quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Viva Miele!

Sabe aquele cara que você admira à distância, pelos talentos que tem? Não, não falo de ídolos dos Morcegos, como Chico Buarque ou Woody Allen, mas, sim, daqueles sujeitos com quem você adoraria ter uns bons dedos de prosa, de preferência acompanhados por um bom drink e uma boa música ao fundo (não que não fosse também adorar bater um papo assim com os grandes ídolos...), duas coisas de profundo conhecimento desse sujeito polivalente, que sempre atuou nas onze, mas cujo maior talento, na verdade, sempre foi saber viver... Pois bem, pra mim, Mielle era assim! Afinal de contas, desde tenra idade eu vejo aquele senhor refinado, com seus famosos olhos azuis e falar manso e jazzístico, a apresentar A Praça da Alegria e tantos outros especiais globais (como ao lado da saudosa Sandra Bréa), a falar de Bossa Nova como poucos, com seus causos sensacionais - ele mesmo tendo vivido tudo pelos bastidores e ao lado dos seus criadores, tendo sido ele próprio um dos grandes produtores musicais da época -, a cantar afinadamente e a contar piadas escrachadas a qualquer tempo, especialmente durante as vacas magras: sempre se reinventando...

E foi justamente uma dessas suas "reinvenções" que mais marcou toda uma geração... Pois que, apesar de admirar o cantor, o produtor, o ator (um comediante nato!) e o bon vivant, seu carisma como apresentador, especificamente no deliciosamente tosco programa Cocktail, no SBT, no comecinho dos anos 90 - e, portanto, início da minha adolescência, com a puberdade à flor da pele -, foi onde Miele mais ativamente teve sua carreira acompanhada por mim! E por óbvias razões de seios expostos de meninas lindas (ah, as moças escolhidas a dedo pelo "Seu Sílvio", como diziam as más línguas...), que, sem nenhuma razão maior que a busca rasgada pela audiência, exibiam-nos toda sexta à noite (que que é isso, havia um contexto, eram espécies de "prendas" quando algum telespectador ganhava um dos "difíceis jogos" via telefone...)... Apesar da realização pessoal, eu sempre me enchia a cabeça de questionamentos: que garotas maravilhosas eram aquelas? Como é que elas sequer abriam a boca em cena, somente se expondo daquele jeito ("- E quem quer que elas falem?" - praticamente gritava a cabeça que não pensa...)? E como Miele, "o cara" de longa data e dos múltiplos talentos, sujeitava-se a apresentar um programinha tão gratuito e apelativo como aquele, onde a "atração" era unicamente a exploração da seminudez daquelas jovens? Necessidade de grana, talvez? Garantia do seu status sagrado de "cafajeste" já em idade avançada, praticamente o primeiro cafetão virtual da Televisão (sempre prometendo o strip tease total para o final)? Hoje, só Deus (ou o Diabo) sabe! Porque aquele distinto cavaleiro fará a festa no outro lado, onde quer que ele esteja: Luís Carlos Miele nos deixou na manhã de ontem, 14 de outubro, deixando os palcos e a televisão bem mais pobres de carisma e autenticidade... E para aqueles que ficaram e não tiveram o prazer de conhecê-lo pessoalmente, resta a lamentação de jamais poderem ter a chance daquele dedo de prosa sobre mulheres incríveis, grandes bebidas e Música da melhor qualidade...

Viva Miele, neste 15 de outubro, e sempre: ele, um mestre do showbiz e um professor na arte de encarar a vida sabendo rir de si mesmo... Um dos últimos artistas múltiplos remanescentes... Um dos últimos caras que, realmente, sabiam viver...


 

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