Hoje mais uma vez peço licença para entrar na ROTATÓRIA, onde tantos amigos já desfilaram seus talentos, por ocasião de mais uma picareta, digo, micareta. No caso, o Marafolia, que se realizará nestas terras a partir da quinta, dia 13. Este texto fez parte da coluna Vertebral do ano passado (quando do aniversário de 10 anos deste tosco evento), mas continua extremamente atual, como se tivesse sido escrito há alguns minutos... Também, o que esperar da imutável e insuportável "Axé Music"?...
Por aqui, terra de coronel, até folia tem dono, que é o mesmo do Maranhão - tanto que uma tal "Sanfolia", tentativa de furar o "eixo", vingou apenas um ano... "Tá procurando sarna pra se coçar", pergunta a canção de Bel Marques e seu Chiclete: não, obrigado, nós já temos sarna demais pra todo lado... E assim o grupo do bigode estende os seus desmandos pela área das "festas populares" - que de popular só tem a tal "pipoca", onde os foliões mais desafortunados pulam ao som distante dos blocos oficiais, onde varia de 150 a 400 reais um abadá!
Falando em abadá, curioso o simbolismo desse pedaço de tecido sintético que, customizado em outras peças como 'tops' ou "micro-saias", e somado a outras tiras de roupa, como os ínfimos 'shorts' atochados, compõe o "figurino" oficial do corredor polonês da Avenida Litorânea (esbórnia na praia: nada mais brasileiro!).
Não sei bem onde esta "tradição" de micaretagem começou, mas parece se estar diante de algo tribal soteropolitano, onde proliferam termos africanos como "bandanas" e "axés"... Até mesmo este estranho nome, micareta, assemelha-se a algum dialeto sudanês, do qual também não tenho a mínima idéia do significado, mas cuja noção já está perfeitamente sedimentada como um "carnaval fora de época", com épocas previamente organizadas de forma harmoniosa com todas as outras folias extemporâneas do País.
E parece que foi mesmo no Nordeste que tudo começou, quando, no Ceará, abriram o tal Fortal e todas as bestas-feras da picaretagem axé-babá passaram a acumular uns trocados com o então boom da marqueteira música baiana - se estiver errado quanto à origem, perdoe-me: além de não ter feito nenhuma pesquisa de campo, não tenho a menor intenção de ser experto no assunto...
E tome Carnatal, Recifolia, Micarina, Carnabelô, para citar só algumas das "geniais" combinações de nomes de capitais brasileiras com a tal folia ou micareta carnavalesca - tantas que um amigo desocupado da Faculdade agendava-se de acordo com os luxuriosos folguedos: "Nesse final de semana eu estive no Fortal; daqui a alguns dias vou para a Micarina, no Piauí... Vou a todas, não perco uma!"
E seguem as coisas esdrúxulas (Micarecandanga, em Brasília?!): bobagens como as "danças da manivela" ou "da boquinha da garrafa", além de nomes de bandas como Babado Novo, tudo parece já ultrapassado de tão brega, já que o duvidoso Axé parece não agüentar mais que a moda de apenas uma estação - até nas rádios o "fenômeno" aos poucos vem sendo substituído, pelo menos no Nordeste, pela peste do "New Forró" eletrônico e do "Apokalypso" do tecnobrega paraense...
E tome Carnatal, Recifolia, Micarina, Carnabelô, para citar só algumas das "geniais" combinações de nomes de capitais brasileiras com a tal folia ou micareta carnavalesca - tantas que um amigo desocupado da Faculdade agendava-se de acordo com os luxuriosos folguedos: "Nesse final de semana eu estive no Fortal; daqui a alguns dias vou para a Micarina, no Piauí... Vou a todas, não perco uma!"
E seguem as coisas esdrúxulas (Micarecandanga, em Brasília?!): bobagens como as "danças da manivela" ou "da boquinha da garrafa", além de nomes de bandas como Babado Novo, tudo parece já ultrapassado de tão brega, já que o duvidoso Axé parece não agüentar mais que a moda de apenas uma estação - até nas rádios o "fenômeno" aos poucos vem sendo substituído, pelo menos no Nordeste, pela peste do "New Forró" eletrônico e do "Apokalypso" do tecnobrega paraense...
Talvez por isso as "mentes criativas" do "estilo" baiano vêm apelando para pais de santo e cânticos de macumba: só assim para justificar os "maimbê, maimbê-bá-bá", os "zum zum zumbaba" e os "mugegé-mugegé" que vêm tomando o lugar das antigas exacerbações vocálicas "a ê, a ê, aê, ô ô ô ô ô ô" das composições afro-arretadas... Só a pomba-gira salva!
E assim, ainda que somente num grande e agressivo jogo de 'marketing' saudosista, onde, a ferro e fogo, sobrevivem os ritmos assim chamados de Axé Music, micaretas como a Marafolia e tantas outras resistem com um relativamente cativo e abobalhado público que ainda as sustenta, numa repetição do mau gosto que continua a contrariar as mais concretas e otimistas previsões de que aquela explosão de carnavais fora de época do início da década de 90 duraria pouco...
E assim, ainda que somente num grande e agressivo jogo de 'marketing' saudosista, onde, a ferro e fogo, sobrevivem os ritmos assim chamados de Axé Music, micaretas como a Marafolia e tantas outras resistem com um relativamente cativo e abobalhado público que ainda as sustenta, numa repetição do mau gosto que continua a contrariar as mais concretas e otimistas previsões de que aquela explosão de carnavais fora de época do início da década de 90 duraria pouco...
Que pena! Só sei "que o corpo estremece" de desgosto ao ouvir a turba "levantar poeira", com uma "mãozinha na cinturinha" e a "outra no ombro", numa vagabundagem esticada demais para um Brasil só, onde a efêmera e vazia sensação de orgia tropical, além de nunca saciar o nosso povo pagão por natureza, parece jamais ter fim...
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