quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Yes, We Créu!"


“Para sentir a grandeza/ A beleza do meu país/ Basta uma só condição/ É ser brasileiro e ter coração/ Rio de Janeiro...”. Assim começava a letra do samba “Rio de Janeiro”, do Mestre Ary Barroso, que, de cara, já encerrava duas contradições: bastavam uma ou duas condições para sentir a tal grandeza? E, se se trata da beleza do País de uma forma geral – e, apesar do título, estranhamente o samba só menciona a Cidade Maravilhosa no último verso aqui citado –, o que o Rio teria a ver com isso? Realmente, além do pecado mortal de ser flamenguista, o forte deste compositor não residia na letra, mas na melodia de suas imortais e ufanistas canções: Ary Barroso pintava o Brasil com as cores getulistas e era moda, então, o “samba-exaltação” – subgênero do qual a obra-prima Aquarela do Brasil é o nome maior, quase um segundo hino brasileiro para o resto do mundo...

E, falando em hino, quem nunca esqueceu uma rima rica, um vocábulo esdrúxulo, gaguejou ou confundiu “sonho intenso” com “amor eterno”, “raio vívido” com “seja símbolo”, da longa letra de Joaquim Osório Duque Estrada, que atire a primeira pedra na Vanusa! Mas, erro por erro, cá entre nós, o que foi aquilo na Assembléia Paulista? Excesso de ufanismo à Fafá de Belém nas Diretas Já ou excesso de doses de algum outro componente químico que não a paixão pela Pátria?

Mas quem precisa de remédio – e urgente – é o Presidente! E nem falo do imbróglio hondurenho (eta rapazinho pra gostar de homens de bigode...), onde parece querer lançar-se como o “líder pacifista” inoportuno de uma há muito corrompida América Latina, mas, sim, do chororô por qualquer coisa (eta rapazinho que chora...)! Ou conseguir as Olimpíadas para o Brasil é mais emocionante que questões como a fome, a educação (ele chorava por isso quando em campanha...) e o desemprego de tantos jovens sem apoio nenhum – muito menos o esportivo?!... E, falando em Olimpíadas, rezemos ao Cristo Redentor que, de sua alta e privilegiada vista, não permita os descasos e exageros com as verbas públicas, como foi no oba-oba do Pan... Amém!

Nada contra o ufanismo: um pouquinho de amor à velha Pátria não faz mal a ninguém! Ainda me lembro de cantar o Hino todo dia antes de subir para a classe no antigo primário do Dom Bosco! Também é interessante ver nossa linda Bandeira hasteada em qualquer lugar – e não precisa ser só na entrega de alguma medalha ou no final de uma Copa do Mundo! Tampouco preciso falar que dá alegria ter o Brasil-Rio sediando eventos como a Copa ou as Olimpíadas... Mas ainda creio que amor à Pátria faz mais sentido quando em contato com alguma noção de cidadania no bom exercer de uma Política séria, do que se atida somente a populismos esportivos ou aos velhos Símbolos Nacionais dos livros carcomidos de EMC e de OSPB!

Enfim, há o mérito do bom uso dos garotos-propaganda brasileiros – que o Lula é popular e símbolo-maior da mídia mundial da atualidade, disso eu nunca duvidei: Pelé perde, é brincadeira... Mas, voltando ao samba do Ary: em tempos de Olimpíadas no País, com o Rio significando a Nação inteira, num ufanismo rasgado de versos como “Ô, nossas praias são tão claras/ Nossas flores são tão raras/ (...)/ Ô, nossos rios, nossas ilhas e matas/ Nossos montes, nossas lindas cascatas/ Deus foi quem criou, ô, ô” e de choros internacionais e hinos atravessados, até que o samba do velho Ary Barroso é bastante atual... "É belo, é forte... e risonho e límpido"... E pouca coisa nesta Terra faz algum sentido... E que Deus abençoe a todos!

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7 comentários:

Francisco on 7 de outubro de 2009 às 00:40 disse...

Grande Dilberto!
Ufanismo demais, cheira à falsidade, àquela coisa forçada, pelo menos senti isso com a grande façanha conquistada pelo no Brasil Varonil ao sediar as Olimpíadas em 2016.
Cara, vc me fez sentir saudades das aulas de EMC e OSPB. Good Times!! rsrs
E o chororô do Lula, hein? Acho que nem quando cortou o dedo ele chorou tanto! (Que maldade a minha! rsrs)
É isso, my friend!
Um abração forte!

dr x on 7 de outubro de 2009 às 14:26 disse...

eh adorei afoto

dr x on 7 de outubro de 2009 às 14:39 disse...

se a gente for pensar nas maracutaias deste governo, visto o pan o lula estah certo em chorar.....pq seria lamentavel se repetir...coisa que não duvido...Mas wanusa oh wanusa..deu dó..fazer o que..aconteceu agora é bola para frente.....mas..quem sabe cantar o hino nacional?????? Ela disse que ninguem..ninguém???? virgula, pq fui obrigado no meu tempo de quartel a decora-lo por inteiro, escrevi mais de 200 cópias do hino para ser frisado...coisa que na escola hoje em dia não se vê mais...
Mas parabens ao Rio de Janeiro essa terra maravilhosa, abençoada...E
o Rio de janeiro contiua LINDO

abraços


dr x

Miguel S. G. Chammas on 7 de outubro de 2009 às 20:29 disse...

Amigo, falando em Cantos Exaltação e Atitudes de ufanismo, me lembrei de algo importante.
Não mais poderemos cantar aquela canção encomendada nos tempos de chumbo que dizia:
!90 milhões em ação, prá frente Brasil, do meu coração...."
Hoje já somos mais de 190 milhões, dai a letre poema ficou defasada.
Que pena né?

Ricardo Rayol on 8 de outubro de 2009 às 11:41 disse...

O hino não era para ser legendado???

Luma Rosa on 9 de outubro de 2009 às 23:37 disse...

Temos dois pontos a discutir sobre a Olimpíada: a desconfiaça e a certeza.

Lula disse, em Copenhague, que o Brasil tem o direito de sediar uma Olimpíada e que com essa conquista o País alcançou a sua cidadania. Direitos à parte, é preciso saber o que o presidente entende por cidadania. Ao que parece, cidadania é algo que os moradores da cidade do Rio de Janeiro desconhecem. E de outras tantas cidades brasileiras também. Não se pode falar em cidadania quando a Baía da Guanabara recebe o esgoto “in natura” da cidade que é conhecida como cartão postal tupiniquim. Não se pode falar em cidadania quando no Rio de Janeiro, a exemplo do que acontece no resto do Brasil, pessoas morrem nas filas dos hospitais públicos. Não se pode falar em cidadania quando o poder paralelo do crime fala mais alto que o poder oficial. Não se pode falar em cidadania quando balas perdidas fazem vítimas numa velocidade que nem mesmo os veículos de comunicação conseguem noticiar. Não se pode falar em cidadania quando ela inexiste.

Obviamente aparecerá alguém para me contestar e dizer que a Olimpíada do Rio trará dignidade de vida aos que moram na Cidade Maravilhosa. Esse é o risco que os cariocas correm, mas o cidadão não pode depender da realização de um importante evento esportivo para fazer valer o seu direito.

O ufanismo é para abafar as nossas mazelas sociais! Beijus,

Игорь on 11 de outubro de 2009 às 10:51 disse...

Olá !

Acho que as Olimpiadas podem trazer beneficios , a médio e longo prazo para o país. Maracutaias à parte :P . Acho que desta vez o famigerado trem-bala sai.


abraços

 

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