sábado, 15 de março de 2014

Chico e Os Outros Maurícios

Tirando uma ou outra edição especial de relançamento das boas histórias antigas, que sempre comprei com gosto, eu me afastara completamente do universo de Mauricio de Sousa há bastante tempo. Seja por causa da falta de originalidade a partir do comecinho dos anos 90, com visíveis empobrecimentos dos traços e dos enredos (muito em razão da desenfreada sana do desenhista-empresário em atingir tantas mídias e faixas etárias ao mesmo tempo), seja pelo excesso de personagens que começou a inundar as revistinhas, o nível caiu ao de uma mesmice infantilizada, quase de apenas uma vitrine para venda de produtos licenciados (bonecas e brinquedos em geral, roupas, DVDs em série etc.)...

Isso até o período entre o final do ano passado e o começo deste, quando um dos meus personagens mais queridos, o adorável caipira criado para tirinhas de jornal em 1963, Chico Bento (que, assim como a Mônica, começou como coadjuvante), surgiu com duas novidades que me motivaram a voltar aos Quadrinhos MSP: Chico Bento Moço, que, apesar da atraente premissa sentimental sobre os meninos da roça nos primeiros dilemas da juventude, como a faculdade, decepcionou-me bastante e não passa de uma fraca transposição do estilo da ruim de Turma da Mônica Jovem para o pessoal do interior, com o aborrecido traço no estilo "mangá" (tanto que fiquei só no primeiro número, com o Chico indo cursar Agronomia na "capitar"); e, do finalzinho de janeiro vem a divertidíssima Clássicos do Cinema 41 - Super-Home, com levada no melhor estilo MAD a satirizar não só a melhor adaptação cinematográfica de HQs de todos os tempos, o clássico Superman - O Filme (com direito a Chico Bento como Chickael/Clark Bent e Zé Lelé como Lelex Luto!) como também a homenagear inúmeros outros grandes da Ficção Científica, como E.T., o pessoal de Guerra nas Estrelas, dentre outros – diversão nerd garantida para todas as idades!

E olha que esta minha grata surpresa vem a ser o primeiro exemplar que compro de uma linha que brinca com filmes de sucesso: fiel à boa simplicidade dos "planos infalíveis" do Cebolinha ou ao mundo de inocência debochada do Chico de até então, por exemplo, não curtia muito aquelas historinhas metidas a engraçadinhas distantes dos universos normais do Limoeiro ou da Vila Abobrinha... Talvez por isso jamais tenha gostado das mais novas incursões da Mauricio de Sousa Produções, as tais graphic novels  da linha Graphic MSP, com releituras mais adultas ou realistas dos seus antigos personagens por novos e grandes nomes do Quadrinho nacional, como Danilo Beiruth (Astronauta - Magnetar), Vitor e Lu Cafaggi (Turma da Mônica - Laços), Gustavo Duarte (Chico Bento - Pavor Espaciar) e, mais recentemente, Shiko (Piteco - Ingá): à exceção da saudosista Laços (já comentada por aqui), nenhuma delas me cativou, uma vez que nada guardam dos originais, jamais criando empatia para leitores mais tradicionais como eu... 

Se for para ver novas caracterizações dos famosos tipos do Mauricio, prefira a divertida MSP 50: Mauricio de Sousa por 50 Artistas, onde grandes talentos do traço nacional (veteranos Laerte, Ziraldo e mais jovens como Fábio Moon e Gabriel Bá) respeitaram bem mais os medalhões da casa com suas versões afetivas da Turma da Mônica, do Chico Bento e de outros adoráveis secundários (Louco, Astronauta etc.) – de tão boa, já gerou duas continuações e outros tantos correlatos (como o recém-lançado Mônica(s)).

Mas nem só de modernidades caça-níqueis ou releituras por outros artistas vive o império deste super-ativo octogenário: houve um tempo em que o Mauricio era um cara tremendamente criativo, ali por entre o seu apenas razoável começo de carreira nos jornais dos anos 60 e o seu auge nas revistinhas da Abril dos anos 80 – são dessa época os quase desconhecidos do grande público Os Sousa, referência ao sobrenome do próprio autor, com piadas de comportamento sobre uma família de classe média dos anos 70 que funcionam bem até hoje, e Nico Demo, humor politicamente incorreto com um garotinho (nem sempre) inocente diante das tragicomédias da sociedade. Infelizmente, nenhum dos dois teve vida longa nos Quadrinhos: sem obter o mesmo sucesso das "turmas" famosas, as poucas tiras publicadas encontram-se hoje em dois livrinhos de bolso da editora L&PM Pocket...




 

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