domingo, 26 de fevereiro de 2006

Carnavais

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Jamais gostei de carnaval (letra minúscula, festa pagã)... Eu, que não bebo, nunca apreciei muito a ideia do "beber até cair" ou do "dançar que se acabar", da folia pela folia, do prazer puro e simples, num hedonismo rasgado como se aqueles fossem os últimos dias do mundo...

Nunca fui de carnaval, mesmo ainda bem criança, quando, nas vesperais do Clube do Lítero, percebia outros meninos que, como eu, não sabiam o que ali estavam fazendo a não ser que para agradar os desejos foliões dos pais... Gostava menos ainda da batida forte das colossais caixas de som, que fazia vibrar o chão e que me incomoda até hoje, parecendo agressão  especialmente pelas costumeiras músicas de péssimo gosto da época, da Xuxa, passando pela explosão do "axé" baiano até as atuais marchinhas maranhenses com suas tosquices explícitas...

Gostava, entretanto, quando podia ser, mais tarde, ainda na infância, o super-homem, o pirata ou o fofão., porque podia ser qualquer dessas coisas em qualquer lugar. Como no refúgio da casa de meus avós, onde era deixado para que meus pais e o meu irmão pudessem "pular" carnaval: lá eu pude começar a admirar meu avô a ouvir sambas de qualidade, brincar com confete, talco (ou maisena) e serpentina com meus primos menores e assistir aos desfiles pela TV, que iam até quase às 9 da manhã do dia seguinte (Mangueira, que sempre admirei, de dia, quase apagada)...

Apesar de nunca ter visto com bons olhos a volúpia latente à flor da pele, o "ninguém é de ninguém" e o "fica-fica" de beijo e sexo gratuitos, com as passarelas repletas das "modelos" a desfilar para a primeira revista masculina como carne em exposição, sempre apreciei a nudez das esculturais mulheres, com seus maravilhosos seios e bundas cobertos apenas de purpurina ― com certeza, minhas primeiras experiências como "menino-homem" diante da televisão...

Gostava ainda dessa época de Momo em que, na casa do amigo Ricardo Alexandre, alguns anos depois, seus pais e tios faziam da garagem da frente da casa um grande galpão para a confecção de fantasias para os desfiles locais, enquanto Ricardo e eu aproveitávamos para desfrutar, com suas lindas primas e vizinhas, de secretos "cai-no-poço" e "salada mista", nos quartos dos fundos... Vivia então o carnaval de meus 11 pra 12 anos pelas ruas do Maranhão Novo, bairro que, além de acompanhar nossas divertidas batalhas com "bazucas de cano" (pelas poças das "chuvas de carnaval" da noite anterior), presenciou também a "evolução" daqueles ateliês improvisados até a formação do bloco Jeguefolia, do pai de Ricardo, S. Raimundo, capaz de "criar", dentre outras atrocidades, a Dança do Jeguerê, a mandar os foliões abrir as pernas e levantar a "tromba" (e, pior de tudo, por cima da bela marchinha Coração Corintiano).

O último carnaval que "brinquei" aconteceu há 10 anos, no hoje extinto Clube Jaguarema: desiludido com a namorada da época (as eternas separações da folia...), simplesmente "fui" para o baile da "segunda-feira gorda". Com meu peito doído pelo amor pisado, acabei acompanhando tudo como um observador distante: a maioria das pessoas bebendo, cheirando loló ou fazendo as ousadas coreografias e eu assistindo a tudo como se fosse a última vez... Ali ainda pude presenciar o porre do amigo Flávio Augusto, a "dança do saci" de Sérgio Ronnie (pulando com o pé torcido após uns amassos com minha prima nos fundos do clube!) e terminei a noite conversando sobre assuntos de outros mundos (incluindo Religião!) com amigos de velhos carnavais, enquanto apreciávamos a bela fauna feminina do local.

Enfim, nunca mais gostaria dessa festa, especialmente o atual, quando carnaval é todo dia e o oba-oba em torno de gigantescos e lotados shows de "axé" e de "forró" são constantes o ano inteiro... E, com a folia e as canções todas iguais, nenhum carnaval, para o bem ou para o mal, parece marcar mais ninguém...

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Sessão de Cinema

É fato notório que amo Cinema, verdadeiro vício do qual sou profundamente dependente. Tanto que, para além do hábito de ir para a sala escura da tela grande, possuo uma ampla videoteca, por entre velhas fitas de VHS e DVDs, para a qual sempre trago novas aquisições mensalmente. Como o mais recente Splash - Uma sereia em minha vida, delicioso "clássico" dos anos 80, a grande era da magia do "cinema pop", que tive o prazer de comprar e rever recentemente!

Curiosamente, na mesma semana, quando consegui parar em casa e ter enfim duas horas de descanso, pude acompanhar, pela Record, outro ícone dos 80, porém de bem menos qualidade que a fantasia aquática de Ron Howard: alguém aí se lembra de O Garoto do Futuro, com Michael J. Fox, onde um adolescente se transformava em lobisomem e virava a atração da escola, com todos os clichês do highschool movie? Sem esquecer o esdrúxulo título no Brasil, pegando carona no sucesso de De Volta para O Futuro, com o mesmo astro de então, Michael J. Fox. Pois é, esta "pérola" marcou meus primeiros anos em frente ao SBT porque, apesar de fraquinho, carregava essa "chama oitentista" de adorável mistura de elementos de ficção científica, terror, comédia e aventura.

Mas, saindo dos anos 80, esta "Sessão de Cinema" de hoje volta para um pouco mais longe no tempo, mais precisamente 1942  mas sem precisar de nenhum DeLorean! Desta vez, a celebração é para um dos melhores filmes de todos os tempos: Casablanca. O texto que segue foi extraído do roteiro escrito para o programa de rádio Estação Cinema, da Rádio Universidade FM, que apresentava em 1998 ao lado de Sérgio Ronnie, amigo e companheiro de adoração ao Cinema...
Marrocos, Segunda Guerra Mundial. Refugiados de toda a Europa procuram desesperadamente por passagens para a América, longe do alcance nazista. É nesse ambiente que se desenvolve Casablanca, dirigido por Michael Curtis, que, além de ser um dos mais completos filmes da história, apresentava um dos mais completos elencos: Humphrey Bogart, como um cínico dono de um bar em Casablanca, no Marrocos; Ingrid Bergman, sua antiga paixão; Claude Rains, Peter Lorre e grande elenco.

Com uma combinação perfeita de romance, intriga e suspense, esse filme mostra o reencontro dos ex-amantes Ilse e Rick no bar Rick's - Café American, refúgio para aqueles que queriam um visto. Só que Ilse não volta só, mas, sim, casada com um grande nome da Resistência contra os nazistas, Victor Laszlo, e pede ajuda a Rick para que ela e seu marido possam fugir dos alemães. Assim, dividido entre a magia do passado e a realidade do presente, Rick se vê diante de um dilema de amor...

Casablanca ganhou os Oscar de melhores filme, direção e roteiro adaptado, e se tornou um dos filmes mais amados e cultuados da história do Cinema. Trata-se de um filme único, verdadeira aula de roteiro, entre romantismo e realismo: tudo o que poderia parecer um lugar comum assume aqui uma dimensão épica! Colaboram para isso um elenco impecável numa direção irretocável, a trilha sonora de Max Steiner, a beleza de Ingrid Bergman e a dureza e o cinismo de Rick, na magistral interpretação de Humphrey Bogart ― que esconde, por trás da rígida fachada de amargura, um grande amor do passado vivido com Ilse em Paris, antes de ser ocupada pelos alemães.

São, com certeza, 102 minutos de uma história que reúne momentos inesquecíveis... Aliás, não há cena de adeus que se compare à sequência final de Casablanca, com a mais bela (e inusitada) despedida do Cinema, no meio da neblina de um aeroporto, tantas vezes homenageada ou parodiada. Assim como também é difícil se encontrar canção romântica tão marcante como As Time Goes By, de Hermann Hupfeld...

(ROSA, Dilberto Lima, Estação Cinema, 2005)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

My name is...

Hoje é dia de POST COMUNITÁRIO, da "prima" Micha (veja o destaque da Família Morcegos na Coluna Lateral), tratando sobre o nome do blog nosso de cada dia...
Já se vão quase dois anos desde quando uma amiga me convidou para este diletante mundo dos "diários virtuais", e, justamente por isso, por causa de sua denominação, relutei tanto para ingressar neste universo... Afinal, meus costumeiros versos e prosas, ainda que falem de quando em vez sobre algo pessoal, sempre foram envolvidos em torno de algo maior, de um texto literário a ser servido, passando ao largo de um "diário" com jeito de adolescente... Foi então que ela me mostrou a imensa gama de possibilidades que cercava o universo dos blogs, o que suplantou o meu preconceito.

Foi assim que, entre o final de março e o início de abril de 2004, surgiu o meu dileto Morcegos, nascido no "quase finado" Weblogger pelas mãos da dileta Drika, também responsável pela sua transposição pra cá, e que recentemente passou por uma terceira e necessária reforma (graças ao novo layout desenvolvido pela querida "sobrinha" Lelinha).

Muitas foram as mudanças daqueles idos até hoje, mas duas coisas nunca mudaram: a busca incessante por qualidade para os meus queridos blogueiros de plantão e o nome deste espaço, que espelha uma metáfora contida em meu primeiro poema, Morcegos, de 91, cuja passagem "como morcegos a voar por sobre a minha cabeça" ilustra a solidão de alguém à beira da morte, e que, por estar ligado a vários outros simbolismos (como os elementos de autores da "Geração Byroniana" ou mesmo o mundo das HQs de personagens como Batman), caiu como uma luva sobre o que queria abranger em termos de amplitudes artísticas.

Por isso, ao contrário do que muita gente pensa, não sou um dos "morcegos" do título: assim, o título surgiu quase que automaticamente, encabeçando meu template logo ao lado do interessante símbolo, uma espécie de "batsinal" tosco numa Lua com cara de bolinha de isopor, que minha amiga encontrou na internet e que tão bem se casou com as temáticas do blog: "Cinema, Literatura e Artes em Geral", espécie de título paralelo graças a este grande ambiente de discussão artística estilo pop.

E, neste ano, além de muito feliz com a comemoração dos 2 anos do meu blog, fato que revolucionou minha forma de encarar a escrita, tamanha a produção semanal que me vi "obrigado" a ter diante dos posts semanais, comemorarei também 15 anos de Poesia, juntamente aos 15 anos de minha cria favorita, o poema Morcegos, primeira cria de uma leva, de quando eu tinha meus tenros quatorze anos de idade, bem antes tanta coisa...

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Para Jandira e para Vinícius..

O negócio mesmo é ser diplomata
Apor ao novo livro umas erratas
Sentir-se livre numa casamata
E amar... Que por amor se vive
Que por amor se morre e se mata

O negócio é ser poeta
E fingir saber sobre poesia
E errar na poesia
E sobre a poesia
Sem saber...

O negócio mesmo é estar vivo
Pouco antes de morrer!

(Dilberto Lima Rosa, Com um pouco de esforço e de pena por sobre o lodo a coisa toda pode até virar um poema..., 2006)

sábado, 4 de fevereiro de 2006

Música, Maestro!

Um jazz quente e cheio de swing tocando, com Duke Ellington ao piano, Ben Webster ao sax, Winton Marsalis forte no trompete, Billy Higgins na bateria, Lino no baixo, Charlie Brown na guitarra e Snoopy e Woodstock a dançar sem parar... É aniversário de Jandira Helena, e as alegrias de todas as homenagens são para ela, em forma de música e poesia! Pois Assis Valente já diria: "Minha embaixada chegou: deixa meu samba passar... Então meu blog pede licença: o jazz, o samba, todos os melhores ritmos pedem passagem, minha discreta Billie Holliday, tu com tua voz singular, que quase não cantas, mas que encantas todos à tua volta. Achemos nossas vagas neste imenso cordão e nos vistamos a rigor, que nossa festa particular, está para começar! "Vou te contar"...

Adorada

Teadoro, Jandira,
E a cada dia te reinvento
Em minha poesia
Na jornada reino acima
Seguimos de braços dados
A pisar nos restos torcidos de nós mesmos
De nossas tantas peles trocadas
Que já vivemos tanto
E tanto
E, no entanto, ainda há tanto
Para dizer
Adorada simplesmente
De alma transparente, essência pura
E eu querendo definição
Da essência do amor,
Logo o amor, que tanto se dissipa
Para, em seguida,
Ser reunido e recontado
Num beijo nosso
De céu de boca estrelado
De poema rasgado
De poeta empobrecido
Adorada como santa
No altar, eu te louvo
Como um trovador fora de moda
Em versos infantis
Meu sangue no flagelo da prensa
De minhas páginas vis
Minha voz rouca de repetir
Meus terços de nossas metades
No todo de ti,
Adorada,
Sigamos a rir
De nossas mentes pontuais:
Mesmo atrasado, vou e construo minha eterna morada
Logo abaixo dos teus umbrais...

(Dilberto Lima Rosa, Um breve desabafo em antítese..., 2006)


Parabéns a Jandira, pela primeira vez no mundo virtual!
 

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