domingo, 24 de março de 2019

Dias Nublados

Foto: Dilberto L. Rosa
Dias nublados
Virão
E a fotografia terá
Um efeito
Datado
Dias assim
Verão
Que não se mostra
Nem se esconde
Um céu assim 
Passado
Que se apresenta
Com prédios firmes
Atemporais mesmo
Abandonados
Dias marcados
Com algo de choro
Pelas paredes
Na ladeira
Ensimesmada
Calada
Resta a alma
Que pisa em falso
Ladrilho solto
Na calçada
Dias sem legenda
Ou pecado
Diante de um mar
Cheio de si
Acinzentado
Naquela melancolia
De se querer desistir
Com o céu ali
Emendado
A algumas fotografias
De um enredo
De quadro parado
Esperando a deixa
Para seguir...

(Dilberto L. Rosa, março de 2019)
Autoria das fotos: Dilberto L. Rosa

domingo, 17 de março de 2019

MARVELS Parte II:
E como tudo acabou alterado
por causa da mulher...

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Todos os Marvels apresentados por aqui até o momento:
no alto, o primeiro Marvel - (Capitão MarvelShazam (fevereiro de 1940); e sua cópia inglesa, Marvelman (1953);
logo abaixo, a segunda versão (1943) de um herói  esquecido pela Marvel (ainda Timely Comics) - Marvel Boy
escancarada imitação do Capitão Marvelao lado, outro Marvel Boy (1950), ainda existente na Marvel (Uraniano);
por último, o Capitão Marvel da Marvel em sua estreia mal sucedida e no posterior "aprimoramento cósmico"... 
Mas cadê a Capitã?!

O que aconteceu até agora: assim como somos lembrados, nos Quadrinhos, de tudo que ocorreu nas edições anteriores (no caso de não termos comprado as últimas revistinhas), na postagem anterior ficamos sabendo que o nome Marvel é bastante antigo nos meios quadrinistas e remonta a um dos primeiros heróis da Era de Ouro, batizado "Capitão Marvel", mas mudado para Shazam algum tempo depois do fim de suas publicações... Soubemos também que, aproveitando essa lacuna, a então recém-surgida Editora Marvel resolveu inventar um Capitão Marvel pra chamar de seu e Stan Lee lançaria qualquer coisa para garantir que o nome Marvel, no Mercado, fosse somente da "Casa das Ideias" - e o fez com a criação do seu próprio Capitão Marvel... E, entre um e outro, do outro lado do Atlântico, os ingleses "inventavam" Marvelman, cópia do então extinto Shazam, para não perder o faturamento em cima do sucesso norte-americano que distribuíam na Terra da Rainha... E agora, o post final: todos os demais Marvels a partir de então até chegar à Capitã Marvel, a superpoderosa e badalada heroína da vez, sucesso em cartaz nos cinemas.

Então, vamos começar pela Capitã Marvel - mas ainda não a do filme... A primeira Capitã Marvel foi Monica Rambeau, oficial negra e durona da guarda costeira de Nova Orleans que, num acidente, foi bombardeada com energia extradimensional e adquiriu o poder de transformar-se em energia, surgindo nas HQs logo após a morte de Mar-Vell, o primeiro Capitão da Marvel - que, por sua vez, apesar de todos os absurdos superpoderes desenvolvidos ao longo das décadas (voo, supervelocidade, invulnerabilidade, rajadas de energia e até "percepção cósmica"!), acabou morrendo por causa de um câncer no pulmão! Lançada em 1982, Rambeau foi muito ativa, tornou-se líder dos Vingadores, até passar por essas "crises" típicas das HQs e mudar de nome e roupa por várias vezes (Fóton, Pulsar e, hoje em dia, Espectro)...

Resultado de imagem para noh-varr marvel boyAinda teríamos uma segunda Capitã Marvel antes da mais recente: Philla-vell, irmã de Genis-vell, ambos alienígenas e, graças a uma experiência genética, filhos do finado Mar-vell, Capitão original, honrou o legado do pai usando seu antigo título (assim como o irmão, que também viria a falecer precocemente). Ainda houve outro Capitão Marvel, Noh-Varr (2000), também alienígena, porém não herdeiro do original: também conhecido como Marvelboy (ao lado - não confundir com os outros Marvel Boys citados no post anterior), acabou como o novo Capitão por um período... Na verdade, tratava-se da velha jogada da editora do Stan Lee, que, nos interregnos entre publicações com esse time secundário de super-heróis, tinha sempre que criar algum "Capitão Marvel" a fim de garantir os direitos sobre esse nome... Mas e a Capitã do Cinema?! Finalmente chegamos a ela... Sim, porque, numa esteira cronológica (se isso for possível nesse terreno pantanoso de tantas idas e vindas das histórias em quadrinhos...), a atual Capitã Marvel surgiu somente em 2012!

- Como é que é? E como uma super-heroína tão recente já estourou com seu filme-solo no Universo Cinematográfico Marvel?, deve estar se perguntando o incauto blogueiro de plantão, que já deve estar também extremamente ansioso em ver alguma resposta para suas dúvidas antes de encerrar esta interminável postagem e correr para a última sessão e ver a gracinha da Brie Larson arrebentar na telona... Na verdade, Carol Denvers, a terráquea pilota da Força Aérea dos EUA que atualmente usa o manto (e um uniforme similar ao) do herói original, surgiu já nas primeiras historinhas de Mar-vell (1967), vindo, porém, a adquirir superpoderes similares aos do herói extraterrestre somente alguns anos depois, quando seu DNA se misturou ao do Capitão Marvel numa explosão de emboscada de seu rival kree, Yon Rogg.

Poderes
Curiosamente, ela não somente passou um tempo apagada das histórias, como também não se tornou "Capitã" assim que passou a atuar como super-heroína: ela foi a primeira Miss Marvel, em aventuras-solo que, apesar do tom feminista de emancipação da mulher nos anos 70 (ela passa a ser editora dentro do Clarim Diário de J. J. Jameson), acaba usando como uniforme de aventuras um machista maiô (vide imagem logo abaixo)... A propósito, temos uma nova Miss Marvel (acima e à esquerda) desde 2014: trata-se de uma adolescente muçulmana de família paquistanesa, Kamala Khan, que, graças a genes inumanos despertados por uma névoa terrígena, adquiriu superpoderes como fator de cura e controle morfológico de seu corpo (sim, ela pode esticar, mudar de forma...).

Posteriormente, Carol ainda viria a experimentar outros poderes e alcunhas, apresentando-se com inúmeras mudanças ao longo dos anos 90 e 2000: ela foi Binária; Warbird; voltou a se denominar Miss Marvel; e, hoje, é a nova Capitain Marvel - que, como visto, não sofre flexão de gênero em Inglês, garantindo não só colocar os anteriores capitães de lado e explorar agora uma super-heroína, como também confirmar o nome para a Casa das Ideias em novas publicações...

O que nos leva a Capitã Marvel (EUA, 2019), o grande estouro de bilheteria no mundo todo - FINALMENTE!, grita o mais-do-que-impaciente blogueiro de plantão, desesperado para compreender essa mixórdia! No filme, assim como nas HQs, Carol Denvers é pilota, conhece uma Monica Rambeau ainda garotinha, adquire seus poderes numa explosão e em contato com Yon Rogg e luta contra os Skrulls e os próprios Krees na Terra e no Espaço - no entanto, modificaram tudo! Afinal, muitas das tramas são fusões de situações vividas por Mar-Vell, e, ao invés de este herói estrelar o longa (especialmente por seu enorme potencial por ter sido o herói ligado ao surgimento do maior vilão dos Vingadores no cinema, Thanos), preferiram contar a jornada da capitain Carol! Só que, para tanto, tiveram que extinguir qualquer possibilidade de termos o original Capitão Marvel nos filmes da Marvel Studios (vá assistir para entender o porquê: os Morcegos são contra spoillers!), voltar um pouco na cronologia cinematográfica atual (a trama de Capitã Marvel se passa nos anos 90 e termina com a heroína nos dias de hoje, buscando por seu amigo Nick Fury) e transformá-la na grande protagonista a encarar a ameaça titã do próximo Vingadores: Ultimato, continuação do muito bom Vingadores: Guerra Infinita, de 2017. Isso sem falar no monte de concessões que fizeram para adaptar o novo filme aos acontecimentos dos anteriores e o sem-número de incômodas mudanças na transposição do Universo Marvel (os Skrulls... imperdoável!) para a tela dos cinemas - difícil de engolir...

Nem tanto... Se pensarmos bem, ao longo dos tempos, o universo de mulheres poderosas nos Quadrinhos sempre foi reduzido se comparado com a popularidade do de heróis homens. E, diante de uma sociedade que clama por representatividade - assim como de um Mercado com aumento do público feminino leitor de super-heróis e espectador de suas adaptações cinematográficas -, a Marvel inovou e, virando praticamente tudo de pernas para o ar no afã de ter o seu sucesso girlpower assim como a rival DC conseguiu com seu ótimo Mulher Maravilha (2017), conseguiu um belo feito nas telas! E, apesar de alguns pesares (arrastada narrativa de apresentação até um clímax curto, por exemplo), lançou um filme interessante e com ótimo potencial feminista: não por acaso, a atriz que vive a protagonista é ativista dessa causa tão necessária nesse era de estúpida ultra-direita machista. Sem esquecer que a Capitã Marvel é um dos mais poderosos seres das HQs, parecendo terem a ela incumbido ajeitar o que uma cambada de homens, como Capitão América, Thor e Homem de Ferro, não conseguiram diante de Thanos!

Bom, sinceramente penso que essa cansativa "marvelzada" (11 no total até hoje... e contando!) de vai-e-vem de personagens com o nome semelhante ao da sua editora ainda vai render muitas presepadas editoriais nos anos vindouros... E ainda acho que simplesmente ignorar um personagem tão rico e com tantas possibilidades para as próximas tramas do cinema, como o Capitão Marvel, não foi uma decisão inteligente... No entanto, diante de conquistas como o multipremiado Pantera Negra em termos não somente de representatividade da identidade negra como também da força feminina (a ampla maioria do elenco é formado por mulheres, que, na trama de Wakanda, intervém direta e decisivamente nas lutas, vencendo e mesmo salvando os homens), de se enfatizar que, quanto mais se puder fazer para trazer destaque a fortes personagens femininas, melhor! 

E de se lembrarem, por fim, mas não em menor importância, de alguns trechos do belo poema musical de Gilberto Gil sobre aquele super-herói que começou tudo, antes e acima de todos os Marvels, o Super-Homem: em Super-Homem - A Canção, Gil canta "Quem dera Pudesse todo homem compreender Oh Mãe, quem dera, Ser no verão o apogeu da primavera E só por ela ser... Quem sabe O Super Homem Venha nos restituir a glória Mudando como um Deus O curso da história Por causa da mulher"... E assim, por causa da mulher - e bem distante de fanfarrões misóginos e criminosos na Política -, nossa "saga marvel" se encerra por aqui com uma... Capitã! Que maravilha...
Nos Quadrinhos, seus poderes dependeram do Capitão Marvel para surgir...
No Cinema, ela é totalmente independente - em todos os sentidos!

domingo, 10 de março de 2019

MARVELS!

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Da esquerda para a direita: Capitão Marvel original, Capitã Marvel (Monica Rambeau), Genis-Vell, Marvel Boy e a nova Capitã Marvel (Carol Danvers)
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Da esquerda para a direita, de cima para baixo: "Capitão Marvel" Shazam; Marvel(Miracle)Man;
Capitão Mar-Vell; (primeira) Capitã Marvel (Monica Rambeau); Genis-Vell; Marvel Boy; (atual) Capitã Marvel;
Capitã Marvel (Carol Danvers), interpretada por Brie Larson no filme atualmente em cartaz...
É Marvel que engancha (e nem todos são da Marvel)! O pior é que tem mais...

Pense rápido: quantos personagens dos Quadrinhos você conhece com o nome "Marvel"? Se você falou na poderosa da vez do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, em Inglês), a Capitã Marvel, em razão da superprodução de sucesso nos cinemas, ou só se lembra do antigo Capitão Marvel, há muito formalmente rebatizado de Shazam (com filme infantiloide e cômico pronto pra estrear em abril), tal como você e praticamente toda uma geração aqui no Brasil já o chamavam por causa do bem sucedido seriado televisivo exibido nos anos 70/80 (ou da bem melhor e mais fiel série animada da Filmation), esta postagem é especialmente dedicada ao incauto blogueiro de plantão, que precisa conhecer mais do quanto este vocábulo inglês - que significa "maravilha" em bom Português, corruptela de marvelous -, está presente no universo dos superpersonagens das HQs! E isso independentemente de editora: tanto faz se o tipo pertencer à DC Comics ou à "Casa das Ideias" Marvel, gigantes e "arqui-inimigas" do ramo dos Quadrinhos: tem alguém "marvel" em toda parte!

Capas das primeiras edições de cada personagem:
qualquer semelhança...
E por falar em "maravilha", o curioso é que tudo começou com o mais maravilhoso dos super-heróis, que, mais curiosamente ainda, jamais carregou a alcunha marvel em seu nome simplista - e tudo, afinal, no universo dos collants multicoloridos e cheios de poderes, não começou mesmo com ele? Sim, o Super-Homem (podem forçar a barra bilíngue do jeito que quiserem: não o chamo de Superman!) foi o primeiro super-ser de roupa justa das revistinhas, inaugurando, em 1938, não só a dita "Era de Ouro" dos Quadrinhos como também uma invejável carreira que, para o bem e para o mal, perdura até hoje como referência para inúmeras gerações há exatas oito décadas! Desta forma, nem é necessário dizer o quão influente e passível de várias imitações seria a ideia de um homem fantástico, capaz de façanhas como supervelocidade, indestrutibilidade quase ilimitada, voo... Por isso é que a ele se seguiu um sem número de "supercópias" - sendo o Capitão Marvel, hoje Shazam, tido como a primeira delas (fevereiro de 1940)!

Para ser sincero, nunca vi no Shazam, da Editora Fawcett, todas essas "imitações" alegadas! Pelo contrário, sempre achei bastante criativa e inovadora a história do menino órfão Billy Batson (um achado: o herói surge a partir de uma criança, justamente o público leitor da época!), que se transformava num superpoderoso homem de olhinhos apertados graças a palavras mágicas ensinadas por um misterioso ancião - o conhecido grito SHAZAM!, composto pelas iniciais de uma conveniente miscelânea de personagens míticos e deuses greco-romanos: S, viria do bíblico rei Salomão, com sua famosa sabedoria; H, do semideus Hércules, de quem obteria a força; A, de Aquiles, pela coragem; do Z de Zeus, o maior do Olimpo, o poder; novamente A, do titã Atlas, confirmava seu vigor; e, por fim, M de Mercúrio, deus grego que garantiria a supervelocidade!

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Primeiro Marvel Boy: durou só esta edição
até ser repaginado anos depois...
Imitações viriam depois, todas com o nome Marvel, e chupadas tanto do Super como do Capitão - como nesses dois exemplos nada dignos de nota, dois diferentes Marvel Boy, ambos da Timely Comics (futura Marvel): o primeiro (lançado em duas versões: 1940/1943), hoje esquecido no limbo das imitações, tinha poderes graças ao contato com a "múmia de Hércules" (!), com "sabedoria compatível à de Abe Lincoln" (!!); o segundo, de 1950, foi "criado" por um Stan Lee ainda jovem e desconhecido, como um terráqueo com superpoderes depois de enviado por seu pai, num foguete, que acabou caindo no planeta Urano... À exceção deste último (já rebatizado de "Cruzader" e "Uraniano", do elenco da Editora Marvel), o primeiro, bem como outras tolices de nomes e ideias similares, sumiriam completamente com o tempo! 

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Família unida... E com poderes maravilhosos!
Tudo bem, o Capitão era o primeiro Marvel e seria o segundo personagem da História das HQs com incríveis habilidades, roupa extravagante com capa e símbolo estampado no peito, comuns ao precursor kryptoniano - e as coincidências acabavam por aí: o universo do primeiro Marvel tenderia, com o tempo, para o infantilmente fantasioso, com vilões mais cartunescos e uma interminável "família de marvels", bem distantes dos costumeiros embates do Azulão contra mafiosos, cientistas e, é claro, Lex Luthor. E, com a infinidade de supers que surgiriam depois e dominariam o mercado de HQs, com poderes e características bem mais chupadas do Super-Homem do que fora acusado o pobre Capitão Marvel, o tempo se encarregaria de mostrar que nada seria propriamente plágio do pioneiro Homem de Aço, mas, sim, uma evolução lógica que qualquer grande criação sempre gera.

Infelizmente, não entenderia bem assim a National Comics (empresa que, junto à All-American Publications, viria a tornar-se a poderosa DC Comics anos depois): cansada de ver tantas cópias descaradas de seu super-herói maior encherem a burra de dinheiro de empresas rivais (mesmo o grande Will Eisner "inventou", para gananciosas micro-editoras, títulos como Wondermanwonder... marvel...: "maravilhas" caçadas nos tribunais!), a editora do Super-Homem prensou a Fawcett Publications nos tribunais até que esta, esgotada pela pendenga judiciária e com os novos e cruéis tempos pós-guerra de vacas magras nas vendas de heróis poderosos, resolveu abandonar o barco e não mais publicou o infantilizado Capitão - que acabaria caindo no colo da futura DC, que, por sua vez, passou a publicá-lo nos anos 70, só que num "universo paralelo" ao do Super-Homem (a tal "Terra S")! Mas se engana muito quem pensa que a "Novela Marvel" termina aí... Este é só o seu primeiro capítulo!

Afinal, não foram somente os fãs do então Capitão Marvel que ficaram arrasados com o cancelamento da sua revista: a editora inglesa L.Miller & Sons faturava bastante com as vendas do recém-cancelado personagem da norte-americana Fawcett e não viu outra solução que a desonesta "criatividade" de lançar personagens "similares" logo em seguida às últimas historinhas do Capitão nas terras da Rainha... E assim surgiram, pelas mãos do jovem desenhista Mick AngloMarvelman, uma espécie de "plágio do plágio", em se considerando a pelega entre as editoras estadunidenses por causa do Super-Homem! Agora (fevereiro de 1953 - exatos 69 anos atrás), a magia era substituída pela "Ciência" e, gritando a palavra KIMOTA (atomic ao contrário...), Mick Moran, um garotinho pobre londrino, transformava-se no poderoso Marvelman, um super-herói adulto, loiro e de roupa azul com dois grandes Ms no peito, graças a experimentos de um cientista - que também providenciaria uma "família" para o novo grandalhão: os jovens sidekicks Marvel Kid Young Marvel! A divertida imitação descarada só deixou de ser publicada em meados da década de 60, após a concorrência com as vendas de outros super-heróis americanos então recém-chegados - e, coincidentemente... de uma editora com o mesmo nome: a Marvel!

 
Versão criativa e original de um herói que
nasceu uma imitação...
No entanto, com o carinho com esses personagens ainda vivo no imaginário inglês do comecinho dos anos 80, a inteligente e descolada HQ inglesa de antologias Warrior contratou um quase novato roteirista para reimaginar o Azulão inglês (sim, Marvelman; não o Super-Homem!) - e Alan Moore, bem antes de sua célebre Watchmen, criaria mais uma de suas obras-primas! Com as belas artes de Gary Leach e Alan Davis, numa espécie de graphic novel em capítulos, Moore não só recriou Marvelman, revisitando suas origens dos anos 50, como as atualizou aos duros e cínicos tempos da Era Thatcher, transformando as (des)venturas do agora desafortunado Mick Moran, com 42 anos, do que originariamente eram historinhas para pura distração infantil num intrincado arco cheio de metalinguagens e, para a época, novíssimos conceitos da Ficção Científica, como implantes de memórias, delírios psicóticos e ex-ajudantes de heróis se convertendo em vilões sociopatas! 

Infelizmente, a editora inglesa de Warrior faliu antes do término daquele arco de histórias e Morre só retomou para a continuidade desses personagens mais de uma década depois, quando do seu lançamento nos EUA - agora rebatizado de Miracleman, a fim de evitar problemas com a toda poderosa editora norte-americana... a Marvel! Posteriormente seguido de outro renomado escritor e roteirista de Quadrinhos inglês, Neil Gaiman, num novo arco, o agora Miracleman acabou sendo novamente abandonado, numa grande disputa de direitos autorais - que acabaram, adivinhem só... nas mãos da Marvel (que relançou o material, no Brasil publicado pela Panini, assim incompleto, com promessas de novas histórias que nunca se concretizaram...)!
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Mar-Vell:
excesso de invencionices
cheio de altos e baixos

E, falando na editora homônima, naquele interregno entre os Marvels estadunidenses e ingleses, acabaria surgindo outro "maravilha" ainda mais poderoso nos domínios do Stan Lee - sendo ele próprio, o "Cara", o cocriador de uma jogada de marketing que acabou resultando no início do que viriam a ser as lucrativas aventuras espaciais da Casa das Ideias: com o nome Capitão Marvel no limbo jurídico e o sucesso dos seus primeiros grandes heróis (como Homem-Aranha, Hulk e X-Men), Lee rapidamente buscou criar algo com aquele nome, a fim de demarcar terreno sobre o título - afinal, nada mais justo que a Editora Marvel ter o seu próprio... Capitão Marvel! 

E assim foi: em 1967, em parceria com Gene Colan, Lee lançou um herói que, apesar de ter demorado a emplacar (foram várias reformulações, com vários autores, como Roy Thomas e Gil Kane), acabou se tornando cult com o tempo, com a hoje famosa história do extraterrestre Capitão Mar-Vell, o famoso combatente da raça Kree "apelidado" de Marvel na Terra ("Santo trocadilho forçado, Batman!"), em eterna guerra contra o povo Skrull (aqueles eternos vilões com cara de lagarto), que acaba por se desvencilhar do seu planeta natal e se torna guardião da Terra em incríveis batalhas espaciais - inclusive contra certo Titã louco que desejava o Cubo Cósmico e as Joias do Infinito para dominar o Universo...

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Leitura de cabeceira atual.
Pescou? Pois é: a saga desse herói tem tudo a ver com os novos blockbusters da Marvel, Capitã Marvel Vingadores: Ultimato nos cinemas! Mas se engana quem pensar que ele participa de qualquer dessas (ou outras) produções... E mais uma vez se engana o incauto blogueiro de plantão ao pensar que a "Saga do Nome Marvel" - ou esta postagem - acabaria aqui! Ainda tem muito chão, por exemplo, pra trilhar sobre a Capitã Marvel Carol Denvers, cujos poderes como Miss Marvel (e posterior "Capitã") só apareceriam anos depois... E que tais poderes se dariam em razão do próprio Capitão Marvel, o primeiro "Marvel da Marvel" - que, nas mãos de Jim Starlin, viveria memoráveis aventuras nos anos 70, algumas bem similares ao velho "Capitão Marvel" Shazam, com o jovem Rick Jones, amigo do Hulk, "trocando de corpo" com Mar-Vell, à lá Billy Batson... Sequência de histórias esta que, a propósito, constituem o início da primeira graphic novel da Marvel, A Morte do Capitão Marvel, que estou lendo atualmente num encadernado, em dois volumes, da Salvat - onde podemos encontrar a primeira aparição de Thanos... Tantas coisas e ainda tantos Marvels pra tratar, que os Morcegos aproveitam agora os clichês editoriais dos famosos arcos das HQs marveletes e anunciam: a eletrizante parte final desta "saga" fica mesmo para a semana que vem!

quarta-feira, 6 de março de 2019

O Pior Carnaval...

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Ainda que ele, ao final, decretasse que todos se esquecessem do que havia escrito, FHC foi um bom sociólogo e acabou como um presidente-ponte entre os Governos de Direita anteriores e a Centro-Esquerda do goleador Lula, o maior de todos, este, sim, um estadista, orador nato e doutor honoris causae pelo mundo (apesar de jamais ter-se formado no universo acadêmico por aqui)... Depois, ainda que por entre emboladas para o bem e para o mal, houve gentes: veio o pusilânime catedrático de Direito Constitucional e das orações longas e cheias de dedos, Temer, a "solução mais fácil" (o "acordo nacional"... "Com o STF, com tudo"...), que, cansado de ser "decorativo", puxou de forma biltre o tapete da Presidenta honesta Dilma - que, mesmo com falhas, avançara no cenário das políticas público-sociais e da mulher, coisas eclipsadas pelo vampiro jurista ("Tempos estranhos...")... Mas agora... Agora temos o quê?! Absolutamente nada - eis o fim do pior carnaval, com o acéfalo carnavalesco virtual: o pervertido enrustido, criador do "Kit Gay", da "mamadeira de piroca" e de dezenas de outras absurdas fake news difamatórias pelo WhatsApp, ganhou o Planalto no gogó, tal qual um ardiloso puxador de samba, e finge que governa com seus embustes de cortinas de fumaça (ou seria maisena?!) e suas nigrinhagens tuiteiras, agora deliberadamente espalha putaria pra esconder suas falcatruas, sem a menor noção do cargo que ocupa com a filharada igualmente imbecilizada, brigando com o carnaval porque nunca soube brincar... Impeachment e chuveirinho dourado nesse cara de pau!

Só recorrendo às inteligentes reações de boas gentes progressistas, pensantes e ainda atuantes (enquanto as Forças Armadas quiserem...) de Gregório Duvivier e Flávio Dino (este, em especial, além de premiar policiais que tiram armas das ruas, mostra o que é governar realmente ao trazer o carnaval como algo bem maior do que simples "putaria", com a bela iniciativa maranhense de um bloco com acesso para cadeirantes)! Valha-me, Deus: tudo perdeu o sentido... Só recorrendo ao colo da Poesia para abraçar o que ficou do carnaval nessa dolorosa quaresma que se inicia...
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Contingente e Necessário

Porque o amor é contingente e é necessário
Sempre amei o colo de uma mulher
A me consolar.
O cheiro, as roupas, o jeito de mãe sábia
Que sabe de minhas necessidades mais caras...

Assim te vejo agora
A falar palavras tão macias com tua voz precisa
E necessária
A me acariciar o homem já quase sem paixão
Ou fé...
Assim te perco
Pouco antes de partir
De volta no tempo
Para o mesmo de anos antes
Deste carnaval
- Já está tarde, precisamos ir...

Não permita, Deus, que eu morra
Sem a encontrar
Pra me dizer ainda de tudo o que eu preciso ouvir
Com sua voz necessária
Com sua contingência de mulher
(De preferência, depois que ela me contar suas estórias
E me puser para dormir...)

(Dilberto L. Rosa)

segunda-feira, 4 de março de 2019

Maratonando no Carnaval!

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Muito antes de inventarem esse "verbo", oriundo do termo maratona, extenuante corrida em que se percorre, no mínimo, mais de 40 km por entre ruas ou estradas, eu já "maratonava" vários filmes e seriados em VHS e DVD quando das promoções, nas videolocadoras, diante dos feriados prolongados dos idos anos 80 e 90... Hoje muito mais atrelado às inúmeras temporadas de seriados em redes de streaming, em que se tem à disposição um enorme cabedal de opções tal como nas extintas locadoras (e com todas as temporadas disponíveis de uma vez só!), o "maratonar" está no ápice - e com as vantagens de já estar tudo pago e sem necessidade de rebobinar!

Nostalgicamente falando de experiências pessoais, no carnaval, a maratona era ainda maior em razão da exibição ininterrupta de clássicos do Cinema mundial na extinta TVE, atual TVBrasil, ao longo dos 3 dias de folia (às vezes intercalando com adoráveis programas especiais sobre a Folia de Momo, muitos comandados por Sérgio Cabral (o pai, grande jornalista cultural e biógrafo, não o triste filho "viciado"...)! E, assim, além de horas de fitas, posteriormente discos, alugados, ainda tinha filme pela madrugada adentro para cinéfilos em formação como este humilde escriba que vos tecla!

Atualmente dominando o mercado, a Netflix segue com seus quase 3000 títulos para todos os gostos, coisa excelente para os não-foliões se espalharem indolentemente pelos sofás e camas nos confortos de seus lares enquanto os blocos comem solto lá fora! E, apesar de estarmos longe de podermos ser considerados "maratonistas" televisivos nos duros dias atuais (vamos vendo os apisódios aos poucos, dois três seguidos, quando possível...), os Morcegos e eu já vimos algumas coisas bem interessantes que bem mereciam uma conferida neste feriadão:

LISTA DE FILMES E SERIADOS NA NETFLIX
PARA MARATONAR NO CARNAVAL
(Porque nem só dos geniais Stranger Things e Black Mirror, do decepcionante Casa de Papel
da imitação-de-Feitiço do Tempo Boneca Russa ou do eternamente incompleto 
The Good Place vive esse canal da internet!)
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1. Conan - Sem Fronteiras (Documentário/Comédia - 6 episódios)
Sempre fui fã do humorista Conan O'Brien, o irlandês amalucado que comanda um talk show homônimo na HBO e aqui passei a gostar ainda mais do cara: às vezes reprisando o estilo do seu programa de entrevistas e noutras partindo para algo como o antigo Programa Legal, da Regina Casé, Conan visita um país por episódio independente, mostrando pessoas e fatos curiosos do Haiti, México, Itália, Coreia do Sul, Cuba e Israel.

2. Brinquedos que marcaram época (Documentário - 2 Temporadas)
He-Man, Hello Kitty, Transformers, Comandos em Ação - GI-Joes: os bastidores de criação de alguns dos brinquedos mais marcantes dos anos 60, 70 e 80, tempo de infância dos atuais espectadores adultos do Canal - tudo com muito bom humor numa edição bastante divertida!

3. Friends (Comédia - 10 temporadas)
Sim, vale a pena reprisar essa série antiga e mundialmente conhecida (1994/2004). Bem que a Warner, que muito em breve lançará seu próprio canal de streaming, tentou retirar a atração para reservá-la para o futuro, mas a milionária e tentadora proposta da Netflix manteve o idolatrado seriado por mais um tempinho: já estou na quarta temporada (e seguindo...) e, mesmo conhecendo alguns de cor, ainda é muito engraçado acompanhar as vidas de Ross, Chandler, Joey, Rachel, Monica e Phoebe em Nova Iorque.

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4. Jornada nas Estrelas (FC - 3 Temporadas) 
Star Trek - Enterprise (FC - 4 Temporadas)
Diante do meu ainda fraco currículo nerd em relação a essa jornada tão cultuada - que, além das cinesséries a que já assisti integralmente (a primeira, com o antigo elenco original da TV dos anos 60, com William "Kirk" Shatner e Leonard "Spock" Nimoy à frente, com sete filmes no total; mais três com a equipe de A Nova Geração de Patrick "Picard" Stewart no comando; e mais os contemporâneos três filmes do reboot de J. J. Abrams), conta com inúmeros seriados televisivos -, decidi que assistiria a tudo! Sim, eu sei: além das duas citadas, que atualmente acompanho, ainda existem Star Trek: A Série Animada; Star Trek: A Nova GeraçãoStar Trek: Deep Space NineStar Trek: Voyager; e Star Trek: Discovery, cada uma com muitas e muitas temporadas... Mas, aproveitando que TODAS essas séries estão disponíveis na Netflix, um dia ainda chego lá... Comecei por essas duas, respectivamente, a primeira (1966/1968) e a penúltima (2001/2005) produzidas: a original, com participação direta do seu criador, Genne Roddembery, e suas filosóficas históricas humanas no Espaço, "a última fronteira"; e uma das mais recentes, que mostra eventos anteriores à original, com as aventuras da então "primeira nave de dobra 5 da humanidade", a famosa Enterprise.

5. A Maldição da Residência Hill (Terror - 10 Episódios)
Basta o primeiro episódio para se ficar preso a esta boa história de Horror dramático, em que harmoniosamente convivem os sustos de sempre com ótimo roteiro e boas atuações - destaques para Henry Thomas e Thimoty Hutton, nas duas fases temporais, como o patriarca de uma aterrorizada família e seu passado numa casa macabra.

Imagem relacionada6. A Balada de Busters Scruggs
(Drama/Comédia/Musical/Faroeste - 2h13min)
Sim, todos esses gêneros num só: tem de tudo na antologia de 6 histórias independentes deste longa, que mostra o melhor do humor negro e sardônico dos Irmãos Cohen, que o realizaram sob encomenda para a poderosa mesma Netflix que contratou Cuarón e... deu Roma no Oscar! Também indicado a três estatuetas douradas (Melhores Roteiro Adaptado, Figurino e Canção), este ótimo filme começa com o divertidíssimo Musical do título, sobre um fanfarrão pistoleiro imbatível, e termina com o inteligente Restos Mortais, em que cinco pessoas transportadas numa diligência estão ligadas a um destino assustador, costurando todos os contos com diferentes perspectivas sobre a morte.

7. Marvel Knights - Pantera Negra (Animação - 6 episódios)
Aproveitando o gancho do modismo resultante dos Oscars, o "primeiro super-herói negro" é o melhor personagem dessa série de Animação bastante interessante, que adapta grandes arcos e graphic novels famosas de muitos heróis da Marvel (Mulher-Aranha, o pior e mais "desanimado": 2 episódios; Homem de Ferro, com o famoso Extremis: 3 episódios etc.), felicitando os saudosistas de plantão com uma interessante técnica que emula aquelas "animações paradas" do início dos anos 60 - aqui também a privilegiar as artes originais das HQs.

8. O que nós fazemos nas sombras (Comédia de Horror - 1h27min)
Dois documentaristas acompanham, com suas câmeras nas mãos, as absurdas idiossincrasias de um grupo de vampiros imaturos numa casa sinistra e suas noites de farras e brigas com demônios e gangues de lobisomens pelas ruas de uma metrópole na atualidade... Claro que tudo não passa de uma grande farra com os principais estereótipos dos personagens das histórias de Terror, adaptando-os com bastante inadequação para os cínicos tempos atuais - daí os vários momentos de "vergonha alheia", no melhor estilo Modern Family, nos flagras do "documentário" de situações vividas pelos protagonistas - em especial, Jemaine Clement e Taika Waititi, também roteiristas e diretores desta inteligente e imperdível farsa de 2014!

9. Castlevania (Animação - 8 episódios)
Outra série animada curta e adorável, só que agora em belo estilo Animé, em que Trevor Belmont e cia. enfrentam as hordas de Drácula em histórias bem soturnas do mestre Warren Ellis (o mesmo por trás dos sucessos aterrorizantes de Preacher e HellBlazer nos Quadrinhos), baseadas no famoso game da Nintendo.

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10. Duck Tales - Os Caçadores de Aventuras (Animação - 44min)
Você se lembra da deliciosa série dos anos 80, em que o Tio Patinhas, reunido a Huguinho, Zezinho e Luisinho, Capitão Boeing, Madame Patilda e Patrícia, envolviam-se em mil aventuras em busca de tesouros contra os principais vilões de Patópolis - como os Irmãos Metralha e Maga Patalógica -, tudo embalado ao som do famoso tema cantado, em sua versão brasileira, por Luís Ricardo?! Pois é: eles voltaram, nesta produção de 2017, média-metragem piloto de uma nova série baseada nos clássicos - só que, agora, o tema é cantado por Ivete Sangalo, com letra modificada... 

11. Tesla (Documentário Histórico - 53 min)
Didático e interessante documentário sobre Nikolas Tesla, o físico maior por trás de muitas invenções e patentes responsáveis pelos avanços científicos no uso da eletricidade - muitos roubados por gente mais empreendedora e ganaciosa, como o mais famoso Thomas Edison.

12. Batman - Sangue Ruim (Animação - 73min)
Encerrando nossas dicas de animações, esse longa da Warner Animation, é uma boa forma de se atualizar com o novo universo das histórias do Homem-Morcego: mais ou menos inaugurando a "Família Morcego", temos, além de Batman, seu filho Damien como o novo Robin e o Asa Noturna Dick Grayson; e os "de fora" da família - Batwoman; o filho de Lucius Fox como o tecnológico Batwing; e Batgirl, numa brevíssima participação especial.

sábado, 2 de março de 2019

Todo carnaval tem seu fim...?

No fundo, eu sabia: ela nunca foi de folia... Então, por que diabos eu a procurava no meio daquela multidão infernal? E se sempre ouvi seus mais abafados gemidos, como é que, agora, todas aquelas marchinhas me podiam cobrir os ouvidos e eu dela nada mais escutar? Não saberia dizer... Então só seguia aturdido, como alma sem guia num gigantesco ritual pagão... E, já quase à beira do abismo, ao largo eu percebia os loucos e roucos aforismos de gentes furiosas, de roupas engomadas e de Bíblias emprumadas, a gritar, querendo se mostrar melhores e maiores que a gritaria entorpecida pelos olores de álcool e sexo no ar... E eu, no meio, sem nem mais me importar, ainda chamava o seu nome, somente querendo por ela ser ouvido por sobre aquelas turbas ensandecidas de um mundo que perdera o juízo!

É inútil: algo a levou... Eu ainda grito pelo telefone, pelas redes sociais, pelos computadores, mas um som cheio de levadas ensandecidas e misturadas, um samba pelo tempo descompassado e sem cor, parece ter grudado pelas paredes da grande teia e sufocado o meu amor... Paro e encaro: depois da Negação e da Raiva, já penso em Negociar com a Depressão até que o quinto fantasma do carnaval me venha visitar: Aceitação, só quero me deitar! Há tempos não me deito, não vejo como; nada, nem um palmo diante do nariz! Sinto que tudo está por um triz: minhas alegorias ora jazem num lixão e minha oração virou confete, com o vento a levar... Mas ainda a vejo desatinar nalgum desfile perdido de minha TV fora do ar...

Sigo triste: o carnaval não existe - é tudo fruto da imaginação de algum folião distraído, de grito abafado na lama! Coço os olhos, a cabeça reclama... E uma linda mulata seminua me tira pra dançar! Perdição: estou só novamente e, num tropeção, derrubo canções por entre o empoeirado de minhas coleções perdidas no feriado... Então ouço um moderninho Coldplay na velha vitrola e me afogo no famoso samba-de-breque uísque com Coca-Cola até meu mais profundo torpor! Meu castelo é de isopor com papel crepom dourado: caio... - Estou acordado? Acabou nosso carnaval, Vinícius passa a me dizer em seguida - o que mais quero na vida é aprender a sambar... E continuar com o nosso jazz por sobre os barulhos abafados de um mundo que perdeu o sentido...
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