Crônica de Uma Morte Encomendada
Tenho o peso de todas essas
almas
Acorrentadas às minhas
costas
E só consigo pensar em seus
olhos de ressaca
A me olharem com a boca
entreaberta
Sobre um velho colchão afundado com
o peso da minha alma funda
No quarto sujo de um hotel
Nos cafundós de uma cidade
quente, porém melhor que eu,
Rabisco seu nome como um
colegial
Que acabou de ofertar-lhe
flores roubadas
Às escondidas
Quisera dizer-lhe onde estou
Quisera acender-lhe uma vela
derradeira pelas tantas almas enredadas
E beijar-lhe a boca, ao
final
De outro alvorecer
De mais uma morte
encomendada
(Dilberto L. Rosa, 2004)
(Dilberto L. Rosa, 2004)
11 comentários:
Gostei do seu poema. Não conhecia esse seu lado poeta.
Caro Dilbert,
Li sim e percebi o engano, o caso é que tenho muitos amigos em Portugal e muitas vezes linko coisas de lá no blog, mas falo mesmo é de SP precisamente de Santo André, região do ABC....
Grande Abraço
Gostei do poema também. Parabéns!
Eu não gostei...fiquei com medo! rs...
meu poeta!
bj
DILeto amigo, vejo um aqui um matador com um grande coração. Quiçá mata por sobrevivência e ama por destino...
Me lembrou Gabo, me lembrou a crônica de uma morte anunciada, onde ninguém se mexe para impedir o crime. Em seu poema, nem o remorso demove o poder dos olhos tatuados na retina... Gostei!
Beijo procê e pras suas mininas moreninhas e lindas!
Junte seus poemas e faça um livro. Serei a primeira a comprar.
Caro ludovicense, que prazer ter alguém da mesma ilha nessa esfera poética!
Enorme alegria ter alguém de St. Louis, única! Terra acestral de poetas. Pena que não seja daqui, apesar de me sentir completamente maranhense.
Gostei muito do teu poema, o achei singular. Vou linkar o teu blog no meu, afinal, todos precisam conhecer os poetas daqui.
Estarei sempre a ler-te.
Abraços e obrigada pela visita.
Olá Dilberto, tudo bem ??
Excelente poema, muito poema construído.
abraços !
Carregar "o peso de todas essas almas acorrentadas às minhas costas" sem nenhum remorso é coisa de matador profissional. E você, Dilberto, mata qualquer dificuldade encontrada na construção de um belo poema. Meu abraço.
Gosto de poemas assim com gosto de personalidade, fortes, intensos...
;-)
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