E foi justamente uma dessas suas "reinvenções" que mais marcou toda uma geração... Pois que, apesar de admirar o cantor, o produtor, o ator (um comediante nato!) e o bon vivant, seu carisma como apresentador, especificamente no deliciosamente tosco programa Cocktail, no SBT, no comecinho dos anos 90 - e, portanto, início da minha adolescência, com a puberdade à flor da pele -, foi onde Miele mais ativamente teve sua carreira acompanhada por mim! E por óbvias razões de seios expostos de meninas lindas (ah, as moças escolhidas a dedo pelo "Seu Sílvio", como diziam as más línguas...), que, sem nenhuma razão maior que a busca rasgada pela audiência, exibiam-nos toda sexta à noite (que que é isso, havia um contexto, eram espécies de "prendas" quando algum telespectador ganhava um dos "difíceis jogos" via telefone...)... Apesar da realização pessoal, eu sempre me enchia a cabeça de questionamentos: que garotas maravilhosas eram aquelas? Como é que elas sequer abriam a boca em cena, somente se expondo daquele jeito ("- E quem quer que elas falem?" - praticamente gritava a cabeça que não pensa...)? E como Miele, "o cara" de longa data e dos múltiplos talentos, sujeitava-se a apresentar um programinha tão gratuito e apelativo como aquele, onde a "atração" era unicamente a exploração da seminudez daquelas jovens? Necessidade de grana, talvez? Garantia do seu status sagrado de "cafajeste" já em idade avançada, praticamente o primeiro cafetão virtual da Televisão (sempre prometendo o strip tease total para o final)? Hoje, só Deus (ou o Diabo) sabe! Porque aquele distinto cavaleiro fará a festa no outro lado, onde quer que ele esteja: Luís Carlos Miele nos deixou na manhã de ontem, 14 de outubro, deixando os palcos e a televisão bem mais pobres de carisma e autenticidade... E para aqueles que ficaram e não tiveram o prazer de conhecê-lo pessoalmente, resta a lamentação de jamais poderem ter a chance daquele dedo de prosa sobre mulheres incríveis, grandes bebidas e Música da melhor qualidade...
Viva Miele, neste 15 de outubro, e sempre: ele, um mestre do showbiz e um professor na arte de encarar a vida sabendo rir de si mesmo... Um dos últimos artistas múltiplos remanescentes... Um dos últimos caras que, realmente, sabiam viver...
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