Mesmo que eu nem fosse profundo conhecedor de sua obra, ele foi tantos que eu sempre gostei de todos... |
Eu me lembro de detestar um hit do Nenhum de Nós do final dos anos 80, Astronauta de Mármore: mesmo sem conhecer ainda o original daquela tosca versão brasileira, tudo me pareceu fake demais, em dissonância com o suporte daquela magnífica melodia - em sua defesa, o vocalista do grupo, Thedy Correa, até hoje lembra a aprovação do próprio Bowie e defende a "liberdade poética" da sua não-literalidade na criação (o universo do Major Tom e o mundo alucinógeno das drogas)! E eu não estaria errado, não: alguns anos depois, quando o grande David Bowie finalmente me seria "apresentado" por alguns seletos amigos e seus LPs - ainda bem, porque, assim como com Chico Buarque, a Música do multifacetado inglês "morre" quando sintetizada em remasterizações em CD -, simplesmente viajei para as estrelas com a primeira coisa que conhcei: sua versão teatral "musical da Broadway" do seu Starman (que, ao contrário do que muitos acreditam, não é o Ziggy Stardust do título daquele memorável disco: este é, na verdade, o "mensageiro terrestre" do tal "homem das estrelas") e, tempos depois, delirei com as aventuras do astronauta Major Tom em várias canções (inesquecível, obviamente, a "principal", maravilhosa lição de vida de Space Oddity, sem esquecer Ashes to ashes, com novas "viagens" do personagem)!
E isso tudo quase que paralelamente às minhas descobertas cinematográficas do camaleão do Rock e das artes - e como eu adorei o seu Andy Warhol (ele mesmo ou vidas paralelas de épocas paralelas?!), o seu rei dos duendes labirínticos e o seu vampiro de fotografia estilizada do igualmente saudoso Tony Scott... Mas, para além de seu enorme talento nas telas e seus inesquecíveis Furyo e Tesla, decididamente Bowie, com seus olhos diferentes e sua sexualidade "moderna", foi um homem que caiu na Terra e, tal qual outro mutante de paragens distantes (como o nosso pavão misterioso e igualmente andrógino brincalhão e contestador Ney Matogrosso), foi tão vanguardista e inovador em cada cabelo incrível, cada figurino extravagante e cada maquiagem espalhafatosa que, mesmo passadas tantas décadas, nem uma única foto com o artista, nas suas mais diferentes fases, soa como datada ou démodé! E tudo sempre com um vigor de um principiante absoluto sob pressão! Sem dúvida, um artista legendário do pop rock de qualidade e de um inimitável invencionismo que deixará um legado para as estrelas! Afinal, sempre que um "sobre-humano" como ele se vai, o mundo fica menor, mais unidimensional e triste, simplesmente... humano!
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