21/10 e 23/10
Abre esta porta
Para Carlos Humberto Guilhon Rosa
Ao filho que já fui
Ao velho que seca e definha
Ao menino que segue afoito
Ao passar de nós
Ao enxergar e a crer
No auto que a todos nos encerra
O que nossos pais querem nos dizer...
Sigo o ato que me cabe
E vejo um senhor alto,
Magro, longilíneo e de vista perdida
Entra e sai danado de porta
– Meu senhor, aonde vais?
– Não vês que estou cansado?
Fui inconseqüente, serei preocupado
Sou apenas teu pai!
Sigo ainda perdido, longe de tudo saber,
Pelo deserto da chama que lentamente se esvai
Esquecida, esmaecida, quase descolorada
Abre esta porta, à frente vai o amigo
À frente te espero
Meu pai à frente,
Eu o sigo,
Meu filho vem atrás...
Canção do Velho
Para Carlos Humberto G. Rosa
O velho
Segue nas pontas dos pés
Com os braços abertos
Querendo voar...
O velho
Na ponta do ar
Com a mente a descoberto
Segue a sumir...
O velho
Como nem fosse cair
Cresce ao léu
Na contramão da via...
Ao velho,
Hoje, nem dei bom dia...
Não perguntei como ia
Nem pra onde vai...
No incerto dos dias
Segue calado
Ao largo da poesia
– Segue, meu pai...
Três Poemas em Homenagem A D. Dilena
Ser Maior
Mão
Me estende
Mãe
De todas as virtudes
O tom quente
De teu manto protetor
E de tua presença visceral
Mar
Mãe
Que permanece
Gigante e inarredável
E que guarda
A poesia
De um oceano
Nos olhos
Tristemente alegres
Que guardam tanta vida
Ser
Mãe
De alma
Nas pontas dos dedos
Que tateiam
Na aridez repetida
Dos pensamentos
Pela balança perdida
Dos valores
Dos juízos
E pela luz
Da primeira porta aberta
Que conduza ao paraíso...
A Rosa e O Escorpião
Rosas à frente
Espinhos pelo caminho
Sol dolorosamente
Forte
Ao fim da noite em claro
O escorpião
Nem sabe mais de seu
Coração
(Deixou o ferrão para trás
Por sobre os sonhos mortos)
Tampouco lembra
Sua poesia:
Só corre
Só pensa
Em sua cria
Em Homenagem a D. Dilena
Mãe de todos os clichês
Da Rainha do Lar à Santa no Altar
Mãe maravilhosa
Busco poesia
Ao te exaltar,
Aos brados,
A beleza além da concretude
De tua vida reta
De teu porte impecável...
Eu, que de ti herdei
Os olhos, a boca e o cabelo
Sigo como um espelho
A te imitar a arte passional
Da perfeição
De teus valores corretos
Diante do incerto
De minha vida.
A bênção, senhora,
Tu que acompanhas ao longe
Os meus versos infantis,
Releva a tosca lembrancinha
Que fiz e que a ti oferto,
Eterna fonte em meio ao deserto
De meus pensamentos juvenis...
Jovem e bela morena
Das longas madeixas
Do retrato em branco e preto,
Senhora do cenho fechado
E da alma aberta
Diante do cerne da questão,
Fala e ensina aos quatro ventos
O que é ser mulher de plantão
E mãe, a todo o sempre,
Diuturnamente.
Luto em converter
Este fraco poema
(A curvar poesia em deferência
À mulher acima de todas as mães)
Em homenagem à D. Dilena
– Que se quebrem todas as penas
Poe sobre os papéis mais ásperos
Que a vida te deu
Na mais sincera e pungente
Poesia
Que é o viver
Ser
Filho teu.
Com carinho, todos os poemas (2004, 2005 e 2006) que já escrevi para vocês...
4 comentários:
Lindos poemas Dilberto.
Eles merecem mesmo, nosso melhor humor, nossas melhores palavras, nossa paciência, nosso amor incondicional...
Lindo mesmo!
Muitos beijoss pra ti!
Linda homenagem !
Fiquei também emocionada....ver nossos pais envelhecendo é saber que estamos seguindo com eles..
E vamos em frente !
Bonito.
Beijão
Arrasou!!
Coisa mais bela e estranha, que só a poesia consegue descrever, o amor dos nossos pais e mães...
Ficaram muito bons .
De alguma forma mechem com a gente .
Legal !
Abraços
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