terça-feira, 31 de março de 2020

Em tempos amargos...

"Algodão doce pra você"!

O traço inconfundível e as revistinhas de atividades e quadrinhos foram algumas
das marcas da minha infância - eu adorava seguir suas dicas de desenho pela TV
e até ganhei lembranças de festinhas com seus personagens...

Morre o apresentador e artista plástico Daniel Azulay
Carreira longeva e sempre jovem!
Havia esse rapaz prenhe de talentos e sem idade na televisão da minha infância e seu nome era visualmente muito fácil de lembrar, por sempre estar com sua cara de menino de grandes óculos redondos, gravatinha borboleta e suspensórios, tudo com um dentuço sorriso indefectível e um pincel atômico na mão direita - bastava se dizer Daniel Azulay para se imaginar a figura! Confesso não me lembrar bem em qual canal, se na Bandeirantes ou se na TVE/Cultura (ou nos dois, em diferentes momentos da sua carreira, talvez), mas me lembro de alguns formatos que ele apresentou: nalguns programas, seus personagens da Turma do Lambe-Lambe (a antiga máquina fotográfica, coisa dentre as quais ele gostava de fazer: mostrar equipamentos antigos para os pequenos e explicar pra que serviam), com atores vestidos de Pita, Gilda, Xicória, Ritinha, Prof. Pirajá, dentre outros, apresentavam-se interagindo com ele, em curtas historinhas divertidas ou acompanhando um momento de contamento de história ao violão ou de desenho do seu criador; noutros eu já me lembro de ver alguns deles como bonecos de mão em meio a algumas crianças no palco com o artista. O que jamais mudou, mesmo décadas depois em que o vi sozinho se apresentando em canais virtuais, foi ele mesmo: aquele amigo desenhava, cantava, brincava, falava como criança sem ser chato e nunca envelheceu em meio aos desenhos e brinquedos e brincadeiras que ensinava a fazer.

dedemontalvao: Post de Carlos Bolsonaro citando queixa de Moro é ...
O "pitbull" Zero-Dois... Seu talento? Atacar!
Agora há esse rapaz, despreparado, com cara séria sem ser sério, filhote de miliciano armado e com discurso de ódio, mentira e confusão de desinformação: ele lembra muito a "cara-rúim" e todo o arsenal de ardilosidade e amoralidade do seu pai, porém é menos lembrado por seu prenome do que por uma numeração, tal qual um Irmão Metralha do mundo do crime das revistas em Quadrinhos - só que, infelizmente, nada inofensivo: ele é o "Número 02" dos três filhos maus de uma família nefasta e usurpadora do Poder (vereador eleito no Rio, "acumula funções" bem distantes de lá, tendo até sala no Planalto pra despachar com o papai - que segue transformando a Coisa Pública em sua Privada e a Presidência, em seu quintal): Carlos Bolsonaro, o "Carluxo", literalmente um "filhinho de papai" sem qualquer atributo além disto! E ele resolveu, depois de tantos limites já ultrapassados, ultrapassar mais alguns derradeiros ao acusar a Família Azulay, em momento de luto, de mentir sobre a recente morte do genial artista, no último sábado, 28 de março: em mais uma desastrosa declaração numa rede social (legítimo pleonasmo, em se tratando de Bolsonaros), o sempre impunemente irresponsável afirmou ser "muito difícil para estes dizer a verdade em algum momento… ele tinha leucemia!", desrespeitando acintosamente a memória de um grande brasileiro e bradando contra a declaração do canal oficial do genial desenhista, onde seus familiares e amigos declaravam que Azulay "Estava tratando uma leucemia e contraiu coronavírus". 

Gripezinha": Menosprezo de Bolsonaro por coronavírus o tornou ...
O mito cego e a "Gripezinha"...
Pois é, meus queridos blogueiros de plantão: mais uma pessoa teve seus problemas de saúde agravados pela séria pandemia mundial pôde ser tratado por um velhaco como uma "mentira" ("esse vírus é uma histeria!") ou somente "mais um idoso" ou "pessoa com problemas prévios de saúde" - exatamente o que era o Mestre Azulay: um idoso de 72 anos com câncer, mas que jamais poderia fazer parte das sujas "estatísticas" desumanas das "gentes de bem" da abastada curriola bolsonarista (sim, porque os imundos a surrupiar Brasília contam também com a "outra ala", arrastando multidões humildes pelas suas diariamente plantadas fake news, a concordar cegamente com o seu líder "mito" - um mito, realmente, que a Besta-Fera Jair Bolsonaro seja um líder!). Não satisfeitos, a ideia agora é que "O Brasil não pode parar" e, isolando-se "apenas os idosos e os doentes" (hã?!), aquele que se diz Presidente da República (ainda tenho dificuldades de chamar seu nome ao lado de cargo tão nobre), como um caótico e absurdo Coringa sem graça e não satisfeito em ter trazido consigo e sua comitiva ainda mais COVID-19 pra cá, manda as precauções com seus abobalhados seguidores, com os mais humildes e com quaisquer escrúpulos às favas, contradiz o próprio Governo, que segue, por meio do seu Ministério e Secretarias da Saúde, as determinações da OMS, e quer porque quer mandar a massa de manobra para fora dos seus confinamentos prévios de quarentena! É o dizer "estamos salvando vidas, mas matando outras não-oficialmente em nome da Economia"! Ou, melhor dizendo, Economia dos malafaias, cuja renda dizimal caiu sem seus cultos de exploração; ou dos Durskis, Justus e Hangs, para os quais as mortes de algumas dezenas de milhares de pessoas ("só velho" e "favelado" seria "justificável"?!) não seria motivo para histeria...

Morre no Rio, aos 72 anos, o desenhista, pintor e cartunista ...
Ainda na ativa e com tanto pra oferecer, Daniel vai fazer falta...
Especialmente nesse País doente em todos os sentidos...
Eu olho para os meus filhos e me preocupo com as recentes mutações desta praga viral, que, mesmo com todos os cuidados quanto aos fechamentos de escolas, parques e escritórios, tem alcançado, adoecido e até matado as faixas etárias mais jovens... E, não só por isso, lamento que eles cresçam numa época tão perigosa e acéfala, em que pestes assolam a saúde, a vida de bilhões e o Executivo Federal brasileiro (além dos EUA, da Espanha, da Inglaterra...)... Lamento também vê-los crescer em meio a tantas opções de canais e jogos online, mas sem atrações do calibre de um Daniel Azulay... Esse artista plástico de renome que se despedia, desde a TV em preto-e-branco, puxando a orelha, assobiando e ofertando "um algodão-doce pra vocês", compositor e musicista de muitos discos e precursor de programas educativos conscientes e estimuladores da criatividade por sobre o lixo doméstico muito antes das ondas ambientalistas e dos desenfreados Mister Makers dos canais pagos de hoje em dia... Por fim, creio lamentar por mim mesmo, um aprendiz daquele rapaz sem idade (e, assim como ele, um artista ex-advogado), há tanto tempo sem encontrar motivação para criar carrinhos a partir de caixas de pasta de dentes ou fazer mil desenhos inventivos com as mais diversas técnicas para os meus filhos como cresci fazendo diante de um televisor, na infância de meus anos 80... Talvez porque todos realmente nos acomodamos com "males de saúde prévios" e nada fizemos para colorir a vida com criatividade ou recriar as sucatas em lúdico, subestimando os verdadeiros males em volta... Ainda bem que existiram Azulays para nos lembrar o que fazer: pintar o 7, acreditar... E persistir!
Geuvar (@GeuvarGeuvar) | Twitter
Da série "Quadrinhos que não gostaríamos de ler" ou "Seria cômico se não fosse trágico"...
Obra do artista "nascido na Esquerda" Geuvar Oliveira.

terça-feira, 24 de março de 2020

Meu Primeiro Romance
(Quinto Mês)


Você ainda vai me amar amanhã...?
CAPÍTULO X
Aniversários...

– Hoje é dia 24...
Silêncio na pequena sala de jantar. A não ser por um Chico Buarque rodando Olhos nos Olhos baixinho e ao longe, numa fita k-7, no microsystem que colocara na entrada do quintal enquanto mexia nalgumas ferramentas pra fazer pequenos consertos em coisas da casa – era como eu não enlouquecia (e botava do lado de fora da sala para não enlouquecê-la). Eu continuo:
– Mas nesse dia 24, em particular, não sei realmente se temos algo a comemorar... Tantos os 24 que nos escaparam nos últimos meses e anos...
Como o silêncio persistisse e eu nem demonstrava exatamente o que esperava ouvir naquela situação esdrúxula, mantive o tom pesaroso:
– Mas o amor é algo que não desaparece; ele simplesmente não deixa de existir! E uma parte de mim, senão eu todo, permanece em nossos antigos dias 24... Ainda que, até hoje, eu jamais tenha entendido direito o que aconteceu para que perdêssemos essa essência tão cara de nós dois...
Definitivamente sabendo que o silêncio permaneceria sem qualquer resposta, eu, enfim, fiz uma pausa... Após alguns minutos, respirei fundo e segui falando, agora mais firme:
– Tudo o que eu mais queria, neste momento, era que você me dissesse alguma coisa, em nome de todos os dias que tornamos especiais na nossa vida a dois! Que você estendesse suas mãos pequenas e me desse um relicário cheio de significados, como esta caneta aqui, por exemplo: tanto que eu assinei com ela e agora, mesmo sem tinta, ela compõe esse mosaico de coisas abandonadas, mas que jamais perderão seu valor original, porque sempre fomos assim! Cheios de simbologias um com o outro!
A janela se abriu lentamente e iluminou bem a mesinha onde fazíamos nossas refeições e conversávamos sobre tudo cada segundo que nos era permitido  foi o vento...
Voltei-me para os objetos por sobre a mesa e percebi que o peso de papel em forma de globo, aquele que tanto estranhei quando dela recebi nu já longínquo 24 justamente porque não continha nada em simbolismo para nenhum de nós dois além de uns corais e uns golfinhos que aparentemente brilhavam no escuro (pelo menos era o que ela afirmava...), estava quase caindo, na beira do móvel. 
Coloquei-o protegidamente mais próximo do lado dela da mesa, quase colado aos intocados pires e caneca e talheres, que pareciam ainda esperar pelo café da manhã... Nem percebi, mas havia tempos que não havia mais ninguém ali... E, ao fundo, não havia mais música, mas somente o estridente ruído de a fita se enroscando no tapedeck: muito dificilmente ela poderia tocar outra vez...

domingo, 15 de março de 2020

O que nos devora...

Resultado de imagem para esfinge decifra-me ou te devoro

Daquela coisa de nos devorarmos sem saber por onde começar...


Enquanto sigo a te decifrar, costumas me dizer de tuas peregrinações em choro nos teus dias mais tristes, quando nos buscas sem par ao seguires para o lugar onde, pela primeira vez, nossos olhos se cruzaram e se nos alimentaram de nós dois...

Já eu sigo pleno a te devorar e sempre digo nem saber por onde começar quando diante do banquete de maravilhosas sensações a mim exposto toda vez que nos deitamos e nos deleitamos com nossos corpos nus sinceros e em paz entregues no infinito de depois...

(Coisa que tu, convenhamos, passaste a copiar descaradamente, ao mo repetir, ar de inocente, tão logo nossas coxas se descansam umas nas outras de cada um de nossos gozos infinitos desde então: “Teu corpo, vida... nem sei por onde começar”!)

Agora, de repente, deste para chorar em tormenta, como que perdida em meio a algo que nos teria devorado de forma tão violenta que nada de nós mais restaria a não ser o chorar  – e me devoras e me destróis, no que eu brado: - Dói! E isso não há como sequer se visualizar!

– Porque, se não se gritar a plenos pulmões, temo ser capaz de tal absurdo de um nosso silêncio se alimentar e, crescido e enveredado por entre esses muros cobertos de medo e isolamento ainda a nos circundar, possa mesmo te levar um dia...

E, te digo mais: jamais alimenta tal heresia! Posto ser impossível, minha menina, vez que tudo o que nos cerca nos torna tão indissociáveis no genuíno de nossa união, que infinito sempre foi (e será) o nosso chão a nos alimentar de nossa própria Poesia!

(Dilberto L. Rosa, março de 2020)

sexta-feira, 6 de março de 2020

Eu queria viver
Os Morcegos, sorrir,
Então resolvemos escrever...


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Canção das Certezas

Tu me dizes, arrependida,
Que o nosso amor
Nunca vai nos faltar
E que, aos poucos,
Tudo o que nos pertencia
Há de nos voltar
Eu grito por pressa, irrompo acabado com nosso verso ferido, de dor engasgada
Tu choras baixo,
Manténs a mão estendida
E me mostras o mar...


(Dilberto L. Rosa, 2017)
 

+ voam pra cá

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