Olá, queridos blogueiros de plantão e amigos dos quirópteros! Voltando a publicar textos inéditos neste dileto espaço virtual, tirei a tarde de sábado para preparar esta super-homenagem à Sétima Arte: ao longo desta semana, vocês terão a SEMANA ESPECIAL - Cinema, começando hoje com uma crítica sobre o filme Batman Begins, recentemente lançado em vídeo, juntamente com um breve esboço sobre as adaptações de heróis dos Quadrinhos para o Cinema que vêm por aí...
Quase tão longo quanto a melhor adaptação dos Quadrinhos, Superman - O Filme, de 78, e seus 143 minutos, Batman Begins é minucioso em cada detalhe de suas 2 horas e 20 minutos de filme: de acordo com o diretor e corroteirista Christopher Nolan (do cult Amnésia), buscou-se embasar tudo o que levaria um menino de 9 anos, traumatizado com o assassinato dos pais, a tornar-se o maior detetive do mundo depois de adulto. Falo "de acordo com" Nolan, porque o diretor, no afã de deixar sua marca mais autoral e "realista", tomou algumas liberdades criativas que acabaram modificando bastante o universo original do herói na transposição para as telas... O que gerou certa dose de polêmica entre os ardorosos fãs do Morcego (entre os quais me incluo)!
Sem querer entregar muitos spoillers, vamos às tais "polêmicas"... Primeiro, a história "recontada": Bruce Wayne (Christian Bale em excelente caracterização) "desce aos infernos" desde o trauma, chegando a cometer crimes em sua fuga pelo mundo a fim de "entender a mente dos criminosos" (!); conhece um misterioso Ra's Al Ghul asiático (famoso vilão árabe fantasioso, nas HQs), que tenciona destruir "grandes metrópoles corruptas", como Gotham, com sua Liga das Sombras; eis que Bruce acorda de sua letargia ética e percebe o que precisa tornar-se para realmente fazer justiça; então, valendo-se de apetrechos tecnológicos desenvolvidos por Lucius Fox (o sempre bom Morgan Freeman) na WayneTech e auxiliado por seu mordomo Alfred (Michael Caine: definitivo), transforma-se num "símbolo" para defender sua cidade de criminosos como o mafioso Carmine Falcone (Tom Wilkinson), o louco Espantalho (Cillian Murphy), além da volta de Ras.
A ênfase em Bruce, em detrimento do próprio Batman (que só aparece depois de uma hora de projeção e em menos cenas que o habitual para filmes do gênero), acompanhada de um olhar mais realista, eliminando certos elementos icônicos do personagem: questões como a ausência de um herói mais engenhoso (nas HQs, o próprio homem-morcego cria todos os seus equipamentos, com seus conhecimentos de Física e Química), a descaracterização de vilões e uma Gotham City bem "menos gótica" (praticamente Chicago, com algumas modificações em CGI), fizeram muita gente torcer o nariz para o filme – o que parece ter ajudado no seu desempenho nas bilheterias: Batman Begins, apesar dos lucros, gerou 373 milhões de dólares, um tanto abaixo do esperado.
O que muita gente parece esquecer, porém, é que o diretor foi amplamente auxiliado por um roteirista e fã dos quadrinhos da DC Comics, Charles Goyer, que injetou, sim, bastante fidelidade ao adaptar trechos de clássicos arcos e famosas histórias, como Batman Ano Um (história de origem pós-Crise nas Infinitas Terras), como a Gotham corrupta e a clássica cena do chamamento dos morcegos, O homem que cai, com elementos como a queda no poço quando criança e a fobia de morcegos, Batman Xamã, enfatizando seu treinamento numa região gelada e o desenvolvimento das habilidades como detetive, e O Cavaleiro das Trevas, de onde se inspirou para o batmóvel no estilo "tanque militar" da história de Frank Miller, de 1986.
Por isso, longe de uma adaptação ruim, apesar de tais "excessos de realismos", bem como do excesso de situações e personagens e de algumas concessões a soluções clichês, Batman Begins é uma experiência imprescindível, verdadeiramente um ótimo filme que, embora tenha praticamente banido a meninada da frente da telona com seu tom sisudo e muito sombrio (situação que pode ser corrigida com o lançamento em vídeo), certamente marcará o personagem como uma boa referência para os futuros filmes do herói neste novo século, cada vez mais distantes da magia impregnada por Tim Burton no primeiro filme, de 1989, com seu clássico sombrio, porém infantojuvenil (e seus toscos derivados, nas continuações absurdas de Joel Schumacher!).
De qualquer forma, quem quiser optar pela nostalgia e pelo tom mais ameno e colorido das revistinhas da infância, fugindo do realismo mais impactante de Nolan, talvez seja melhor esperar pelo retorno de outro herói da DC, que começará a voar novamente nos cinemas a partir de junho do ano que vem e promete resgatar os dois primeiros clássicos com Cristopher Reeve... Ou, ainda, aguardar um pouquinho mais e descobrir se novas adaptações de Quadrinhos renderão o mesmo encanto de outros famosos heróis dos gibis...
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