terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Chegou o Natal!

Bola rolando: parabéns para o grande São Paulo, tricampeão mundial - apesar de vascaíno, admiro o tricolor paulista desde o histórico time do bi, em 93 - e ao craque Ronaldinho Gaúcho, eleito dois anos seguidos o melhor do mundo na bola (será que sua força estaria nos cabelos)?... Mas, faltando pouco tempo para o Natal, vamos à prometida republicação de crônica do ano passado, dando início à SEMANA ESPECIAL DE NATAL:


Chegou o Natal! Na verdade, ainda faltam alguns dias, mas para o comércio, para a mídia publicitária, para o inconsciente coletivo, enfim, o Natal já chegou há um bom tempo, mais ou menos desde o comecinho de outubro, quando normalmente já começam a pulular as "promoções antecipadas" e várias figuras de incontáveis papais noéis fajutos por toda a parte...

Tudo parece dever-se à idéia fixa de ciclos que a humanidade, de uma forma geral, tem: basta a simples noção de que o ano caminhe para o seu fim - ainda que faltem alguns meses para tanto - para que todos, desde muito cedo, dêem partida a uma correria desenfreada para pôr a vida em dia... Afinal, fim de ano é o símbolo máximo de "encerramento" de um tempo para o "recomeço" de outro, como se uma nova dimensão surgisse; por isso a sangria desatada, nesta espécie de "balancete final", "fechamento de caixa" e "batimento de ponto da hora da saída": tudo tem que estar na mais perfeita ordem para as "Boas Festas", tipo de "recreio mágico" antes de começar o novo e maravilhoso ano que vem - que por sua vez, torna-se mesmo insuportável logo nos primeiros dias depois de "começado", já que toda a chatice terá que acontecer outra vez, com um ano inteiro pela frente...

E, nem bem inicia dezembro, a temporada natalina já está mais que instalada: os amocambados pinheiros de plástico já foram devidamente desencaixados, armados e cobertos de bolas, bonequinhos, festões e um monte de balangandãs, a esperar os presentes ou as "lembrancinhas" para o grande dia (ou, na ausência de abastança, as caixinhas decoradas, porém vazias, como se presentes fossem); Papai Noel, definido em sua clássica e empacotada paramentação atual desde um antigo comercial da Coca-Cola, já ocupa seu devido lugar nos shoppings em meio a decorações que imitam temas norte-americanos e europeus com muita, muita neve de espuma ou de algodão; guirlandas, sinos e papais noéis do Paraguai que rebolam e tocam musiquinhas já estão pela sala; as lojas, os supermercados e até o barzinho da esquina já estão devidamente decorados das formas mais espalhafatosas possíveis, com mil lampadinhas multicoloridas piscando sem cessar, e entoando todas as "canções natalinas" estrangeiras de que se tem notícia...

E tome "Jingle Bells", "Christmas Tree", "Santa Claus is coming to town", "We wish you a merry Christmas", "Silent Night" e outras tantas, na harpa, no teclado ou em suas "versões brasileiras" - às gratas exceções de pérolas genuinamente nossas, como "Boas Festas", de Assis Valente, "Fim de Ano" de Francisco Alves e David Nasser e "O Velhinho", de Otávio Babo Filho - a nos enternecer e a nos lembrar que o nosso Natal é importado, desde o imbatível conceito de "Natal Branco" (como na clássica "White Christmas", com Frank Sinatra, também tocada à exaustão), coisa impossível de acontecer por estas terras quase à linha do Equador, até as iguarias que aguardamos para ter na ceia da meia-noite do dia 25: peru, castanhas, nozes e outras coisinhas calóricas de outras terras bem distantes da nossa quente e pobre São Luís...

Assim, inaugurada a temporada da felicidade obrigatória, quando, justamente por isso, aumentam os números de tristezas, depressões e suicídios para aqueles que não conseguiram alcançar a plenitude que a época exige, lembremo-nos dos pobres que passaram o ano todo na mesma e façamos uma caridade básica para São Nicolau ver, ponhamos um alegre e distante sorriso nas faces, façamos uma prece e comemoremos o nascimento do Menino Jesus num tabuleiro onde se põe comida para os animais de um estábulo, numa data católica instituída no vazio de nem bem sabermos ao certo quando é mesmo o aniversário daquele Homem maravilhoso...

(Dilberto Lima Rosa, Vertebral, 2004)
 

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