sábado, 3 de dezembro de 2005

Enfim chegamos ao tempo comum entre o comércio e a reflexão (se é que isso é possível): dezembro, do Natal, da beirada do Ano Novo, dos presentes, das alegrias, dos nascimentos e dos suicídios... E, bem na virada do mês, já tivemos dois acontecimentos especiais: 25 anos sem Cartola (último 30 de novembro) e os 70 anos de Woody Allen (última quinta, dia 1º. de dezembro). Vamos a estes dois grandes mestres...


Angenor de Oliveira, o elegante Cartola, de chapéu-coco no meio da construção civil e de nariz curioso sob os óculos escuros da pele negra, nasceu em 1908 e "renasceu" em 1974 quando gravou, aos 65 anos, seu primeiro disco... Um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, ao lado de gente simples e genial como o também fantástico parceiro Carlos Cachaça, com sua voz firme e suas próprias letras, então já cantadas por tantos outros, ecoou sua bela poesia em alguns poucos discos definitivos, para fazer com que o samba nunca morresse... É, Cartola, as rosas não falam e a alvorada lá no morro é uma beleza, onde ninguém chora, não há tristeza e ninguém sente dissabor: prefiro o romantismo de teu morro parado no tempo e o colorido verde-rosa do teu universo de samba perfeito ao mundo de hoje e ao já quase enterrado samba... Disfarço e choro tua perda, corro e olho o céu, que o sol vem trazer, sempre, bom dia, com tua música eterna e reverberada por tantos intérpretes e amantes da tua arte, tu, que nunca tiveste hoenagens à altura de teu talento em vida, recebe esta minha, simplesinha, pelo Dia Nacional do Samba (dia 2 de dezembro), onde reinas absoluto...


Allen Stewart Konigsberg, o genial Woody Allen ('woody', do "formato de palito" que tinha quando do início da carreira), o mais famoso judeu nova-iorquino do mundo, com todas as suas esquizofrenias e paródias por sobre a sua própria sociedade intelectual e emocionalmente despreparada, completou, na última quinta, setenta anos de uma vida que é uma verdadeira obra-prima: nascido pobre no bairro do Brooklin, venceu todos os preconceitos familiares e chamou a atenção como comediante ('stand up comic') em perdidos palcos nova-iorquinos, até ter seu talento como escritor de comédias descoberto por Hollywood ao ser contratado como roteirista no filme Que que há, gatinha? (1965), onde também demonstrou seus dotes como ator (atuando também em inúmeros outros trabalhos, seus e de amigos). Mostrou a que veio realmente, como diretor e ator, com a sua pequena obra-prima, Um Assaltante Bem Trapalhão (1969), espécie de "Cidadão Kane de um ladrão incompetente". A partir de então, seguiu-se uma brilhante carreira no Cinema, em magistrais comédias arrasadoras (Bananas, Tudo que você queria saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, com o que ganhou os Oscars de melhor filme e melhor diretor) e inteligentes dramas sobre os relacionamentos (como o "bergmaniano" Interiores e o absoluto Manhattan, filmado em preto e branco), que fizeram dele um dos maiores nomes dos anos 70; nos anos 80 e 90, mesmo com altos e baixos (como os geniais Zellig e Era do Rádio, os bons A Rosa Púrpura do Cairo, Hanna e Suas Irmãs e Neblina e Sombras e os fracos Broadway Danny Rose, Setembro e Maridos e Esposas), manteve-se como grande artista. E, mesmo com sua vida pessoal em frangalhos e na berlinda (com a difícil separação com a atriz Mia Farrow e o posterior casamento com a adotiva enteada, Soon-Yi Previn), desde então mantém uma regular e inteligente linhagem de bons trabalhos (como Todos dizem eu te amo e Os Trapaceiros) e segue, incansável, entre sua discreta vida de músico (ele toca clarinete e já até fez excursões com seu conjunto), seus Oscars (para os quais nunca deu muita importância) e os seus ídolos e influenciadores (como Bergman, Felliini, Checkov, Groucho Marx e Cole Porter), a desfilar seu ácido humor, capaz de pérolas como "Não é que eu tenha medo da morte; eu só não quero estar por perto quando ela aparecer..."

E hoje não percam minha intervenção no blog da "sobrinha" Lelinha
 

+ voam pra cá

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