quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Exatamente na semana em que Pelé comemora 65 anos de idade (último domingo, juntamente com a minha mãe e com a amiga Lelinha), nada mais justo do que relembrar esta pequena homenagem que fiz ao Rei do Futebol no ano passado, quando da comemoração dos 35 anos do milésimo gol, e que adaptei para os dias atuais...



Em tempos de futebol brasileiro em baixa e à venda, nada melhor do que forçar um pouco pela memória e relembrarmos uma época maravilhosa e em preto-e-branco, onde, há trinta e seis anos, um Rei, o único e mais completo com a bola no pé (ou na cabeça, ou no peito, ou na coxa...), chorava pelas criancinhas, pelo milésimo gol, pela plenitude, a alimentar-se, posteriormente, da eterna magia de 1.282 bolas na rede...

O ano era 1969. O Presidente era o Gen. Costa e Silva e o País vivia sob a sombra do AI-5, o início do "milagre econômico", o fim da inocência do iê-iê-iê da Jovem Guarda (com o negro fim dos Beatles) e o início dos anos de chumbo... As imagens da TV eram em preto-e-branco e branco e preto também eram as cores de um time então tricampeão paulista (além de dois títulos mundiais interclubes, três Torneios Rio-São Paulo e mais seis campeonatos paulistas naquela década), graças, em particular, a ele (e em grande parte também a outras duas lendas santistas parceiros do Rei, Coutinho e Pepe), Pélé, o já consagrado Rei do Futebol (antes mesmo da definitiva consagração com o tri de 1970 e apesar das duras marcações e conseqüentes "anulações" nas copas de 62 e 66), e que, naquele ano em especial, marcaria o Mundo do Futebol de uma forma inédita: tratava-se do milésimo gol, feito de pênalti (e pênalti seria menos gol?), contra o Vasco da Gama (logo contra o Vasco? Por que não contra o Bahia, um jogo antes, em pleno Nordeste?), na histórica partida da também histórica Taça de Prata (antecessora do atual Campeonato Brasileiro)...

Logicamente que aquele jogo não marcou pelo placar (2x1 para o time paulista) ou por algum "caráter decisivo" da partida (o Fluminense venceria aquele torneio): todos voltavam suas atenções para o Maracanã naquele 19 de novembro, naquele que poderia ser "o jogo do milésimo gol de Pelé" - e foi, depois de mais uma "arte" do futebol-arte do Rei (parece que ele se jogou, não?): jogo interrompido, Sua Majestade erguida nos ombros, discursando pelo social e por ele mesmo, a chorar feito criança, tal como aquele moleque de 17 anos, já sensação na Copa de 58 pelos gols espetaculares (como aquele "chapéu" dado contra o País de Gales, um dos mais bonitos), quando chorou feito um bebê depois da vitória contra a Suécia na Final - várias faces de um mesmo homem, menino, Rei ou Deus do Futebol (ou do Soccer, uma vez que se aposentou no New York Cosmos), o mesmo que criou a "paradinha" na hora do pênalti, o soquinho no ar na hora de comemorar um gol e as jogadas geniais na sua completude como jogador (centro-avante, ponta, meia-armador... e até goleiro!), tendo pecado somente fora da arte da bola, quando pensou que poderia ser ator, compositor, empresário e até político... Ou, quem sabe ainda, "formador de opinião"!

Enfim, a justiça foi feita: o preto no branco, a cor negra do brasileiro na cor branca da bola, no preto mais famoso do mundo, preto ou branco, no branco e preto do Alvinegro praiano, no preto e branco das imagens de arquivo e do fundo de nossas retinas felizes... Tudo isso para René, um dos maiores zagueiros da história cruz-maltina, orgulhoso da implacável marcação ao Rei naquele histórico jogo (apesar do "pênalti", "cometido" por outro back, Clodoaldo), que lamenta, hoje, a falta de memória do País...
 

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