sábado, 10 de dezembro de 2005

Texto do ano passado, que republico por ocasião dos 25 anos sem Lennon e 11 sem Jobim... Pelo menos, em homenagem a um aniversário feliz de noivado...



"Imagine todos vivendo uma vida de paz"... Em épocas mais sensíveis como costumam ser os reflexivos, ainda que comerciais, tempos de fim de ano, proclamemos palavras de esperança, renovemos os sonhos e relembremos gênios sonhadores, que tanto já nos fizeram sonhar, em meio a eternos recomeços de novas e importantes fases da vida...

Tudo isso porque, dentre outras coisas, há 10 anos, o tom da Música (da Arte, com letra maiúscula) sofreu um golpe irreversível: Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, aos tenros 67 anos, deixava o Brasil órfão de um dos nossos grandes maestros, músicos e pais - pai da Bossa Nova (ao lado de João Gilberto, Vinícius de Moraes, dentre outros), pais de letras e melodias inesquecíveis (como Eu Sei Que Vou Te Amar, Chega de Saudade, Wave, Corcovado, Garota de Ipanema, Passarim, Águas de Março, Chovendo na Roseira, Luiza, Por causa de Você, Anos Dourados...), pai de árvores, pássaros e de ecologia num tempo que isso ainda nem era moda... Tantos adjetivos num gênio de gênio difícil, que, pelo menos, teve sua obra reconhecida mundialmente tanto em vida quanto depois dela.

Descobri Tom Jobim por volta dos 15 anos, quando, catando LPs na casa de uma amiga para gravar um fita K-7 (quantas antigüidades!), descobri Chega de Saudade, obra-prima absoluta de Tom e Vinícius, de 58, na já clássica gravação de Severino Araújo com sua Orquestra Tabajara. A partir de então as músicas do mestre nunca mais deixaram de fazer parte da minha vida (ao lado de outros gênios como Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Pixinguinha...), de tal forma que pessoas tão distantes acabam por se converter em entes próximos - tanto que, ao final de 1994, quando da notícia de seu falecimento, (que só fiquei sabendo quase à noite graças às preocupações e correrias daquela época de vestibular), minha noiva Jandira e eu acabamos por ter, com aquela triste notícia, o último empurrãozinho de que precisávamos para começar o nosso primeiro namoro: liguei para ela e lamentamos juntos, ao longo de uma comprida, apaixonada e melancólica conversa sobre o homem por trás das canções de que gostávamos tanto...

Infelizmente, uma outra perda já se havia feito sentir há muito tempo antes, na mesma data de oito de dezembro, só que em 1980: John Lennon, o grande sonhador irreverente da maior banda de Rock de todos os tempos, o eterno e renegado Beatle, fora assassinado fria e loucamente por um fã ardoroso, que lhe cravejou vários tiros gratuitos e covardes... Lennon, Jobim, Nelson Gonçalves, Frank Sinatra e tantos outros que participaram de nossas vidas com suas músicas, interpretações e genialidades e que nos deixaram a Música mais pobre, frágil e esquecida...

Apesar de tanto gostarmos dos Beatles, creio nunca ter cantado uma das eternas canções de Lennon para Jandira (a não ser, talvez, Jealous Guy); já o brasileiro-até-no-nome Jobim embalou o início do nosso primeiro relacionamento, com Chega de Saudade e Wave, e que cantei inspiradamente para ela na distante e romântica praia de Panaquatira... Uma separação, um reencontro decisivo, uma volta definitiva e exatos 10 anos depois, Jandira e eu lembramos com certa tristeza o Jobim que se foi, mas comemoramos, com felicidade plena, o fechamento de um ciclo e o começo de uma nova fase: noivamos no último dia 11, dez anos depois de Panaquatira, ao som de outro símbolo cíclico, porém muito vivo, de final de ano: Roberto Carlos...

(Dilberto Lima Rosa, Vertebral, 2004)
 

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