sexta-feira, 31 de março de 2006

O Clube do Coração...

Não, não se tratava do Vasco nem de Futebol – a paixão maior era outra...

O ano de 1998 começava e eu queria encerrar a vida estudantil na Universidade – problemas pessoais? Imaturidade da juventude? A própria Universidade? Um pouco de tudo... Entretanto, desde aquela saída do Cine Passeio, quando então descrevia efusivamente minhas ideias culturais para uns amigos, um pequeno e maravilhoso germe começou a alimentar a alegria e o entusiasmo que me restavam no afã de gerar um novo sonho, algo realmente inovador no então quase morto seio cultural de nossa carcomida ilha de São Luís (devendo expandir-se, posteriormente, para o Estado, para o País, e, por que não, para o mundo...): o Clube dos Amantes do Cinema.

O nome, por si só, parecia até tirado de algum clássico da Nouvelle Vague: ao mesmo tempo nababesco e cotidiano! Afinal, a ideia ia mesmo do simples a uma epopeia: sem sede física, o Clube seria a união de um grande número de associados – ouvintes do programa de rádio e assíduos das mostras que aqueles amigos e eu produziríamos , com centros acadêmicos ou serviços sociais autônomos estruturados – entidades associadas (faculdades, SESC, SENAC etc.), onde seriam realizadas as exibições – e algumas empresas parceiras – responsável pelos patrocínios, apoios culturais (vídeos para as mostras, CDs para os programas de rádio etc.) e divulgação de nossos trabalhos (mídias locais)... Tudo assim seguiria até que, com o passar do tempo e se tudo desse certo, o Clube crescesse como um grande centro cultural, capacitor de recursos para a fomentação de novas produções locais e cursos profissionalizantes, para novos sonhadores do audiovisual...

Mas, como tudo tem que ter um começo, este se deu em 26 de março daquele conturbado 98  e, modéstia à parte, de forma bem pouco modesta: de cara, Sérgio Roonie B. Ferreira e eu, juntamente a Lígia Calina F. Brito (que conhecemos graça à sessão de cartas da revista SET!), fizemos algum sucesso com o programa de rádio Estação Cinema, pioneiro no Maranhão só com trilhas sonoras e informações sobre a 7ª Arte (e em que, inicialmente, eu era o "locutor", mesmo afetado em minhas leituras de nosso texto ao microfone), na Universidade FM, e com uma mostra de clássicos no auditório do SESC-Deodoro, tudo bem divulgado nos jornais locais! A ideia inicial era realizar formação de plateia, com debates nos moldes dos antigos cineclubes, em exibições de genialidades como Amarcord, Meu Tio e Rio 40º, e se popularizar com a rádio  tudo isso na última semana do mês de março, com o gancho do Oscar, a midiática festa norte-americana do Cinema.

Cheguei até a redigir um estatuto de personalidade jurídica, a fim de oficializar tudo documentalmente, especialmente para captar recursos a órgãos públicos ou empresas, com a presença de um então terceiro amigo sócio-fundador... Porém, mesmo com certa popularidade e ampla divulgação na imprensa – matéria de primeira página dos cadernos culturais ludovicenses por várias vezes e participações noutros veículos de rádio , dificuldades com a Rádio (sem patrocínio e ninguém do Clube na área de Comunicação, éramos pressionados pela emissora), nossa pouca disponibilidade de tempo e o amadorismo latente em tudo (sabe aquele estatuto? Pois é, nunca o registrei...) acabaram se somando e limando os nossos sonhos no peito: chamei os amigos, fui objetivo e percebi que o melhor seria interromper os trabalhos, exatamente seis meses depois, em setembro do mesmo ano. 

Deixávamos, tristemente, a cena do espaço cultural, mas não sem antes termos feito História... Ah, Estação Cinema, quantas saudades daquele divertido processo de elaboração de cada programa: Sérgio e eu lembrávamos de algumas canções de filmes famosos; elaborávamos textos, pequenos e grandes, a depender do destaque que daríamos para cada filme ou trilha (com os textos intercalados entre os blocos de músicas tocadas); e eu gravava, ao lado de alguma locutora profissional (que possuía deixas e perguntas em nossos roteiros), horas antes de ir ao ar (somente alguns dos últimos foram ao vivo)...

Depois da ruptura, Lígia afastou-se um pouco dos holofotes, restando Sérgio e eu, sem mais compromissos com o Clube, a manter acesa a chama daquele sonho cada vez mais distante, sendo contratados esporadicamente para palestras e debates sobre Cinema em mostras e cursos realizados, em sua maioria, pelo SESC e pelo UniCEUMA... Até ensaiamos um "retorno" em 2001, meses antes de Sérgio ir para o Rio realizar o sonho de estudar Cinema, mas tudo não passou de um devaneio saudosista do Clube, frustrado depois de alguns dias de mostra num desorganizado evento de uma faculdade local. Até pensei mais uma vez, um dia, ser possível erguer novamente o Clube dos Amantes do Cinema, agora com uma forte parceria estatal, mas nada foi adiante...

Apesar de tudo, ainda hoje penso no Clube, tanto nas saudades de suas realizações como na chance de trabalhar nele outra vez, especialmente depois deste último domingo, 26, em que ele completou 8 anos de fundação: mesmo com as atividades realizadas de forma irregular ao longo de todos esses anos, gosto de pensar no C.A.C. como um sonho que nunca acabou realmente - e que, a qualquer momento, pode estourar novamente, em parceria com algum Amante de Cinema desgarrado...

quinta-feira, 30 de março de 2006

Poema do Lodo

Com um pouco de esforço e de pena
por sobre o lodo
a coisa toda
pode até virar um poema...

(Dilberto Lima Rosa, Com um pouco de esforço e de pena por sobre o lodo a coisa toda pode até virar um poema..., 2006)

quinta-feira, 23 de março de 2006

Não é de hoje que sou um contumaz saudosista. Talvez o fosse antes mesmo de nascer, em relação ao tempo que não vivi! E não há nada neste mundo de que eu mais sinta falta que os anos 80, seja por ter neles passado quase toda a minha infância (dos 2 aos 12), seja pela efusão de criatividade que se vivenciou naquela época (Cinema, Música, Televisão, moda, brinquedos etc.). Eu mesmo já viajei por esta "Época de Ouro Pop" por alguns posts aqui neste dileto espaço virtual e nas páginas de um livro que larguei de escrever pela metade há quase um ano e meio (Memórias da Magia do Cinema de Meus Anos 80), mas nunca a ela dediquei um espaço amplo por aqui... O que espero mudar a partir de hoje, com a estreia do quadro Anos 80 são...  em homenagem a outro "ícone" popular da época, as figurinhas "Amar é...", com aquelas célebres frases de amor com os dois molequinhos pelados. Hoje, para começar, apenas uma recordação visual, mas que vale mais do que mil palavras, do tempo em que a Estrela era a nababesca empresa de antes da Era Collor e suas loucas aberturas de mercado... Você se lembra disso?
E, falando em morcegos, convoco todos os "parentes" desta amada "família" (homenageados na coluna lateral, com destaque para seus 'blogs') para que não deixem de participar da próxima REUNIÃO DA FAMÍLIA MORCEGOS, cujo tema será "minha profissão", a fim de conhecermos melhor sobre o pé de meia de cada um (mesmo aqueles de quem já sabemos até o número da CTPS, como no caso do "primo" Makoto, que sempre fala da sua guerra diária no magistério): se já se aposentou; se estudante profissional e recebe mesada dos pais; se tem mais de um emprego; se anda só fazendo um bico enquanto não vem o sonho de um emprego maior; o que ama e o que odeia no seu "matar um leão a cada dia"... E, como esta família é democrática (apesar de anônimas e sujas opiniões em contrário), o tema é amplo e a forma de apresentá-lo é livre (poema, crônica, citação, foto etc.), bastando, a quem da "família" interessar possa, apor o link deste blog e/ou dos demais participantes (acrescentando, quem quiser, a imagem abaixo).

sexta-feira, 17 de março de 2006

Encontros e Despedidas

E o imortal se foi: Josué Montello, maranhense que impregnou estas belas terras em seus livros (que, por serem tantos, arrancaram algumas injustas críticas de "produção em série") e que, apesar de suas posições políticas e de certas repetências conservadoras, deixou a cadeira 29 da ABL com dificuldades para ser ocupada por alguém tão dedicado ao universo literário: afinal, ele foi jornalista, professor, teatrólogo, historiador, além de romancista, cronista, ensaísta e memorialista (muito boas as suas análises machadianas). Com tantas vertentes literárias num só escritor, às vezes fica difícil discutir qual o "melhor Montello"... Só sei que eu, sempre que adentrar sua fundação aqui em São Luís (Casa de Cultura Josué Montello, um belo e grande sobrado, ótimo lugar para se ler e se sentir o Centro Histórico), lembrarei Cais da Sagração e Tambores de São Luís dos meus tempos de colégio...
Para Lígia Calina Gabriel Melônio, fãs incondicionais de Elis...

Em contrapartida à partida de Montello, hoje celebra-se um aniversário, só que triste, porquanto de memória: 61 anos de nascimento da "Pimentinha" Elis Regina. Mesmo nunca tendo sido um de seus mais ardorosos fãs graças aos exageros de algumas das suas interpretações, não há como negar a sua enorme importância no cenário nacional: com sua voz perfeita, seus posicionamentos firmes e seu faro para garimpar sucessos entre compositores, novos (que se tornariam grandes vultos, como Ivan Lins) ou antigos (vide o caso de Adoniran Barbosa), Elis realmente faz falta, seja por causa de sua personalidade forte (daí o apelido), seja pelo pequeno número de grandes intérpretes resistentes desde aquela época (como Betânia e Gal)... 

É, tem gente que vai mesmo cedo demais... Tenros 36 anos, numa morte ainda cercada de dúvidas, mas que, tudo leva a crer, deveu-se a uma overdose acidental de álcool e cocaína: depressão, suicídio ou "vingança" da Ditadura? A verdade é que nunca se soube ao certo se Elis usava drogas habitualmente, o que seria uma explicação plausível para o costumeiro excesso de comportamentos de extremos ou interpretações mais intensas... 

Nunca apreciei muito aquelas gargalhadas fora de hora, às vezes até em canções tristes, tampouco das "interpretações corporais" da cantora, com caras e bocas afetadas por entre algumas desnecessárias eloquências vocais... Ainda assim, gosto das suas provocações em entrevistas, do apuro da sua voz (considerada perfeita, em termos próprios da Física) e da sempre acertada escolha de seu repertório, que introduziu gênios até então desconhecidos, como Belchior, e tornou clássicas várias canções da MPB, de gênios como a dupla João Bosco/ Aldir Blanc, Milton Nascimento, Tom Jobim (cuja parceria rendeu um tempestuoso, porém genial disco, dos melhores de todos os tempos: Elis e Tom, que tenho em CD), dentre tantos outros.

Sim, é realmente admirável como a "Pimentinha" imortalizou algumas de nossas mais belas canções, criando alguns verdadeiros "hinos" de nossa história cultural cunhados por sua voz, como em Como Nossos Pais, de Belchior; Arrastão, de Vinícius e Edu Lobo; Alô, Alô, Marciano, da amiga Rita Lee; Madalena, de Ivan Lins; Maria, Maria, do Bituca; e, como não poderia deixar de ser, Águas de Março, do Tom, e O Bêbado e O Equilibrista, de Blanc e Bosco: interpretações definitivas de uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, ao lado de outras divas, como a "Divina" Elizeth Cardoso, Maria Betânia ou a "Sapoti" Ângela Maria.

Apesar de ter deixado uma pequena "fotocópia" na sua filha Maria Rita (com voz e trejeitos muito similares aos da mãe, especialmente no seu primeiro disco, comparação que deixa a jovem cantora muito mal), Elis foi única, para o bem e para o mal: no fundo, não há como não amar Elis, perfeita em cada sua imperfeição de inúmeras Elises: em suas interpretações de si e do mundo, amo os seus silêncios e alguns disparates eternizados em muitos discos e apresentações...

quarta-feira, 15 de março de 2006

Consumidores e Consumidos


Hoje se comemora o Dia Mundial do Consumidor (leia mais no site do IDEC). No Brasil, a famosa "lei que pegou" graças aos avanços constitucionais de 1988, o Código Nacional de Defesa do Consumidor já completou 15 anos de razoável controle para esse Capitalismo louco e sem freios dos tempos atuais... 

Eis aí um ramo do Direito de que gosto muito, tendo mesmo feito duas monografias com o tema da responsabilidade do fornecedor sobre os problemas causados no mercado. Na coluna ao lado, na seção "Amigos de Vôo", há o Portal do Consumidor, com as principais notícias e decisões recentes sobre direitos imprescindíveis para todos nós, em nossas brigas diárias com a Telemar, com a Amazônia Celular, com todos os planos de saúde...

E, mudando radicalmente de assunto porém aproveitando mais uma "data especial", ontem foi comemorado o Dia do Poema: como consumista voraz de versos, a poesia faz parte do meu viver, e em homenagem à data publico hoje um soneto sobre o inexorável confronto de todo poeta: a consumação de sua consumição! Este poema faz parte de meu livro ainda não publicado 2004 Poemas, escrito no ano retrasado. Felicitações a todos os artesãos (e consumidores) da poesia!
Cena de O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman (1957)

Morto Amor
ou
Soneto da Morte Amiga
Este meu poema feito no escuro
Verte no papel o sangue da dor
De enlouquecer, sem precisão, no duro
E seco vazio de um morto amor.

Bate à porta, com violência, a Morte:
- Faz-me entrar, não há mais o que fazer!
Quero crer, mas não consigo, na sorte
Reservada ao meu eterno maldizer...

- Anda e vem, poeta amargo e esquecido,
É este o opróbrio de teu amor falecido:
Que destino outro tens se não o meu?

- Creio, enfim, que certa estás, Morte amiga:
Perdi a mulher que me amparava a vida,
Minha lógica há muito já morreu...

(Dilberto Lima Rosa, 2004 Poemas)

domingo, 12 de março de 2006

Um breve desabafo em antítese

Apesar de sempre me expressar com meu punho, nem sempre falo com minha boca, os corações são outros, muitas das vezes: o escritor é o mesmo, mas as penas podem ser as mais diversas... A "primeira pessoa" nem sempre é "a que fala"! E hoje, encerrando a SEMANA ESPECIAL MULHER, trago um poema de minha autoria onde falo, com eu lírico de voz feminina, sobre uma mulher que ama com a alma em frangalhos, e ainda um poema do mestre da alma feminina sobre uma mulher que perturba a alma de muitos homens... E viva todas as mulheres!

Um breve desabafo em antítese

Quero desabafar
Sem me comprometer
- Quero pertencer a todas as coisas que me prendem a você

E no meio da multidão
Prefiro parecer nua
A voltar a ser sua
Porque amo demais
E é real que essa dor não o traz mais
Só me satisfaz na sua ausência
Preenchendo,
Tomando corpo de minha carência...

(Dilberto Lima Rosa, Um breve desabafo em antítese pelos diálogos de uma boca só)

A mulher na janela - Salvador Dali
Januária

Toda gente homenageia
Januária na janela
Até o mar faz maré cheia
Pra chegar mais perto dela
O pessoal desce na areia
E batuca por aquela
Que malvada se penteia
E não escuta quem apela

Quem madruga sempre encontra
Januária na janela
Mesmo o sol quando desponta
Logo aponta os lábios dela
Ela faz que não dá conta
De sua graça tão singela
Que o pessoal se desaponta
Vai pro mar, levanta a vela

(Francisco Buarque de Hollanda)

E, querendo saber mais sobre as origens do dia 8 de março, só clicar aqui

quarta-feira, 8 de março de 2006

Para Todas As Mulheres do Mundo

Parabéns, não só hoje, como sempre, às lutas de D. Dilena, Jandira, a todas as mulheres desta família virtual (Clarinha, Miguxinha, Mirza, Lidiane, Glória, Advi, Micha), à Maria, às mulheres da Família Rosa, às minhas professoras, à Adriana, Iza, Zilda, Cora, Bette, Leila, Elis, Bethânia, Gal, Ella, Billie, Tarsila e a todos estes seres iluminados mais que necessários e merecedores: vejo flores em vocês!
SEMANA ESPECIAL MULHER
Todas As Mulheres do Mundo
Amo minha mãe
Amo minha noiva
Amo a mulher de cada estação
Amo todas as mulheres do mundo.
Amo a vida festiva,
Recatada e exclusiva
De cada alma feminina...

Amo cada seio,
Cada perna torneada,
Cada gesto
A cada dia mais
De cada palavra
Caída de suas bocas
De amor e de perdição
No desfile de suas formas,
Das ninfetas perdidas
Às mais velhas e sentidas,
Perfeitas em cada imperfeição.

Eu, que nunca lhes disse não,
Nunca soube mesmo por onde começar:
Amo desde aquela mão
Cheirosa de mulher
Bonita e madura
Que primeiro me despertou
Aquela maravilhosamente
Estranha sensação
Ao pôr-me os cabelos
Para trás das orelhas
Dos meus cinco anos de então...

Elas, todas em minha volta
Eu, a seus pés
No calor das tardes chuvosas,
No torpor das longas jornadas
Noite adentro
E nas manhãs
Do doce companheirismo
De depois de tantas lutas,
Dos sedutores sorrisos
De quem se dá por inteiro
A cada hora do dia
Pura poesia
Em movimento
De um tempo que parece não ter fim.

Meninas
Na busca aguerrida
De se tornarem mulheres,
Enquanto eu,
Fraco e aturdido,
No jogo sofrido
De entendê-las, perdê-las
E de novamente achá-las,
Sigo atônito e perdido
Em volta dos seus umbigos
Por debaixo do tapete
Bem no meio do chão da sala.

Seus ombros, seus braços,
Seus olhos nus,
Colo imenso, flor aberta
De cheiros inebriantes...
Mulher,
Amiga, mãe,
Certa e errante,  
Esposa, amante,
Desgraça, amor e paz
Enfim,
Toda mulher satisfaz!

(Dilberto Lima Rosa, Um breve desabafo em antítese pelos diálogos de uma boca só)

segunda-feira, 6 de março de 2006

E assim foi o Oscar

"Não é sempre que Hollywood se ocupa em refletir sobre os temas do seu tempo, mas ocasionalmente isso acontece! Esse é o nosso papel, não é? Refletir a sociedade, e não liderá-la?" George Clooney

Festa para os pinguins, pelo Oscar para o belo documentário A Marcha dos Pinguins.
Crash na montanha! Assim "fica difícil aqui para o cafetão": isso lá é canção para Oscar?! Realmente, a terra do Jazz e de Hollywood anda muito a desejar em termos de música... Acredito que palpiteiro algum em qualquer bolão teria arriscado suas fichas no simplista Crash - no limite, que chegou a ser vaiado no Festival do Rio por uma plateia insatisfeita com certos maneirismos polêmicos... Mas tudo bem: ganhou a Academia, com um ano de mais conteúdo social e político em suas escolhas. 

Decerto que injustiças homéricas ainda são cometidas, especialmente com alguns filmes que ficaram de fora, como o interessante Marcas da Violência, do mestre Cronemberg, ignorado pela premiação (assim como o inovador Kill Bill vol. 1, anos antes). Ou, como no caso do sensível O Jardineiro Fiel, indicado para 4 prêmios (e vencedor de Melhor Atriz com Rachel Weisz), mas preterido em categorias em que merecia concorrer, como a Melhor Filme e Direção, para Fernando Meirelles. Ou, ainda, Batman Begins, bem acima da média de um "filme de super-herói", mas só indicado em categorias técnicas...

De qualquer forma, o resultado geral foi bom, com um maior realismo dando o tom geral da festa, desde os indicados até os premiados: apesar da pouca emoção e cada vez mais apressada, sem muitos números musicais e com discursos bem corridos (foi a que terminou mais cedo, 1:23 h: bons tempos em que me fazia dormir lá pelas 3h da manhã...), a cerimônia foi sóbria (valeu o humor discreto de Stuart, com boas piadas no telão, como a dos lobbies dos indicados) e cumpriu seu papel de denuncismo social na conservadora era Bush. 

Além do meu lamento pela injustiça na escolha do melhor diretor, que cabia a George Clooney (que imprimiu impressionante ritmo ao grande roteiro de Boa noite e boa sorte), resta, por fim, o imenso desrespeito da Rede Globo de televisão, que só iniciou a transmissão lá pela sexta ou sétima premiação, depois de todas as imbecilidades dos big brothers sem falar nos apresentadores nada inspirados, que cortavam as falas dos reais apresentadores da cerimônia sem falar no corte abrupto do final, sem direito à despedida de John Stewart!

sábado, 4 de março de 2006

Seu Oscar!

Já se vão mais de dez anos quando meu amigo Sérgio Ronnie e eu, ainda adolescentes no Colégio Dom Bosco, começamos a apostar nos nossos favoritos para ganhar o Oscar, sendo eu, ao longo dos anos, o maior vencedor da brincadeira até hoje, geralmente por causa dos quase sempre certeiros chutes que eu dava nas categorias que ninguém tinha visto até então áreas de Animação e de Documentário. Quanto aos demais palpites, praticamente empatávamos, uma vez que, nos bons tempos de revistas de qualidade como Vídeo News e SET, as críticas e ponderações até sobre filmes inéditos no País ajudavam bastante... 

Já fora da escola, no Clube dos Amantes do Cinema, a brincadeira passou a ter "premiação" para o vencedor: os perdedores pagavam um lanche ou um jantar à escolha do que acertasse o maior número de categorias! Com o tempo, aliar-se-iam ainda à brincadeira os amigos Ricardo Alexandre e Lígia Calina. Por isso, apesar das distâncias cotidianas, este ano não poderia ser diferente: Sérgio e eu estamos juntos mais uma vez, mesmo que virtualmente, para uma nova Aposta do Oscar (oxítona mesmo, para brincar com o nome em Inglês!), agora com o acréscimo de um novo parceiro, o Luiz Henrique, cinéfilo de carteirinha, que planejou comigo este bolão virtual e que também faz hoje um 'post' dedicado a esta aposta!

Não que o Oscar seja a "maior premiação do cinema mundial" ou qualquer outro blá-blá-blá alardeado por uma imprensa maravilhada com o glamour ou a riqueza daquela cerimônia longa e por muitos considerada chata e apenas comercial, mas sim pela sempre divertida oportunidade de reunir os amigos em torno do velho debate sobre o hollywoodian way of doing films, aquela clichê discussão em torno do comercialismo versus qualidade, para torcer por alguns filmes bacanas ou, simplesmente, para nos depararmos com surpresas estarrecedoras, como os surpreendentes 11 Oscars que obteve o chatinho campeão de bilheteria Titanic, em 98...

Entretanto, parece que este é mesmo um dos anos mais políticos da Academia, composta por milhares de membros, entre artistas e técnicos do cinema norte-americano e alguns outros países vencedores: filmes mais conscientizados e com orçamentos mais modestos vêm alcançando destaque, como nos casos da indicação do polêmico Paradise Now, que mostra 48 horas na vida de dois jovens futuros "homens-bomba" palestinos. Sem esquecer as indicações merecidas de dois grandes filmes estrelados por George Clooney: Syriana, drama político bem criticado que anseio por ver, e o ótimo Boa noite e boa sorte, que, além de estrelado, é também dirigido (e muito bem!) por Clooney, a narrar o sério combate da CBS ao insano senador McCarthy.

Mas nenhuma polêmica poderia ser maior que o amor de dois cowboys gays num país ainda dominado por mitos do conservadorismo machista e, pior, dirigido por um estrangeiro: trata-se do favorito Brokeback Mountain! Normalmente, a esta hora, já teria visto praticamente todos os filmes participantes e poderia falar, com ganho de causa, sobre os que "mereceriam" ou não qualquer premiação ou os que levariam por puro marketing, mas vi pouquíssimos filmes da metade do ano passado para cá, acontecendo de em muitas categorias simplesmente não ter assistido a nenhum (como os concorrentes à melhor animação, todos exibidos nos cinemas brasileiros)... Ainda assim, creio que dá para arriscar uns palpites e continuar brincando de apostar! Vamos, então, aos meus palpites:
A Montanha Brokeback... O favorito?

MINHA APOSTA DO SEU OSCAR
(Post atualizado com os vencedores negritados e sublinhados)

Melhor filme: O segredo de Brokeback Mountain
Melhor direção: Ang Lee (O segredo de Brokeback Mountain)
Ator: Philip Seymour Hoffman (Capote)
Atriz: Reese Witherspoon (Johnny e June)
Ator coadjuvante: George Clooney (Syriana)
Atriz coadjuvante: Rachel Weisz (O jardineiro fiel)

Direção de arte: Orgulho e Preconceito
Figurino: Orgulho e preconceito
Roteiro adaptado: O segredo de Brokeback Mountain
Roteiro original: Match Point
Fotografia: O segredo de Brokeback Mountain (na torcida, porém, com relação à lindíssima fotografia em preto e branco de Boa noite e boa sorte ou ainda à precisa fotografia de Batman Begins, injustamente indicado somente nesta categoria!)
Maquiagem: As crônicas de Nárnia
Canção: "In the Deep" (Crash - no limite )
Trilha sonora: O segredo de Brokeback Mountain
Mixagem de som: King Kong
Edição de som: Guerra dos Mundos
Efeitos visuais: King Kong
Edição: O jardineiro fiel
Melhor Animação: Wallace & Gromit: A batalha dos vegetais
Melhor curta de animação: One man band
Melhor Documentário: A marcha dos Pingüins
Melhor documentário curta-metragem: The Mushroom Club
Melhor curta-metragem: Ausreisser (The Runaway)

E não deixem de conferir as novidades em função do Oscar, na coluna lateral: nos Contatos Imediatos, ouvindo música (finalmente tocando de verdade!) com a imortal "Somewhere over the rainbow", do clássico Mágico de Oz, vencedor em 1940 dos prêmios de melhor canção e trilha original; e o Mês Especial Oscar, com polêmicas curiosidades sobre os prêmios ao longo destes 79 anos de premiação!
 

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