Meninas Malvadas, de 2004, é dos poucos produtos ianques que soube rir do "mundo cor-de-rosa" do seu próprio Natal: Tina Fey e Amy Pohler (atriz/roteirista e pequena participação), em seus auges, entregaram um belo deboche erotizado como "apresentação familiar natalina" na escola onde se passa a trama um filme que, aparentemente, é apenas mais uma história para adolescentes - só que não...
A Família Addams, série de humor negro do cartunista Charles Addams nos anos 1930 e atualmente em cartaz com uma ótima animação, é que sabia se divertir com os rituais da cultura natalina dos EUA: na imagem, Gomes, Mortícia e Tropeço se preparam para jogar caldo fervente sobre cantores de Natal - cartum homenageado na abertura do excelente filme de 1991. |
Inúmeros filmes hollywoodianos, ao vender seu idolatrado american way of life para o resto do mundo, adoram abordar como o Natal é comemorado pelo seu feliz e rosado povo norte-americano (negro? Talvez um policial ou um entregador engraçadinho em cena rápida): nada de religiosidade, mas, sim, muito Papai Noel, cantatas agridoces e uma tal "magia natalina" - tudo, é claro, massificado na tela com tocantes historinhas à base de muito xarope de glicose e altíssima trilha sonora (no melhor estilo John Williams). Anualmente, milhares de produções de qualidade duvidosa cumprem com seu papel de imposição de uma subcultura regada a emoção barata, shopping centers e neve (que, curiosamente, cai só numa pequena área dos EUA, mais ao Norte e Nordeste). Os comerciantes judeus que "fizeram a América" - e grande parte do cinemão comercial estadunidense a que estamos acostumados - e que jamais gostaram muito da ideia de Jesus, devem estar bem orgulhosos do seu trabalho!
O velho pastiche da "comédia familiar": até hoje me lembro de me perguntar do que tanto ria a plateia lotada do cinema em que estava - sucesso que só se pode tentar justificar pela presença de um Macaulay Culkin então fofinho e carismático e da tal "magia dos filmes de Natal" (fenômeno muito bem analisado na ótima série Filmes que marcam época, da Netflix) |
Esposa, filho e vovô Chewbaccas? Princesa Leia cantando? Lições de moral natalina com artistas consagrados pagando mico? Essas são somente algumas das coisas absurdas do máximo de exploração comercial-cultural natalina: o Especial de Natal Star Wars feito para a TV (CBS, 1978)! |
Tudo bem que nele não houve muita continuidade de boas ideias trazidas com o Episódio VIII - Os Últimos Jedi, como a esquecida menção a crianças espalhadas pelo universo com potencial para dominar a Força - mas também com ótimos consertos de péssimas ideias daquele filme, como a postura anti-heroica de Luke e a anulação da origem da Rey (retomada agora de forma polêmica, no entanto)... Concordo que houve muita correria na metade inicial, a edição se atrapalha no filme quase todo - que também carece de uma sequência mais bela e memorável... Sem esquecer as inúmeras personagens e situações mal exploradas ou resolvidas - Finn e nova parceira sem função alguma na trama além de mais uma "bravura final decisiva"; rápida redenção de Kylo Ren/Ben Solo; encerramento da participação da Princesa Leia (Carrie Fisher, falecida no ano passado); mal explicado retorno do Imperador Palpatine e sua frota infinita e megapoderosa etc.... Porém, ao se encerrar a última cena, com referência direta ao original de 1977, terminando de costurar elementos das 3 trilogias (ouvem-se vozes de todos os Jedi dos 9 filmes em dado momento), com especial destaque para o saudosismo maior pelos Episódios IV (Uma Nova Esperança), V (O Império Contra-Ataca) e VI (O Retorno de Jedi) - todos filmes a que assisti, pela primeira vez, em férias de fim de ano da minha infância/adolescência em saudosas exibições globais -, e se inciarem os créditos com trilha, mais uma vez, de John Williams - que igualmente se rende ao fan-service deste longa ao colocar trechos consagrados da saga, como a Marcha Imperial, de Darth Vader -, impossível não se sentir bem perto do mais puro sentimento de lar e família do legítimo Natal... Ainda mais quando vi esta última parte na tarde do último dia 23 de dezembro...
Graças a Lucas e sua imaginação, inúmeros natais foram salvos da mesmice... Agora que tudo termina - e já um tanto quanto aquém do que o seu criador imaginara inicialmente... -, só nos resta esperar que a Força siga a iluminar novas produções natalinas e dezembrinas... Assim como também resta acompanhar esta bela compilação (feita por Topher Grace e Jeff Yorkes) de cenas e enredos dos 9 filmes...
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