segunda-feira, 22 de outubro de 2018

ROBOCOP
Contra o político do Passado...

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Antes de ser tragado como uma máquina sem consciência pelo sistema, olhe-se no espelho... e lute!

O greco-americano Basil Poledouris realizava, então, uma das suas mais belas partituras, capaz de unir pungentes sintetizadores ao seu lirismo e à sua verve épica típicos de trilhas sonoras anteriores, como no ótimo Conan, O Bárbaro; Edward Neumeier e Michael Miner escreviam seu primeiro (e melhor) roteiro para o Cinema, poucas vezes se vendo falar em manipulação midiática, exploração da classe trabalhadora e corrupção no sistema com tanto cinismo; e o diretor holandês Paul Verhoeven, depois de seu primeiro trabalho estadunidense, o excelente Conquista Sangrenta, sentia-se em casa para desfilar seu mórbido humor misturado a muita violência bruta e crítica social sob a sempre segura fachada futurístico-tecnológica da Ficção Científica... Não tinha como ser diferente: com aquela reunião de talentos no momento certo, aquele recessivo 1987 de fim de Era Reagan, nascia a pequena obra-prima Robocop - O Policial do Futuro.

Imagem relacionadaComo é praxe no subgênero da FC, a sinopse principal até parecia um libelo ao Neofascismo norte-americano e seus heróis oitentistas do Cinema, como no lamentável Rambo II - A Missão: Alex Murphy, um policial correto e bom chefe de família, é brutalmente assassinado, mas "renasce" robotizado e se transforma numa máquina blindada e imbatível de combate policial contra o reinante caos criminal num realista futuro próximo. No entanto, o que torna Robocop algo completamente diferente do descerebrado cinema  de ação da época (apesar do então muito criticado título original do filme) são as entrelinhas do roteiro, a verdadeira história em si: um homem destruído e reprogramado se rebela contra a grande corporação que o criou e que controlava escancaradamente o Governo, a indústria bélica, os militares e a própria Polícia; e, como não só a Polícia como todo o Sistema eram corruptos, a outrora máquina demolidora começa uma guerra-de-um-homem-só (assessorado por uma mulher, sua antiga parceira policial, sem finalidade romântica na trama!) a fim de buscar sua humanidade por meio de uma incansável vingança contra uma ainda que pequena fatia de todo aquele carcomido regime gananciosamente totalitarista.

Já não existiam mais as máscaras dos poderosos em relação a qualquer preocupação com políticas públicas e sociais - afinal, armas e seu lucrativo negócio internacional são algo muito mais importante do que bem-estar social! Noutras palavras: um soco no estômago de políticas estadunidenses que beneficiavam as grandes empresas e inúmeros políticos, que lucravam com os absurdos de um só aparente "crescimento econômico", capitaneados pelo ator-caubói transformado em político ultraconservador e nacionalista Ronald Reagan, mas com gigantescos cortes no orçamento social e, em contrapartida, estrondosos gastos militares e armamentistas - o que gerou um grave período de recessão do qual os EUA jamais se curariam completamente até hoje... Algo similar aos duros anos 80 brasileiros, em que amargávamos imersos na hiper-inflação e nas consequências de desastres "desenvolvimentistas" após 30 anos de Ditadura Militar (DITADURA, sim; e não "Movimento", muito menos "Revolução"!), como a completa dependência dos EUA (que muito colaborou no Golpe de 64) e do FMI, obras faraônicas do calibre de uma Transamazônica e falsos "projetos sociais" como o BNH e o indecente MOBRAL, tudo bem mascarado por uma comprada mídia conivente com um ridículo "milagre econômico" do petróleo nacional e um oba-oba patriótico mequetrefe derivado dos tempos da conquista do Tri - isso tudo sem falar nas desumanas atrocidades de torturas e assassinatos "pelo Estado" cometidos por sádicos militares tiranos e sedentos de poder, sórdidas heranças destruidoras de qualquer projeto de país democrático...

Imagem relacionadaO pior é que tal realidade não mudou muito... Agora eu vejo, bestificado, como que diante de um distópico filme futurista a repetir o pior do Passado, a absurda e concreta ascensão ao maior cargo eletivo nacional de um ex-militar preconceituoso, indisciplinado (capaz de planejar ataque de bombas contra o próprio Exército por razões salariais!), desonesto (além das milhões de fakenews e dos polêmicos aumento absurdo do patrimônio da Família Bolsonaro e recebimento indevido de auxílio-moradia, ainda recebeu propina da JBS), adorador das torturas ditatoriais e dos EUA (capaz mesmo de prestar continência à bandeira estadunidense!) e político medíocre sem projeto algum, graças a milhões de brasileiros que jamais estudaram História ou se inteiraram da Política nacional antes de verem, na internet, movimentos "apartidários" e "contra a corrupção" (como o ignóbil MBL e seus financiamentos escusos) "indo pra rua" de camisa da Seleção (logo a corrupta CBF?!) e espalhando bravatas antidemocráticas e arroubos de "honestidade", "patriotismo" e "religiosidade" típicos dos arcaicos anos 60, fico a me lembrar dos abandonados operários da velha Detroit de Robocop, que, diante da construção da moderna cidade Delta City em meio à violência escorchante e grave crise econômica vigentes, são vistos apenas como "mais oportunidade de lucrar com jogo, tráfico e contrabando", cuja única "salvação" adviria de uma máquina brutal a "serviço da lei e da ordem", sem sentimentos e sem nome, mas restaurador da "paz" - desde que não se voltasse contra qualquer membro da megacorporação Omni Consummer Products, que administrava a Polícia, as Forças Armadas...

Hoje, lembrando-me de um rico detalhe cinematográfico de minhas fustigadas retinas sentimentais, um interessante barulho que o ciborgue personagem fazia ao abrir algumas portas ao longo do filme (na verdade, duas - e o barulho vinha do abrir seus braços: uma na sua primeira aparição social, numa loja de conveniências; e outra, ao final, ao abrir o escritório central da OCP), fui pesquisar algumas dessas cenas e descobri que uma sequência do Robocop de 87 (esqueça, portanto, as lamentáveis partes 2 e 3, as inúmeras séries televisivas e o interessante, porém desnecessário reboot de 2014 feito por José Padilha) vem sendo trabalhada desde o fim do ano passado pelos roteiristas originais e já conta até com um diretor, Neil Blomkamp (o mesmo do inteligente Distrito 9), que promete não só a "boa e velha ultraviolência" do clássico de Verhoeven como também a volta do "Murphy original", o cult Peter Weller e suas magistrais mímicas robóticas - sem dúvida, uma excelente notícia para os cinéfilos! Mas uma pena, uma vez que, mais de 30 anos depois, o mundo continue corporativamente fascista e o povo, mais uma vez, esteja sendo conduzido acriticamente para a repetição de velhos universos distópicos de inescrupulosos empresários e ridículos personagens robotizados e adoradores de imperialismos bélicos, sem qualquer proposta para os complexos problemas sociais de uma Nação, sejam tratados como um "mito", tal qual algum cinematográfico "herói matador" dos filmes B dos tristes anos 80 - sem a menor chance de rebeldia ou de redenção humanizada...
- Esstou debilitado para oss debatess, mas faço campanha militarissta numa repartição pública, aqui no BOPE...
"E podem ter certeza que, em chegando lá, teremos um dos nossos lá em Brasília... CAVEIRA!"
 

+ voam pra cá

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