domingo, 29 de dezembro de 2013

Eu já ouvi essa canção antes...


Dei para redescobrir algumas coisas minhas. Noutro dia, saindo atrasado, peguei o primeiro CD que avistei na minha hoje quase abandonada pilha empoeirada de discos. Nem dei nada ao escolhido de início, All That Jazz - 25 Mundo Hits (Paradoxx Music): cheguei a maldizer minha escolha apressada até, no caminho entre o elevador e o bater de porta do carro, antes de colocar a "bolachinha" no CD player. Mas qual não foi a minha surpresa quando, além de constatar que se tratava de uma coletânea interessante, ouvi uma linda canção na sexta faixa, que, na hora, remontou-me a um grande filme de Woody Allen... Mas qual? Algum dos mais novos, que vi recentemente, como Para Roma com Amor? Não creio... Dos mais antigos, então... Já sei: Hanna e Suas Irmãs! Também acho que não: tanto tempo que vi esse filme, a memória não estaria tão fresca... Mas de uma coisa eu estava certo: eu já havia escutado aquela linda canção antes...

E qual o nome daquela música?! Tão logo pude parar o carro com segurança, catei às pressas a capa do disco e visualizei, apesar da pouca luz: I've heard that song before, imortal obra de 1942 do mestre Harry James! Sim, o nome da canção era exatamente esse, "Eu já ouvi essa canção antes", em bom Português! E em que filme, afinal, o genial comediante Allen, conhecido por valer-se de grandes clássicos do Jazz nas trilhas de suas igualmente geniais obras-primas do Cinema, como Manhattan, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e A Era do Rádio, usou a tal canção? Bendito Google que então me faltava, celular pereba que mantenho porque "não ligo muito pra esse excesso de tecnologias num telefone", ai, ai... O jeito seria esperar voltar pra casa, ligar o PC e correr para tirar a dúvida no "pai dos burros cibernético"  precisamente o que eu fiz, para descobrir que minha memória, modéstia às favas, continua excelente: realmente havia sido na ótima comédia dramática Hanna e Suas Irmãs, livremente inspirada no romance As Três Irmãs de Tchekhov, que Woody usara aquele clássico jazzístico!

Mas qual a relevância deste pequeno acaso de gostosas coincidências no microcosmo de uma viagem de carro minha para um compromisso qualquer? Bem, achei muito interessante e, por várias razões, valioso como boa história para muito além do meu mundo de quiproquós que, normalmente, só interessam a mim ou, no máximo, à minha mulher, quando não está com sono à noite (coisa rara nesses tempos gemelares...) e aguenta ouvir um dos meus "causos diários"! Afinal, em época de fim de ano, quando a sensibilidade aflora para as infinitamente repetitivas lembranças de antigas histórias cheias de sonhos, desembocando em um sem número de resoluções para o ano que virá  mesmo se sabendo que não se cumprirá nem a metade , nada mais preciso e necessário do que uma velha canção de um velho filme, num turbilhão de metafóricas metalinguagens redivivas, para nos rememorar de nós mesmos, de quem fomos e de quem ainda podemos ser... Especialmente diante desta espécie de "dimensão paralela de felicidade absoluta", logo ali, à mão e em frente aos narizes, e cujo portal dimensional parece que se abrirá à meia-noite do dia 1º de janeiro do novo ano que se aproxima...

E, como diz a letra desta canção maravilhosa, na interpretação da "voz das bigbands", Helen ForrestA mim parece que já ouvi esta canção antes, num repertório antigo e familiar/ É engraçado como um tema faz relembrar um sonho favorito/ A letra diz 'para todo o sempre' e para sempre já é uma recordação em si..., fica fácil perceber que a vida é mais que cíclica e ninguém precisa ter o dom de viajar no tempo para descobrir o quanto de histórias em que, mesmo já se sabendo da maioria dos seus finais, ainda se insistirá, em meio a sentimentais recordações, com fé e um sorriso otimista no rosto, para seguir em frente... E assim, abraços calorosos em meio a brindes intermináveis poderão ocultar muitas realidades sem melodia no "ano novo", de novo, mas não sem antes se acreditar no que se está celebrando nesta eterna passagem de recordações... E há neste mundo viagem mais gostosa do que essa, pelo tempo de nossas mentes, a resgatar alegrias aparentemente perdidas, porém contidas numa simples canção de um disco esquecido  que, por sua vez, remonta a um filme, que traz um amor, que perdura uma alegria para mais um ano bom que, amanhã, só depende de você?

Pensando em tudo isso, chamei a amiga virtual Suzane Heck para, neste dia 29 de dezembro de 2013, fazermos juntos uma viagem afim e em paralelo nesta dimensão suspensa chamada internet. Cada um num extremo do País e ambos falando de Música da melhor qualidade e relembrando o poder de uma velha canção nas lembranças de quem sonha com letras e de quem concretiza canções em belas interpretações: Suze já se encontra em seu segundo CD, que, gentil e novamente, oferta-o a mim: presentão de fim de ano! Ei: parece que já ouvi esta canção anteriormente... Ah, creio que me lembro da letra: foi quando "venci" um concurso cultural em seu excelente 'blog' e, por isso, ganhei seu primeiro trabalho fonográfico... E isto me lembra também que já falei deste episódio neste humilde espaço virtual... O que me traz o grande trabalho que realiza esta cantora da blogosfera: ela se lembra de um clássico da Música, pesquisa um grande filme onde tal canção tocou, e dita, em seguida, sua precisa interpretação. Hum, acabei me lembrando que eu já fiz coisa parecida antes, só que fora da internet...

Foram inúmeras as interpretações deste clássico, e, embora grandes intérpretes tenham preferido cantá-la com menos intervenção dos belos metais de uma grande orquestra (tal como o fez "The Voice" Frank Sinatra), eu ainda prefiro esta canção do jeitinho que toca por aqui (aperte o play abaixo e viaje), com a inesquecível e lindíssima introdução da grande Big Band de Harry James, tal como deve ser um clássico jazzístico desta época e da mesma forma que Woody Allen imortalizou em minha memória afetiva com seu belo filme (tema da personagem da sempre ótima Barbara Hershey, que sempre caía nas promessas de um adúltero Max vonSydow)... Segue a Suze Heck, do outro lado, a cantá-la do seu jeito, igualmente belo por sobre os sempre impecáveis arranjos do maridão Roberto... Seguimos todos, então, a lembrar, porque é preciso cantar ("mais que nunca é preciso cantar", como diria o Poetinha) e alegrar a vida ainda desconhecida de amanhã com as lindas canções imagéticas de nossas memórias, porém sem data de validade para a boa Música e para os bons desejos de sempre... Por isso, feliz 2014!

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6 comentários:

Suzane Weck on 29 de dezembro de 2013 às 13:33 disse...

Ola ,parabéns pelo excelente trabalho dando-nos de presente um texto personalizado e perfeito.Espero teres gostado de nosso trabalho em conjunto,pois eu gostei muito.Nestas férias ,sairei sem computador,celular,enfim sem lenço nem documento.........Na minha fantasia ,estou "pegando" estrada de braço dado com Carlitos para um lugar ainda indefinido para mim.Levo a lembrança de ter te conhecido um pouco melhor e ter a certeza de sermos "amigos para sempre".Meu maior abraço.SU

Suzane Weck on 30 de dezembro de 2013 às 08:52 disse...

Ola,ontem logo que fizestes a postagem fiz meu comentário á respeito,mas até agora não saiu no teu blog.Estou saindo agora e espero que este chegue ,pois ficarei fora um bom tempo.Adorei ter feito esta parceria contigo pois assim fiquei te conhecendo melhor e creio ficarmos "amigos para sempre".Parabéns pela postagem que achei excelente com tua personalização e muito bem redigida.Mais uma vez ,grande felicidade para ti e tua família emeu maior abraço. SU

Claudinha ੴ on 30 de dezembro de 2013 às 22:23 disse...

A música DIL sempre nos eleva. Momentos sempre tão especiais ficam marcados para sempre. Legal esta sua ideia de compartilhar um assunto com sua amiga, vou conhecer depois. Não sei se leu minha mensagem no Face, contando umas coisas chatas, mas que já se foram, graças à Deus.
Espero que todos estejam bem. Suas meninas e os nenéns. Feliz 2014, tudo de bom! Bjs a todos!

Claudinha ੴ on 30 de dezembro de 2013 às 22:29 disse...

Fui lá e conferi! A moça é fera mesmo! Boa escolha!
Beijos!

O Árabe on 3 de janeiro de 2014 às 17:04 disse...

A música é realmente linda... e o texto muito bom! Meu abraço, amigo; com algum atraso e toda sinceridade, FELIZ 2014!Bom fim de semana.

O Árabe on 7 de janeiro de 2014 às 17:07 disse...

Meu abraço, amigo... e boa semana! Aguardo o próximo post.

 

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