Tampouco falarei de outra dupla que recentemente mexeu o cenário nacional, José “Já que passaram o rodo e fui absolvido, vamos falar de amenidades” Sarney e Eduardo “Se erros cometemos, é importante reconhecermos: cartão vermelho” Suplicy! Ou ainda do Sarney Escritor e os 100 anos de Euclides da Cunha – dobradinha digna de nota, uma vez que, além do bigode em comum, Euclides teve seus últimos dias escancarados por questões de foro íntimo (alguém se lembra da polêmica minissérie global “Desejo”?)... Mas o Coronel-que-se-diz-imortal nunca chegaria aos pés do diletantismo de Euclides, que ainda teve muito mais brio que o Capeta Maranhense ao “defender sua honra”!
Pois a Dose Dupla de hoje vai para outro duplo aniversário ilustre do mês dito “azarado”: Tarzan e Raul Seixas! Mas o que esses dois têm em comum? Não perca o próximo capítulo...
Tarzan, órfão de pai e mãe depois que um naufrágio e um gorila chamado Kerchak levaram o menino ao insólito caminho de ser criado por macacos na África, "reduzido" de Lord Greystoke a "Rei dos Macacos" de tanguinha de leopardo, tornou-se, sem dúvida nenhuma, um dos maiores ícones culturais do século XX, o que acabou por inspirar outro Rei (no caso, do Rock Nacional) quanto ao seu grito de advertência: "Krig-Ha, Bandolo!", que queria dizer "Cuidado, aí vem o inimigo" (conhecido à época nas revistas em quadrinhos do Tarzan, na EBAL), acabou se tornando o título do primeiro disco solo de Raul Seixas, trabalho excelente, que revelou clássicos como Mosca na Sopa, Metamorfose Ambulante, As Minas do Rei Salomão, Al Capone e Ouro de Tolo – aquela louca viagem de discussão político-social-filosófica com o final mais esdrúxulo da MPB: "Porque longe das cercas/Embandeiradas/Que separam quintais/No cume calmo/Do meu olho que vê/Assenta a sombra sonora/De um disco voador...".
E é mesmo em ritmo de matinê que segue este ‘post’, uma vez que tanto Tarzan como Raul sempre foram personagens multimidiáticos e se deram muito bem com os ‘spotlights’: Tarzan, depois da Literatura (surgiu como romance em 1912 e continuou assim por mais 23 livros), foi para o Cinema em 1919 (com nova versão para a telona prevista para 2011) e, para os Quadrinhos (tiras de jornal), em agosto de 1929, há 80 anos, afora outras mídias (rádio e TV), e Raul, que nos deixou há exatos 20 anos, foi um dos precursores do videoclipe no País (com suas incursões no global Fantástico), sempre com canções cheias de metalinguagens e de atuações memoráveis – não por acaso, no clássico Metamorfose Ambulante desse mesmo disco, Raul se autoafirmava "Eu sou um ator": e o era, na mais completa definição de personagem legendário do Rock!
Se estivesse vivo, Raul com certeza, seria maior que um Tarzan e até mesmo que Paulo Coelho, seu amigo e parceiro ocultista, que soube melhor aproveitar a vida e hoje é um fenômeno 'best-seller' no mundo todo (embora sua Literatura... Deixa pra lá!): performático e genial sempre, creio que o maior roqueiro brasileiro seria o rei da selva globalizada destes tempos virtuais... Mas a miséria, o ocaso e o fígado destruído levaram Raulzito antes do Novo Aeón, no Trem das Sete, cedo demais... Foi-se o diabólico anjo e 'cowboy' fora-da-lei: personagem do humor ímpar e figura impagável que, decididamente, não está no gibi!
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