sábado, 31 de maio de 2014

Uma Nova Era de Ouro...?


Acho que posso dizer que, desde que me entendo por gente, eu sou um super-herói... Afinal, nasci no ano da revolução pop-mitológica de Guerra nas Estrelas (ou, como quer a geração pós-"Nova Trilogia", Star Wars - Episódio IV - Uma Nova Esperança). Um ano depois, surgia a melhor adaptação de um herói de Quadrinhos para as telas com Superman - O Filme coincidentemente, a primeira atração de "tarde da noite" que minha mãe permitiria que eu visse na TV, aos 7 anos, num longínquo Supercine de 85. Falando da minha infância nos anos 80, clássicos geniais do universo nerd em seu nascedouro, como Caçadores da Arca Perdida, Os Caça-Fantasmas, Blade Runner - O Caçador de Androides e Robocop - O Policial do Futuro, eram a coqueluche em VHS das minhas reservas nas então existentes locadoras de vídeo. E, no finalzinho daquela década dourada (e multicolorida também), aos 12 anos, ainda assisti a Batman, de Burton/Nicholson/Keaton, na minha primeira ida sozinho ao cinema, e passei a considerá-lo o meu herói favorito (o primeiro, é claro, havia sido o Super-Homem, também por causa do filme) nascia um fenômeno conhecido como batmania, eu estava nele até o pescoço com todos os badulaques em forma de morcego lançados...

Daí passei a comprar as HQs do Homem-Morcego, primeiro passo para uma "maturidade" na leitura de Quadrinhos, abandonando de vez a Disney e a Turma da Mônica que dominavam minha coleção daquela época (mas que guardo, com carinho, até hoje)... Tornei-me, então, adolescente nos anos 90 com a leitura de grandes épicos em graphic novels e, infelizmente, também de inúmeras mortes caça-niqueis (bem como suas ressuscitações) gratuitas dos grandes heróis da DC e da Marvel. E, coroando o fim daquela década fraca em criatividade, já quase descrente no maravilhoso "mundo do amanhã" que tanto marcara minha formação com grandes histórias, pude, enfim, voltar a voar ao ver renascer uma nova era entre velhos personagens da Literatura e dos Quadrinhos muito bem revisitados na 7ª Arte e novos superseres cheios de fôlego para as páginas do futuro, com os excelentes O Senhor dos Anéis- A Sociedade do Anel, X-Men - O Filme Matrix nos cinemas, e Hellboy (tanto nas HQs como nas telonas, com o bom filme de 2002), Os Vingadores (com sua reformulação nas HQs Os Supremos) e Super-Homem (com sua releitura na série Grandes Astros: Superman).

X-Men foi mesmo um divisor de águas e pavimentou um belo reinício para os super-heróis no Cinema (depois de Joel Schumacher e suas ridículas patacoadas com seus dois sofríveis Batmans): o modernoso e bem sucedido filme da Fox sobre os famosos mutantes da Marvel foi mesmo um bálsamo de esperança para cansados fãs... E assim, apesar de algumas assustadoras oscilações cinematográficas, como entre a bem intencionada trilogia Homem-Aranha de Raimi e os descalabros de filmes bobos como Quarteto FantásticoElektra (2005), tudo parecia caminhar para promissores rumos na expansão e popularização do universo super-heroístico de maneira bem feita e respeitosa – o que garantiria a minha doce juventude, agora já na metade da casa dos 20, gozando de alegrias juvenis definitivamente renovadas por um bom tempo ainda! E com um novo universo de adaptações de grandes personagens dos quadrinhos para o Cinema se abrindo, já estava mais que na hora de o maior (e o primeiro) de todos os superseres das antigas voltar ao seu destacado lugar de direito: o mundo conspirava para o retorno triunfal do Homem de Aço – aquele mesmo que tudo começara na tela grande em 78...

com Bryan Synger largando a boa franquia dos seus queridos mutunas, para se dedicar à realização daquela que seria a mais honrosa "continuação" dos clássicos Superman Superman II, de Richard Donner, não teria como dar errado... Infelizmente, entretanto, foi só o que deu: Superman - O Retorno não só ficou aquém das expectativas de bilheteria como também restou como vítima de si mesmo ao não apresentar uma história (apenas um adendo à questão dos cristais kryptonianos do original) ou um herói (vivido pelo limitado Brandon Routh) realmente convincentes, desagradando tanto a crítica quanto o grande público. E, com seu tão engessado exercício de homenagem extrema aos originais, até para aqueles que gostaram do filme (como eu, que me emocionei no cinema ao ver/ouvir, por exemplo, a abertura com o clássico tema de John Williams), ficou a incômoda sensação de que faltava alguma coisa...

Mas nem tudo estava perdido: aquele "super-fiasco" cinematográfico de 2006, juntamente a toda aquela aura de um admirável mundo novo para a ficção e a fantasia em franco renascimento, não seria capaz de prejudicar as "nossas conquistas" preciosas, pelo contrário geraria, na verdade, um interessante produto... Afinal, a expectativa de um novo horizonte para o Super-Homem foi tão grande no mundo nerd, temeroso que se encontrava de ver perdido o seu espaço arduamente conquistado nas grandes mídias, que um veículo de comunicação aproveitou a ocasião para surgir com a força de um kryptoniano bem abastecido pelo sol amarelo: a revista Mundo dos Super-Heróis, com capa sobre o então novo filme do Azulão, foi muito bem recebida por todos os órfãos de grandes publicações sobre o gênero, como as já finadas Herói e Wizard. Com matérias aprofundadas e muito bem feitas, a Mundo prometia bastante... Mas seria possível uma nova revista temática unicamente sobre super-heróis sobreviver naquele vilanesco mercado destruidor dos anos 2000, já tão dominado pela internet e massacrado pela super-exposição a que tantos personagens de Quadrinhos vinham se submetendo? Só o tempo diria...

E como disse! Desde o início, a publicação tratou com carinhosa seriedade o universo fantasioso que envolvia os "supers" das HQs, aí englobando não só os Quadrinhos com suas novidades, seus grandes momentos, artistas (inclusive a explosão dos talentos brasileiros no mercado internacional) e festivais, como também o Cinema, a TV, a Literatura e todo o universo pop relacionado, incluindo o divertido universo dos colecionáveis. Tanta coisa maravilhosa junta só podia dar numa coisa: a Mundo dos Super-Heróis não só sobrevive até hoje, como acabou se expandido para vários spin-offs – como alguns derivados livros sobre temas correlatos e a Mundo Nerd, revista que aborda os muitos outros "universos paralelos" da inteligente nova cultura
 jovem, e que, depois de uma sofrível primeira edição, parece ter encontrado o seu caminho nos bons números posteriores, já se encontrando em sua terceira edição cada vez mais descolada (embora ainda com algumas piadinhas infames e certa editoração picotada, no pior estilo da extinta Set). Sem dúvidas, "nós" vivíamos a nossa grande era...

E quando digo "nós" eu me refiro a toda uma geração, muito maior que um mero "segmento", que ama o verdadeiro "multiverso" cultural rotulado de nerd (antes pejorativo; hoje um apelido cool)! Realmente, aquela segunda metade da primeira década do novo século (e milênio) não poderia continuar de forma mais auspiciosa para qualquer bom superfã: uma bem construída euforia madura e cult passou a tomar conta até de quem jamais lera Quadrinhos depois do estrondoso sucesso do realismo de Batman Begins de Nolan/Goyer/Bale e sua trilogia na telona, a derrubar de uma vez por todas o preconceito de muitos em relação a uma injusta pecha de "infantil" que ainda assombrava o sombrio personagem (basicamente por causa do inesquecível seriado da TV com Adam West) e, consequentemente, das adaptações de Quadrinhos em geral, abrindo caminho para, logo em seguida, fazer-se a coroação definitiva de um novo "subgênero", o "filme de super-heróis", com a criação de um universo cinematográfico tão complexo quanto o presente nas HQs, a intercalar histórias e caracteres entre superproduções campeãs de bilheteria no melhor estilo dos conhecidos crossovers, com o surgimento da Marvel Studios e seu ótimo Homem de Ferro (pena que só o primeiro tenha sido bom...), em 2008 – agora com total liberdade artística para tocar com fidelidade os seus grandes personagens. Bem, pelo menos até ser comprada pela Disney: o futuro, só a "Força" dirá!

De qualquer forma, com a superpoderosa Marvel e seu boom de inúmeros filmes lançados no esteio do ótimo Os Vingadores (2012), bem como da revitalização de alguns de seus supers ainda presos a outros estúdios por intangíveis questões judiciais (como o Homem-Aranha, no reboot da nova série Amazing SpiderMan pela Sony Pictures, e Quarteto Fantástico, com sua já confirmada nova franquia pela Fox), não havia como a Warner Bros., detentora da arqui-rival DC Comics, continuar de fora deste excelente novo filão: animada com a grande arrecadação do novo filme do Azulão no bom O Homem de Aço (2013), aos poucos a produtora foi lançando alguns de seus conhecidos personagens na TV – casos de Arqueiro Verde e, agora, de Flash, no fraquinho seriado Arrow – até a ansiosamente aguardada vinda do filme Superman vs Batman, onde, além do já clássico embate entre os seus dois medalhões, devemos ainda contar com as ilustres presenças da Mulher Maravilha e do Cyborg, tudo levando à futura superprodução sobre a primeira super-equipe dos Quadrinhos, a Liga da Justiça, com todos eles juntos, sem precisar de inúmeros filmes "preparatórios", tal como fez a "inimiga" Marvel. Pelo visto, a coisa só fica melhor com o tempo, tal como a minha "meninice" agora renovada em definitivo em recém-completados 37 anos no último dia 13...

Falando nisso, e relembrando aquela velha canção, "Maio já está no final/ É hora de se mover/ Pra viver mil vezes mais/ Esqueça os meses/ Esqueça os seus finais", fico a elucubrar que, na verdade, diante desta nossa vida cada dia mais louca e cheia de violento realismo, parece que vivemos a nos remoçar em idade ao criarmos nossos voos de escapismo diário, sempre no afã de ver pessoas sobrenaturais capazes de feitos incríveis em roupas extravagantes até o ponto de nos projetarmos nelas: estaremos sempre a buscar uma supervelocidade na hora do rush ou uma inteligência superior para a hora de colocar o trabalho e o estudo em dia ou ainda o poder de congelar o tempo naquele momento único com a sua linda filhota... Engraçado eu pensar nisso agora, pois parece até que sofri algum acidente com um caldo radioativo sob o impacto de um poderoso raio e fui contemplado com superpoderes – senão, como explicar ser pai de lindos gêmeos recém-nascidos e ainda dar conta de uma super-garotinha enciumada e cheia de reinações que acabou de completar 4 aninhos, afora o restante das coisinhas "sem importância" do dia-a-dia?! O último mês realmente foi intenso com a chegada ao mundo dos meus novos super-serezinhos... Tanto que os Morcegos acabaram por ter férias forçadas da blogosfera um pouquinho antes do seu especial aniversário, só agora podendo proclamar que este site completou 10 anos no último 30 de abril!

Sim, os Morcegos fazem 10 anos! E, coincidentemente, todo este super-universo que acabei de descrever começou a deslanchar mais ou menos em paralelo ao nascimento deste humilde espaço virtual – que, curiosamente, não nasceu com a levada pop que hoje é sua marca registrada, tanto no blog como na sua comunidade no Facebook: em 2004, ainda em sua fase "embrionária" no extinto Weblogger, os Morcegos surgiram como mera válvula de escape para que meus poemas já escritos pudessem vir a público e para que meu lado cronista sócio-político viesse à tona... Ah, mas o nome Morcegos é por causa do Batman, né?!, pergunta afoitamente um blogueiro de plantão mais incauto, no que lhe respondo, de pronto, que não: trata-se mesmo do meu primeiro poema, que até hoje corre a esmo aí na lateral esquerda, tal como a minha "moedinha nº 1", aquela que me levou aos "negócios" como poeta (ainda que, até hoje, não tenha amealhado um centavo como escritor nem tenha impresso um livro sequer)! 


Porém, daquela sisudez inicial, sobrou um escriba mais solto e pronto para encarar o mundo fantástico: tanto é que, do final de 2008 pra cá (época em que me "converti" ao colecionismo, acumulando miniaturas, livros e DVDs desde então), basta digitar no search do início desta página a palavra mágica "super-herói" e um sem-fim de crônicas poéticas, ensaios e críticas sobre Quadrinhos nesse gênero pululam, a confirmar algo que em mim sempre se manteve intacto e só se alimentou destes novos tempos, onde voltaram à moda, com força total, os coloridos collants e as maravilhosas super-histórias – meu superpoder de crer que um homem podia voar (e, um dia, quem sabe, terminar vivendo da própria escrita) parece que voltou a fluir em minhas veias... E assim, nestes meados da segunda década do século XXI, onde tanta ficção científica já sonhou em ser real e quando tantas pessoas se bebem da ficção para realizar prodígios inspirados – como os belos casos do menino-batman e da cada vez maior presença dos supers nos hospitais –, eu, do alto do finalzinho da minha terceira década de existência de curiosidade pelas sempre novas coisas boas do universo, creio estar desfrutando de uma nova era de ouro...

Era de Ouro é um termo oriundo da mitologia grega e remonta ao apogeu de algum período glorioso. Nos Quadrinhos, os Super-Heróis viveram tal época de glória do nascimento do Super-Homem (1938) até o duro pós-Segunda Guerra recessivo e suas perseguições moralistas contra as "más influências" dos mascarados (mais ou menos 1954). É dessa época que vêm grandes nomes como Capitão América, Batman, Namor (o Flash e o Lanterna Verde desse tempo foram reformulados como hoje conhecemos na Era de Prata, época de ressurgimento de melhores tempos para as HQs e de profícua criatividade, como o nascimento de Homem-Aranha, X-Men, Quarteto Fantástico etc.)... E, depois de inúmeros altos e baixos vividos pelos fantasiados ao longo de tantas décadas, parece que entro agora numa máquina do tempo e revivo aquele apogeu de alegorias das antigas eras: nunca antes o mercado esteve tão em alta – basta ver o grande número de lançamentos e relançamentos de super-histórias nas bancas, como a Coleção Graphic Novels Marvel, que, dentre compilações de bobagens do Universo Ultimate (aquele que "recria" tudo na Casa das Ideias) e alguns fracos arcos incompletos, tem feito minha alegria de colecionador com belos encadernamentos de clássicos como Marvels e Soldado Invernal (não por acaso, base do atual longa do Capitão América nos cinemas)!

Mas se maio encerrou-se no ocaso de inúmeras coisas por fazer diante do escasso tempo familiar, os Morcegos retomam o fôlego depois do mês de parada obrigatória e começam junho em clima de comemoração: para além do aniversário especial deste dileto espaço, a hora é de festejar o bom Futebol e deixar de lado certas supervalorizações político-sociais para vestir a fantasia verde a amarela e torcer pelos "heróis de chuteiras" na "Copa das Copas" (nosso verde e amarelo é tão espalhafatoso quanto o azul e vermelho do Cabeça de Teia!) – tudo bem que, apesarmos de termos o Hulk em nossas fileiras, boa parte deles, de herói, não tem nada, mas Copa do Mundo é só de 4 em 4 anos e, realizada no País, mesmo que só pela TV, a gente não vê todo dia! Claro que com o pé no chão, pois, se perdermos, não haverá nem tempo de derramar doces lágrimas "patrióticas", uma vez que patriotismo mesmo será votar bem nas próximas eleições de logo depois do maior campeonato do esporte bretão... E falando no precioso tempo, isto vai mesmo continuar a ser ouro para mim, uma vez que os supergêmeos só têm um mês e ainda vão exigir bastante deste humilde contador de causos que pouco tem de super, na realidade... 

Por isso, como diria o Poeta-mor de nossa MPB (e que também festeja um aniversário mais que especial nesse mês de junho: 70 anos com obra tão genial na Música, no Teatro e na Literatura não é coisa pra qualquer um), "não se afobe, não, que nada é pra já": embora sem um "fim de temporada" oficial, como é comum todo ano neste bloguinho, períodos de estiagem ou "miniposts" deverão ser muito comuns por aqui a partir de agora... Também, pudera: se a única postagem deste enorme ensaio de "super-autobiografia não-autorizada" me consumiu mais de um mês, entre uma troca de fraldas e um colinho para arrotar, imagine manter atualizações perenes com igual fôlego?! Mas, se "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", assumo as minhas de escritor ama-dor e de superpai de plantão com prazer, pois quem já foi super, jamais perde seu poder: para o alto e avante, Morcegos! Vida longa e próspera a este mutante espaço virtual! E uma feliz nova era de apogeu para os super-heróis de todas as praças: pelo menos para mim, definitivamente, é o começo de uma era dourada... Tudo bem, admito uma derrota: nós envelhecemos e eles, jamais! Por isso, para mim tem sido tão difícil ver tantos super-heróis pululando na tela grande... Mas hei de achar tempo para ver ainda Wolverine Imortal, Capitão América 2, Thor 2 - O Mundo Sombrio, X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido... Nem que eu tenha que ficar sempre voltando no tempo...

 

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