sábado, 31 de dezembro de 2005

2006 à Vista...

...E, aos vencedores de 2005, as batatas!
Vamos todos tomar aquele banho caprichado, de ervas, sal grosso ou simplesmente bem gelado, a fim de não deixar nenhum vestígio do ano que se finda, mas sem esquecer as cracas acumuladas na alma de longa data. Corramos a nos arrumar com a roupa nova e mais alva, comprada para a ocasião, mas não sem antes desnudar os andrajos sujos e ultrapassados que ainda podem nos cobrir as mentes. Sigamos a dar os sete pulinhos nas ondas do mar da praia lotada, cheios dos pensamentos mais puros, por entre os bêbados mijões sem cerimônia, os casais mais empolgados e as oferendas a Iemanjá (querendo ou não, todos deixam a orla bem suja para o dia seguinte...). Ofereçamos votos de "feliz ano novo" a qualquer estranho pela rua, e passemos o resto do ano na famosa "correria", que usamos como desculpa para não ligarmos nem para a avó e como ela está. E enchamos a cara de bebida e de comida sem pensar na ressaca de amanhã... 

Já estamos mais do que crescidinhos para lembrar que a tal "entrada" de um réveillon está muito longe de uma nova "dimensão" a se abrir... Onde, a depender do que façamos na hora da "passagem", encontrá-la-emos como quem encarará um ano de delícias e prazeres ou 365 dias de infortúnios. Porquanto não há nada além de mais uma nova marca no calendário que não vai mudar qualquer de nossos objetivos (ou a falta deles), uma vez que nada muda pelo tempo se não mudarmos realmente ao largo dele! E agradeçamos a Deus, a Maomé, Buda, Khrishna, Brahma ou à estrelinha da sorte por mais um ano nesta Terra (o que também se pode fazer, com mais vantagens, a cada aniversário nosso)!

Sim, porque se não clamarmos urgentemente por algo maior, é bem possível terminarmos esmagados pelos nossos pensamentos pequenos... Por isso, fé para se pedir que jamais percamos a fé! Também peçamos por saúde, de corpo, mente e espírito, não só por nossos umbigos como também por outros seres viventes (por exemplo, aquele estranho a quem se desejou "feliz ano novo" depois da bebedeira)... E, acima de tudo, para que não nos faltem oportunidades (ou que se repita aquela que, preguiçosamente, deixamos passar), que o tempo não para, tampouco nossos corações (esperemos que ainda por muitos anos): que nunca nos faltem as batatas, assim como o nhoque, o molho bolonhesa e um bom cabernet pra acompanhar... Sigamos em frente, de preferência em linha reta, coloquemos o dedo na ferida e o medo medieval do fim dos tempos de lado, a encarar o mundo sem fim a fim de nos fazermos acontecer: felizes vidas novas!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Última Vertebral

O ano de 2004 me foi decisivo em inúmeros aspectos. Um dos principais, o alimento da escrita que andava um tanto quanto acomodada até então desde a tenra adolescência, foi ressuscitado graças a este dileto 'blog' (iniciado em março, no extinto Weblogger)! E, mesmo que 2005 tenha passado meio em branco na minha ainda breve história de vida, continuei com os Morcegos, ganhei novos e importantes amigos virtuais (abraço especial ao Júnio, que colaborou bastante para um Natal especial) e continuei com a maior tradição deste espaço virtual do ano anterior: a Vertebral! Nada melhor que reunir as 24 crônicas produzidas diretamente para este espaço, ao longo dos seus dois endereços, somadas a uma especialmente feita para a ocasião, imprimir em formato de livro e ofertar a alguém especial, o que fiz no último dia 23: Jandira recebeu, além de outros mimos, uma "edição especial" de como seria uma publicação com todas estas colunas que adorei escrever. Mas que agora, delas "aposentado" desde agosto, só me resta publicar a Última Vertebral, inédita por aqui, a fim de fechar o ciclo de uma fase da minha existência, bem como para fechar o livro... Por isso, às vésperas de um novo ano, nada melhor que usar o próprio "tempo" como tema:
ÚLTIMA VERTEBRAL

Deparo-me com a página virtual em branco a acenar com uma despedida especial demais para mim: dou por fim a Vertebral e ainda tento celebrar a vida... Sob meus auspícios poéticos de rimas deslocadas e sob a influência da reflexibilidade absoluta que envolve todo final de ano, penso sobre esta coluna que tanto me acompanhou e que me trouxe novo fôlego de vida: não, não falo notocordariamente, da coluna de vértebras que me sustenta, mas sim de outro suporte, o da minha alma, diante destas palavras postas em tabuleiros ideais da nossa tão quente língua, que freme até minhas mãos (que no computador se escreve com as duas), diante da tinta invisível da minha tela clara, que não me deixa calos por tantas penas descritas nestes vinte e cinco textos tão amados e que, graças ao frio mundo da quente rede global que me cerca há pouco mais de um ano, também angariaram amor além de mim, mesmo nunca tendo eu publicado nenhum livro em papel vivo... 

Mas como diria o meu Trovador Soberano, então "me diz, me diz, me responde, por favor, pra onde vai o meu amor, quando o amor acaba?": pra que me despedir desta crônica tão amada? Coisas do tempo, minha preta, minha branca, meus peões e meus reis de tempos que já se findaram: cada semana um jogo diferente, entre meus afazeres e meus tempos mortos sobre os livros, a imaginar cada estratégia única para melhor abordar aquele assunto que pululava por entre os jornais, as televisões e as bocas... O tempo cansa, assim como textos longos na internet, já diria quem já foi, e a ideia de um livro encerra qualquer jogo, a não ser que peçam revanche, como o fez o Gasparov diante de um computador. Sendo que, no meu caso, talvez o pessoal do computador é que me peça pra voltar...

Porque o tempo nada perdoa: são 28 anos divididos entre glórias e derrotas em formas desiguais, que muitos dos meus cabelos decidiram nem ficar para contar a história, tantos mundos e tantas vidas, que minha Vertebral se mostra hoje mais minha: se a cada semana ela contava as estórias dos outros pelos meus olhos, meu sangue também se perfez história! Como olvidar, de sua criação, o criador, quando o tempo que o gera é o mesmo que o recria? Meu tempo, hoje, talvez seja todo o tempo... Que já se cansa a poesia! Pois toda semana se repete alguma coisa, e, no fim, a prosa da retrospectiva não deixa margem para mais nenhuma reflexão: " 'Tá tudo aí, para quem quiser ver", como diria Arnaud e Chico Anysio... 

E eu vejo de novo novela na Globo. E sinto o quanto o tempo é irônico quando acompanho, majestosos, grandes vultos na telinha interpretando, diretamente do passado, personagens que eles mesmos já não são! Mário Lago, que se foi há uns três anos, está lá, ao lado do meu vilão favorito das chanchadas, o Lewgoy, e tantos outros desencarnados que sempre fizeram valer a pena ver pelo menos alguns capítulos de um folhetim televisivo... Mas não para por aí, já que o autógrafo que jaz em uma velha agenda de 98 ainda revive a emoção de ter conversado com alguém tão talentoso como o velho Lago, que se apresentou àquela época em São Luís com seus sambas inesquecíveis a mim, Jandira e a toda uma plateia embevecida no teatro Arthur Azevedo... 

Mas não é outro o tempo que se fala por aí senão o nascer, o renascer e o morrer do mês de dezembro, onde inventaram o Natal por entre os sóis de um sol mais que real: cristão que acho que sou, rio-me da fanfarra embrulhada em papel de presente de reflexão de botequim... Presenteemos, pois e no entanto, quem amamos, e glória aos céus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade! E viva os vazios "feliz Natal" por entre os amigos tão invisíveis quanto aqueles de que participamos, porque temos que nos confraternizar, tal como me disse, certa feita, Jandira, minha noiva, tal qual a Margarida com o Donald, que talvez ainda não se tenham casado por causa do pequeno salário que o pobre pato ganha na Patada: "Dil, vai para essa confraternização, mesmo sem mim"... 

E lá estou eu, a conjecturar sobre o que dizer na minha última coluna Vertebral, em meio a uma garfada e outra de salpicão, quando tiros irrompem a rua em frente ao salão em que estávamos os amigos da academia. Corre-se, alarde e dois corpos semimortos no chão. Uma frustrada tentativa de assalto, a três casas ao lado daquela em que estávamos, acabara de resultar em três baleados: os dois assaltantes, que os policiais então torciam para que morressem antes de a ambulância chegar, e um delegado, que reagira com precisão não suficiente de lhe impedir dois alvejamentos, mas que já se encontrava no hospital para uma delicada cirurgia para a retirada dos projetis...

Só então eu vi que o tempo é e sempre será o maior tema de qualquer coluna que se queira manter de pé por tantos anos, mesmo depois de qualquer criador desencantado decidir dá-la por encerrada: amanhã sairão nos jornais locais este desenlace, de frente pro crime na rua da confraternização na academia, como mais um retrato da violência espalhada por este grande País desamparado. E eu, sozinho ou mal acompanhado com o tempo que me acompanha (posto que cada um carregue o seu!), continuarei, ainda que sem registro, com muitas histórias para contar...

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Chegou o Natal!

Bola rolando: parabéns para o grande São Paulo, tricampeão mundial (apesar de vascaíno, admiro o tricolor paulista desde o histórico time do bi, em 93) e ao craque Ronaldinho Gaúcho, eleito dois anos seguidos o melhor do mundo na bola (será que sua força estaria nos cabelos)...? Mas, faltando pouco tempo para o Natal, vamos à prometida republicação de crônica do ano passado, dando início à SEMANA ESPECIAL DE NATAL:
Chegou o Natal! Na verdade, ainda faltam alguns dias, mas para o comércio, para a mídia publicitária, para o inconsciente coletivo, enfim, o Natal já chegou há um bom tempo, mais ou menos desde o comecinho de outubro, quando normalmente já começam a pulular as "promoções antecipadas" e várias figuras de incontáveis papais noéis fajutos por toda a parte!

Tudo parece dever-se à ideia fixa de ciclos que a humanidade, de uma forma geral, precisa ter: basta a simples noção de que o ano caminhe para o seu fim, ainda que faltem alguns meses para tanto, para que todos, desde muito cedo, deem partida a uma correria desenfreada para pôr a vida em dia... Afinal, fim de ano é o símbolo máximo de "encerramento" de um tempo para o "recomeço" de outro, como se uma nova dimensão surgisse; por isso a sangria desatada, nesta espécie de "balancete final", "fechamento de caixa" e "batimento de ponto da hora da saída": tudo tem que estar na mais perfeita ordem para as "Boas Festas", tipo de "recreio mágico" antes de começar o novo e maravilhoso "ano que vai nascer". Que, por sua vez, torna-se mesmo insuportável logo nos primeiros dias depois de "começado", já que tudo terá que acontecer outra vez, em meio a um novo e modorrento janeiro, com um ano inteiro pela frente...

E, nem bem inicia dezembro, a temporada natalina já está mais que instalada: os amocambados pinheiros de plástico já foram devidamente desencaixados, armados e cobertos de bolas, bonequinhos, festões e um monte de balangandãs, a esperar os presentes ou as "lembrancinhas" para o grande dia (ou, na ausência de abastança, as caixinhas decoradas, porém vazias, como se presentes fossem); Papai Noel, definido em sua clássica e empacotada paramentação atual desde um antigo comercial da Coca-Cola, já ocupa seu devido lugar nos shoppings em meio a decorações que imitam temas norte-americanos e europeus com muita, muita neve de espuma ou de algodão; guirlandas, sinos e papais noéis do Paraguai que rebolam e tocam musiquinhas já estão pela sala; as lojas, os supermercados e até o barzinho da esquina já estão devidamente decorados das formas mais espalhafatosas possíveis, com mil lampadinhas multicoloridas piscando sem cessar e entoando todas as "canções natalinas" estrangeiras de que se tem notícia!

E tome "Jingle Bells", "Christmas Tree", "Santa Claus is coming to town", "We wish you a merry Christmas", "Silent Night" e outras tantas, na harpa, no teclado ou em suas "versões brasileiras"... Às gratas exceções de pérolas genuinamente nossas, como "Boas Festas", de Assis Valente, "Fim de Ano" de Francisco Alves e David Nasser, e "O Velhinho", de Otávio Babo Filho, a nos enternecer e lembrar que o nosso Natal é, sim, importado, desde o imbatível conceito de "Natal Branco" (como na clássica "White Christmas", com Frank Sinatra, também tocada, instrumentalmente, à exaustão), impossível de acontecer por estas terras quase à linha do Equador, até as iguarias que aguardamos para ter na ceia da meia-noite do dia 25: peru, castanhas, nozes e várias coisinhas calóricas de outras terras bem distantes da nossa quente e pobre São Luís...

Assim, inaugurada a temporada da felicidade obrigatória, quando, justamente por isso, aumentam os números de tristezas, depressões e suicídios para aqueles que não conseguiram alcançar a plenitude que a época exige, lembremo-nos dos pobres que passaram o ano todo na mesma e façamos uma caridade básica para São Nicolau ver: pondo um alegre e distante sorriso nas faces, façamos uma prece e comemoremos o nascimento do Menino Jesus numa manjedoura plastificada de presépio, numa data católica instituída no vazio de nem bem sabermos ao certo quando foi mesmo que toda essa história começou...

(Dilberto Lima Rosa, Vertebral, 2004)

domingo, 18 de dezembro de 2005

18 de Dezembro

Ainda com poucas adesões à brincadeira "Amigo Invisível da Família Morcegos", aguardo os e-mails dos parentes desgarrados (para participar, você deve estar relacionado na lista da Família Morcegos, por ter sido homenageado por aqui, e escolher um número entre 1 e 19, conforme instruções enviadas)...

Mas hoje o destaque fica para dois outros aniversariantes especiais... O que Ricardo Alexandre da Costa Campos, um pacato RP ludovicense, atualmente prestando serviços para a CAIXA, bem-casado cristão e admirador da Sétima Arte, e Steven Spielberg, famoso diretor judeu californiano, autor de grandes clássicos do Cinema e recém-formado (finalmente) na UCLA, têm em comum? Além do fato de os dois gostarem de Cinema, estes tão distantes cidadãos nasceram na mesma data, 18 de dezembro!

Amigos vão, amigos vêm; somem, fazem burradas e deixam de falar com você; aparecem do nada; ligam com frequência; são sempre presentes ou se lembram de você somente em datas especiais... Entretanto, em se tratando do mais antigo dos meus amigos, um pouco de cada uma dessas coisas aconteceu: Ricardo, o velho Cadinho do extinto Colégio Cebolinha da 1ª série, da grande casa da Av. B, irmão de Pitu e de Leleca, cresceu comigo a jogar "béti" (ou "bate-lata", nome mais comum atualmente), futebol e outras brincadeiras cinematográficas por nós inventadas pelas ruas do Maranhão Novo; depois foram os filmes, pelas locadoras e pelos cinemas, e as confidências da adolescência; logo a maturidade dos relacionamentos... Uma sincera amizade de infância que se mantém até hoje!

Já quanto ao Steven, bem... Nossa "amizade" advém do relacionamento que mantemos com os artistas que admiramos (como sou um pouco amigo de Chico Buarque, por exemplo), com quem compartilhamos ideias e sonhos, especialmente quando se desligam as luzes do cinema e somos transportados para o seu universo de infância mágica (E.T. - O Extraterrestre), de aventuras fantásticas com gosto de matinês (Caçadores da Arca Perdida), de suspenses surpreendentes (O Encurralado; Tubarão), de dramas maduros e pungentes (O Império do Sol; A Lista de Schindler), de comédias alopradamente inteligentes (1941- Uma Guerra Muito Louca) e dos encantos desconhecidos da Ficção Científica (Contatos Imediatos do Terceiro Grau)... E isso só para lembrarmos suas obras-primas como diretor: afinal, ele coleciona genialidades com sua marca pessoal também como produtor (Poltergheist; Os Goonies; Gremlins; De volta para o futuro...).

Assim, mesmo com algumas "derrapadas" de Ricardo pelas épocas da juventude ou de Spielberg com algumas bobagens caça-níqueis (como Hook ou Jurassic World), amigos são sempre amigos! E só posso desejar um feliz aniversário aos dois, ainda que com 30 anos de diferença entre os dois (29 anos e 59 anos, respectivamente), esses dois capricornianos muito bacanas e sonhadores, com tanto em comum... Por essas e outras é que, sempre que acontece de eu esquecer o aniversário do Steven, assim que parabenizo o Ricardo, este me pergunta: "E o Spielberg, você já ligou para dar os parabéns?" (o mesmo acontecendo quando me esqueço do Ricardo).
Ricardo e Steven, num momento de descontração.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

For All...?!

Mas que coisa mais irônica: no dia do aniversário de um ilustre mestre, Luiz Gonzaga, o primeiro músico a assumir a nordestinidade representada pela sanfona e pelo chapéu de couro, cantando as dores e os amores de um povo que ainda não tinha voz, algum dono de gravadora inescrupuloso resolveu decretar como sendo o Dia do Forró! "Nada mais justo", você pensaria de cara, uma vez que o Velho Lua imortalizou algumas obras-primas de nossa Música Popular Brasileira através de xotes, forrós, chamegos e baiões, tendo sido a designação genérica "forró", por muito tempo, utilizada como símbolo da música de raiz nordestina... O que é desalentador é ver o que se fez do forró nos dias de hoje, onde qualquer porcaria vulgar de banda cearense ou pernambucana (e até paraense!) é chamada de forró, mesmo que sem sequer uma zabumba, uma sanfona ou um triângulo! É, queridos blogueiros de plantão: se vivo, acho que o Rei do Baião (e do Forró também), aos 93 anos, não gostaria nada, nada desta tal "homenagem"... Por isso, hoje, na ROATÓRIA, repito um texto da Coluna Vertebral de junho do ano passado do extinto Weblogger, onde criticava um certo "Festival de Forró" que então se realizava em minha cidade...
VERTEBRAL
ROTATÓRIA: EDIÇÂO ESPECIAL

Aproximando-se o II Maranhão Forró Fest (o absurdo já chega a mais de uma edição...), aproveito o ensejo para "homenagear" este "ritmo" que vem demolindo os tímpanos de qualquer um com mais de dois neurônios na cabeça: a onda do New Forró, com outras modalidades aí se incluindo (como o tal do "calipso" paraense), restando todos reunidos num "estilo" único, tudo emanado freneticamente por qualquer teclado de fundo de quintal... 

E tome bandas e mais bandas, no mais alto grau de breguice, a entoar "canções" sem um pingo de harmonia musical, "cantadas" pelos mais desafinados vocalistas (ou gritadas, melhor dizendo), com as letras e situações mais chulas, toscas, vagabundas, grosseiras e sem noção ("amor de rapariga", "você só quer me pegar e crau", "sou do signo de libra, escorpião, chega pra lá", "diz que me ama, me leva pra cama, acende essa chama", "acabou com a minha vida... você se foi ...acabou com a minha vida... você se foi..."!?!) já imaginadas por um ser humano em seu juízo perfeito, a cuspir na boa e esquecida tradição do forró pé-de-serra!

E sem noção parece ser mesmo o comportamento dos seus "seguidores", que parecem não escutar outra coisa, está para virar uma Religião: além de conseguirem aguentar repetidas e repetidas vezes as mesmas "músicas", os loucos ainda obrigam todo o resto a ouvir a mesma coisa, já que só ouvem isso no último volume de seus carros incrementados ou nos potentes sons de seus lares.

Mas longe de estar discutindo gosto (afinal, assim como você sabe o quê, cada um tem o seu, o que não se discute, apenas lamenta-se), o que faço é questionar a massificação de hoje em dia. Gostem, ouçam (baixo, por favor) e desfrutem os vazios culturais de suas vidas com satisfação ("a vida é sua; estrague-a como bem entender", como bem diz o velho Abujamra),só não permitam, entretanto, uma ditadura: a do "eu vou aonde todo mundo for", capaz de gerar, além de problemas sociais mais sérios, alguma futura ameaça musical pior que o atual "New Forró"!

sábado, 10 de dezembro de 2005

2 Fatídicos Dias 8 de Dezembro...
(E Um Dia 11 Totalmente Renovado)

Texto do ano passado, que republico por ocasião dos 25 anos sem Lennon e 11 sem Jobim...
 

"Imagine todos vivendo uma vida de paz"... Em épocas mais sensíveis como costumam ser os reflexivos, ainda que comerciais, tempos de fim de ano, proclamemos palavras de esperança, renovemos os sonhos e relembremos gênios sonhadores, que tanto já nos fizeram sonhar, em meio a eternos recomeços de novas e importantes fases da vida...

Tudo isso porque, dentre outras coisas, há 10 anos, o tom da Música (da Arte, com letra maiúscula) sofreu um golpe irreversível: Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, em tenros 67 anos, deixava o Brasil órfão de um dos nossos grandes maestros, músicos e pais: da Bossa Nova (ao lado de João Gilberto, Vinícius de Moraes, dentre outros); de letras e melodias inesquecíveis (Wave, Corcovado, Passarim, Águas de Março, Chovendo na Roseira, Luiza...); pai de árvores, de pássaros e de ecologia num tempo que isso ainda nem era moda... Tantos adjetivos num gênio de gênio difícil, que, pelo menos, teve sua obra reconhecida mundialmente, tanto em vida quanto depois dela.

Descobri Tom Jobim por volta dos 15 anos, quando, catando LPs na casa de uma amiga para gravar uma fita K-7 (quantas antiguidades!), descobri Chega de Saudade, obra-prima absoluta de Tom e Vinícius, de 1958, na já clássica gravação de Severino Araújo com sua Orquestra Tabajara. Desde então, as músicas do mestre nunca mais deixariam de fazer parte da minha vida (ao lado de outros gênios como Chico Buarque, Noel Rosa, Pixinguinha...), daquele jeito que transforma pessoas distantes em entes próximos... 

Tanto que, no final de 1994, quando da notícia de seu falecimento (que só fiquei sabendo tarde da noite graças às preocupações e correrias daquele dia de inscrição no vestibular), minha noiva Jandira e eu acabamos por ter, com aquela triste notícia, o último empurrãozinho de que precisávamos para começar o nosso namoro: liguei para ela assim que soube pela TV e lamentamos juntos, ao longo de uma comprida, apaixonada e melancólica conversa sobre o homem por trás das canções de que gostávamos tanto...

Infelizmente, uma outra perda já se havia feito sentir muito tempo antes, na mesma data de oito de dezembro, só que em 1980: John Lennon, o grande sonhador irreverente da maior banda de Rock de todos os tempos, o eterno e renegado Beatle, foi assassinado fria e loucamente por um fã ardoroso, que lhe cravejou vários tiros gratuitos e covardes... Lennon, Jobim, Nelson Gonçalves, Frank Sinatra e tantos outros que tanto participaram de nossas vidas com suas músicas, interpretações e genialidades e que nos deixaram a Música mais pobre, frágil e esquecida...

Apesar de tanto gostarmos dos Beatles, creio nunca ter cantado uma das eternas canções de Lennon para Jandira (a não ser, talvez, Jealous Guy)... Já o brasileiro-até-no-nome Jobim embalou o início do nosso relacionamento, com Wave, que cantei inspiradamente para ela naquela distante e romântica praia de Panaquatira... Exatos 10 anos depois, Jandira e eu ainda lembramos com tristeza o Jobim que se foi, ainda nos espantamos com aquela bestialidade contra o grande Lennon, mas comemoramos um noivado (último dia 11) ao som de outro símbolo cíclico, porém muito vivo, de final de ano: Roberto Carlos.

(Dilberto Lima Rosa, Vertebral, 2004)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Meninos, Diretores e Robôs

Nesta segunda se comemoram 3 aniversários especiais: do texano multimilionário, conquistador e descobridor de grandes estrelas (como a bela Jane Russel, no seu fraco O Proscrito), megaindustrial da aviação, diretor e produtor cinematográfico sem muito talento Howard Hughes (retratado meio que como um "herói americano incompreendido" no irregular filme do mestre Scorcese, The Aviator, com Leonardo di Caprio como o maníaco-depressivo e paranoico personagem); do tirânico Otto Preminger, famoso diretor teatral e cinematográfico, famoso pela firmeza em clássicos absolutos como Laura e Anatomia de um crime. Mas, para além do centenário desses 2 ícones, hoje é o terceiro aniversário que está sob os holofotes deste humilde espaço virtual: o amigo de infância José Henrique Spencer Leão, o hacker e cineasta do Recife, que completa 29 anos! A ele, os meus mais sinceros parabéns, desejoso de ver realizados todos os seus sonhos (que, em parte, também são meus, já que sempre idealizamos, um dia, viver do trabalho no Cinema), com um poema que fiz e que traça um pouquinho desta história...
Poema da Infância Perdida

Querido amigo pragmático,
Tu, que não gostas da poesia,
O siso e o tempo um pouco adia
E me ergue algo automático:

Busca pela infância perdida
Entre as nossas musas e asneiras,
Segue perdido pela feira
E traz nossos robôs de volta à vida!

Não perde a fé, cético amigo,
E ouve bem atento o que eu digo,
Que esse tempo não se perdeu:

Entre os nossos planos e efeitos
Remonta tudo, enche o peito
E grita: "esse filme é meu"!

(Dilberto Lima Rosa)

sábado, 3 de dezembro de 2005

Cartola e Woody

Enfim chegamos ao tempo comum entre o comércio e a reflexão (se é que isso é possível): dezembro, do Natal, da beirada do Ano Novo, dos presentes, das alegrias, dos nascimentos e dos suicídios... E, bem na virada do mês, já tivemos dois acontecimentos especiais: 25 anos sem Cartola (último 30 de novembro) e os 70 anos de Woody Allen (última quinta, dia 1º. de dezembro). Vamos a estes dois grandes mestres...
Angenor de Oliveira, o elegante Cartola, de chapéu-coco no meio da construção civil e de nariz curioso sob os óculos escuros, nasceu em 1908 e em 1974, quando enfim gravou, aos 65 anos, seu primeiro disco... Um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, ao lado de gente simples e genial como o também fantástico parceiro Carlos Cachaça, com sua voz firme e suas próprias letras, então já cantadas por tantos outros, ecoou sua bela poesia em alguns poucos discos definitivos, para fazer com que o samba nunca morresse... É, Cartola, "as rosas não falam" e a "alvorada, lá no morro, é uma beleza", onde "ninguém chora, não há tristeza e ninguém sente dissabor": prefiro o romantismo de teu morro parado no tempo e no idílico, com o colorido verde-rosa do teu universo de samba perfeito, ao cinzento mundo de hoje ou ao agonizante samba ("agoniza, mas não morre")! Disfarço e choro tua falta por aqui, corro e olho o céu, que o sol vem trazer, sempre, bom dia, com tua música eterna e reverberada por muitos intérpretes e amantes da tua arte! Tu, que nunca tiveste homenagens à altura do talento em vida, recebe esta minha, simplesinha, pelo Dia Nacional do Samba (2 de dezembro), lugar onde reinas absoluto!
Allen Stewart Konigsberg, o genial Woody Allen ('woody', do "formato de palito" do início da carreira), o mais famoso judeu nova-iorquino do mundo, com todas as suas esquizofrenias e paródias por sobre a sua própria sociedade intelectual e emocionalmente despreparada da Nova Iorque que tanto ama, completou, na última quinta, 70 anos de uma vida que parece uma de suas tragicômicas obra-prima: nascido pobre no bairro do Brooklin, venceu os preconceitos familiares e chamou a atenção como comediante stand up em perdidos palcos até brotar como escritor de comédias de Hollywood (estreou como ator e roteirista no filme Que que há, gatinha?, em 1965); despontou como diretor e ator com sua pequena obra-prima, Um Assaltante Bem Trapalhão (1969, espécie de "Cidadão Kane de um ladrão incompetente", nas palavras do próprio autor); seguiu brilhante carreira no Cinema, por entre amalucadas comédias (Bananas; O Dorminhoco), divertidas sátiras sociais (Tudo que você queria saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar; Zellig) e inteligentes retratos cômicos do seu tempo (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Oscars de melhor filme e diretor), mas sem esquecer suas influências bergmanianas em inteligentes dramas e comédias dramáticas sobre relacionamentos (Interiores; Manhattan; Hanna e suas irmãs); e se manteve renovado como grande artista criativo durante os anos 1990 (Todos dizem eu te amo; Desconstruindo Harry; Tiros na Broadway; Celebridades) em meio à vida pessoal em frangalhos e sob ataque (inocentado das acusações de pedofilia pela ex-mulher Mia Farrow após a difícil separação e o posterior casamento com a enteada, Soon-Yi Previn). Sem dúvidas, um gênio, que segue incansável entre sua discreta vida de músico (ainda toca clarinete em excursões com seu conjunto, como visto em Wild Man Blues), seus inevitáveis Oscars (para os quais nunca deu muita importância) e os seus ídolos e influenciadores (além de Bergman, Felliini, Checkov, Groucho Marx e Cole Porter), a desfilar seu ácido humor por um mundo chato e sem noção...
E hoje não percam minha intervenção no blog da "sobrinha" Lelinha

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

FALA, SARNA!

E será que, um dia, ainda cai o bigodudo sarnento, com a sua corja, por estas bandas abandonadas do Maranhão? E sua amada filhinha, Rosengana Sarney, que quer voltar a qualquer preço ao poder maranhense, a fim de retirar da cadeira o atual desafeto, o Governador José Reinaldo Tavares (que, por sua vez, aqui e ali limpa a bagunça feita pela Branca em seus últimos oito anos de desmando)? Realmente, as coisas por aqui não andam nada engraçadas há muito tempo... Porém, ainda é possível rir um pouco, nem que seja com a imensa desfaçatez, a absurda cara-de-pau política e os absurdos devaneios imperiais do Dono do Mar(anhão) em seu domínio no Estado por tantas décadas! Um homem que representa o pior da Política oportunista nacional e não tem sequer mais a noção da enorme diferença entre a coisa pública e a privada: segue recente entrevista dada pelo senador José Sarney à revista Carta Capital, um verdadeiro documento para, na posteridade, ser estudado... Ele "não tem culpa"! Nós, muito menos! Então, divirtam-se!
"NÃO TENHO CULPA"
O senador José Sarney fala do mausoléu, da oposição, de oligarquias e dos índices de desenvolvimento do Maranhão
Por Sergio Lirio

Na manhã da quarta-feira 16, o senador José Sarney recebeu CartaCapital no gabinete de Brasília. A Assembléia Legislativa do Maranhão ainda não havia aprovado o projeto que prevê a devolução do prédio histórico que abriga a fundação do ex-presidente da República ao Estado. Sarney classificou a iniciativa de "briga política", defendeu a construção de seu mausoléu no convento que um dia abrigou padre Antonio Vieira e disse que os indicadores sociais que colocam o Maranhão na rabeira das estatísticas nacionais estão distorcidos. E desabafou: "Não tenho culpa de ser ex-presidente".

CartaCapital: O Ministério Público Federal e a Assembléia Legislativa do Maranhão questionam a doação do Convento das Mercês à Fundação José Sarney. Como o senhor encara esse questionamento?
José Sarney: Não há doação. O que há é uma fundação, feita a exemplo do que se faz nos EUA com todos os presidentes da República. No Brasil, temos a Fundação Tancredo Neves, temos a do Fernando Henrique, criada em forma de instituto, temos a do Juscelino Kubitschek, em Brasília. Entrei como doador de todo o meu acervo, cerca de 400 mil documentos. Estão lá todas as minhas obras de arte, a minha biblioteca de 40 mil volumes. Sou um colecionador, bibliófilo também, tenho cerca de 2 mil livros, primeiras edições, edições raras, manuscritos raríssimos como Espumas Flutuantes, de Castro Alves. O Estado entrou com o local, que estava abandonado. O convento é um dos museus mais visitados do Brasil. Mais de 100 mil turistas estiveram lá neste ano.

CC: A oposição diz que a Fundação não cumpre suas finalidades e que o espaço é usado de forma personalista. Aluga-se para festas de casamento e usa-se como estacionamento, por exemplo.
JS: É mentira. Em dez anos, fizemos uns três casamentos e nem sei quem são as pessoas. Isso é comum em palácios da Europa. A Fundação vive de receitas de aluguel e de doações. Nunca ninguém acusou de se fazer política no convento, de se usar o espaço para assuntos pessoais.

CC: E como o senhor explica essa investida?
JS: É uma guerra política sem nenhum apoio público. O governador, por vendeta, quer... Na verdade eles não podem tirar o convento. Só se a Fundação não cumprir seus objetivos. O acervo que tem lá vale muito mais que o prédio.

CC: Mas não é uma atitude personalista querer ser enterrado em um prédio histórico?
JS: Todos os museus presidenciais dos Estados Unidos têm local para mausoléus. Posso ser enterrado lá, posso não ser, não é essencial. Seria um atrativo turístico. No futuro, até ponto de peregrinação. Tenho culpa de ter sido presidente da República? Tenho culpa de ser membro da Academia Brasileira de Letras? Tenho culpa de ter escrito mais de 60 livros e de ter livros traduzidos em 12 idiomas? Não tenho culpa. É a minha vida. Nasci no Maranhão. É um patrimônio do estado, não meu.

CC: Há uma frente de oposição formada por alguns ex-aliados...
JS: Todos são ex-aliados. O governador, aliás, é membro do conselho da Fundação.

CC: O fato de a vida política do Maranhão organizar-se em torno da figura do senhor não demonstra a existência de uma oligarquia?
JS: Nunca exercemos o poder de maneira pessoal. Somos gente simples. Tenho 14 irmãos; tinha, porque hoje são 11. Vivemos lá, casamos no Maranhão, os meus filhos estão lá, os filhos deles estão lá. Gente de classe média. A única participação em empresas é relativa à atividade política: jornal, rádio e televisão.

CC: Mas isso não faz a diferença?
JS: Isso não é ter grupo econômico. Temos uma pequena televisão, uma das menores, talvez, da Rede Globo. E por motivos políticos. Se não fôssemos políticos, não teríamos necessidade de ter meios de comunicação.

CC: O Maranhão ostenta os piores indicadores sociais do País. O senhor sente-se responsável?
JS: É outra mentira. O IBGE tem 2 mil índices. Em alguns o Maranhão é ruim, em outros é bom. Por exemplo, é o segundo estado menos violento do Brasil. Temos o segundo maior porto, que movimenta 100 milhões de toneladas. Quando assumi não havia nenhum quilômetro de estrada. Hoje temos a melhor infra-estrutura do Nordeste. Dizem que temos o pior IDH do País. Não é verdade, os dados estão errados.

CC: Errados como?
JS: O IDH é feito para sociedades industriais, urbanizadas. No Maranhão, 50% da população vive na zona rural. Isso distorce as estatísticas.

CC: E o fato de ter a menor média de escolaridade?
JS: No governo da Roseana Sarney foi o período de maior avanço na educação.

CC: O atual governo diz que ela não construiu nenhuma escola.
JS: Não é verdade. Ela recuperou a rede escolar e investiu pesado em um projeto de ensino a distância (um contrato de R$ 100 milhões com a Fundação Roberto Marinho). Foram 150 mil alunos atendidos por meio de tecnologia avançada. Em vez de construir prédios, ela preferiu apostar na tecnologia.

CC: Segundo o IBGE, das cem cidades com menor renda per capita, 83 ficam no Maranhão.
JS: É uma distorção que não foi criada por nós. Criaram 87 municípios que não tinham condições de virar cidade. Repito que 50% da população vive na zona rural. E isso é muito bom. O Maranhão é o segundo estado menos violento, atrás apenas de Santa Catarina.

CC: O discurso de posse do senhor, em 1966, é moderno. Promete uma ruptura com a oligarquia, mas...
JS: E aconteceu. No Maranhão, hoje, todo mundo tem oportunidade. Basta dizer que nunca persegui nem cassei ninguém. Tive todos os poderes, era governador no tempo da Revolução. Nossa presença no estado sempre foi em benefício de consolidar os ideais democráticos, de aprofundar a democracia, de lutar para que houvesse progresso. Basta dizer que meus adversários são meus antigos amigos. Todos estiveram comigo em algum momento. Nenhum deles deixou de estar do meu lado ao longo da vida. Agora, não posso me dar um tiro, me matar, só porque alguns não se sentem confortáveis com a minha presença no Maranhão. A verdade é que o carinho do povo é muito grande.

CC: O senhor fez a Lei de Terras, que distribuiu enormes extensões de terra a grandes empresas.
JS: A lei no meu tempo não permitia dar além de 3 mil hectares, de acordo com a Constituição. Sou contra muitos dos procedimentos que foram feitos em governos posteriores em relação à posse de terra no Maranhão.

CC: O senhor tem uma enorme capacidade de estar ao lado de forças díspares. Em 1965, foi apoiado pelas esquerdas e contou com a simpatia dos militares.
JS: Tive muitas restrições dos militares por ter uma ligação forte com a esquerda. Recebi várias vezes o Juscelino (Kubitschek). Sempre procurei unir todo mundo no Maranhão, governar para todos. Não tenho inimigos. Não há ninguém que diga que sou um homem violento. Por que o povo nos apoiaria por tanto tempo se usássemos de violência? Não usamos força, não usamos nada.

CC: Há vários prédios públicos batizados com o nome do senhor ou de membros da sua família. O Tribunal de Contas do Estado chama-se Governadora Roseana Sarney Murad. Não é outra prova do seu poder oligárquico?
JS: Mas o que significa para quem está há 40 anos na política botar o nome em um prediozinho de dois andares? Pode ser errado ou certo, mas não é uma tragédia.

CC: Vários parentes do senhor ocupam postos importantes na administração pública do Maranhão.
JS: Somos uma família que está no Maranhão há muitos e muitos anos, vamos dizer, há três séculos. Não posso evitar que uma cunhada minha, há 30 anos na magistratura, vire desembargadora. O que tenho a ver com isso? Nada. É a carreira dela. Mas não conheço outros parentes meus em cargos importantes.

CC: Um primo do senhor é vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado.
JS: É um primo distante. Não é meu irmão, não é meu sobrinho, nem uma pessoa próxima.

(Carta Capital, Edição n. 369, de 23 de novembro de 2005)
 

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