sábado, 31 de agosto de 2013

HQs de Ontem e de Hoje:
Os Cinquenta (e Um) Anos do Homem-Aranha

Deixando o lado "decenauta" (aficionado pelos personagens da DC Comics, como Super-Homem e Batman) da última vez em que falamos de HQs, esta postagem pretende ser o mais "marvete" (fã incondicional do Universo Marvel) possível! E, para começar, nada melhor do que tecer breves considerações sobre esta adorável revista que acabei de devorar: Demolidor - Um Novo Começo (Ed. Panini, 148 páginas, R$ 18,90) faz por merecer todos os prêmios (entre eles, quatro Eisner, espécie de Oscar das HQs) e críticas apaixonadas recebidas nos EUA!

Com arte primorosa de Paolo Rivera (a arte de Marcos Martin nas últimas histórias apresentadas é somente "moderninha"), os excelentes roteiros de Mark Waid fazem uma bela mistura entre o tão sofrido super-herói de estilo noir das últimas décadas com algumas das suas características originais mais puras - como subtramas mais aventureiras e personagens clássicos (como a deliciosa e assustadora recriação do vilão Garra Sônica) -, brindando o leitor com criativas situações, como a nova forma de representar os sentidos do personagem... Um tributo ao grande combatente cego: imperdível!

Mas o foco deste post é mesmo outro cultuado herói das HQs da "Casa das Ideias", especialmente por causa de uma infeliz lacuna deixada por estes Morcegos: em 1962, os Mestres Stan Lee ("Excelsior!") e Steve Ditko (desenhos) lançaram ao mundo um dos personagens mais queridos de todos os tempos na revista Amazing Fantasy... Sim, o Homem-Aranha fez 50 anos em agosto de 2012, mas, ao contrário de festivas homenagens tecidas aqui para outros personagens (como a popularíssima Batman faz 70 anos), não recebeu uma menção sequer deste espaço virtual... Uma absurda injustiça: afinal, o cara não é o "Amigão da Vizinhança" por acaso, sendo um dos mais populares personagens do mundo (e, ao mesmo tempo, um dos mais desrespeitados, em 5 décadas de carreira, tendo sofrido tantas bizarrices que não estão no gibi!). Assim, visando uma mínima redenção, passemos às láureas a este adorável ícone pop com as análises de dois encadernados recentemente lançados nas bancas.

Capa de Ultimate Homem-Aranha

Creio que este Super-Herói dispense maiores apresentações, seja pelo filme/seriado lançado nos anos 70, seja pelos filmes do Sam Raimi com o apático Tobey Maguire no papel-título (uma até boa abordagem no primeiro filme, mesmo com algumas mudanças forçadas, mas que foi descendo ladeira abaixo nas continuações simplistas): mesmo aqueles que jamais abriram uma página das revistinhas do aracnídeo sabem que o pacato nerd Peter Parker foi picado por uma aranha radioativa (ah, a radioatividade ululante dos anos 60...) e, com isso, adquiriu super-poderes, passando a combater vilões igualmente super, como os já famosos Duende Verde, Doutor Octopus e o famigerado Venom. Mas o que pouca gente sabe é que tais "origens" foram razoavelmente modificadas pela editora nos anos 2000, onde o herói foi adaptado para os anos atuais no universo Marvel Ultimate.

Ao contrário da concorrente DC, a Marvel não costuma ficar recomeçando a toda hora o seu panteão de personagens: então, em vez de "zerar" as edições de alguns de seus personagens mais famosos, resolveu criar o tal universo Ultimate, onde versões "atualizadas" de heróis como Capitão América, Nick Fury e Thor, dentre muitos outros, conviviam paralelamente com o universo já montado (e já devidamente evoluído com o passar das décadas) das edições tradicionais. Assim, nesta série, Peter Parker volta a ser estudante colegial (agora com mais ou menos uns 15 anos), sua turma tem a cara das relações de bullying dos tempos modernos e clássicos personagens, como o Tio Ben e Norman Osborn, adquiriram novas e incômodas roupagens (o companheiro tio ganhou um moderninho rabinho de cavalo e o Duende Verde virou um monstrengo anabolizado).

Mas nem tudo estava perdido: as histórias iniciais, mostrando a interação de Peter no colégio e suas primeiras descobertas como super-herói, prendem a atenção pelo agradável frescor adolescente de filmes idos da Sessão da Tarde (genial, por exemplo, uma página inteira dedicada à famosa cena de Curtindo a Vida Adoidado, onde um chatíssimo professor dá aula de História, tudo com a devida caricatura do ator original e com o tédio similar,agora vivido pelos colegas de Parker). Os corriqueiros traços ágeis, porém fracos, de artistas como Mark Bagley, e o "mais do mesmo" ao recontar o surgimento do Homem-Aranha nos dias atuais, porém, não agradou aos fãs mais tradicionais (categoria na qual eu me incluo), o que fez com que eu corresse para a banca com a desculpa mais esfarrapada (e com a edição Ultimate Homem-Aranha: Poder e Responsabilidadeencadernado que reúne as 6 primeiras revistas Ultimate, devidamente relacrado) a fim de trocar aquela fraca edição...

Mas nem tudo estava perdido: sem a possibilidade de retorno dos meus R$ 23,90, eis que encontro ainda perdida em meio a outras edições o encadernado A Morte de Jean DeWolff, pelo qual nem pestanejei em trocar! Trata-se de um excelente arco de histórias de meados da década de 80, onde o Aranha, um tanto porque se tratava do assassinato de uma grande amiga (a policial Jean DeWolff, desconhecida do grande público), um tanto por causa do "lado negro" contido naquele uniforme preto que vestia à época (que, mais tarde se revelaria como o simbionte Venom, visto em Homem-Aranha 3 recentemente), mergulha profundamente na podridão humana, torna-se tão desesperado e violento como aqueles que jurou um dia combater e entra em crise. Junte-se a isso um novo vilão, o Devorador de Pecados, a volta de um inimigo clássico, o Electro, e um outro grande combatente de Nova Iorque, o Demolidor (que se tornaria, a partir de então, um grande amigo de Peter Parker, com quem passou a dividir os segredos de suas identidades secretas) e tenha em mãos uma nada leve sequência (com começo, meio e fim) de situações ímpares para um herói comumente associado ao bom humor e a um "descolado" bom mocismo. Um clássico!

O curioso é que, mesmo fã do personagem, hoje só compro estes encadernados especiais com arcos de histórias mais famosos e importantes do passado: há muito tempo não me interesso por "remodelagens" de heróis queridos da minha infância - especialmente quando estes são clonados, adquirem inúmeros braços (!) ou têm que morrer ou trocar de corpo com arqui-inimigo (!!), tudo para saciar a gana de maquiavélicos editores por sagas absurdas, visando apenas aumentos temporários de vendas nas revistas! Tanta presepada que já armaram para o cara que, por exemplo, ainda nem tive vontade de ver o novo Amazing Spiderman, reboot da franquia cinematográfica com um Parker mais jovem e, portanto, mais perto da linha Ultimate, a fim de agradar os fãs mais jovens. Não sei, não... Se continuar assim, sem nenhuma criativa fase nova, como tem acontecido com outros dos seus "colegas" (X-Men, Demolidor, Homem de Ferro), creio que nem o sentido aranha será capaz de salvá-lo para novos 50 anos...
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6 comentários:

Claudinha ੴ on 1 de setembro de 2013 às 20:25 disse...

Meu DILeto amigo... Estou em falta com minhas visitas, mas tenho passado por chateações.
Eu compartilho a decepção com a falta de criatividade. Apesar de meu estilo de HQ ser mais pra Brotoeja, Brasinha e Gasparzinho, além de Tio Patinhas e Mancha Negra (mais um homem de capa preta que eu adoro!_Ei não sou a Madame Mim não!)Meu preferido , dos seus, é o Homem de Ferro. Não sabia que aceitavam trocas nas bancas, depois da revista lida. Você deu sorte, porque acho que aqui eles não trocam não. Mas pela capa, o estilo original, anos dourados, foi preservado. Perdoe esta sua amiga ignorante em matéria de quadrinhos, mas que curte imensamente um post bem escrito como o seu.
Deixo um beijo procê, Jandira e um beijo e um 'chêro' pra Isabela!

Dilberto L. Rosa on 1 de setembro de 2013 às 20:39 disse...

Também curto muito as antigas HQs da Disney (aguarde postagens sobre meus favoritos: Zé Carioca e Peninha), cara Claudinha, mas, no momento, dei de comprar somente os encadernados dos melhores momentos dos heróis da vez (especialmente em razão das produções cinematográficas). E ninguém de banca é "bonzinho", não, mas só e tão somente "solícito" diante do meu "ardil" desesperado, especialmente diante de um algum arrependimento homérico ("Sacomé... Eu me enganei..."!). Meu abraço e apareça sempre

Игорь on 1 de setembro de 2013 às 22:15 disse...

Olá Dilberto !

Muito bom post.

Experten no assunto hein ?

Ainda leio quadrinhos ( tá leio muito) mas sai um pouco das vertentes dos heróis ( cansado das zeradas e remodelada$ dos personagens).

Assisti o novo aranha . Em vários aspectos ficou melhor que a versão do Mcguire ;)

abraços !!

Suzane Weck on 1 de setembro de 2013 às 22:44 disse...

Ola caro amigo,me dei conta que só li histórias em quadrinhos quando criança e até já havia quase esquecido.Ao ler tua magnífica postagem comecei á lembrar daquele tempo e também lembrei que costumava fazer "quadradinhos de cera" com os desenhos em maior perspectiva dos heróis e guarda-los em coleção em pequenas caixas e separadas por tamanho.O que não se faz quando criança.......Agora os filmes do Homem-Aranha eu assisti ,creio á todos e gostei muito,embora não sendo meu gênero preferido.Fizestes uma postagem excelente.Beijo.SU

O Árabe on 2 de setembro de 2013 às 11:22 disse...

Lembro-me ainda da Jean DeWolff e faço coro ao comentário sobre a falta de criatividade (e lirismo) da maioria dos roteiros atuais. Hoje, você abordou dois de meus personagens preferidos; obrigado. meu abraço, boa semana!

Nilson Barcelli on 7 de setembro de 2013 às 07:46 disse...

Há personagens de filmes ou de banda desenhada que ficam para a história, como é o caso do homem aranha.
Mas a tentativa de colocar essas personagens de novo na ribalta, sai quase sempre fracassada...
Caro amigo, tem um bom fim de semana.
Abraço.

 

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