domingo, 29 de janeiro de 2006

Nascido e Criado nessa Ilha


Nasci e me criei em São Luís do Maranhão. Cresci assistindo a uma bela e rica cultura, em todos os sentidos, advinda de um povo em sua maioria pobre, mas rico em misturas raciais e tradições culturais. Se bem que nos meus tempos de criança não havia esse boom de arraiais de hoje, de "São João pra inglês ver", de "São Luís Patrimônio da Humanidade" nem qualquer outro merchandising barato para promover ainda mais os governos oligárquicos que de pão e circo se alimenta há mais de 40 anos...

Por aqui circulam tantos ritmos e estilos incríveis, que dá pra fundir um pouco do Reggae (vindo da Jamaica para cá na década de 70), com pitadas de danças e brincadeiras regionais, à tradição maior do Bumba-meu-boi e das percussões dos tambores negros. Sem esquecer das marchinhas que o nosso carnaval costumava apresentar -- apesar do mau gosto cultural dominante no atual cenário maranhense... Porque todos aprendemos na escola que o Maranhão e o Piauí estão no Meio-Norte, sendo mesmo o Estado do Maranhão parte da Amazônia legal. Assim, neste pequeno "rego" entre o Pará, o Ceará e a Bahia, estamos sujeitos a praticamente todo tipo de influência musical existente no País ― dos bons aos Calipsos e Arrochas!

Sei que muita coisa precisa mudar na "terra das palmeiras", especialmente no aspecto político... Afinal, do contrário, nossas belas lendas, histórias e tradições (coisas que realmente fazem uma terra pertencer a um povo) servirão apenas para enternecer os turistas cegos de câmera na mão! Uma dessas lendas reza que existe uma gigantesca serpente dormindo por baixo de nossa ilha, e que, caso a dita acorde, toda a cidade afundará: parece até metáfora sobre o povo ludovicense, que dorme distraído enquanto é subtraído em temerosas transações, a manter-se acomodado na mesmice deste chão por mais séculos e séculos... Mas sigo a amar esta "Cidade dos Azulejos", "Ilha do Amor", antiga "Atenas Brasileira" por seu berço cultural de outrora (hoje ironicamente chamada de "Apenas Brasileira") e tantos mais epítetos poéticos e românticos desta ilha com seus belos mirantes e sobradões, praias maravilhosas e seus becos fedidos a urina... Sigo a amar esta cidade quente e seu povo mestiço e misturado, a ver poesia nos seus prós e nos seus contras.

E do alto da ribanceira da Reserva Ambiental do meu Maranhão Novo onde cresci dá para ver, ao longe, tanto o Centro Histórico como o Renascença dos prédios modernos, com o rio Anil a separá-los e o sol a pôr-se ao fundo... Mantenho meu coração equidistante entre este velho e aquele novo, na certeza de que, num pulo de 15 minutos, saio da Daniel de La Touche e chego à 7 de Setembro e, com disposição, posso caminhar por entre suas esquinas cheias de ambulantes, a sentir a riqueza dos detalhes de seus azulejos seculares, das suas belas igrejas e dos seus casarios, em sua maioria, descuidadamente lindos, a subir e a descer suas intermináveis ladeiras até poder avistar a Ponta d'Areia no horizonte e, atravessando a ponte, chegar aonde a ilha tem seu "fim" ―  com o carro deixado lá no "começo"...

(Compilação e adaptação de trechos das crônicas "Arraial Oficial", "Vertebral: São Luís do Maranhão", "Ligeirinhas: Arrocha O Meio!" e "Independência, São Luís!")

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Post Comunitário: Academias!

Apesar de já ter participado do "post comunitário" da Micha, pela primeira vez tenho uma proposta aceita pela amiga virtual, uma vez que passo bastante por este "tema" atualmente... Só fiquei pensando na ideia dela sobre academias de ginástica só para garotas: com certeza, o cheiro seria bem melhor que aquela sudorese insuportável da macharada tão comum nesses ambientes! Sem falar que não faltariam currículos masculinos para as vagas de instrutores!
Torturas em série!

Academia: ame-a ou deixe-a... Ou arranje uma amante para os fins de semana!

"Academia"... Pelo nome, não faz muito tempo, facilmente se pensava logo num espaço intelectual, onde se discutiriam ideias, teses e axiomas, tal como universidades e agremiações artísticas ou científicas. Entretanto, ao longo dos anos 80, aos poucos esta concepção intelectual do termo foi cedendo espaço para ambientes voltados exclusivamente para o físico, em tempos em que anabolizados Stallones Rambos, Schwarzeneggers Conans e Van Dames Kickboxers, emoldurados no alto de grandes paredes, passaram a ser os "mestres" a inspirar jovens de todos os formatos a bombar seus corpos com todos aqueles músculos salientes.

Pô, Jane: assim é Fonda!
Sem esquecer, na mesma época, a revolução causada pelas fitas de fitness das séries selfmade workout (quantos estrangeirismos!), tão procuradas nas locadoras pela mulherada e que deram origem aos primeiros booms de coroas que ansiavam em ter o corpo remoçado da Jane Fonda! E, assim, os anos 90 passaram a presenciar as academias de musculação como "males necessários" para todos os sexos e idades, com o incremento do cooper e dos concursos de aeróbicas nos shopping centers, o que levou tudo à estabilização de uma verdadeira "instituição" nestes anos 2000...

Quanto a mim, nunca fui grande adepto dessa academia: minha primeira vez neste diferente "universo acadêmico" da malhação foi por necessidade, alguns anos atrás, devido ao aumento inesperado das taxas de colesterol ruim e de glicerídeos, durante o meu segundo "período de engorda", aos 27 anos, justamente naquele tempo de consolidação do sedentarismo do escritório, do computador e do DVD aos domingos... A "primeira engorda" havia se dado na passagem dos 17 para os 18, entre o fim do segundo grau e a faculdade, aquele tempo dos nissin miojo de final de noite para aguentar as madrugadas de estudo ou encerrar, antes de dormir, comendo algo depois das cervejinhas das intermináveis festas de despedida do terceiro ano (ou, posteriormente, das inúmeras comemorações pelas aprovações nos vestibulares)!

Assim lá ia eu, quase que arrastado pela minha então namorada Jandira, hoje noiva, para aquela espécie de nova escolinha para marmanjos sedentários, onde já podia me sentir desesperado, tal como um guri que tem que encarar pela primeira vez o assustador mundo do jardim de infância... Supinos, esteiras, bicicletas ergométricas, pesos e todas aquelas parafernálias que mais pareciam objetos de tortura modernizados me causavam cansaço só de olhar, juntamente com aquele monte de gente se exercitando e fazendo caretas a cada esforço... Não tinha mais volta, afinal, tinha que me cuidar!

Confesso que o ambiente da academia escolhida facilitou muito minha adaptação naquele difícil "início de vida nova", bem diferente do ritmo desumanizado normalmente visto nesses estabelecimentos, Pausa para um comercial (vai que o blog ganha patrocínio ou consigo desconto nas mensalidades...): na Personal Trainning do Maranhão Novo pude encontrar ótimos instrutores, realmente atenciosos em corrigir meus erros e posturas. Lá, até a música é em volume razoável e com gêneros alternados (embora ainda predomine o "bate-estaca" e o tal R&B atual, pra deixar todo mundo acordado), o que agrada a todos, dos garotões e garotonas sarados aos casais mais velhos sem maiores pretensões que manter a saúde, um "ambiente familiar", como no justo dizer do proprietário e instrutor Sálvio Honorato.

Mesmo com todo aquele clima amigável, as máquinas e equipamentos nunca souberam relacionar-se direito comigo, o que levou ao rompimento do meu primeiro "casamento" com as academias... Sentindo-me "livre" novamente depois de cinco meses de torturas repetitivas semanais, passei, por um tempo, a manter uma rotina de caminhadas de cooper e jogging (ai, ai) a fim de assegurar as conquistas na saúde, obtidas naquele curto tempo de academia. Bom, pelo menos foi isso o que tive de prometer a Jandira para conseguir minha "alforria" da academia... Mas, preguiçoso confesso que sempre fui, depois de alguns meses de "caminhadas forçadas", também ao lado de minha noiva e "dublê de personal trainner", aproveitei um momento de distração em sua vigília e também abandonei as caminhadas, durante um período em que ela não me pôde acompanhar devido a um curso noturno!

Porém, como todo casamento moderno que se preze, depois de pouco mais de um ano tive uma "recaída" e "reatei" com a academia, por força de mais um "período de engorda" e novas taxas ruins (meço 1,82 e pulei dos habituais 86 para 92 kg)! Assim, independentemente de novo check-up (tradução: novos alardes familiares!), voltei à Personal há cinco meses e, graças a Deus e às "torturas" (exagero meu: já até consigo ter prazer com alguns daqueles exercícios repetidos...), consegui recuperar o meu peso e me manter firme numa razoável disciplina de três vezes semanais (sem esquecer o "firme" dos meus bíceps e tríceps que aos poucos voltam à ativa, é claro).

Embora haja, hoje em dia, muitas atividades recreativas numa academia além da boa e velha "malhação", ao ver um número cada vez maior de garotos e garotas tão novos em espaços de musculação, normalmente sem necessidades reais de perderem ou de manterem pesos, dietas ou rígidas disciplinas corporais, sempre me pergunto se não se trata, de fato, de uma tendência ao masoquismo desta geração, sempre em busca de modismos como o mais novo nominho em Inglês num interminável processo de narcisismo, em meio a inúmeros outros "ismos" gerados e alimentados cada vez mais nos atuais e condicionantes tempos globais... Academia: ame-a ou deixe-a! Ou, numa relação mais atualizada, ame-a, mas sem exageros, que é pra não abusar, e mantenha uma vida paralela de sedentarismo com algumas amantes, como cerveja, petiscos, massas e vinhos nos finais de semana!

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

FUTEBOL!

Na última quinta-feira, o quase sessentão Moto Clube de São Luís (nome dado graças às origens da sua fundação, que data de 1937, como "Clube dos Amantes do Motociclismo") perdeu para o Barueri, de São Paulo, nas quartas de final da Copa São Paulo de Juniores: fica aqui o registro deste "momento histórico" em que um time maranhense, que já viveu seus tempos de glória (22 campeonatos maranhenses, 1 Copa Norte e 1 Copa Norte-Nordeste), ainda que num campeonato menor, mostra garra e determinação em meio a um quase completo abandono pela Federação Maranhense de Futebol, com as péssimas condições em que o esporte se encontra no Estado...

Falando nisso, um dos maiores estádios brasileiros, o Castelão (Estádio Governador João Castelo), construído em 1982 e com capacidade para 80.000 pessoas, desde o ano passado se encontra interditado, aguardando uma digna reforma! Triste fato que contribui, mais ainda, para o desestímulo do torcedor maranhense e para a quase falência dos clubes locais...

Tudo isso em homenagem ao meu esporte favorito e à reabertura do Maracanã, com o número provisório (e irrisório) de 45.000 lugares. Muitos foram os textos que escrevi em homenagem ao maior espetáculo esportivo da Terra, publicados neste espaço virtual (como as três Vertebrais que escrevi sobre o Futebol), mas só agora lanço meu primeiro poema sobre o esporte bretão...
Futebol em Brodósqui, Cândido Portinari (1935).
Futebol

A bola é redonda, tem dois lados
e rola pra lá e pra cá
entre o pé descalço, de calos e joanetes
do time de meninos sem futuro
e sem estudo,
e as chuteiras douradas
do time de garotos-propaganda
ricos e sem passado...
De juiz, um frustrado sem mãe
e sem talento para jogar.
De técnico, todos nós 
em rouco uníssono.
Na reserva, milhões de garotos 
em êxtase de expectativa...
Na arquibancada, um poeta apático
que nunca foi muito de jogar,
mas que se perde na ilusão apoplética
de uma bicicleta de cor negra 
de um diamante bruto e imortal,
nas pernas tortas de um cafuzo 
que se acaba como menino sem juízo
e num rei absoluto
com tantos súditos e tantos corações...

O mundo é uma bola
e meu coração rola pra lá e pra cá
esperando apenas o momento mágico 
de ser chutado a gol 
como bola de meia certeira no cantinho onde a coruja dorme, indefensável para qualquer goal keeper perdido nos últimos segundos dos 45 do segundo tempo...

(Dilberto Lima Rosa)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Despedidas...

Hoje estava na casa de minha avó paterna, D. Marieta Guilhon Rosa, no Planalto-Anil, próximo ao Posto Pingão, célebre casa de minha infância, tantas as vezes que lá dormi, passei o dia. Conversava com vovó na cozinha, quando saímos por instantes para colocar o lixo na área ao lado, que dava para um longo corredor até o fundo da casa, no que ela me confidenciou, baixinho: "teu avô está te esperando lá no quartinho do fundo, ele quer conversar contigo. Vai lá...". Eu, sem questionar, segui a passos lentos aquele corredor estreito, de paredes cobertas pelo tempo e pelo limo, quando me lembrei de algo que irrompeu ao coração: "ei, mas vovô já morreu!". 

Então acordo e percebo que estou no meu quarto: tudo não passara de um sonho. E, assim como se dá na maioria das vezes, não sabia porque o havia tido... Na hora do almoço, em casa, com a televisão a dar as notícias, distraído acompanho as matérias. Até que enfim presto atenção numa em especial, sobre o feriado de hoje no Rio de Janeiro, por ser dia de São Sebastião. Meu avô, Sebastião Ribeiro Rosa: ele faria aniversário hoje!

Apesar de nunca ter sido dado a misticismos, não deixei de me surpreender com aquela estranha coincidência: sonhar com vovô, justo hoje? Há tempo nem falo sobre ele... Também me surpreendeu o "realismo" do sonho, até nos menores detalhes da casa: vovô Sebastião, por uma época, ouviu seus inesquecíveis LPs num quartinho que existia no fundo de sua casa, para onde levou o velho aparelho de som certa época. E eu, sempre que o visitava, para lá me dirigia a fim de acompanhar aqueles mestres da voz, como Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Jamelão, Ataulfo Alves... Em que pese o fato de, antes de morrer, ele passasse longe do quartinho do fundo (desde que sofrera uma amputação da perna direita, vivia tristemente deitado no seu quarto nos últimos meses de vida), o quartinho do fundo, o "quarto da bagunça", havia me marcado no fundo de minha memória perdida...

Especialmente neste dileto espaço virtual, muitas foram as homenagens que já fiz ao meu estimado avô, que morreu sofregamente num hospital, depois de várias internações, no dia 13 de junho de 2004 (dia de outro santo, Santo Antônio). Logo após o seu falecimento, minha avó vendeu a grande casa do Planalto e se mudou para a casa da minha tia. Nunca mais soube daquela casa, nem dos seus novos moradores, e fico me perguntando se meu avô não continua por lá, no quartinho dos fundos, repousando enquanto toca na vitrola antiga Lábios que beijei ou Juramento falso, silente e discreto como sempre viveu, sem chamar a atenção dos novos moradores, nem de forma espectral, nem de forma alguma... E me pergunto, mais ainda, sobre o que vovô Sebastião gostaria de conversar comigo hoje...
II
Na despedida da mão fria

Pouco testemunhei
a tristeza de meu avô
- corri com toda força
e ela não me pôde alcançar...

Na despedida da mão fria
ainda lhe pude sentir o calor
do sorriso elegante
ao som dos dissabores...

Ao som de sambas antigos
despedi-me, enfim,
da alegria congelada e completa
de um perdido domingo feliz...

(Dilberto Lima Rosa, 2004 Poemas, 2004)

domingo, 15 de janeiro de 2006

... E mais alguns quiproquós de início de ano.

Ainda tratando sobre os presentes do fim do ano passado, e aproveitando para agradecer à amada noiva Jandira, que me proporcionou uma gostosa viagem no tempo, direto aos anos 80, que nunca quis me abandonar... Ela fechou o meu "fim de ano em DVD" com o pack ou box (ô, mania chata de estrangeirismo em Inglês: por que não chamar simplesmente de "caixa" ou "coleção"?) de As Aventuras de Indiana Jones, que reúne os três (será que ainda haverá um quarto, apesar das notícias conflitantes?) filmes produzidos entre 1981 e 1989 com o maior arqueólogo do Cinema, vivido pelo "astro do século" Harrison Ford. 

A história dispensa apresentações, já que qualquer um que tenha passado os últimos vinte anos no planeta Terra conhece a trilogia, cabendo aqui apenas um pequeno destaque para o quarto DVD dessa coleção, só com extras, que traçam um divertido painel das três produções, com entrevistas atuais com todos os envolvidos e com filmagens de bastidores inéditas até então. Só me resta assobiar aquela "clássica musiquinha" (tema de John Williams) que não sai da cabeça depois que assistimos a qualquer um desses mágicos espetáculos: "tan-tan-ran-tan/ tan-tan-ran..."

Por fim, um abraço especial para a querida Rafaellasim, Rafa, todos os textos publicados são meus, a não ser quando publico a seção ROTATÓRIA, onde aproveito obras de outros autores, incluindo as de amigos virtuais. E, embora algumas vezes eu me reedite, com textos meus já publicados nos Morcegos versão Weblogger, o resto é texto novo e meu. E um salve para o "vizinho" Makoto, o primeiro a "selar" a família em seu blog, com um 'thumbnail' pra lá de honroso pra mim! Tudo isso para fazer a "convocação oficial" da Família Morcegos, essa comunidade especial de blogueiros amigos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

O Sentido da Vida:
Autopresentear-se no Final do Ano

Genial e inovador grupo de comediantes ingleses, o Monty Python fez verdadeira revolução no humor televisivo, servindo de inspiração para inúmeros programas humorísticos (como o extinto programa TV Pirata, o ainda em atividade Saturday Night Live e o atual Casseta e Planeta). Depois de um sucesso arrasador na televisão por mais de 5 anos, o grupo Monty Python's Flying Circus (série de humor corrosivo iniciada em 1969), composto pelos impagáveis Terry Jones, Terry Gilliam, Graham Chapman (falecido em 89), Eric Idle, John Cleese (cujo último papel foi o de substituto do 'Q' em 007 - O amanhã Nunca Morre) e Michael Palin, foi buscar o merecido sucesso no Cinema. 

E conseguiram! Apesar de apenas 3 filmes (os outros ou foram apresentações especiais ou colaborações com outros artistas, como aconteceu em Um Peixe Chamado Wanda e em Erik, O Viking), a transposição para a telona garantiu sucesso de crítica e de público: Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, inteligente nonsense sobre as empreitadas do Rei Arthur em busca do Santo Graal; A Vida de Brian, "épico de aventura musical" satirizando o cenário histórico-religioso em torno de Jesus Cristo; e Monty Python e O Sentido da Vida, o menos cinematográfico, porquanto mais parecido com seus especiais televisivos de sucessões de sketches (como em E agora, para algo completamente diferente..., primeiro lançamento no Cinema, refilmagem de quadros da TV). 

E foi com esse último que me dei ao luxo de me presentear, de Natal, no finalzinho do ano passado: vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1983, em O Sentido da Vida a trupe britânica satiriza a Medicina, a Igreja, os militares, o sexo e tudo o que possa ser levado a sério demais por boa parte da humanidade (especialmente a inglesa), num filme formado por quadros "interligados" pela temática da trajetória humana. Assim, do nascimento à morte (talvez a sequência mais arrebatadora, onde a própria Dona Morte surge para um grupo de casais metidos depois de comerem mousse de salmão estragada, numa sátira a O sétimo Selo), tudo lembra o antigo formato televisivo: quadros entrecortados por canções (compostas, na maioria, por Idle), desenhos animados (feitos por Gilliam, que já foi cartunista da revista MAD, precursora neste tipo de humor) e por... peixes (os próprios comediantes vestidos)!

Mesmo não sendo o mais ousado e surreal do grupo inglês, que se separou depois deste trabalho, é, com certeza, o mais engraçado. Críticas se façam para o DVD, que não traz maiores extras além dos já rotineiros "menus animados" (com desenhos dos personagens do filme), "comentários do diretor" (no caso, dois, Terry Jones e Terry Gilliam, que dirigiu o inteligente curta de abertura) e cenas excluídas (inseridas na "versão do diretor"). As únicas novidades ficam a cargo de uma tal "trilha sonora para os solitários" (uma faixa de áudio que permite assistir-se ao filme com ruídos externos ao fundo, típicos de um solteirão, como arroto, abertura de latas de cerveja etc.) e a própria capa do filme: um engodo da Universal Vídeo, que vende o DVD anunciando "horas de extras em dois discos", quando, na verdade, só vem um... Até parece até mais uma picardia do Monty Python!!!

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

SOBRETUDO

Terceiro dia do novo ano... Querendo começar, mas ainda lento... É... O ano novo está aí: feliz 2006! E é só! Um poema a mais...
SOBRETUDO

Que sobre poesia
Sobre tudo
Sobretudo
Sobre todos
Sobre o mundo
Ou sobre nada
Sobre o mundo
Sobrem todos
Sobre tudo
Sobre a poesia
Sobre a vida
E que soçobre a esperança
Sobre o caos...

(Dilberto Lima Rosa, À beira do derradeiro solstício, 2005)
 

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