quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Tempo de Fellini
Se a preocupação com o tempo já me era demasiadamente cara, diuturnamente a inquietar minha obra, o que dizer depois que Isabela veio a este mundo: tempo vivo a olhos vistos a crescer... E, se os últimos 'posts' deste humilde espaço virtual guardam íntima relação com o tempo, nada mais justo que lembrar, neste janeiro, a mais que grata vinda de Federico Fellini ao mundo, um artista a frente de seu tempo, nascido no dia de São Sebastião (semana que vem se completam 91 anos de seu nascimento), falecido no dia das bruxas (de 1993): este gênio italiano me fascinou desde o primeiro filme seu que vi, Amarcord, aos 14 anos, até hoje viajando através de outras de suas obras-primas, como A Doce Vida, A Estrada da Vida, E la nave va, Os Boas Vidas, Noites de Cabíria... A ele, minha singela homenagem em forma de poema inspirado em sua obra feita de tempo, sonhos e poesia - mais especificamente 8 1/2, sua obra-prima maior...
Asa Nisi Masa
Para Federico Fellini
Eu me recordo
Da névoa de meus oito e meio
E de alguma coisa a mais digna de nota
Que posso ouvir de meus amigos
E de minhas amantes eternas
Que me fez chorar com o picadeiro musical
Da grande nave espacial
Que nunca decolou
Nem tampouco decolará
No universo de meu eterno filme sem princípio...
Choro, ao lado de meu amor,
Por ela não ter visto o homem
Que sonha
E que ao fugir, a voar por sobre os carros,
Desmorona,
Sem saber de onde poderá voltar...
Anda, corre,
Dá-me um chicote
Para segurar o tempo
E, depressa, achemos o tesouro
De dirigir a vida entre teus atores
Antes que o tédio de meus amores
Me lembre de que o filme já terminou...
(Dilberto L. Rosa, 2002)
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17 comentários:
É bom esse tempo que pára enquanto assistimos aos grandes filmes.
Ótimo poema-homenagem!
Beijo.
Dilberto, passando para agradecera visítae aspalavras de carinho deixadas lá no meu cantinho de rabiscos.
Vai passandio por lá quando em vez, um dia eu volto com todaa força.
Feliz 2001 pra vc também!
Dilberto, se quiser alguns rabiscos meus e da Sonia vá ao blog:
www.memoriasdesampa.blogspot.com
apareça e sinta-se em casa!
que ótema esta postagem!
costurasse tão bem os assuntos em torno do tema tempo :)
e ficou super bonita a homenagem.
grande abraço!
"Oh,Susana, não chores por mim...". Melhor ler o poema do Dilberto e ver os filmes de Fellini! Meu abraço.
Que homenagem Dilberto! Bateu fundo, lembrou as idas ao cine Pax com meu pai para ele colocar músicas e ajudar na projeção. Eu ia quando o filme permitia. E o poema de 2002 continuará para sempre homenageando o gênio Fellini.
Sobre Isabella e o tempo, tem razão, a vida com os filhos é outra!
Um beijo a todos!
Coincidência ou não, refletia terça-feira desta semana sobre o tempo...este chronos que consome sem ser consumido...boa forma de pensar nele a sua, em forma de poema. Bjs. Deus abençoe, Vi.
Dilberto,
Esse final de Oito e Meio, cuja música você apresenta, é dos maiores do cinema. Aliás, Fellini sabia terminar bem os seus filmes. Além de Oito e Meio, há os finais de A Doce Vida, de La Strada, de Noites de Cabíria, Grande Fellini. E Grande Nino Rota. Um abraço felliniano.
Poema bellíssimo, caro mio!
Já imaginou que seria de Fellini sem a música?
Adorei seu último comentário lá no meu cantinho, Dilberto, e peço desculpas pela presença inconstante por aqui. Veirei sempre que puder, com muito gosto.
Um grande abraço e um 2011 soberbo para você e sua família.
Rossana
Querido professor, primeiramente parabéns pela bela Izabela a sua cara. Esse sentimento de ser pai só sabe quem o é e também o valorisa; segundo a despeito de "Maria" 99,9% dos Católicos acredtam que a virgem nasceu e arrebatou-se virgem. Infelismente defino como cegos que não querem ler, pois a Biblia está a disposição de todos, portanto, em varias passagens destaca-se a presença dos 4 irmãos maternos de Jesus (Tiago, José, Judas e Simão) Novamente Feliz 2011.
Tem razão, Felline é atemporal, é eterno.
Obrigada pelo comentário no meu blog. A ideia do texto foi falar sobre o que vejo e infelizmente não conheci até hoje nenhuma exceção. A intenção não foi, em momento algum, ser preconceituosa, embora meu texto possa ser interpretado dessa forma.
Estou desenvolvendo a ideia do Complexo de Virgem Maria, em breve publico.
Abraços.
Camarada Dilberto: apropriada a homenagem em forma de versos ao mestre Fellini. Me fez lembrar do tempo em que o Hollywood ainda não tinha ocupado integralmente as salas de exibição cinematográfica.
Em relação às tuas andanças natalinas, referenciadas no post abaixo, bom saber que o final de ano te proporcionou bons momentos em companhia daqueles a quem queres bem, em especial a recém chegada Isabela.
Um abraço.
Sem palavras!! Belíssima postagem que relembra as aventuras oníricas de um mestre: Fellini
Meu caro Dilberto, como grande fã de cinema que sou, tenho uma certa propensão à falar bem de grandes mestres como Fellini, Bergman Kurosawa dentre outros.
Neste seu poema você conseguiu traduzir toda a nostalgia e alegria que sinto ao ver os filmes de Fellini. Suas películas sempre muito movimentadas e com incontáveis personagens (que vão de um acordeonista cego em “Amarcord” até uma diretor de cinema falido em “8 e meio”) ajudam a trazer para nossas vidas um tom alegre que cada vez mais vêm faltando.
Ótimo texto! E me desculpe por tão tardio comentário.
Abraços!
Adriano MB.
Caro Dilberto, a única conclusão a que chego é que aquele comentário não era pra você, mas pra outra pessoa, e eu fiz uma confusão da qual não tenho a menor idéia. Meu abraço.
Música com sabor a morna e a tango, que bonito!
Sinto uma sensibilidade especial por estes artigos, plenos de saudade. É o que me inspira tudo aquilo que me aproxima a um passado feliz na infância.
Algo similar me passou a mim, só que não estava num planalto, mas sim perto da estação de caminho de ferro.
Não sei se gostas de futebol... o escudo do Valência leva um MORCEGO, que em valenciano chama-se "rat pnat".
Abraços
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