Genial e inovador grupo de comediantes ingleses, o Monty Python fez verdadeira revolução no humor televisivo, servindo de inspiração para inúmeros programas humorísticos (como o extinto programa TV Pirata, o ainda em atividade Saturday Night Live e o atual Casseta e Planeta). Depois de um sucesso arrasador na televisão por mais de 5 anos, o grupo Monty Python's Flying Circus (série de humor corrosivo iniciada em 1969), composto pelos impagáveis Terry Jones, Terry Gilliam, Graham Chapman (falecido em 89), Eric Idle, John Cleese (cujo último papel foi o de substituto do 'Q' em 007 - O amanhã Nunca Morre) e Michael Palin, foi buscar o merecido sucesso no Cinema.
E conseguiram! Apesar de apenas 3 filmes (os outros ou foram apresentações especiais ou colaborações com outros artistas, como aconteceu em Um Peixe Chamado Wanda e em Erik, O Viking), a transposição para a telona garantiu sucesso de crítica e de público: Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, inteligente nonsense sobre as empreitadas do Rei Arthur em busca do Santo Graal; A Vida de Brian, "épico de aventura musical" satirizando o cenário histórico-religioso em torno de Jesus Cristo; e Monty Python e O Sentido da Vida, o menos cinematográfico, porquanto mais parecido com seus especiais televisivos de sucessões de sketches (como em E agora, para algo completamente diferente..., primeiro lançamento no Cinema, refilmagem de quadros da TV).
E foi com esse último que me dei ao luxo de me presentear, de Natal, no finalzinho do ano passado: vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1983, em O Sentido da Vida a trupe britânica satiriza a Medicina, a Igreja, os militares, o sexo e tudo o que possa ser levado a sério demais por boa parte da humanidade (especialmente a inglesa), num filme formado por quadros "interligados" pela temática da trajetória humana. Assim, do nascimento à morte (talvez a sequência mais arrebatadora, onde a própria Dona Morte surge para um grupo de casais metidos depois de comerem mousse de salmão estragada, numa sátira a O sétimo Selo), tudo lembra o antigo formato televisivo: quadros entrecortados por canções (compostas, na maioria, por Idle), desenhos animados (feitos por Gilliam, que já foi cartunista da revista MAD, precursora neste tipo de humor) e por... peixes (os próprios comediantes vestidos)!
Mesmo não sendo o mais ousado e surreal do grupo inglês, que se separou depois deste trabalho, é, com certeza, o mais engraçado. Críticas se façam para o DVD, que não traz maiores extras além dos já rotineiros "menus animados" (com desenhos dos personagens do filme), "comentários do diretor" (no caso, dois, Terry Jones e Terry Gilliam, que dirigiu o inteligente curta de abertura) e cenas excluídas (inseridas na "versão do diretor"). As únicas novidades ficam a cargo de uma tal "trilha sonora para os solitários" (uma faixa de áudio que permite assistir-se ao filme com ruídos externos ao fundo, típicos de um solteirão, como arroto, abertura de latas de cerveja etc.) e a própria capa do filme: um engodo da Universal Vídeo, que vende o DVD anunciando "horas de extras em dois discos", quando, na verdade, só vem um... Até parece até mais uma picardia do Monty Python!!!
0 comentários:
Postar um comentário