domingo, 16 de setembro de 2007

Animação, Minha Gente!


Não é de hoje que Animação é gênero independente do rótulo Infantil, há muito já não sendo mais "coisa de criança": não só grandes nomes japoneses, ao longo de décadas, inovaram em animações adultas, como Hayao Miyazaki (Porco Rosso e As Viagens de Chihiro) e Katsuhiro Otomo (Akira), como a norte-americana Pixar trouxe um novo universo para o Cinema desde que criou obras-primas em 3D adultas com "caras infantis", como Toy Story e Procurando Nemo.

Não por acaso que considero o melhor filme do ano, dentre os filmes a que assisti nos cinemas, o ótimo Ratatouille, do sempre preciso Brad Bird (O Gigante de Ferro e Os Incríveis), também da Pixar! Menos por acaso ainda que esse gênero esteja arrastando multidões às salas de exibição, catapultando o engraçadíssimo Os Simpsons – O Filme (com um roteiro bem amarrado nos personagens da louca família de Springfield, que já resistiu a temporadas bem mais fracas nos últimos anos de TV) à posição de filme mais visto no Brasil em 2007, à frente de 'blockbusters' sem nenhuma novidade como Duro de Matar 4.0!

E o Brasil só tem crescido nesta matéria! Desde os feitos heróicos de bons trabalhos voltados para o público infantil, como os antigos desenhos da Turma da Mônica, do Maurício de Sousa, e O Grilo Feliz, de Walbercy Ribas, o veterano gaúcho Otto Guerra, além de sempre ter honrado a tradição dos ótimos curtas de sua terra (em "clássicos" como Treiler e Novela), tem-se mantido firme na condução de grandes adaptações de nossos famosos quadrinhos adultos, como no curta As Cobras, das tiras do Veríssimo, e Rock e Hudson, do Adão, atualmente com a transposição literal das tiras ácidas da revistinha oitentista Chiclete com Banana: Wood e Stock – Rock, Orégano e Rock'n Roll, mesmo com alguns 'déficits' no roteiro ou na animação, é delicioso ao trazer Rita Lee como Rê Bordosa, Tom Zé como Raul Seixas (num delírio de Wood), uma ótima trilha sonora e uma estória que une todos os personagens do genial Angeli (Rhalah Rikota, os Escrotinhos, Mara Tara e os revolucionários-utópicos Meiaoito e Nanico) numa colorida produção!

Para terminar, mais uma animada novidade: o pessoal da Animaking, responsável pelo clássico comercial das Tortuguitas (aquele em que a tartaruguinha de chocolate preto come a cabeça da de chocolate branco – "Estúpida...") e por outros ótimos curtas animados publicitários, vai lançar um longa baseado no seu excelente curta Minhocas, a que tive o prazer de assistir no Curta Criança das manhãs de domingo da TVE – temas adultos e inteligentes numa divertida embalagem "infantil" em 'stop-motion'! É torcer pela animação cada vez maior de nossos produtores!

A Bunda e O Ralo...


Nem só de bunda vive o Cinema Nacional, mas de boas idéias, ótimas interpretações e grandes filmes! Tudo isso pode ser facilmente encontrado no "segundo melhor" filme do ano, O Cheiro do Ralo, ainda em exibição em algumas salas. Adaptado do livro homônimo do quadrinhista/romancista Lourenço Mutarelli (que faz uma divertida participação como um segurança) pelo diretor pernambucano Heitor Dhalia (do bom Nina, também no 'pop' com um pé nos Quadrinhos, com arte de Mutarelli), o filme oscila entre o realismo, o humor negro, o 'nonsense' (impagável o "olho" do "Pai Frankenstein"), o grotesco e a sátira bem à brasileira! É Selton Mello brilhante num personagem loucamente engraçado, "grande e complexo, próximo de Gary Oldman, Irmãos Cohen; é pop, mas é maldito, é patético, é solitário, meio mafioso; um filme a que eu gostaria de assistir", nas palavras do próprio ator (e aqui, também co-produtor), o melhor de sua geração.

É, acima de tudo, inteligência em película reta, porém com as devidas nuances de pequenos curtas, que permeiam tudo através: do ralo, como uma metáfora para o "cheiro" que vem do próprio personagem, sem sentimentos e sem vida ao viver da compra de objetos usados por pessoas desesperadas por qualquer trocado; da "coisificação do poder", através da exploração das tais "pessoas desesperadas" e do dinheiro que "magicamente" sai de sua gaveta (ironicamente, não é mostrada nenhuma venda dos objetos comprados e só há um breve, porém ótimo, 'take' do galpão de coisas acumuladas); e de uma perfeita bunda, no caso, de uma garçonete (a bela e competente Paula Braun, legítima "alemã no corpo de brasileira"), início e fim de uma espécie de "redenção", que, se não se completa, aparenta libertar através da personificação do próprio ralo...

Parece Cinema bruto em muitos momentos; parece com algumas concessões, em outros... É Cinema Brasileiro premiado (no Rio e em São Paulo) de ótima qualidade: com bunda, roteiro, Selton Mello, Tiazinha e... Ralo – para o bem e para o mal!
 

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