Pássaros a esmo a esperar
O próximo tiro.
No chão, pisado e sem graça
O palhaço chutado e a desgraça
Presa à mão...
Tantos céus e cores
Tanto chão entre dores
- Ninguém é inocente...
Não há herói ou vilão:
Quando se cala a razão
Se vai à caça...
Não quero crer na explosão de vingança
Como solução de peito nu
Seja vermelha, seja azul
Sobre branco de maquiagem extravagante...
Quero ver gente cintilante
A bradar pelo brado seu
Nem que a arma a se usar
Venha do museu
No alto da escuridão.
Chão de estrelas degradadas
Alço voo pelo céu de giz
Medo da risada infeliz...
Deixa eu pintar o meu nariz
Ver o que essa gente marrom diz
- Te desagrada?
Pena da loucura irada
Palco armado, junta a turba
De gente sem mais nada
- À guerra! À merda!
Nada em volta a se perder
Só a revolta a pender, injustiçada!
"- Mas isso é perigoso
Essa coisa de empatia
Com quem é doido,
Só tem a noite e o dia,
Genocida, bicha,
Amalucado..."
O perigo está na mente
Presa de quem não viu
Nem riu do chiste mal contado...
A risada enfim se solta
Chão de corpos enfileirados
Em legítima defesa da história
Do quadrinho que se volta
E se confunde na memória,
Mas jamais perde a piada...
Viva no céu bacurau!
"Pássaro médio" se pronuncia!
Do chão nasce o Curinga
Ensaiando o seu sarau
De terror junto à multidão
A mirar a esmo,
Sem precisão, a harpia,
O morcego, o que vier
Da próxima escuridão...
A rir-se...
Sem estado
Nem chão...
O perigo está no riso!
Na loucura
Da reação...
(Dilberto L. Rosa, outubro de 2019)
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