terça-feira, 30 de abril de 2019

O Homem-Morcego faz 80 Anos, "Batman", o filme de 1989, completa 30 Anos e os Morcegos chegam aos 15... Cinema & Quadrinhos (Super-Heróis); Literatura (Ensaio e Poesia), Música, Fotografia; Coleções

Prateleiras pra que te quero: toda a "bat-coleção" e algumas coisas dos compatriotas DC.

O ano era 1989 e ainda vivíamos nós, garotos de 12 anos, em meio à "Era Spielberg-Lucas" dos anos 80, em que a Fantasia invadira de vez o Cinema Hollywoodiano em vários gêneros, fato em muito influenciado pela magia desses dois artistas e que predominou ao longo de toda aquela década que então chegava ao fim: desde O Império Contra-Ataca, segundo episódio da saga Star Wars (que depois se revelaria como o quinto...), escrito e produzido por George Lucas no limiar de 1980, seguido de O Retorno de Jedi (1983), nos mesmos moldes, passando por Caçadores da Arca Perdida (1981) e Indiana Jones e O Templo da Perdição (1984), ambos sucessos da dupla, o clássico E.T. - O Extraterrestre (1982), dirigido por Spielberg, até o retorno triunfal, no finalzinho da década, da dupla dinâmica de criadores com o seu ótimo Indiana Jones e A Última Cruzada, estreando naquele ano. Mas disso já tratei antes, inclusive no aniversário passado - sem esquecer de uma postagem ainda mais específica sobre um capítulo de um livro meu jamais finalizado...

O Cara e a cara do Cinemão dos anos 80.
Sem dúvida, um mundo se abria para aquela nossa geração, a definir a cara do que a minha geração adoraria ver e rever nos cinemas, na TV e no videocassete pelos anos seguintes... A "Força" dos sujeitos era tamanha que até produções não dirigidas por qualquer deles levariam sua marca - como se dava com Spielberg quando atuava "apenas" como produtor ou produtor executivo: Poltergheist - O Fenômeno (82), Gremlins (84), Os GooniesDe volta para o futuro (85), O milagre veio do EspaçoViagem Insólita  (87) e Uma Cilada para Roger Rabbit (88) parecem diretamente feitos pelo bom e velho Steven! Assim como se deu com outro fenômeno definidor daquele "estilo cinematográfico", a Industrial Light and Magic, a famosa ILM criada por Lucas para fazer seu primeiro Guerra nas Estrelas (1977) e que acabaria indicada a inúmeros Oscars pelos efeitos visuais de outros clássicos da época, como os excelentes Os Caça-Fantasmas (84) Cocoon (85), Willow - Na Terra da Magia (88, também escrito por George)!

E naquele 89 em particular o número de lançamentos que, aparentemente, queriam reavivar essa chama de magia iniciada nos próprios anos 80 (ou, simplesmente, faturar alguns milhões de dólares com continuações) era grande e, não por acaso, eram sequências cinematográficas justamente de títulos daqueles dois anos mais profícuos daquela era de mágico entretenimento, 1984 e 1985 - são de 1989 Gremlins 2 - A Nova Turma, Karatê Kid 2, Caça-Fantasmas 2, De volta para o futuro 2 (e, logo em seguida, o 3), Cocoon 2...  No entanto, mesmo com o aguardado sucesso do terceiro Indiana Jones, eis que o ano seria marcado não por uma continuação, mas, sim, um "filme-evento", que praticamente seria o debut daquele personagem no Cinema (as cinesséries de matinês dos anos 40 e o longa-metragem com cara de seriado cômico de TV, de 1968, não eram lembrados...): Batman, de Tim Burton, foi milimetricamente projetado com uma maciça e agressiva campanha de marketing nas mais diversas áreas - brinquedos, revistas, discos (foram duas trilhas sonoras: a pop do saudoso  Prince e a clássica instrumental, "cara musical do herói" por muito tempo, de Danny Elfman), linhas escolares, souvenirs, itens de colecionador etc. E muito disso talvez para compensar qualquer falha do filme e transformá-lo, de imediato, num sucesso absoluto.

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Um herói atemporal, para todas as épocas.
Não que o pequeno clássico do Cavaleiro das Trevas não tenha o seu valor: a oscarizada direção de arte (hoje chamada de "desenho de produção") de Anton Furst com sua Gotham e seu batmóvel genialmente desenvolvidos; a trilha sonora, hors concours; a remodelação do herói em preto, de forma a apagar a estética camp e debochada do seriado Batman (1965/1968), ainda no imaginário popular - apesar de algumas piadinhas non-sense do desenvolvimento um tanto quanto pífio do Coringa (magistralmente interpretado por Jack Nicholson); a Fotografia, que bem alternava cenas de estúdio e externas (também em estúdio, mas em Pinewood, Inglaterra) com efeitos de miniaturas e pinturas... Apesar dos problemas de direção (Tim Burton somente seguindo ordens dos chefões dos estúdios...), na escolha do protagonista (Michael Keaton, queridinho de Burton desde Os fantasmas se divertem, desbancou concorrentes como Alec Baldwin), edição (muitas vezes, uma colcha de retalhos de boas sequências independentes) e roteiro (muitas mudanças em relação às HQs), e mesmo não tendo sido capaz de iniciar um "movimento de filmes de heróis", seguido somente por umas poucas e fracas adaptações de outros personagens (Dick Tracy, Justiceiro, Tartarugas Ninja), Aquele Batman foi relevante para a viabilidade de levar os Quadrinhos para as telonas, mérito similar de, pouco mais de 10 anos antes, Superman - O Filme. Mas isso também já foi explorado aqui...

A propósito, o longa Batman, realizado no ano do cinquentenário do Homem-Morcego, completa 30 anos neste 2019 - e, consequentemente, o amado Cruzado de Capa chega aos 80 muito bem vividos desde que, naquele verão de 1939, fora encomendado um herói para fazer frente às vendas do Super-Homem, que arrebentava nas bancas desde o ano anterior. Daí, juntando o já antigo Zorro com um morcego e a ideia de um detetive durão com estilo e vestimentas extravagantes (incluindo aí a cueca para fora da calça...), bem ao gosto do público da época, somando a isso alguns conceitos e personagens incríveis do colega Bill Finger (mas sem jamais creditá-lo de nada até bem pouco tempo), o espertinho desenhista Bob Kane passou para a História da Cultura pop universal como o único criador de uma lenda que rapidamente se mostraria uma mina de ouro, capaz de se adaptar a inúmeras versões e mídias ao longo de oito décadas. Seria o carro? A dinheirama do Bruce Wayne? Os inúmeros e excelentes artistas que acrescentaram importantes frações para a excelência de um personagem tão soturno e tão querido? Ou seria a loucura presente na fictícia Gotham City e seus adoráveis vilões sádicos e quase infantilmente sanguinários? Difícil dizer a receita desse sucesso... O certo é que o fascínio pelo Batman é quase uma unanimidade, mesmo entre aqueles que jamais o acompanharam pelos gibis, mas só e tão somente pelas caracterizações recentes de Christian Bale ou Ben Affleck - e, justamente por tal razão, o sujeito é figurinha carimbada em uma dezena de postagens neste bloguinho, em homenagens diretas ou indiretas.

Cena final de Batman (1989) com um novo batsinal...
Montagem: Pixiz
Cinema e magia dos anos 80, super-heróis, adaptações dos Quadrinhos... É... Parece que andamos em círculos e falamos demais desses temas por aqui... E, infelizmente, assim como bem lembrou O Maior Presidente, além do Brasil, os Morcegos talvez andam precisando de uma autocrítica geral! E, falando neste humilde espaço virtual, alcançamos hoje, neste dia 30 de abril de 2019, a especial marca dos 15 anos, aniversariando em conjunto com o Batman - não foi à toa que tudo por aqui também tenha começado com morcegos! E, de um poema escrito no início da década de 90, meio que ainda sob o efeito catártico do gótico universo despertado pelo filme pouco tempo antes, e acrescido de camadas de influências ou diretas citações a Byron, Poe, Shelley, Kafka e Álvares de Azevedo das leituras de então, afora o despertar para o Cinema de Kubrick, Fellini, Scorcese, Tarantino e Nelson Pereira dos Santos, e a Música de Gershwin, Billie Holliday, Glenn Miller, Pixinguinha, Vinícius, Chico e João Gilberto, uma salada cultural foi se formando numa antropofagia própria e peculiar: Política e muito da vida pessoal até podiam entrar num primeiro momento, para tudo depois ser regurgitado em forma de releitura estética com o que o Cinema, a Literatura (própria ou dos outros), a Música, os Quadrinhos e as Artes em Geral pudessem oferecer sob os mais diferentes prismas e concepções! Mas sem jamais perder aquela carona de magia tão latente do nosso berço na saudosa década de 80...

Afinal, o que dizer dessa segunda década do século XXI e toda a enxurrada de subprodutos de massificação dos streamings dos novos tempos? Em que pese o fato de pequenas maravilhas como Stranger Things e Black Mirror terem surgido e seguirem a boa e velha cartilha fantasiosa oitentista, no Cinema não param de pipocar cansativas "superproduções anos 2000" de heróis anabolizados digitalmente e infalíveis em trocentas produções de "filmes de super-heróis" por minuto desde 2008, quando do início do MCU, o tal Universo Cinematográfico Marvel e seu supervalorizado cabedal de filmes fraquinhos - à exceção de alguns títulos realmente bons, como os primeiros Homem de Ferro, Vingadores Guardiões da Galáxia (já suas sequências...), todos os filmes do Capitão América e Homem-Formiga, bem como o último Pantera Negra, os demais são pífios e se vendem pela popularidade dos personagens e pela bem traçada estrutura novelesca de amarrar todos os filmes, no afã de agradar aos velhos fãs e de tornar cativos os novos seguidores deste milênio...

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"Eta, mundão grande e sem porrrteira...":
Eu mesmo nunca havia visto o velho Thanos sorrindo assim!
E pensar que os anos 2000 até começaram bem, nesse cenário de adaptações, com a trilogia do Batman de Christopher Nolan - em especial, Batman - O Cavaleiro das Trevas e o oscarizado Coringa de Heath Ledger. Depois, os ânimos ainda se manteriam em alta com a promessa de que um novo Super-Homem seria feito, a fim de "atualizar" o belo legado do kryptoniano - para tudo afundar naquela patacoada desnecessariamente sombria e boçal da "Visão Zack Snyder", que acabou naufragando o Universo DC na Sétima Arte! Hoje, após o fiasco de Liga da Justiça, a Warner/DC respira por aparelhos, mantendo-se viva graças aos divertidos e bem sucedidos Aquaman e Shazam!... E o que sobrou? O "Ploc Uva" gerado em CGI do Thanos inventado para a nova bobagem Vingadores - Guerra Infinita! É, "Thanos inventado", porque o das HQs, criado por Jim Starlin, nada tem a ver com esse bonachão "agente do censo demográfico", capengando pra lá e pra cá com carinha de triste e amuadinho com as "coisas que tem que fazer" para conquistar o Universo... Ah, tá: já estreou o tal Ultimato, segunda parte da "trama" que mudará de vez os rumos da Marvel no Cinema e... Blá, blá, blá! Enquanto esse estilo "Capitalismo Disney do Entretenimento" - que, infelizmente, já influenciou a saga Star Wars - perdurar, estamos muito longe de ver um novo clássico de adaptação quadrinista!

Mas quem sou eu para criticar a "geleia geral" que aos poucos se foi formando com a face policultural do novo milênio... Por isso, acho que o Robin pegou pesado com a gente: este blogue não só abriga super-heróis, como também sempre se colocou imerso num caldeirão de influências: diversidade cultural é aqui! Sempre lutando contra a repetitividade, com o tempo nos adaptamos à multitemática e multimidiática persona dos acelerados tempos virtuais e, às vezes numa só postagem, já tivemos condições de mostrar várias caras: da Filosofia aos Quadrinhos; de um grande nome do Cinema à Poesia; de uma crônica autoral à Fotografia - desde aquele já distante 29/30 de abril de 2004... Sim, o "dia de nascimento" foi duplo: de um dia para o outro, o post inaugural, com uma pequena apresentação e o poema Morcegos, foi alterado, apagado e refeito (o que já dava o grau da relutância em me transformar em "blogueiro")! Agora, que faço eu da vida sem esse adoráveis quirópteros criativos a voar por sobre a minha cabeça? Eu sei, tantas as vezes que me acovardei, pensei em desistir, abandonar tudo... Mas há uma espécie de voz sempre com tanto a dizer, uma "força estranha" que me impele a vir e contar o que aqui chegou e o que se segue, independentemente de alguém aparecer ou ler... Como também posso, amanhã, parar, de vez, de escrever...
"15 anos não são 15 dias"...

E, por tudo isso (e um pouco mais...), é que, nesta postagem especial de aniversário, terminamos múltiplos, com um videoclipe de trilha sonora, no melhor estilo dos tempos da MTV (mais anos 80, impossível!), com cenas do ótimo Guardiões da Galáxia (2014) - incluindo aí a sequência em que toca, no filme, o clássico Hooked on a feeling, do grupo Blue Swede (1973), releitura pop/soul da versão de B. J. Thomas (1968). E, em seguida, um novo poema, a fim de coroar com um pouco do todo que nos acompanha desde 2004. E, na base dessa eterna metalinguagem que nos acompanha entre os mundos real e virtual, os Morcegos confeccionaram este brinde especial aí ao lado para os primeiros 15 blogueiros de plantão que comentarem por aqui... Mentira (até porque ninguém vem mesmo...): presentear-se com a própria criação também é uma arte - e uma forma de amor! Eu que mandei fazer para os Morcegos me darem nesta data querida e debutante o lindo chaveiro à direita. Que venham mais e mais portas de universos paralelos de tempos e eras das mais diversas, para abrirmos com essas incríveis chaves cósmicas das HQs, sempre a puxar uma grande imagem ou uma marcante cena da memória, de preferência ouvindo algum sucesso atemporal no walkman...


"- Essa canção me pertence!"
Guardiões da Galáxia: um filme-símbolo deste melhor de dois mundos, entre os anos 80 e 2010.

Por tudo isso 
(e um pouco mais)

Para que tanta coisa acumulada
Se de nada mais posso dispor
Logo após essa madrugada
De dor...

Estalo os dedos:
Sigo o mesmo
Sem mais saber
Pra onde vou...

E ali, enfileirados e entrincheirados.
Seguem todos os meus carrinhos, bonequinhos,
Soldados e super-heróis
A postos e ensimesmados
A esperar a próxima ordem,
A buscar entender
O que mais se há de fazer
Depois de rendido seu líder
Por entre páginas roídas
Quando eu mesmo tiver que morrer
E dizer adeus às missões paradas
Destes insubordinados...

Porque aqui,
Onde nasci e aprendi a viver,
Jamais cresci
Conforme estava escrito pra ser...

(Só oprimi...)

Viver só quando me deparar
Com uma tela ou folha em branco:
Aí me atrevo,
Cresço pra cima dela, sou homem

- E escrevo!

(Dilberto L. Rosa, 30 de abril de 2019)
 

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