sábado, 1 de setembro de 2018

Ontem e Hoje: O Amor de Sempre...



Antes e depois: o voo do maior super-herói com sua eterna amada e o tanto a ser dito e reafirmado...

A premissa era genial: dando continuidade aos eventos mostrados em Superman II – ou seja: depois do devastador ataque do General Zod e de Lois e Clark/Kar-El terem finalmente dormido juntos após o Super-Homem ter perdido seus poderes (e, ao final, tê-los recuperado, fazendo Lois esquecer-se de tudo) , o Último Filho de Krypton volta à Terra depois de uma longa viagem de cinco anos rumo a um ponto espacial recém-descoberto por cientistas, onde restariam os destroços de seu planeta-natal, e encontra sua venerada Lois casada com outro homem (e com um filho...) e ainda tem de enfrentar um vingativo Lex Luthor, que ampliou, em escala monumental, antigos planos para dominar a Terra!

Sem dúvida, prometia bastante... ao menos na teoria: afinal, nada em Superman - O Retorno (2006) parece ter empolgado a maioria dos seus ardorosos fãs na volta do célebre herói às telas desde o pífio Superman IV  - Em Busca da Paz, de 1987, e de algumas limitadas séries televisivas posteriores. Assim, Superman Returns amargou um grande fracasso nas bilheterias mundiais e conseguiu dividir a crítica especializada: à exceção de alguns que entenderam e apreciaram o tom de "filme-homenagem" (faixa em que me incluo), boa parte dos críticos defenestraram a aventura, ora execrando o insosso elenco (capitaneado por um fraquíssimo Brandon Routh como o super-herói, a tentar "emular" o eterno Christopher Reeve, morto dois anos antes), ora atacava veementemente a "falta de criatividade" do enredo...

Uma grande injustiça: Brian Singer, diretor da bem-sucedida franquia X-Men, largara a concorrente Marvel Studios para dedicar-se integral e amorosamente ao maior herói da Warner/DC Comics e produzir uma fusão de reinício de franquia e refilmagem dos dois clássicos originais, Superman - O Filme e Superman II- A Aventura Continua, aproveitando-se dos seus principais elementos (passagens com a voz de Marlon Brando, o visual da Fortaleza da Solidão e até o famoso tema de John Williams foram reutilizados na íntegra) e atualizando-os para os anos 2000. O próprio Singer afirmava que se tratava de seu "filme mais romântico", fato facilmente confirmado até por quem não gostou de Superman - O Retorno: desde o caprichoso cuidado com o figurino, a fotografia e a direção de arte, em tons pastéis e no melhor estilo art-decó dos anos 1930 (Era de Ouro em que o personagem foi criado), passando pelas várias referências a célebres diálogos (- Você será diferente... Fará de minha força a sua... O filho se torna o pai e o pai se torna o filho...) até os longos takes em reverência a momentos icônicos de 1978 e 1980, era claro o esmero no tributo que o diretor queria prestar aos inesquecíveis trabalhos de Richard Donner (diretor), Mario Puzo (roteirista) e Tom Mankiewicz (consultor de criação) nos primeiros longas.

Basta uma olhada, por exemplo, na releitura do famoso voo romântico (vídeos acima): se, no filme de 78, o herói, em sua primeira entrevista concedida à destemida repórter do Planeta Diário, decide flertar com a moça mostrando in loco como é voar por sobre os céus de Metropolis (na verdade, Nova Iorque filmada à noite), no longa de 2006 não só a entrevista é "refeita" como também o voo e algumas frases marcantes (– Você não deveria fumar, Srta. Lane...) são revistos, com o acréscimo de interessantes elucubrações sobre o "lado divino" do superpoderoso herói (– Você consegue ouvir? [alto, no céu, no que Lois nega] – Eu ouço tudo... Você escreveu que o mundo não precisa de um salvador, mas todo dia ouço as pessoas clamando por um...), num apuro e numa beleza poucas vezes vista no grande e industrial Cinema de entretenimento estadunidense, especialmente em adaptações de HQs, com novas divagações e situações interessantes a serem exploradas em futuras continuações – o que, infelizmente, jamais aconteceu, dada a verdadeira renegação sofrida por Superman Returns, deixado ao léu no "cânone cinematográfico" do personagem, que só viria a ter uma nova aventura nos cinemas quase 10 anos depois, com o realista, porém seco e irregular Homem de Aço, de Zack Snyder, 2014 (com Henry Cavil no collant azul), seguindo o ritmo mais moderno e bem menos romântico do herói nos Quadrinhos atuais...

Uma pena... Afinal, um dos elementos mais memoráveis dos dois primeiros Superman foi justamente essa pegada romântica, com direito a "mudança no tempo" em salvamento e desistência dos próprios poderes pela mulher amada, bem como a sorrisos carinhosamente enamorados em direção a uma plateia embevecida! Por isso, creio ter gostado tanto de Superman - O Retorno (sobre o que dediquei uma tocante postagem naquele já distante ano), que, independentemente de algum excesso de reverência e de alguns outros senões incontestáveis, que acabaram engessando a obra de Singer e limitando o seu resultado final, é inconteste o quão repleto de belas cenas ele é e, embora praticamente esquecido por boa parte dos fãs mais empedernidos ou moderninhos, foi capaz de marcar o legado do Azulão na Sétima Arte com uma Poesia digna de nota em inúmeros momentos!

Como na sequência em que, num serão na Redação do Planeta, depois de ajudar Lois Lane a recuperar o conteúdo caído de sua bolsa, Clark Kent acompanha sua amada, em silente e secreta devoção, por todos os andares para cima até a cobertura do prédio, com sua visão de raios-X (cena que se completa com a da entrevista e o posterior voo do começo desta postagem)... Simplesmente lindo! Para o "homem que tem tudo", fica bem claro que, sem amor e esperança, não há como viver... Muito menos salvar nada nem ninguém! O bom e velho amor incondicional sempre salvará, com sua Poesia, o mundo – e filmes que, mesmo com alguns defeitos, permanecerão poéticos...



Como o Amor e o Cinema nos cegam e enganam: a partir de 1'50'', o vídeo acima mostra como esta bela cena realmente foi feita a partir de um cenário parado e posteriores coberturas digitais de efeitos em CGI...
 

+ voam pra cá

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