ele é meio desligadão assim, mesmo, mas é a tal coisa: todos fomos muito próximos, uns mais, outros menos, mas aquela época ficará eternamente em nossos corações, com todas as brincadeiras e sonhos de nossa última época de inocência... Amei encontrar gente como "Geraldão 94", Fabiano Mamede – os dois magnatas que bancarão a impressão do livro “Reminiscências dombosquinas”, vocês sabiam? –, “Gato-Foca” Eduardo, Silma, Gisele, Aurelice, Rosiane... Os amigos da outra turma, Sérgio e Eduardo... Parem tudo, meninas e meninos, que Andrei chegou, senhoras e senhores: aí não há apresentação que resista, teremos que interromper para esta entrada triunfante! Olha Stênio ali chegando também, rapaz: de Bacabal para a Alemanha e direto para São Luís, fazendo uma participação especial: agora vocês terão imitações do Professor Sidney, que Deus o tenha...! Um amor grande, viu, pessoal... Tanto que estou pensando seriamente em colocar o tal do Whatsapp no telefone só para entrar no grupo das piadas de duplo sentido da galera do mal, aí!

Valeu, de verdade, pessoal: pelo menos nessa apresentação, o amigo Geraldo prestou mais atenção do que na época do meu discurso como orador, na nossa formatura – de que ele só se lembra da abertura: "Corpos Docente e Discente do Colégio Dom Bosco, boa noite!" (e do final, "Saudades e Saudades", poeminha com que encerrei...)! Abraço no coração de todos, que já é hora, pois, por um minutinho a mais que seja, capaz de voltar mesmo ao passado e apanhar de mamãe, que está morrendo de sono e quer dormir na sua casa! Eu queria muito ficar mais, ter revisto mais gente: os professores Vieira e Augusto, meu amigo Fred, Fernandinha Moreira, Flávio Augusto, Henrique Spencer, que está no ‘Hellcife’... Também queria poder ficar mais... A gente segue, já, já é Natal, daqui a pouco, 2017... Mas o coração ficou em 94! Deixo vocês com Fabiano, com a palestra "A Importância do Amor, da Amizade e A Destruição das Famílias para As Drogas"! Até o próximo reencontro, nem que seja daqui a 22 anos, obrigado por tudo: pelo carinho de me manter vivo, manter aquele Dilberto vivo na lembrança...  Nem que seja em janeiro eu escreverei sobre esse encontro, podem deixar – as "Reminiscências Dombosquinas" não podem acabar!

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