sábado, 25 de janeiro de 2020

"Moranguinho Mallando"
e a Dublagem em minha vida...
(Uma postagem "totalmente excelente"!)


- O que EU quero? É o que eles querem! E é o que todo cara que veio pra aqui, que se arriscou e deu tudo de si quer - que nosso País nos ame assim como nós amamos ele! É isso que eu quero...
- Como você vai viver?
- Dia a dia...

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Vozes da minha infância...
Calma, querido blogueiro de plantão: o excerto acima não deve ser parâmetro sobre este pobre escriba que vos fala, que ainda não se bandeou para as fileiras dos acéfalos bolsonaristas do lado negro do front! Na verdade, o trecho supracitado faz parte do final do igualmente acéfalo Rambo II - A Missão (acompanhe o original a partir de 9’43’’ no vídeo acima), escrito e estrelado pelo musculoso adorador de símbolos de guerra estadunidense Sylvester Stallone: na última cena do filme em questão – que, apesar de unidimensional e ufanista, ainda é divertido e bem melhor que o absurdo Rambo Até O Fim, o pior título do ano passado – , John J. Rambo tem o referido diálogo com o amigo Cel. Trautmann (vivido pelo finado Richard Crenna). E o faz, na versão brasileira, com a bela e inesquecível voz de um dos maiores dubladores do Brasil de todos os tempos (sendo o meu favorito), André Filho – que, além de Stallone, também emprestou sua voz a ou outros astros e personagens famosos dos anos 70 e 80, como Christopher Reeve (ele foi, até sua morte em 1997, a “Voz do Super-Homem” original, em Superman I, II, III e IV), O Homem Biônico (Lee Majors), Burt Reynolds e Sean Connery (neste caso, o timbre similar e o famoso chiado carioca caíam como uma luva para emular e adaptar o sotaque do astro escocês)!

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Como eles cresceram...
E esse diálogo, em particular, assim como inúmeros outros - como as hilárias passagens, que sabia de cor, de Gene Hackman/Lex Luthor em Superman II, dubladas pelo grande Darcy Pedrosa (famoso por ter sido, além de Hackman, a voz oficial de Jack Nicholson e Anthony Hopkins até seu falecimento, em 1999) -, eu adorava reproduzir quando das milhares de reprises exibidas na TV ou no meu VCR, diminuindo o som do televisor e brincando com os amigos, que adoravam ver e ouvir minhas imitações e tentativas de sincronizar minha fala às das bocas dos atores na tela do 14 polegadas de mamãe... E, completando o quadro ao acompanhar então atores mirins globais, como Oberdan Jr. e Danton Mello (assim como seu irmão, Selton Mello), ambos apresentados na novela A Gata Comeu, cobrindo as vozes de filmes incríveis como Karatê KidOs Goonies e Viagem ao mundo dos sonhos, já ficava fácil dizer o que eu gostaria de ser quando crescer: se não desse certo o lance de desenhar casas (sempre que eu as desenhava, diziam que eu seria arquiteto...), eu seria dublador! Afinal, tinha facilidade em criar vozes, adorava Cinema, decorava longas falas com facilidade e já "treinava" brincando disso nas horas vagas, fosse nos repetecos em casa, fosse no colégio, com o amigo Henrique Spencer, tirando sarro de gentes ao longe, que nem faziam ideia das besteiras que inventávamos "ao vivo", de improviso, por sobre suas falas inaudíveis...


O falecido Gugu oferece um aparelho de som a quem dos seus convidados (entre eles, Angélica) descobrir os dubladores de Chaves e Chiquinha: mais anos 80, impossível!

Como já dito inúmeras vezes aqui neste humilde espaço virtual, por ter descoberto o universo da Sétima Arte graças ao videocassete no final dos anos 80, muito daquela diversão passava necessariamente pelas gravações caseiras, nas fitas em VHS, dos clássicos da Tela Quente, Temperatura Máxima e da Sessão da Tarde para rever milhões de vezes depois: assim, tome versões dubladas nos Estúdios da Herberth Richards, BKS, VTI-Rio, AIC-São Paulo, Delart e, em alguns casos mais esporádicos de produções exibidas no SBT, Estúdios Marshmallow (posteriormente, MAGA, abreviatura de Marcelo Gastaldi, proprietário e diretor artístico, a grande voz por trás de Charlie Brown e Chaves/Chapolin)... Era o auge do dito “Cinema em Casa” (não por acaso, nome de conhecida sessão de filmes no canal do Silvio Santos) e a maioria das pessoas não abria a mão da preguiça mental do lar nem mesmo para ler legendas! Por tal razão, muito tempo antes de independentes faixas digitais de áudio darem escolha ao espectador entre a versão dublada e o idioma original com legendas na atualidade, as locadoras costumavam encher suas prateleiras com cópias dubladas dos títulos mais populares uma vez que nem só crianças preferiam acompanhar os seus filmes favoritos sem legendas...

Resultado de imagem para josé santa cruz dublagemMesmo sem muita opção na época, já me inclinava para o som original quando havia oportunidade, como numa sessão legendada de cinema (além de se vivenciar melhor a interpretação dos atores, o som e os efeitos sonoros eram melhores e menos artificiais do que nas dublagens)... No entanto, acabávamos nós, os aprendizes de cinéfilos daquela geração, a termos nossos dubladores favoritos. Porque, chegando à adolescência, já sentíamos saudade do dizer "Versão Brasileira: Herberth Richers..." feito por Márcio Seixas (Batman - A Série Animada; Leslie Nielsen etc.); não havia a mesma emoção, na Televisão ou nalgum aluguel desavisado de fitas quando Harrisson Ford surgisse na telinha com outra voz que não fosse a de Garcia Júnior (a “Voz do He-Man”); ou não era tão engraçado quando Eddie Murphy era feito pelo Mário Jorge, por mais talentoso que este seja até hoje, no lugar do saudoso Waldyr Santanna, o HommerSimpson original e o Terêncio, da novela Roque Santeiro! Como, para ser dublador, sempre foi necessário ser ator profissional (ou locutor de rádio, como se dava antigamente, em que um jovem Lima Duarte deixava as rádios diretamente para dar voz ao Manda-Chuva), muitos atuavam na TV além das dublagens e acabavam reconhecidos por suas vozes marcantes no meio de alguma novela – casos de Isaac Bardavid (a eterna “Voz do Wolverine”, do Esqueleto e de tantos outros personagens icônicos: hoje, com a voz mais embargada, já atua bem pouco...), da eterna "empregada doméstica das 8h" Maria Helena Pader (Glenn Close como Cruella Cruel, Angelica HoustonFran de A Família Dinossauro etc.), Nizo Neto (filho do Chico Anysio que dominava os anos 80 personificando Tom Hanks e Mathew Broderick), do comediante José Santa Cruz (facilmente reconhecível por vozes mais caricatas, como o Dino da Família Dinossauro, e cômicas, como a de Danny DeVitto, embora interpretações mais sérias de gentes como Ian McKellen também marcassem sua carreira) e de Hélio Ribeiro (famoso por normalmente interpretar advogados em participações na Globo e por ser a “Voz de Steve Martin” e de Robert DeNiro).

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"Para o infinito e além...": símbolo de infância...
E não havia como não ser igualmente fã das mil e uma vozes muito antes feitas para os desenhos animados dos anos 60 e 70 que já fazia com maestria o pessoal da geração anterior àquela com quem eu descobria a dublagem – como não se lembrar, por exemplo, do Marinheiro Popeye, Gato Guerreiro (da animação He-Man), ALF O E.T.eimoso, Scooby-Doo ou O Vingador (de Caverna do Dragão), todos na icônica voz do hoje centenário Orlando Drummond (o eterno Seu Peru da Escolinha do Professor Raimundo, aposentado desde 2014) ou Mário Monjardim e as eternas caracterizações de seus "Ô, diabos!" para personagens como Salsicha (Scooby-Doo), Pernalonga e o ator Gene Wilder - artistas que, com certeza, influenciaram diretamente não só a mim como também grandes dubladores que os seguiram, como os grandes Miriam Ficher (voz de Nicole Kidman, Jodie Foster, Wynona Ryder, Meg Ryan e Angelina Jolie), Nelson Machado (cultuado por seus trabalhos como o Quico do Chaves e Chucky, o Brinquedo Assasssino), Márcio Simões (Coringa de Heath Ledger, Kevin Spacey, Samuel L Jackson), Manolo Rey (a eterna "voz de adolescente" por trás de Tobey Macguire e Michael J. Fox), Marcio Ribeiro (Robert Downey Jr., Tom Hanks Jim Carrey), Ricardo Schnetzer (dos "marrentos" Nicholas Cage, Al Pacino e Tom Cruise) e, por último, mas nada menos importante, Guilherme Briggs, espécie de ídolo nerd de milhões de internautas em decorrência do imenso apreço das novas gerações pelos seus trabalhos mais recentes na telinha, como Buzz Lightyear da franquia Toy Story, e graças ao seu canal de bonecos e vozes no YouTube (em que se vale, com humor adolescente em seu apartamento, para fazer rir com suas coleções de bonecos de personagens dublados por ele mesmo, como o transformer Optimus Prime), tornando-se, com isso, o maior e mais popular representante moderno daquela Velha Guarda cheia de maneirismos vocais diferentes...

Muito do charme de Willys veio com a voz de Newton da Matta
Porque não há como negar que esta profissão carregue algo de muito lúdico e especial para todos que acompanham aquele filme ou seriado marcado pela voz de outro artista que não o intérprete original – ainda mais para aqueles que cresceram com essas sendo "as vozes" dos seus tipos favoritos! Só é de se lamentar que, apesar de toda a preferência voltada para as exibições legendadas, eu ainda me compadeça ao perceber, nalguma exibição na TV aberta ou mesmo paga, algum filme da minha infância ou adolescência tendo sido redublado... Só para citar um exemplo: os astros que antes "pertenciam" ao saudoso André Filho, como Stallone ou Christopher Reeve, passaram para Luiz Feier Motta – que, por mais talentoso que seja (ele, por exemplo, fez a voz do Narrador das Meninas SuperPoderosas), tem poucas inflexões se comparado ao mestre anterior... Afora o "choque" que tenho a cada vez que o ouço nalguma cena antes interpretada pelo André! De concluir que, tal como se dá com aquela "interpretação definitiva" na nossa canção preferida, sempre teremos nosso dublador ideal para determinado ator – não consigo ver, de jeito algum, Bruce Willys desde que sua "voz oficial", Newton da Matta (Lyon, dos Thundercats; Terence Hill etc.), faleceu e levou consigo toda a malandragem do eterno "John McLane"... Logo, por mais informativo que esta postagem tenha sido, a grande maioria das vozes aqui citadas já nem são mais ouvidas nas atuais versões brasileiras, a não ser que a dublagem original não se tenha deteriorado ou envelhecido tanto ou ainda que tal cópia passe somente naquelas sessões Corujão, ocasião em que só os mais velhos e saudosistas restarão insones em frente à TV para se deliciar com alguma voz antiga do seu passado afetivo...

Justamente por isso que, nesses tempos de saudosistas cultos virtuais, os dubladores acabaram se tornando pequenas celebridades festejadas nos mais diversos eventos de cultura geek pelo Brasil inteiro! Como também ocorre de, até hoje, gerações inteiras a partir dos anos 80 se divertirem de forma quase infantil com uma boa molecagem em torno de locuções e dublagens – vide os sucessos televisivos de dois fenômenos culturais da antiga MTV (anos 90 e 2000): as narrações esportivas feitas pelos comediantes Marco Bianchi e Paulo Bonfá nas disputas de Futebol Society entre famosas bandas brasileiras no campeonato RockGol – em que pululavam apelidos aos roqueiros e regueiros na disputa ("Wolverine Valadão" para Nazi; "Chiliquenta" para Tony Garrido etc.), pérolas como "Totalmente excelente", "Tirem as crianças da sala" e "Maravilha, Alberto!" emulavam bordões futebolísticos antigos e interrupções das partidas mais modorrentas ao cantarem "clássicos" infantis em Inglês como Swimmingpool e I love the flowers no meio das locuções... E a sessão cult Tela Class, última criação do genial grupo Hermes e Renato naquele canal (a trupe se acabaria, literalmente, na TV Record no programa Legendários, alguns anos depois), em que os despirocados paulistas de boca suja escolhiam a dedo filmes Z desconhecidos e lascavam-lhes dublagens toscas e, justamente por isso, hilárias...

Sempre que eu posso, compro morangos e tento fazer esta sobremesa exótica em casa, moranguinho mallando, (embora tenha conhecimento de que só o original era "uma diliça", a ser colhido somente por alguém com a bravura de um Hércules de quinta categoria por entre assombrosos perigos bem trash... Inesquecível deboche da trupe do Hermes e Renato, num dos mais lembrados episódios do seu Tela Class da MTV, homenagem a todos aqueles com paladares únicos - e acabam gostando de "javali com cheddar" - ou que, simplesmente, sempre adoraram uma divertida dublagem...

sábado, 18 de janeiro de 2020

Olha só o que eu achei...

Já estava sendo contaminado por fungos, dado que havia ficado numa caixa na varanda - com todas essas chuvas e esse meu parar no tempo, com tanto pra fazer... Mas nunca é tarde para absolutamente nada e eis que, em meios às tristezas de ver como perda total alguns escritos e desenhos originais das décadas de 80 e 90, consegui salvar este exemplar muito caro (especialmente para os quirópteros amigos que mantêm este espaço virtual diretamente de por cima da minha cabeça) numa arrumação deste domingo: o escrito original do meu primeiro poema, Morcegos e marcado como tendo sido feito às 2h da manhã (uma pontinha rasgada não permitiu que se visse o dia ou o mês... embora eu creia ter sido outubro) - acrescido de desenhos em Quadrinhos que começaria a fazer sobre um super-herói criação minha, Bracelete Azul (mas que, pelo visto, foi interrompido completamente pela Poesia e tomou um novo e inesperado rumo: passei a escrever mais que desenhar... Até virar escritor!).

A Poesia tem mesmo vida própria por intermédio dos seus poemas - a Poesia ama, segue, é viva, nunca para... E ainda cai, por sua noção maior de pertencimento, mansamente, sempre em nossas mãos, na lembrança etérea de um papel rabiscado de mais de 25 anos atrás...


domingo, 5 de janeiro de 2020

Passando só pra desejar um poema autoindulgente...

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Equilíbrio para os novos dias: que se irrompa o novo no ano, mas nunca se rompa a corda...

Foi um ano imbatível em postagens: por entre poemas, crônicas, ensaios, críticas e até o início de um romance literário (6 capítulos), os 53 posts de 2019 (um número para não esquecer!) só não conseguiram superar os 79 de um 2006 aparentemente desocupado (tenho esses borrões sobre o meu tempo...)! Por outro lado, os Morcegos e eu fomos batidos em tantos ringues inclementes... A Vida é mesmo esse grito que não chega antes de aprendermos com as dores e os prazeres de uma tarde perdida no tempo - e, assim, cada ano passa como as batidas de asas de meus amigos quirópteros, num farfalhar festivo e melancólico que nos cobra coragem a cada segundo, minuto, hora, dia, semana, mês e ano ao lado de uma Poesia nem sempre indulgente...
Autoindulgente

Quando vieste pra mim
Falando desse teu lugar no mundo
Por que tanto buscas
Pensei que nele eu fosse me encontrar
Nalguma esquina,
Mas não...
Queres é falar de coração só
Que não se encaixa na vida
De ninguém:
Tu não te achas
E a culpa é de quem estiver
Perto - o mais perto que
De ti se encontrar...

Isso não é certo:
Aperta e machuca
No calo mais seco
E longevo desta caminhada
Em que te sigo calado...

Porque, ao teu lado,
Sou de infernos e maravilhas
- Que maçada: achas,
De verdade, que não tenho medo
Se, mais cedo, quase
Não saio naquela rua
De assalto à luz do dia,
E, por muito pouco não escapulo
Do último ano
Simplesmente pra não encarar
Cada aflição de meu entorno
Que me cobra solução?
Então, do que te defendes
Se de ti faço parte,
Contigo converso
Em diversos apartes sem fim
Em qualquer dessa ilha
De ti mesmo
Em que decidires
Parar a porcaria do teu carro?

Escarro e cuspo o volante:
não vou adiante até desceres,
Consertares o para-choque e
Todos os outros amassados
Que teu verso mais tolo procrastinou!

Que não dá nem pra cozinhar
Se estando assim:
Até na mais simples receita
Te perdes no sal
E deixas amargar no limão
O frango do yakissoba que
Era pra ser o prato principal...
Assim tu não te dobras
Nem aprendes, origami,
Duro e colado a esse
Papel-cartão!
Prefiro chorar ao final
De uma animação japonesa
Em triste, porém colorido
Movimento animado
A aplaudir o filme da moda
Que, parado,
Nada tem a me dizer...

Agora me diz
Tu (se fores capaz):
O que será de nós
Sem teus arranhões
Logo depois de meus ais?

Não, tu - tu birras
Como teu filho mais sensível!
Não és mais criança...
E minha tolerância indulgente
Não coaduna com arrogância
De gente perdida
Que diz amar demais: aumenta,
Me abre esse vinho
E me oferece a contradança
Desse ritmo de que não
Nos esquecemos jamais
- Que não deixo,
Não te deixo, muito menos
Largo a mão...
Tanta letra linda e solta
Pelos céus sociais
Só podem estar a dizer
De novos dias
Cheios de cores e dores astrais
Por entre mil ações por arremeter.

E, por mais que às vezes esconda
O sorriso de menino de nossa boca,
Sempre te acho a lavra e a verve
De cada amor que se perdeu
- Este papel em branco é teu...

Então... Escreve!

(Dilberto L. Rosa, janeiro de 2020)
 

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