O ano era 1969. O Presidente, o General Costa e Silva, com o País vivendo sob a infame sombra do AI-5 e o início dos anos de chumbo; com o fim da inocência do iê-iê-iê da Jovem Guarda (e o também iminente fim dos Beatles)... As imagens da TV eram em preto-e-branco. E branco e preto também eram as cores de um time então tricampeão paulista (além de dois títulos mundiais interclubes, três Torneios Rio-São Paulo e mais seis campeonatos paulistas naquela década), graças, em particular, a ele (e em grande parte, também, a outras duas lendas santistas: Coutinho e Pepe): Pelé, o já consagrado Rei do Futebol (antes mesmo da consagração com o tri de 1970), e que, naquele ano em especial, marcaria o Mundo do Futebol com o famoso milésimo gol, de pênalti (pênalti seria menos gol?), contra o Vasco da Gama (logo o Vasco?), na histórica partida da também histórica Taça de Prata (antecessora do atual Campeonato Brasileiro)...
Logicamente, aquele jogo não marcaria ninguém pelo placar (2x1 para o time paulista) ou por qualquer "caráter decisivo" (o Fluminense venceria aquele torneio): todos voltavam suas atenções para o Maracanã, naquele 19 de novembro, pelo que poderia ser "o jogo do milésimo gol". E o foi mesmo, mas depois de mais uma "arte" do futebol arte do Rei (parece que ele se jogou, não?): jogo interrompido; Andrada de um lado e bola do outro; Sua Majestade erguida nos ombros! Discursando pelo social e por ele mesmo, Pelé chorava feito criança, tal como aquele moleque de 17 anos sensação na Copa de 58, quando se debulhou em lágrimas na vitória contra a Suécia, naquela inesquecível Final.
Várias faces de um mesmo homem: menino, Rei ou Deus do Futebol (ou Soccer, vez que se aposentou no New York Cosmos)! O mesmo que criou a "paradinha" na hora do pênalti, o soquinho no ar na comemoração de um gol e incríveis jogadas geniais na sua completude como jogador (centroavante, ponta, meia-armador... e até goleiro!), tendo pecado somente fora da arte da bola, quando pensou que poderia ser ator, compositor, empresário e até político... Ou, quem sabe ainda, "formador de opinião" (sem noção da Raça nem da Ditadura)!
Mas, enfim, a justiça foi feita: o ano era 1969, o capitão Lamarca desertava contra seu próprio Exército para lutar contra o Terror Militar; Woodstock mostrava ao mundo Rock, paz e amor; o homem voava para a Lua... O Mundo, de repente, ficara pequeno. E a bola era o mundo do preto mais famoso do planeta, preto ou branco, no branco e preto do Alvinegro Praiano, do preto rei na bola branca mil vezes (pelo menos, em sua contagem pessoal), no preto e branco das já desgastadas imagens de arquivo e do fundo de milhões de retinas felizes. Um momento que não vivi, mas que posso reviver. O gol de número mil para as criancinhas do Brasil...
Mas, enfim, a justiça foi feita: o ano era 1969, o capitão Lamarca desertava contra seu próprio Exército para lutar contra o Terror Militar; Woodstock mostrava ao mundo Rock, paz e amor; o homem voava para a Lua... O Mundo, de repente, ficara pequeno. E a bola era o mundo do preto mais famoso do planeta, preto ou branco, no branco e preto do Alvinegro Praiano, do preto rei na bola branca mil vezes (pelo menos, em sua contagem pessoal), no preto e branco das já desgastadas imagens de arquivo e do fundo de milhões de retinas felizes. Um momento que não vivi, mas que posso reviver. O gol de número mil para as criancinhas do Brasil...
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