quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Muita Força no último Natal da Força...


Meninas Malvadas, de 2004, é dos poucos produtos ianques que soube rir do "mundo cor-de-rosa" do seu próprio Natal: Tina Fey e Amy Pohler (atriz/roteirista e pequena participação), em seus auges, entregaram um belo deboche erotizado como "apresentação familiar natalina" na escola onde se passa a trama um filme que, aparentemente, é apenas mais uma história para adolescentes - só que não...


A Família Addams, série de humor negro do cartunista
Charles Addams nos anos 1930 e atualmente em 
cartaz com uma ótima animaçãoé que sabia se divertir 
com os rituais da cultura natalina dos EUA: na imagem, 
Gomes, Mortícia e Tropeço se preparam para jogar 
caldo fervente sobre cantores de Natal - cartum 
homenageado na abertura do excelente filme de 1991.
Inúmeros filmes hollywoodianos, ao vender seu idolatrado american way of life para o resto do mundo, adoram abordar como o Natal é comemorado pelo seu feliz e rosado povo norte-americano (negro? Talvez um policial ou um entregador engraçadinho em cena rápida): nada de religiosidade, mas, sim, muito Papai Noel, cantatas agridoces e uma tal "magia natalina" - tudo, é claro, massificado na tela com tocantes historinhas à base de muito xarope de glicose e altíssima trilha sonora (no melhor estilo John Williams). Anualmente, milhares de produções de qualidade duvidosa cumprem com seu papel de imposição de uma subcultura regada a emoção barata, shopping centers e neve (que, curiosamente, cai só numa pequena área dos EUA, mais ao Norte e Nordeste). Os comerciantes judeus que "fizeram a América" - e grande parte do cinemão comercial estadunidense a que estamos acostumados - e que jamais gostaram muito da ideia de Jesus, devem estar bem orgulhosos do seu trabalho!

O velho pastiche da "comédia familiar":
até hoje me lembro de me perguntar do
que tanto ria a plateia lotada do cinema em
que estava - sucesso que só se pode tentar
justificar pela presença de um Macaulay
Culkin então fofinho e carismático
e da tal "magia dos filmes de Natal"
(fenômeno muito bem analisado na ótima
série Filmes que marcam época, da Netflix)
Assim, de uma forma ou de outra, além da sua famosa bandeira (presença obrigatória em toda produção cinematográfica de lá em pelo menos uma cena), os States seguem, com raras e benditas exceções (como o "subversivo" Duro de Matar - que, tanto no original de 1988 quanto na sua xerocada continuação, redefiniram os filmes de ação policial... no Natal!), a encher grande parte da sua mequetrefe produção cinematográfica com sua "cultura natalina" - bem como a paciência de qualquer cinéfilo pensante que se preze, obrigado a engolir a seco natais nevados, cheios de fartura e de reconciliações "mágicas" em meio a corais natalinos pelas portas das casas chiques, decorações super-iluminadas pelos telhados (das mesmas casas chiques) e gordos Santa Claus (ou qualquer velhinho abandonado que o valha para cumprir sua parte "mágica") piscando, ao final, para aqueles que "não acreditam no Natal"... Quem não se lembra das lições de moral do péssimo Esqueceram de Mim, de 1990: garotinho de família abastada, que, apesar de começar bem o filme a contestar sua grande família disfuncional (que o deixa em casa sozinho: abandono de incapaz!), acaba "aprendendo", por entre um sem número de cenas sem graça com muita neve e ladrões trapalhões, o "sentido do Natal" ao ajudar um velhinho solitário e fazer as pazes com a mãe relapsa - e tudo ao som de... John Williams?! Pois é: essa patacoada fez tanto sucesso que se repetiu, quase que identicamente (esquecimento da família; ajuda a uma senhorinha mendiga; mesmos ladrões... só mudaram o cenário para Nova Iorque), em Esqueceram de Mim 2 (1992).

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Nem tudo está perdido: Charlie Brown segue em seu vazio
existencial a contestar como tudo se perdeu em meio ao
comercialismo e aos falsos símbolos das festividades do
final do ano - cena de O Natal de Charlie Brown (1966).
Tudo bem: nem tudo são White Christmas ("Natal Branco", clássico musical com Fred Astaire e Bing Crosby) e, muita vezes, fez-se Cinema de qualidade e com discussões interessantes em meio aos falaciosos "símbolos mágicos" do Natal gringo... E tome questões filosoficamente adultas sobre o quanto se perdeu da essência do dia 25 de dezembro no curta-metragem O Natal do Charlie Brown, feito para a TV em 1966; suicídio em meio às depressões por problemas financeiros de A felicidade não se compra, de Frank Capra, em 1935; uma série de críticas sociais bem-humoradas à "época mais bonita do ano" sob a visão de um garoto e sua família atípica em Uma História de Natal (1983)... No entanto, o final fácil e água-com-açúcar de que a tal "magia" sempre vence e subverte qualquer crítico de sua estrutura predomina mesmo nesses casos em que aparentemente se questiona o "real espírito natalino" - assim como se deu em Papai Noel às Avessas (bandido sem moral se passando por papai noel), Um Herói de Brinquedo (deboche sobre o consumismo infantil), O Grinch (críticas sobre o comercialismo natalino e a exclusão social de diferentes), O Estranho Mundo de Jack (universo "estranho" do Halloween ante à "perfeição" da dimensão do Natal) ou qualquer versão de Um Conto de Natal (adaptação da Literatura de Dickens em que o amargo Scrooge fica "bonzinho" graças a "três espíritos natalinos"): geralmente prevalece o 'ho-ho-ho' derradeiro e a sensação de que a neve, a lareira e fartos pinheiros e ceias depois do shopping ainda são o mais importante!

Esposa, filho e vovô Chewbaccas? Princesa Leia cantando? Lições de moral
natalina com artistas consagrados pagando mico? Essas são somente algumas
das coisas absurdas do máximo de exploração comercial-cultural natalina:
Especial de Natal Star Wars feito para a TV (CBS, 1978)!
Mas nem só de simbolismos e muito consumismo de presentes (viva os judeus!) nesta época do ano vivemos nós, os pobres mortais dos natais quentes e pobres do Terceiro Mundo vira-lata (e agora, na era das trevas bolsonaristas, ainda mais idólatra dos "istaduzunido"...): os grandes capitalistas do cinemão norte-americano - agora, aparentemente todos centrados na Disney! - também nos legam filmes que acabam marcando essa época de festividades natalinas ainda que sequer falem de qualquer item natalino. É o caso de Star Wars e seus derivados. E não, nem estou falando na sandice cafona e ridícula do "Dia da Vida" da família Chewbacca no Especial de Natal Star Wars, cometido na CBS em 1978, não... Mas, sim, de suas ultimas produções feitas para o Cinema: afinal, do meio reboot/meio sequência Episódio VII - O Despertar da Força, início da nova trilogia finalizada agora com o Episódio IX - A Ascensão Skywalker, passando pelo muito bom (mas fora da cronologia oficial) Rogue One - Uma História Star Wars, todos foram lançados, um por ano, em dezembro desde 2015 e, porquanto vistos por mim durantes os últimos feriados de fim de ano (à exceção do ano passado, em que o único filme da franquia de 2018, o cansativo e desnecessário Han Solo - Uma História Star Wars, foi lançado em maio), a saga original de George Lucas acabou se tornando algo "natalino" para este humilde escriba e os Morcegos...

Tudo bem que nele não houve muita continuidade de boas ideias trazidas com o Episódio VIII - Os Últimos Jedi, como a esquecida menção a crianças espalhadas pelo universo com potencial para dominar a Força - mas também com ótimos consertos de péssimas ideias daquele filme, como a postura anti-heroica de Luke e a anulação da origem da Rey (retomada agora de forma polêmica, no entanto)... Concordo que houve muita correria na metade inicial, a edição se atrapalha no filme quase todo - que também carece de uma sequência mais bela e memorável... Sem esquecer as inúmeras personagens e situações mal exploradas ou resolvidas - Finn e nova parceira sem função alguma na trama além de mais uma "bravura final decisiva"; rápida redenção de Kylo Ren/Ben Solo; encerramento da participação da Princesa Leia (Carrie Fisher, falecida no ano passado); mal explicado retorno do Imperador Palpatine e sua frota infinita e megapoderosa etc.... Porém, ao se encerrar a última cena, com referência direta ao original de 1977, terminando de costurar elementos das 3 trilogias (ouvem-se vozes de todos os Jedi dos 9 filmes em dado momento), com especial destaque para o saudosismo maior pelos Episódios IV (Uma Nova Esperança), V (O Império Contra-Ataca) e VI (O Retorno de Jedi) - todos filmes a que assisti, pela primeira vez, em férias de fim de ano da minha infância/adolescência em saudosas exibições globais -, e se inciarem os créditos com trilha, mais uma vez, de John Williams - que igualmente se rende ao fan-service deste longa ao colocar trechos consagrados da saga, como a Marcha Imperial, de Darth Vader -, impossível não se sentir bem perto do mais puro sentimento de lar e família do legítimo Natal... Ainda mais quando vi esta última parte na tarde do último dia 23 de dezembro...


Graças a Lucas e sua imaginação, inúmeros natais foram salvos da mesmice... Agora que tudo termina - e já um tanto quanto aquém do que o seu criador imaginara inicialmente... -, só nos resta esperar que a Força siga a iluminar novas produções natalinas e dezembrinas... Assim como também resta acompanhar esta bela compilação (feita por Topher Grace e Jeff  Yorkes) de cenas e enredos dos 9 filmes...

sábado, 14 de dezembro de 2019

MINHA DISCOTECA - Parte IV

Finalizando (parte de) uma coleção
E começando outra...

Hoje os Morcegos finalizam uma (parte de uma) coleção (a discoteca): a de discos de trilhas sonoras de Cinema - e, aproveitando o ensejo cinematográfico, vêm mostrar o que descobriram recentemente, em meio às (eternas) arrumações do escritório de casa: um estojo com parte da coleção de pôsteres de filmes famosos que possuo. Assim, aproveitando a multifacetada cara deste humilde espaço virtual, falemos de Música, Cinema, coleções e, por que não, pôsteres!

COLEÇÃO PARTICULAR DE CDs:
TRILHAS SONORAS DE CINEMA
Parte IV (Final)
16Alguém tem que ceder;
17. Austin Powers;
18. Sleepless in Seatle;
19. As Canções de Eu, Tu, Eles - Gilberto Gil
20Music from the Motion Picture E.T. - The 20th Anniversary.
21. Central do Brasil;
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Se os quatro primeiros discos ouço sempre que posso porquanto excelentes coletâneas - respectivamente: grandes canções românticas estadunidenses e francesas; hits pop dos anos 60 e 90 (acrescido de um meddley com a deliciosa trilha original instrumental de George Clinton, emulando os filmes de James Bond); mais clássicos românticos (agora jazzísticos); e velhos forrós inesquecíveis na excelente interpretação de Gilberto Gil (que acrescenta 4 faixas da sua autoria ao ótimo CD) -, destaco os dois últimos títulos de minha pequena coleção de trilhas sonoras (a próxima apresentará minha igualmente parca reunião de sinfonias e Música Clássica) justamente por serem trilhas (e que trilhas...!) originalmente compostas para dois grandes filmes: E. T. - O Extraterrestre (Edição de 20.º Aniversário) e Central do Brasil.

Primeiramente, importante frisar que o disco em questão é da "trilha nova" de John Williams, em que ele apôs alguns minutos a mais de música para as cenas adicionais que Steven Spielberg colocou no seu "clássico infanto-juvenil" (mas que acabou emocionando mesmo os mais velhos...) E. T. - O Extraterrestre quando do seu relançamento de aniversário de vinte anos, em 2001 - mania chata desencadeada por seu amigo George Lucas em 1997, que primeiro relançou seu Star Wars como um novo "Episódio IV" cheio de irritantes novos efeitos e cenas (e também trilha adicional de John). Nada que mude o clima ou o score original, que até hoje considero extremamente soturno e assustador para os mais jovens... A propósito, eis aí um bom exemplo do quanto uma trilha pode redefinir uma narrativa na tela - coisa que o próprio Spielberg afirma, no encarte do disco, a respeito da sua parceria de longos anos com Williams: todo o clima de curiosidade e descoberta entre o jovem Elliot e seu amigo alienígena desgarrado da família e sua nave (e todas as consequentes relações esquisitas de sentimentos interligados entre os dois) bem poderia ser outro se tudo fosse conduzido com mais leveza pelo Sr. John Williams (hoje com quase  90 anos e ainda na ativa!)... 

No entanto, nem só de "temas tenebrosos" (que por vezes lembram algumas notas mais duras de Contatos Imediatos de Terceiro Grau, parceria sua anterior com o mesmo diretor e amigo) se fez E. T. e um primor de outros temas e melodias "matematicamente" traçados para narrar cada emoção (como no dizer do próprio compositor sobre os 15 minutos finais de intensa narrativa musical, da faixa 20: Escape/Chasing/Saying Goodbye) até hoje são lembrados de maneira extremamente atrelada a cada cena - como a do inesquecível voo das bicicletas com uma gigante lua de fundo! Sem dúvida, uma daquelas trilhas bigger than life e que, em sua precisão em arroubos sinfônicos ou em suaves melodias (como a delicada faixa 07, Toys). Obra de um maestro notável que, apesar de alguns tropeços (como os excessos e o histrionismo de certas trilhas e algumas repetições de si mesmo ao longo da sua obra - Star Wars se assemelha a Superman que se parece com Indiana Jones...), cunhou para sempre o seu lugar na História das trilhas cinematográficas mundiais.

E, falando em "trilhas mundiais", os Morcegos encerram (temporariamente) essa coleção (para mais abaixo começar outra...) com outra sensível e pungente trilha composta (quase que integralmente - há uma faixa com "Preciso me encontrar", samba de Candeia), só que para um clássico do Cinema Nacional: em Central do Brasil, Antônio Pinto e Jacques Morelembaum, assim como fez John Williams, marcam, de forna inesquecível, inúmeras cenas das venturas e desventuras vividas por Josué (o ótimo então ator-mirim iniciante Vinícius de Oliveira) e Dora (Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar de melhor atriz em 1998, absurdamente perdido para Gwineth Paltrow pelo ainda mais insosso Shakespeare Apaixonado!). Além do tema principal marcante (cena final, dos créditos, e em vários trechos do filme), que lembra inicialmente Villa-Lobos e seu Trenzinho do Caipira (com a marcação similar a um trem e seus desdobramentos de "viagem"), inúmeras outras sequências foram ampliadas pela sensibilidade desses dois grandes artistas brasileiros num lindo concerto de cordas e piano digno de grandes trilhas europeias do Neo-Realismo italiano  e que sobrevive ao filme, podendo facilmente ser ouvido independente do grande trabalho do cineasta Walter Salles (Terra Estraneira).

COLEÇÃO PARTICULAR DE PÔSTERES DE CINEMA:
Estojo 1
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O primeiro, de 2000, foi o responsável por reiniciar minha coleção de pôsteres de Cinema.
O segundo já foi até estampado por aqui, por tanto tempo que marcou o quadro do escritório...
Mas existe outra coleção ainda mais antiga que a minha discoteca: colecionava pôsteres e minipôsteres desde 1990, quando do auge das compras de revistas de cinema e vídeo - com as VideoNews e Set de que tanto já falei por aqui... -, sendo que hoje a imensa maioria deles ou foi destruída pelo tempo ou pelo meu pai (ele detestava meu quarto cheio de cartazes pelas paredes como numa "casa de barbeiro")... Dessa época, tenho muito poucos - e todos bem machucadinhos e sem vida! Mas a coleção de que começo a falar a partir deste post eu encontrei num tubo (de um total de três desses estojos cilíndricos guardados ao lado da mesa do computador), que reúne alguns dos meus títulos mais conservados...

Desde 2000, quando do lançamento nacional dos X-Men nos cinemas, ocasião em que ganhei um concurso da Set com uma frase que me deu direito a, além de 4 bonequinhos (baseados no filme) e de 4 revistinhas com prelúdios da trama do cinema, um pôster original de X-Men O Filme; passando por 2002, quando do início de uma amizade com um gerente de um multiplex de um shopping local, de quem passei a ganhar cartazes (como, naquele ano, em que consegui Sinais e Homens de Preto 2); 2003, quando, noutro concurso da Set (fase criativa a minha...), ganhei a trilha sonora e o pôster de Matrix Reloaded; em 2004, de volta às camaradagens do gerente amigo, o de Homem-Aranha 2 - que se repetiria ainda em muitos outros momentos, como, no caso deste tubo, em 2006, com Superman - O Retorno (por muito tempo o cartaz emoldurado desse escritório); e, em 2007, com o cartaz da animação Shrek Terceiro e em dose dupla com Homem-Aranha 3: um dos 3 pôsteres oficiais e um adesivo dupla face (que já se mostrou descolado quando o encontrei recentemente...).

Resultado de imagem para cassino royale"Acima e abaixo (e ao lado), seguem versões digitais (algumas em Inglês) desses meus adorados cartazes esquecidos, esperando novas oportunidades de se emoldurarem no meu escritório, ainda que temporariamente (atualmente, resta emparedado só esse aí da esquerda, Cassino Royale, já há um tempo) - não me é possível tirar fotos de um pôster em tamanho real, então vai a mostra de como eles são... 10 cartazes de filmes ótimos (Cassino Royale), muito bons (Sinais, Superman - O Retorno, Homem-Aranha 2, X-Men) e outros bem fraquinhos (Homens de Preto 2, Shrek Terceiro, Matrix Reloaded, Homem Aranha 3) dentre vários que ainda ficarão registrados por aqui - assim como nas minhas retinas de fã ardoroso de um Cinema nem sempre tão bom, mas cheio de histórias afetuosas impressas em cada bela relíquia guardada e empilhada num de meus cantos afetivos...

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Quem quer um pôster original em bom estado de conservação? Aproveita, que vai com ótimas recordações junto... Eu 'tou vendendo...

domingo, 8 de dezembro de 2019

Reescrevendo uma homenagem ao Tom
E sua atemporal Poesia de separação
E sentimento profundo...


Há 25 anos partia um dos maiores compostores mundiais...

Sai de Tom

Sim,
Calei-te.
Calei-te pra não dizer mais sílaba

Vê se vaga
Longe
Exorto-te!

Não me assustas
Não me tremes
Não me és mais sonho...

Não mais
Nunca mais
Porque o amor,
Como diria o poeta
(Ou como dirias tu, em tuas teorias maduras e infalíveis)
É a coisa mais triste
Quando se desfaz

(Dilberto L. Rosa, 1996/2019)

domingo, 24 de novembro de 2019

"Onde tua vista não alcança..."


Inalcançável


Tu, que agora me vês sorrindo, não sabes o menino 
por trás de tudo que passou...
Talvez agora, finalmente, 
meu sorriso seja real 
- não sente
os fardos
da foto que amarelou...
Que isso também te sirva de lição:
provação sempre foi banal
no astral de teu universo delicado.

Quantos foram os pecados cometidos
pelos sentidos tateados
para se chegar até aqui?

E essa ansiedade, essa angústia que não cessa
na messa de meus últimos fios desesperados
pode ocultar minha vontade
de ser feliz...
Pois na reinvenção 
das verdades de meu nariz
eu digo em alto e bom som:
quero o peito pleno em qualquer idade
e criar posteridade com algo bom
pra muito depois que eu me for!

E tu, como operária,
hás de organizar minha obra perdulária
noite e dia, 
a catar minha poesia
bagunçada pelo chão...?

Não, creio que não
- é sentimento demais!
Parece que só existo nalguma paixão
em que resisto ao tempo por trás
da etérea cristalização
da bela mulher
que jamais deveria envelhecer!

Sigo assim, diante do que nos resta
e do que me espera na próxima contradança...
Só nos fingimos crianças
e eu, engasgado,
permaneço
nas mãos com o bilhetinho amassado
aqui, do outro lado, na rua de trás, onde tua vista não alcança...

(Dilberto L. Rosa, 24 de novembro de 2019)

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Amizades de 25 anos...

- Ei, você não vai participar da reunião dos "amigos" de 1994?!

Noutro dia recebi mensagem pelo Telegram de um antigo amigo da escola - conheço-o desde a oitava série: já se vão 25 anos do término do nosso Ensino Médio, mais uma vez a turma da época quer se reunir ("Afinal, são 25 anos..."), e, pagando-se a bagatela de 100 reais, "se tem direito" a cerveja, refri, água e feijoada, e, de brinde, uma camiseta emulando nosso uniforme original... Minha resposta foi imediata e irrevogável (mesmo sob fortes protestos de "Tu 'é' fresco..."): "- Não vou, ó: abraços de 25 anos a todos"...

Longe de desconsiderar qualquer deles ou mesmo o sentimento retroalimentado (ou seria "retrô alimentado"?!) pela maioria que ainda curte tais revivals - ou que ainda não descobriu que redes sociais são mero celeiro para o hiperconsumismo (graças às vaidades virtuais: fiquei muito pouco e estou fora faz tempo!), nada disso. Somente já fui uma vez a um encontro deles e foi o suficiente: tive uma ideia de como todos envelheceram (alguns bem mais coxinhas que outros...), dei tapinhas nas costas (e nas barrigas) de todos e relembrei piadinhas com prazo de validade mais que vencido (homofobia, racismo e otros preconceitinhos mas)...

E só: não temos mais 17 anos faz um tempão, não suporto as milhares de fake news, bem como as muitas fotos amareladas de gentes que nem lembro de outras salas, divulgadas à exaustão em seus atuais grupos de "amigos do Whatsapp" e, nesse "breve" interregno entre a formatura e hoje, ganhei casamento, 3 filhos, quase 20 quilos e perdi dinheiro, cabelo e uma porção considerável de saúde, passando por tantas outras coisas sem a companhia de nenhum deles - a não ser breves encontros esporádicos, de no máximo 5 minutos, pelos shoppings e supermercados aqui e acolá...

Entre rugas, cabelos brancos e muito botox, um registro
recente em postagem de Rachel, digo, Jennifer Aniston.
Tal como, igualmente passados 25 anos de Friends, os atores que viveram Monica, Phoebe, Rachel, Chandler, Ross e Joey (amigos na vida real, mas não sei se com a mesma "frequência" que eu em relação aos meus), que também recusam a possibilidade de reencontro entre seus personagens - nem mesmo para um milionário especial televisivo: não cola mais... A décima temporada não me deixa mentir: depois de anos de inocência, imaturidade e vida em que amigos são uma família (pensamento da própria Martha Kauffman, uma das autoras), todos evoluíram, já se efetivaram (Ross que o diga), casaram-se (a maioria entre si!) e tiveram filhos (ainda que sejam trigêmeos do irmão)... Enfim, cresceram! 

E olha que arrastaram o que puderam, mas não adiantou: entre sumiços de personagens marcantes (como os pais de Monica e Ross) e cansativas ênfases nos amadurecimentos do sexteto (à exceção de Joey, que, como alívio cômico de tanto dramalhão, ficou ainda mais "retardado", sendo o menos desenvolvido do grupo), os últimos episódios da série deixaram bem clara uma coisa: aquela época, quando "não se ficava o tempo todo olhando os celulares, atualizando o perfil no Facebook e pessoas se reuniam numa cafeteria pra conversar" (no preciso dizer de Jennifer Aniston, a Rachel), decididamente, ficou para trás, acabando a alma que unia esse pessoal - e justificava o seriado

É só lembrar a velha canção de abertura e realizar uma boa catarse em relação ao que passou: I'll be there for you, cantavam os Rembrandts, no início dos anos 90, no famoso tema das "palminhas" - "Eu estarei lá por você", especialmente quando "seu emprego é uma piada, você está duro e sua vida amorosa morreu antes de começar"... E isso serve para todos, amantes ou não dessa série. Hoje, até dá para rever o que se foi - por meio de alguma foto digitalizada de nossa turma de adolescentes ou revendo os 236 episódios de Friends pela Netflix (coisa que terminei de fazer há cerca de um mês, coincidindo com suas bodas de prata); porém, mais do que isso, soa como forçar a barra para se manter uma essência que, inevitavelmente, não tem como ser revivida de outra forma...

E eu, depois das sérias desavenças pessoais sofridas em razão do tratamento dado ao meu caçula no mesmo colégio de "meus 25 anos", lá quero alguma roupa como recordação dessa escola?! Sem falar nos atualmente bolsonaristas de carteirinha que, há mais de duas décadas, eram só colegas de sala sem ideologia e que nos divertiam com tolas piadas de duplo sentido... E, por outro lado, será que esse povo hater de hoje, que já inventou inúmeros pseudofeminismos para atacar o segundo personagem mais legal da série (o primeiro era o Chandler!), Ross, vivido pelo esporádico David Schwimmer - pela rede, chamam-no de homofóbico e machista abusivo, quando, na verdade, entrou com a ex-esposa em seu casamento lésbico e aguentou inúmeras patifarias de sua idolatrada Rachel (que rompia e, em seguida, estragava cada novo relacionamento do cara)! -, estaria realmente preparado para um reencontro de tipos tão bacanas como o de Friends, este icônico seriado? 

Tenho minhas dúvidas... Sem esquecer que o inteligente bom humor para tratar de assuntos sérios - como a difícil relação de Chandler (Matthew Perry) com seu pai transformista - bem poderia ser confundida com piada preconceituosa e todo o show acabaria por ser boicotado pelos fashion youtubers atuais... Pois é, os tempos são outros - e graças a Deus: as milhões de novas idas e vindas pelas vidas de amados personagens bem como de cada um de nós fora dos filtros do Instagram ou dos reduzidos caracteres do Twiter agradecem! Senão, estaríamos até hoje sendo os mesmos meninos começando a vida, morrendo de medo dela, do próximo emprego ou de qualquer novo esforço ou tentativa de ser feliz... Ou será que ainda o somos?!
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Apesar dos gritantes erros de edição e de continuidade ao longo da série e das muitas tramas ruins ou arrastadas (especialmente as das últimas temporadas e aquelas que insistem nos flashbacks com cenas de outros episódios), Friends foi, sem dúvida, acima da média das sitcoms norte-americanas, com inúmeros episódios foram memoráveis...

sábado, 9 de novembro de 2019

"Nem que seja só
Pra dizer adeus..."



Mudanças são sempre difíceis... E se afastar de algo que se construiu (e com o que se deixou ser construído) ao longo de tantos anos torna tudo ainda mais complicado... Pouco importa se a tecnologia passa a chamá-lo de anacrônico ou ultrapassado! Pouco se lhe dá se a sociedade já se mostra lindamente toda produzida, na esquina, esperando um flerte com seus mais novos produtos do mercado videofônico...

O problema todo é a perecibilidade da vida: tudo se acaba (?)... E, com a tecnologia de áudio e vídeo, os últimos 20 anos se mostraram cruelmente ainda mais avassaladores em termos de duras mudanças: de repente ("não mais que de repente"), de nada adiantava correr para limpar cabeçotes de (aparelhos de) videocassetes (VCR) das sujeiras deixadas pelos lastros magnéticos das "fitas de vídeo" (os videocassetes em si, na verdade) e seus mofos, poeiras e gorduras - assim como já se dava com os disquetes de computador: a leitura digital já era uma realidade desde que os LPs começaram a ser chamados de "bolachões" pelos desenxabidos e menores CDs (que a tudo compactavam, inclusive o próprio som!)...

Não haveria como impedir aquele avanço para a área das imagens... E houve mesmo uma autodestruição programada de aparelhos aparentemente feitos cada vez mais precários a fim de irem se consumindo e se mostrando antiquados diante dos novos e reluzentes DVDs! Assim foi com minha coleção de vídeos, apodrecendo aos poucos diante da quebra de dois aparelhos de videocassete seguidos: sem uso, o "mofo deu" em tudo... "Joga isso fora!", "Ninguém mais usa 'fita'!", "Compra um aparelho de DVD!" eram o que pulava das ferinas línguas do tempo digital - e de alguns parentes e amigos - e caíam diretamente na minha fustigada mente de inquietude...

"Tudo bem, vocês venceram - mas o que eu faço com... elas?"! Minhas crianças, meus filhos, minhas companhias de tantos momentos de solidão (sim, havia alguns títulos pornô-eróticos em minha coleção...): adoráveis e amadas "fitas TDK" (algumas Basf também) repletas de filmes e programas televisivos gravados em EP (rendia mais horas de gravações numa só fita de 2h!)... Somavam-se superproduções compradas (e amealhadas de forma não tão legal...) nas bancas e nas Americanas da vida... Havia coleções estimadas (Charles Chaplin) e filmes estrangeiros (O Marido da Cabeleireira)... Sem esquecer as fitas K-7, também já mofando desde que o antigo "Stereo Gradiente 3 em 1" de papai pifou de vez - e o modismo de se comercializar somente o toca-disco em modernas caixas de som ainda não existia...

Era, em suma, a pergunta que não queria calar: o que fazer com tudo isso - assim como com os "dois videocassetes novinhos que pifaram!" (e, no fundo, ainda acho que dá pra consertar logo, logo...)?! Encaixote-se... Guarde-se, por tempo indeterminado, suas paixões desde os 12 anos do início da adolescência, seus amores da juventude (e seus casinhos dentro desse interregno)... "Um dia", "quem sabe", eu poderei, mesmo já tendo me entregado ao DVD ("Ei, a imagem é melhor mesmo! E tem extras! Disseram que nunca risca nem mofa..."), daqui a alguns anos, mandar consertar tudo - a tecnologia não estava invadindo tudo justamente pra isso, pra aperfeiçoar? Eu finalmente arrumaria aqueles aparelhos "velhos" e poderia revivê-los ao lado dos "novos" numa vida de eterna paz e felicidade congelada no tempo...

Todos sabemos que nada disso viria a acontecer: as caixas de LPs, fitas K-7 e videocassetes (afora os aparelhos, em duas caixonas em separado) já começavam a se amontoar no quarto de solteiro da casa da minha mãe (para o seu desespero) e terminaram de ser devidamente acumulados no "quarto da bagunça" da vida recém-casada (para desespero da mulher, das visitas que aconselharam que delas me desfizesse lá atrás - incluindo minha mãe!). E, no dia-a-dia, livremente me utilizava de aparelhos de DVD, toca-CDs e respectivos home-theaters, além de então modernos discos e pen-drives repletos de filmes e músicas digitalmente compactadas e desfrutadas até mesmo no carro... Mas, sei lá... Eles estavam ali, no quarto colado ao meu - e, de vez em quando, eu adorava pegar uma faringite aguda ao manuseá-los pelo simples prazer de, mesmo sem botá-los pra rodar, eu me achar ali, em meio a tantas recordações...

Até que a minha primogênita anunciou sua chegada. E a bagunça viraria "quarto da criança". E as caixas teriam que ser eliminadas... Ou juntadas a outras caixas de "bagulhos mais úteis" que, em breve, seguiriam para algum cômodo esquecido da casa de alguém próximo. E se escolheram as casas da minha sogra (alguém nada próximo...) e da querida Zezé e para lá fomos: eu lhes dei um breve "até logo", nem olhei muito. Sabia que, muito em breve, eu recuperaria tudo. Só questão de tempo: minha pequena Isabela adoraria saber que, ao lado do moderno, existiam histórias e mais histórias com aquelas fitas e aparelhos ressuscitados! Só que, depois da chegada dos gêmeos, tais contos memoráveis cada vez mais caíam no esquecimento...

Nem sei dizer a quantas anda qualquer caixa de VCRs largadas pela casa de Zezé, uma desleixada prima do meu pai - que, por sua vez, valeu-se do mesmo expediente e por lá deixou caixas contendo seus estimados LPs para quando reouvesse seu antigo Gradiente consertado ou quando comprasse nova vitrola: como não ocorreu nem um nem outro, soube recentemente que ele estaria uma arara com sua parenta diante do total descaso com tais caixas, largadas no fundo de um quintal mal coberto e com goteiras... Esse deve ter sido o mesmo destino dos aparelhos de videocassete... Mas enquanto papai diz "Não querer nem ver..." seus discos (na incrível contradição "Ela vai ver se alguma coisa acontecer aos meus LPs!"), eu quis me despedir das inúmeras caixas reconduzidas coercitivamente pela associação de minhas esposa e sogra, mancomunadas que estiveram, noutro dia, em entupir o largo porta-malas do meu carro com tudo que tinha por lá posto a reboque!

"Por mim, jogava tudo fora... Se fossem minhas coisas...", disseram as insensíveis, soube depois... Mas, como me foi dada a condescendente oportunidade de delas me despedir, "nem que seja só pra dizer adeus", como na bela e pungente canção de Edu Lobo e Torquato Neto, eu reterei essas caixas por alguns dias... Talvez meses... Claro que não por muito tempo: preciso do porta-malas... Os livros, talvez os guarde alguns, ou consiga encontrar alguém com o sonho de neles estudar outra vez (neles aprendi para os Vestibulares de Direito e Arquitetura)... As "fitas", quem sabe um artista que delas se utilize para algum painel de obra de arte...

Não deixo, um só dia, de redescobrir algo nalguma delas e de pensar o quanto gostaria de lhes dar um fim digno, uma vez que não posso guardá-las todas - nem haveria razão de fazê-lo, vez que eu me tornaria mero acumulador, não um colecionador... No fundo, cada um dos conteúdos dessas caixas eu posso conseguir em alta definição em qualquer TV, celular ou kindle - o que eu queria mesmo nem eram os filmes, as canções, os livros, mas como as editei, vi, ouvi, li e senti cada uma delas... E isso, jamais terei novamente...

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

BACURINGA

eternizar em imagens
Posso ver no céu a miséria a voar
Pássaros a esmo a esperar
O próximo tiro.
No chão, pisado e sem graça
O palhaço chutado e a desgraça
Presa à mão...

Tantos céus e cores
Tanto chão entre dores
- Ninguém é inocente...

Não há herói ou vilão:
Quando se cala a razão
Se vai à caça...

Não quero crer na explosão de vingança
Como solução de peito nu
Seja vermelha, seja azul
Sobre branco de maquiagem extravagante...
Quero ver gente cintilante
A bradar pelo brado seu
Nem que a arma a se usar
Venha do museu
No alto da escuridão.

Chão de estrelas degradadas
Alço voo pelo céu de giz
Medo da risada infeliz...

Deixa eu pintar o meu nariz
Ver o que essa gente marrom diz
- Te desagrada?

Pena da loucura irada
Palco armado, junta a turba
De gente sem mais nada
- À guerra! À merda!
Nada em volta a se perder
Só a revolta a pender, injustiçada!

"- Mas isso é perigoso
Essa coisa de empatia
Com quem é doido,
Só tem a noite e o dia,
Genocida, bicha,
Amalucado..."
O perigo está na mente
Presa de quem não viu
Nem riu do chiste mal contado...

A risada enfim se solta
Chão de corpos enfileirados
Em legítima defesa da história
Do quadrinho que se volta
E se confunde na memória,
Mas jamais perde a piada...

Viva no céu bacurau!
"Pássaro médio" se pronuncia!
Do chão nasce o Curinga
Ensaiando o seu sarau
De terror junto à multidão
A mirar a esmo,
Sem precisão, a harpia,
O morcego, o que vier
Da próxima escuridão...

A rir-se...
Sem estado
Nem chão...
O perigo está no riso!
Na loucura
Da reação...

(Dilberto L. Rosa, outubro de 2019)

Logo que pensei no título antropofágico para esse poema, lancei-o no Google a fim de ver o que poderia surgir nas imagens para esse meu neologismo e qual não foi a minha surpresa quando, no perfil do grande diretor-roteirista Kléber Mendonça Filho no Instagram estava postada essa divertida arte criativa! 
Meu poema independente e, ao mesmo tempo, atrelado e ainda fascinado com esses dois filmes pungentes e paralelos, encerra outubro com três posts abordando Coringa (e com Bacurau admirado nos especiais de setembro)...

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz...

Está tudo conectado...

Sabe quando a Warner Bros., depois do fiasco final na unificação de seus grandes medalhões no Cinema com Liga da Justiça, apressou-se em dizer que o seu mais novo recordista de bilheteria, o quase "filme-de-arte" Coringa, seria totalmente independente e não teria qualquer ligação com o restante do Universo Cinematográfico da DC (incluindo neste rol a próxima produção do Homem-Morcego, The Batman, com o ex-"vampiro purpurinado" Robert Pattinson)? Pois é... Parece que, diante do inusitado sucesso dessa inteligente, violenta, polêmica e bastante adulta versão cheia de camadas do velho Palhaço do Crime, já há rumores de que o diretor Todd Philipps estaria reunindo-se com produtores e elenco, incluindo o senhor "jamais-faço-continuações" Joaquin Phoenix, para uma sequência - que contaria também com outros famosos vilões de Gotham, como o Pinguim e o Charada! Ponto para a loucura, desde a inteligência do roteiro, passando pela perturbante atuação de Joaquin até a eclética trilha sonora - cujas peças instrumentais foram brilhantemente compostas pela violoncelista islandesa Hildur Guðnadóttir!


Nada como um milhão após o outro... Digo, vilão...

E sabe aquela famosa expressão do showbiz circense/teatral inglesa, Send in the clowns, "Que entrem os palhaços" (ou, ainda mais precisamente, "Tragam os palhaços") - sobre aqueles delicados momentos em que, acontecendo algo inesperadamente errado durante uma apresentação, recorria-se ao ardil da alegria contagiante dos palhaços para a distração do público, a fim de salvar tudo de uma grande confusão? Então, ainda sobre a inteligente trama de Coringa, nada mais metalinguístico do que se usar uma canção com esse título a fim de pôr o vilão como um "herói às avessas" de que o mundo e Gotham (ou, ainda, a perturbada mente do sádico criminoso) precisavam naquele momento! E assim foi feito: para emoldurar as tragédias pessoais de Arthur Fleck (Phoenix), inserido no próprio caos de uma megalópole cheia de necessidades por uma "salvação" - nas mãos de um insano palhaço! -, magistral a utilização de Send in the clowns (no filme, a inesquecível versão de Frank Sinatra), originalmente escrita por Stephen Sondheim para o musical A Little Night Music, onde a personagem Desirée, refletindo sobre seus desencontros e tragédias pessoais, pede que "entrem os palhaços" a fim de distrair o "público" e tentar "salvá-la" do fiasco no "palco" da sua vida...




Música que fala de teatro num musical - e conta o filme dentro do filme...

E sabe quais são os novos vilões previstos para infernizar a vida do Defensor de Gotham em The Batman (previsto para 2020)? Errou quem pensou no Coringa (os Morcegos são mesmo manipuladores...): pela quarta vez no Cinema, deveremos ter a Mulher Gato dando as caras e as garras nas telas, ao lado de outros inimigos famosos - agora, aparentemente, homenageando a Selina Kyle negra do arco Batman Ano Um, com a noticiada escalação da atriz Zoë Kravitz para o papel do alter-ego da ladra anti-heroína de caráter dúbio e complexo caso de amor (e ódio) do Morcegão. Tomara que saia coisa boa e marcante - afinal, quem não se lembra da inesquecível Catwoman vivida por Michelle Pfeiffer em Batman - O Retorno, de 1992? Pois é... Ali se tinha o exemplo perfeito de releitura para uma personagem das HQs (Selina, ao contrário da maioria dos seus conterâneos "colegas", jamais foi insana nos Quadrinhos) graças às (então) boas loucuras de Tim Burton... E, o que era melhor: tudo narrado por uma "onipresente" trilha sonora pop-dark de Danny Elfman, ex-Oingo Boingo e coautor da bela e instigante Face to Face, com o grupo inglês Siouxies and The Bansheesm que, brilhantemente, enredava-se por alguns arranjos da trilha do próprio filme e, na letra, conseguia falar de um amor mal resolvido entre auto-análises freudianas e, ao mesmo tempo, contar o tórrido e difícil caso entre Bruce/Batman e Selina/Mulher-Gato! 



Mais metalinguístico, impossível!

E é, para dizer o mínimo, ainda mais irônico que, sobre um universo de loucura que é o submundo de Gotham, em meio a convulsões e crises sociais, até existem ladrões pés-de-chinelo se acotovelando com chefões de máfia a cometer crimes contra as "gentes de bem", mas quem realmente rouba a cena são os lunáticos criminosos geralmente aprisionados no Asilo Arkham por um sujeito que, vestido de morcego e incitando medo nos malfeitores, consegue aparentemente ser ainda mais perturbado do que o próprio mal que combate, suando seu collant e vivendo no limite noite após noite... Porém, como diria o Coringa na obra-prima da Nona Arte A Piada Mortal, ao cantarolar uma "antiga canção" (ao menos na cabeça dele...), "Como é bom estar louco!": sabe aquela velha discussão sobre se, na verdade, foi o surgimento do Batman que "gerou" essa leva de bandidos malucos que ele, ao fim e ao cabo, tem que combater? Pois é... Parece que só imergindo na insanidade para se poder sobreviver a ela! E nada como uma saborosa loucura de amor para se proteger em meio ao caos da rotina diária de qualquer herói ou vilão - que os devaneios de romance de Arthur Fleck, em Coringa, não nos deixam mentir! Ou, melhor ainda, com direito a trilha sonora íntima e pessoal a narrar, coincidentemente, a cada canção ou música instrumental que brotar na tela, os sentimentos mais à flor da pele de Bruce Wayne e Selina Kyle...

Loucura, não? Não... Afinal, está tudo conectado...

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Elogio da Loucura...

Palmas...
Classificação dos Morcegos:
(Ótimo)
CORINGA:
Releitura de Releituras de um Ícone



Primeira origem para um monstro de loucura:
Alan Moore, em 1988, imaginou o Coringa um fruto
de fracassos (como comediante e pequeno criminoso)
e acidentes quase fatais (mergulho no ácido)...
Muito já se disse a respeito do mais discutido filme da atualidade, Coringa (EUA, 2019), do normalmente conhecido (e subestimado) como "diretor-roteirista de comédias" Todd Philips (trilogia Se beber, não case) e com grande elenco (que inclui Robert deNiro), encabeçado pelo sempre ótimo (e profundo) Joaquin Phoenix: de um lado, as já conhecidas críticas negativas com polêmicas sobre eventuais "incentivos" e "justificativas" para a violência dos marginalizados e oprimidos pela sociedade (no caso, o próprio Coringa numa Gotham City com cara de Nova Iorque de 1980); do outro, incondicionais derretimentos diante da performance de Phoenix e dos inúmeros simbolismos e referências a clássicos dos Quadrinhos e do Cinema...

Como não identificar, facilmente, elementos de A Piada Mortal (a mais famosa história de origem do vilão, em que também é um aspirante a comediante), Batman - Ano Um (cena do assassinato dos pais de Bruce Wayne seguida à risca) ou de Cavaleiro das Trevas (televisão onipresente com seus programas e notícias, analisada criticamente  e com o Coringa televisionado ao vivo)? E o que dizer da própria narrativa, diretamente imersa no período histórico da trama (início dos anos 80), época de soturnos clássicos oitentistas do Cinema contestador de uma América então coberta pela recessão e por falsos ídolos? Não por acaso, há enorme destaque para homenagens e releituras de dois deles em especial: os pungentes e dramáticos Taxi Driver (1976) e O Rei da Comédia (1982), ambos do mestre Martin Scorsese  que abandonou o cargo de produtor, tendo mesmo sido cotado para a direção... Sem dúvida, uma reflexiva construção de metalinguagens artísticas!

Nada como um dia após o outro para Robert deNiro:
Ontem, um perturbado comediante sem futuro (Rei da Comédia);
Hoje, o cínico apresentador que antes ele perseguia (Coringa)...
Nem preciso dizer, dada a classificação dos Morcegos (acima), que me filio à segunda corrente, dos que aplaudem com louvor... E há tanto mais a ser dito (no spoillers!), que o conjunto é bem maior que as poucas menções ora pontuadas! Assim, para além dos signos quadrinísticos e cinematográficos incorporados, tudo se mostra perfeitamente costurado numa história totalmente nova! Por isso, nada de ficar repetindo a asneira de que esse Coringa seria uma mera "mistura" entre o taxista psicótico Travis Bickle e o doentio comediante fracassado Robert Pumpkin (ambos personagens do deNiro naquelas obras-primas de Scorsese)!

Merece Oscar (e todas as demais grandes premiações):
entre o que tenta se adaptar e o que se entrega à loucura,
Joaquin Phoenix nos transmite pena,
compreensão, medo e asco...
E esse novo "estilo antropofágico" apresentado por Todd Phillips (um novo Tarantino?!), bem feito e numa embalagem conhecida (Drama social com Suspense psicológico à anos 70 e 80), aos poucos se revela uma bela e profunda fusão de temas tão relativamente distantes entre si (personagens de HQs e de filmes renomados; caos urbano e social real dos anos 80; discussão atual sobre fabricação e glorificação de monstros sociais etc.) por sobre um ícone consolidado do Cinema (inesquecíveis interpretações de Cesar Romero, Jack Nicholson e Heath Ledger) e dos Quadrinhos.

Numa inédita apresentação do personagem, pela primeira vez mostrado como um louco desde sempre (originalmente, a loucura advinha da sua queda num tanque de ácido, o que o deixa eternamente alucinado, branco e de cabelos verdes sem maquiagem), agora temos Arthur Fleck, um perturbado sujeito com inúmeros problemas psicológicos que, entre cuidar da sua mãe doente e manter-se num mundo cínico e opressor, acaba por virar vítima social de vários tipos de violência até uma ulterior "libertação" para práticas de assassinatos (secamente mostradas) em legítima defesa, por vingança ou por achar "devido", em meio a complexas convulsões sociais decorrentes da gigantesca recessão daquele início de Era Reagan... Protagonista insano e marginalizado inserido em cenário real de opressão  tão bem funciona de forma independente como bem poderia inserir-se em futuras produções do Homem-Morcego (especialmente diante de um final tão cheio de interpretações e possibilidades...)!

O louco assassino real que se fantasiava para se disfarçar e
o louco fictício, porém realista, que se fantasiou para se achar assassino... 
Trata-se de uma brilhante releitura das tantas já feitas com o "Palhaço do Crime" (aqui, com direito a uma nova maquiagem: triângulos azuis nos olhos, lembrando muito outro palhaço, o macabro e real serial killer John Wayne Gacy), sendo, entretanto, fiel a suas diferentes versões nesses mais de 70 anos de existência  desde sua primeira aparição, em Batman #1, de 1940, até hoje, muitas mudanças já rolaram pelas tantas mídias em que se fez presente: foi um sádico criminoso de jogos de estratégia (no início, nas HQs, e como mostrado em Batman - O Cavaleiro das Trevas, dirigido por Christopher Nolan, de 2008), um fanfarrão ladrão brincalhão (com direito a gás do riso, nos Quadrinhos e na série de TV dos anos 1960), um psicótico assassino engraçadinho (historinhas dos anos 1980 e 1990 e em Batman, 1989, de Tim Burton) e um caótico sádico e deformado, sem passado definido (a partir dos anos 2000). Logo, o fã de carteirinha de qualquer época sairá devidamente recompensado ao fim da sessão!

"Tantos rostos... Tão diferentes uns dos outros...
Tão poucos sorrisos..."
O Coringa poderosamente efeminado de
Frank Miller, pouco antes de matar a todos
num programa de auditório com gás do riso...
E essa reinterpretação se completa com outras ricas sutilezas: vemos o lado infantil latente do personagem (na sensível cena em que se assusta com a primeira vez que dispara uma arma, numa brincadeira), passando pelo sofrimento para controlar sua psiquê perturbada e se adaptar ao mundo "normal"  em seu desespero para conter incômodas risadas involuntárias, por exemplo, verdadeiro achado realista do roteiro para as famosas gargalhadas diante dos seus crimes nas HQs (como algo que nele parece querer "irromper")  incluindo toques de efeminamento, quando surge caracterizado e confiante na frente de todos, com a altivez característica do alucinado vilão (emulando o quase gay Coringa da 'graphic novel' Dark Knight, de Frank Miller, de 1986)... E isso sem apelações, num interessante e bem construído crescente na frente da tela: vários Coringas numa arrebatadora reinvenção – com direito a um inusitado encontro com seu futuro nêmesis ainda garoto, também emoldurado por outras adoráveis referências (como a deslizada do pequeno Bruce no "batposte" do parquinho, no melhor estilo da clássica série televisiva)!

Sim, há defeitos... E justamente quando mais tenta
alinhar-se com os Quadrinhos! Bom, eu mesmo me perguntei
qual família de bilionários que vai ver Zorro no cinema
numa noite de caos em Gotham e, ao tentarem escapar,
correm para o primeiro beco escuro... Os Waynes, claro!
Falando na Família Wayne, de se torcer o nariz, entretanto, para a transformação do sempre tão cordato e correto "símbolo de Gotham", Thomas Wayne, no "vilão" da vez, convertido de médico exemplar para Bruce e toda a Cidade num aspirante a político inescrupuloso, em contraposição ao protagonista "anti-herói", numa escancarada (e talvez desnecessária) crítica a Donald Trump, num acelerado processo final de "mal versus mal" que nem sempre soa da melhor forma (até um desfecho igualmente ruim)... Pensando bem, como criar empatia com um perigoso sociopata em potencial?! Tornando os conhecidos ícones da moralidade os novos algozes, ainda que indiretos, de todo o processo, oras – livrando-se, somente, o ícone Batman, aqui ainda um garoto a testemunhar o caos de Gotham em seu nascedouro (o que igualmente pareceu forçar uma conexão entre o futuro Cruzado Encapuzado e o insano criminoso)... 

Também de se lamentar a ausência de um final mais "aterrorizante" (apesar das já icônicas e cheias de diferentes interpretações "pegadas de sangue" num "futuro" Asilo Arkham... Teria sido tudo um devaneio?!), em que se veria, finalmente, após aquele frágil ser causar tanta piedade e compaixão na plateia, o triunfar da besta despertada em Arthur Fleck, nascendo, assim, o Coringa sádico e alucinadamente desprovido de moral ou sentido que todos amam (e com direito a um grande debochar da plateia pela piedade anterior, em mais um interessante exercício de metalinguagem  por que não?)! No entanto, analisando-se como um todo, tal final funcionaria só e tão somente como uma chata "cena pós-crédito (o que, graças a Deus, não teve!): um fan service para os decenautas de plantão, que, convenhamos, acabaria por quebrar a aura independente e anularia muitas construções dramáticas de toda a trama em função de futuras sequências!

"Dancinha Alex, The Large"?!
Não: ao contrário da loucura feliz do anti-herói de
Laranja Mecânica (e posterior piedade em razão
da violência estatal), esse Coringa nasce da loucura e,
até chegar ao seu descobrimento, causa pena...

Fórmula geral do sucesso de público e crítica: somatório de uma impecável interpretação de nuances (23 quilos mais magro... Oscar para Joaquin!), do burburinho causado com o prêmio máximo de um dos mais prestigiados festivais internacionais (
Leão de Ouro, em Veneza, em agosto), uma belíssima fotografia (entre interiores claustrofóbicos, como o apartamento de Arthur, e grandes espaços lotados de pessoas, caos de uma megalópole) e uma excelente trilha sonora – dividida entre os violoncelos de Hildur Gudnadottir (composta antes do filme, nalguns momentos lembra o que Hans Zimmer criou para o Coringa de Ledger) e o melhor do pop-rock e do traditional jazz (com destaque para White Room, Rock'n Roll Part 2 e clássicos de Sinatra  inexplicavelmente, sem a presença de Put on a happy face, de Tony Bennett)... O que restou? A polêmica da vez: a "glamurização" ou justificação da violência diante do "discurso esquerdista" de culpa à sociedade... 

Particularmente, não vi, em momento algum, qualquer vitrina de propaganda da violência ou de ode à vingança como resposta aos anseios sociais para que algum espectador encontrasse uma "desculpa" e assim se comportasse diante das adversidades da vida: fica claro, desde o primeiro frame, que veríamos muita coisa sob a óptica do vilão – o que é, de certa forma, temeroso, pela inarredável empatia com o narrador (assim como o igualmente polêmico Laranja Mecânica, de 1972)... Porém, como  somos sempre lembrados de sua grave insanidade, a "culpa" fica equilibrada entre a loucura do personagem e uma sociedade decadente e egoísta...

V de Vingança: mais uma das inúmeras reconstruções de clássicos
das Sétima e Nona Arte aqui, na releitura do uso de máscaras
para o anonimato em meio ao caos e à anarquia como vingança social.
Um dos maiores responsáveis pela densidade que acompanhamos na tela, o sempre ótimo Joaquin Phoenix (HerO Mestre), não poderia ter sido mais preciso, em recente entrevista ao site IGN“Não acho que seja responsabilidade de um cineasta ensinar a diferença entre o certo e o errado para o público: as pessoas podem interpretar letras de músicas de maneira errada, podem interpretar livros de maneira errada... Se alguém está nesse nível de distúrbio emocional, qualquer coisa pode ser um gatilho”! Perfeito: acusar a realidade doentia em que vivemos atualmente, de alavancadas fascistas crescentes por entre alienações coletivas, tão similar ao caos de desesperança do tempo revivido em Coringa, é negar o aspecto sociológico da Arte: fazer sentir e pensar  a Arte imita a vida! Já o contrário, o fato de "a vida imitar a arte", em relação a eventuais "influências" que aloprados como os incels ("celibatários involuntários", conhecidos por sua falta de trato social e combinados massacres armados...) e outros grupos fanáticos de perturbados sociais poderiam "sofrer" com esta produção, reúne tanta demagogia como os achismos de um presidente ainda mais perturbado e perigoso nos dias atuais... 

É como no inteligente dizer, em postagem no Facebook, do oscarizado documentarista Michael Moore (Tiros em Columbine): "Todos nós americanos ouvimos muito sobre este filme, que devemos temer e nos manter longe dele. Nos contaram que é violento, doente e moralmente corrupto. Nos disseram que a polícia irá vigiar as sessões em caso de problema. Nosso país está em um profundo desespero, nossa constituição está em pedaços [...] mas, por alguma razão, devemos ter medo de um filme. Eu sugiro o oposto: o maior perigo para a sociedade é não ver este filme"... Tal como um Erasmo de Rotterdam, iluminado contestador absoluto da sociedade de seu tempo – infelizmente por vezes tão similar à do nosso... –, em seu célebre Elogio da Loucura, bem poderia dizer a respeito da escalada de Arthur Fleck no imperdível lançamento do ano: "A pior das loucuras é, sem dúvida, tentar ser sensato em um mundo de loucos"...
Resultado de imagem para coringa
Dancinha da celebração de um psicopata é um absurdo?
Não para um pesado drama independente e, ao mesmo tempo, ótima adaptação de HQ!
Absurdo mesmo é jamais ter lido A Piada Mortal ou Louco Amor
(uma das primeiras repaginações do Coringa,
para a clássica série animada Batman)... 
 

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