segunda-feira, 26 de agosto de 2013


Morta Cidade das Mulheres de Mim

Antes de ir
Deixa-me nutrir, pela eternidade,
O primeiro beijo que dei
Na menina bem mais velha que eu
Deixa-me guardar
Os amores que não foram meus,
Mas que me foram velados
E acalantados pelo sertão de meus poemas.
Deixa que eu permaneça a contemplar
O ciclo inquebrantável e sem fim
Com as mulheres que nunca possuí
(Elas ainda me querem, no fundo
Sinto que sim...)
Quero de volta o sexo virgem
Das meninas que respeitei
E que mudaram ao mudar a esquina,
Que não vi mais menina,
Nem mulher, que não vi mais,
Que não se casaram comigo...
– Deixa-me recomeçar com cada uma delas...
Dá-me saber como seria,
Dá-me alguém
Com quem ainda nem sonhei!
Como o gosto da viagem perdida
Sem despedida, sem mais ninguém
Para dizer adeus...
A Deus, perdão
Por não querer ser perdoado,
E querer varar tanta estrada que não tem fim
A dar eternas voltas
Partir, retornar, repartir,
Ser de cada ocasião, em torno
Da morta cidade das mulheres de mim...


(Dilberto L. Rosa, 2007)

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6 comentários:

Sônia on 26 de agosto de 2013 às 17:29 disse...

Muito bom!

Suzane Weck on 28 de agosto de 2013 às 23:36 disse...

Ola caro amigo,quase enfartei ao ver-te renascer em meu espaço.Estive fazendo várias visitas ao teu blog,deixei meus recados,vi que estavas comentando em outros blogs,mas havias emudecido total nesta minha telinha aqui em P.Alegre.Pensei então que por algum motivo,havias brigado comigo e por conseguinte calei-me também.Foi com muito prazer e grande surpresa que te vejo novamente brilhando em teus textos poéticos.Fico feliz também em saber que continuas gostando das minhas escolhas de canções.Benvindo querido Dilberto ao cantinho de tua grande amiga.Uma boa noite e meu maior abraço.SU

São on 29 de agosto de 2013 às 10:02 disse...

GOstei, gostei mesmo!

E também fico feliz com seu regressso, pois há tanto tempo o não via.

Abraço grande

Jandira disse...

O poema é bonito, mas tenho que confessar: tenho ciúme desse bando de mulheres,meninas, amores que não foram teus... E não me venha com essa de que é tudo ficção, liberdade poética, coisa e tal!! Cheiro.

Elizabeth F. de Oliveira on 30 de agosto de 2013 às 14:56 disse...

O universo do poeta é infinitamente particular e talvez muitos não compreendam a vastidão de emoções que ele abriga. Não é algo premeditado, idealizado talvez, mas o que predomina nele é emoção involuntária. Compreender esse universo é bem difícil para aquele que não possui esse turbilhão desgovernado de emoções.
Muitas vezes o poeta também finge, encarna o papel do outro e sofre por ele, não há limites nesse sonhar, viver, sentir; é tudo junto e misturado, moldado de nos mais diversos ditames poéticos.
Eu gostei muito da 'morta cidade das mulheres de mim', pois mostra o quanto teu olhar é humano, lírico, generoso. Esse saudosismo, até mesmo do que não se viveu, é bem próprio desse vasto mundo que tanto nos protege, como nos torna indefesos.
Meu caro poeta, ler-te é sempre um presente raro. Vou recomendar teu blog no facebook, pois ele precisa ser lido por cada vez mais e mais pessoas, pois o que escreves é belo. E de beleza o mundo muito precisa.
Da amiga poetA,

Jota Effe Esse on 30 de agosto de 2013 às 17:35 disse...

Caro Dilberto, essa "morta cidade das mulheres de mim" é a cara de São Luís, pintada pelo mais talentoso de seus pintores. Meu abração.

 

+ voam pra cá

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