...E no Oscar Também...

"Sem espaço para os velhos"...
Afastado das locadoras – e também dos cinemas, mas isso é estória para o próximo ‘post’... – já há um bom tempo, a fim de “pôr em dia” os tais 101 filmes da minha coleção, finalmente aluguei uma sacola de vídeos que, se não foi uniforme, porque tive de agüentar Nicholas Cage em dose dupla (por falta de opção dos tais “brindes de catálogo”, acompanhei o apenas “honroso” Torres Gêmeas e sacrifiquei-me a duras penas com o horroroso O Sacrifício!), pelo menos “encerrei” minha “lista dos indicados” ao Oscar de melhor filme deste ano!
Não que o Oscar seja parâmetro para qualidade, uma vez que muitos filmes venceram mais pelo alarde das bilheterias ou pelos ‘lobbies’ feitos... Mas, além de sempre atiçarem minha curiosidade o fato de determinados filmes terem chegado aos "5 principais", geralmente com trabalhos de atores ou diretores de que gosto, algo na Academia tem mudado nos últimos anos... E para melhor!
Lembremos do inefável ano de “Tchaitchênique”, há exatos 10 anos: se aquela bomba aquática foi laureada com 11 Oscars, pelo menos o excelente filme inglês The Full Monty – Ou Tudo ou Nada, concorrente no mesmo ano de Titanic, já acenava para uma melhoria futura nos candidatos ao careca dourado... Tanto que, ao longo desses últimos 10 anos, vários foram os filmes de qualidade, fora do circuito dos EUA e do eixo das superproduções, que apareceram na vitrine principal dos indicados a melhor filme (O Tigre e O Dragão, de Hong Kong, O Pianista, co-produção França/Alemanha/UK, Encontros e Desencontros, inteligente co-produção Japão/EUA, produção independente tanto quanto as ótimas comédias dramáticas Sideways – Entre umas e outras e Pequena Miss Sunshine e o excelente ‘thriller’ político Boa noite e boa sorte).
E, enquanto aguardamos se os indicados para a premiação do ano de 2009 (é sempre assim: todos os concorrentes têm de ser exibidos nos EUA antes do fim do ano anterior) continuarão esta gradual “abertura” para as realmente boas produções independentes/estrangeiras, faço aqui uma breve, apesar de tardia, análise sobre os ótimos indicados deste ano que, à exceção da superprodução floreada de época, porém competente, Desejo e Reparação, abriram um precedente não só em termos de qualidade como no critério “preço”: todos os quatro foram produções menores, de selos independentes!



Porém, mesmo com o sucesso dessas produções, ninguém estava preparado para Onde os fracos não têm vez, brilhante trabalho da parceria Irmãos Cohen/Javier Bardém (Direção/Produção/Roteiro Adaptado, e Ator, respectivamente, todos laureados com Oscar)! E por duas razões: primeiro, pelo verdadeiro soco no estômago da seca e (im)precisa estória de um assassino infalível com seus métodos nada ortodoxos numa implacável caçada contra um homem comum, embate "mediado" na trama por um velho e cansado xerife já sem esperanças (Tommy Lee Jones, sutil) –, tudo embalado num legítimo suspense de faroeste moderno! A segunda razão é ele mesmo: Anton Chigurh, o doentio e frio assassino de aluguel de princípios, brilhantemente "vivido" (muito mais que interpretado) por Javier Bardém, que imprimiu mais que um personagem para a Galeria do Cinema – criou, assim como no filme, um mito! Maior que um Liberty Vance ("Quando a lenda for maior que a história... Imprima-se a lenda!") ou um Frank (Fonda) de antigos clássicos como O homem que matou o facinora e Era uma vez no Oeste... Decididamente, os tempos são outros... Especialmente quando a Academia começa a voltar seus olhos para isso... Que venha 2009!

"– Estarei esperando..."
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